Já vestida com jeans e camiseta, Lia subiu correndo dois lances de escadas e logo se deparou um grupo de adolescente muito agitados e falantes parados em frente a uma porta. Ela se aproximou e tentou abrir espaço para poder enxergar algo. Mas ninguém parecia querer perder o que estava acontecendo. Dentro do quarto, ela conseguia vislumbrar agente Angus, com seus três metros de altura. Com um olhar mais acurado encontrou agente Young também.
- O que está acontecendo? – ela perguntou a uma menina do seu lado.
- Parece que uma menina foi morta.
- O que... Como assim?
- Assassinada – um outro garoto respondeu. – A colega de quarto chegou hoje pela manhã e encontrou ela assim.
Lia levou a mão a boca, tentando conter um grito. Na base da força e de empurrões, abriu caminho até a porta, selada com uma fita, bem a tempo de ver Angus cobrindo o corpo inerte de uma garota loira que jazia em cima de uma cama ensanguentada. Era horrível! Ela tinha um buraco bem no peito, onde deveria estar seu coração. Lia não conseguiu mais segurar seu grito.
Reconhecendo aquela voz, Angus pulou para fora do quarto e agarrou Lia pelos ombros, afastando-a da multidão corredor a dentro.
- Fui eu... – sua voz saia em sussurros ao mesmo tempo em que se esforçava para respirar. – Eu... eu fiz aquilo? O sangue... o sangue...?
- Você precisa se acalmar.
Mas era impossível. Ela era mesmo uma assassina? Seria muita coincidência o fato de ter acordado coberta de sangue e uma garota ser encontrada morta, com o coração arrancado do peito, apenas dois andares acima no seu prédio.
Qualquer coisa que tivesse em seu estomago revirou, e Lia correu em direção ao banheiro mais próximo. Ela podia sentir que Agente Angus estava em seu encalço. Angus não hesitou em segurar seus cabelos quando ela se debruçou em um vaso sanitário e começou a vomitar.
- Calma. Tá tudo bem. – ele ia dizendo.
- Lia? – uma voz masculina soou da porta. – Lia, é você? Você está bem?
- Ela vai ficar. – Sam respondeu, uma vez que Lia não conseguiria. – Só está abalada.
- E você quem é? – seu tom tinha um ligeiro desdém.
- Agente Angus. – ele sacou o distintivo.
O garoto riu. Sam estava começando a não gostar dele.
- E agora é trabalho dos fedes cuidarem das namoradas dos outros quando elas estão passando mal?
- Sim, se o namorado não faz. – Ele respondeu em tom de desafio.
- Ele não... Você não... Não é meu namorado, Erick.
Não tendo mais nada para botar para fora, Lia largou-se no chão. A garganta doendo, a barriga doendo.
- Ainda assim... posso cuidar de você melhor que um estranho. – Ele adentrou no banheiro e sentou-se ao lado de Lia. – Você já pode voltar para o seu trabalho, agente.
Sam não respondeu, apenas encarou o garoto de um jeito intimidador. Mas quando seu olhar encontrou o de Lia e ela confirmou com a cabeça, ele se colocou novamente de pé e caminhou em direção a saída.
- Angus... – Lia chamou. – Você sabe onde me encontrar se precisar de mim. Quarto 206.
Sam entendeu a dica.