Capítulo 22 - A visão de um anjo

3.3K 351 28
                                    

Dean carregou Lia nos braços até o quarto dela, no alojamento da faculdade, e a deitou na cama. Ele não sabia se era a melhor opção, mas a garota estava em choque e era melhor não tentar levá-la para outro lugar. Procurando nas gavetas do criado mudo, encontrou algumas pílulas que a ajudariam a dormir e fez com que ela as tomasse. Depois disso, sentou-se ao lado dela na cama e deixou que Lia segurasse a sua mão até adormecer, enquanto ele acariciava seus cabelos.

Somente ao perceber que a garota já estava em sono profundo foi que Dean se dirigiu ao sofá sob a janela e se permitiu descansar um pouco. Apenas mais um caso. Mais um caso resolvido. Então porque seria tão difícil entrar no Impala na manhã seguinte e seguir para uma próxima cidade?

--

Quando Lia acordou pela manhã, ela não se sentia dona do próprio corpo. Não, não era como ser possuída por um demônio. Mas era como se tudo que tivesse acontecido nos últimos dias não tivesse sido com ela, como se ela fosse simplesmente uma observadora muito próxima dos acontecimentos.

Levantando-se,  seguiu para o banheiro e tomou um banho. Colocou um vestido bonito, prendeu o cabelo em um coque de rosquinha no topo da cabeça e se maquiou, tentando esconder ao máximo os hematomas.

Ela não chorava mais. As lágrimas pareciam ter secado, e os remédios ainda a deixavam ligeiramente dopada e com a sensação de "não foi comigo".

Quando voltou ao quarto, Dean ainda estava apagado no sofá. Ela sentiu um nó se formando em sua garganta. Além de tudo o que perdera, ainda perderia Dean também.

Decidiu sair para comprar café.


Entrou na fila de um quiosque de café no campus da faculdade e se distraiu olhando os arredores. Talvez a notícia ainda não tivesse vazado. Ela sabia que naquele exato momento Sam estava cuidado de tudo.

Enquanto seus olhos vagavam, ela captou o olhar de um homem, parado a alguns metros de distância, lhe olhando de longe. Não tinha idade para ser um dos alunos e não parecia ser um professor. Mas quando ele lhe olhava, despertava uma paz enorme. Lia sentiu vontade de segui-lo, e o fez.

- Quem é você? – Sua voz saiu embargada.

Mas ele não respondeu. Esticando os dedos indicador e médio pressionou-os contra a testa de Lia tão forte que a cabeça dela pendeu ligeiramente para trás ao mesmo tempo em que uma forte luz a cegava momentaneamente.

Quando a luz começou a apagar e sua visão a voltar, Lia se deparou com o estranho homem com a mão depositada sobre seu coração.

- Nós precisávamos ter certeza de que você ficaria bem.

- Eu? – Lia perguntou surpresa.

- Sua vida não é apenas mais uma aos olhos do céu. Ou... dos Winchesters.

Ela não sabia se ainda era efeito dos remédios, mas o que aquele homem dizia não fazia nenhum sentido. Céu? Ele era algum tipo de fanático religioso? Mas da onde vinha toda aquela paz que ela sentia ao redor do estranho?

- O que você...

Mas ele não estava mais lá. Não estava parado na sua frente. Tinha simplesmente sumido no ar.

Piscando confusa, Lia resolveu voltar para a fila do café. Ela podia lidar com mais essa esquisitice na sua vida. Mas enquanto caminhava, notou o quanto se sentia mais leve. Toda a sua dor se fora, a física e a emocional.


Dean abriu os olhos quando alguém chutava delicadamente sua perna. Uma imagem quase angelical pairava sobre sua cabeça. Que ele achava Lia uma garota extremamente atraente, não era nenhum segredo. Mas hoje ela estava... resplandecente! O que era extremamente estranho considerando tudo o que ela acabara de passar.

Sentando-se e aceitando o copo de café que ela lhe oferecia, Dean começou a analisar Lia com mais foco. O que tinha acontecido com...

- Seus hematomas?

- Um homem me curou.

Entrando rapidamente no "modo negócios", Dean pulou de pé enquanto esfregava os olhos.

- O que você quer dizer com um homem te curou?

- Dean, sente-se. – ela empurrou de volta para o sofá e sentou-se ao seu lado. – E beba. – ele obedeceu. – Ele não era um monstro. Tinha uma paz... Uma coisa boa, sabe? E ele... apenas encostou na minha e testa e... Tudo se foi. Tudo.

Dean ainda estava desconfiado. Cada fibra do seu corpo dizia que ele deveria levantar e investigar. Mas se Lia estava tão certa de que o homem não era um perigo, no fundo, ele talvez tivesse apenas procurando uma razão para ficar.

- E ele já está longe a essa hora.

- Como você pode saber?

- Apenas sei. 

Supernatural - Não era apenas mais um casoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz