Um Pai em Minha Vida

By KettyMitchell

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Camila vive com sua mãe e seu padrasto no interior da Bahia. Apesar de ter apenas 15 anos seu coração é cheio... More

Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três

Capítulo Catorze

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By KettyMitchell


Algumas semanas se passaram e não houve nenhuma mudança significativa. Eu continuava evitando uma aproximação maior com a minha nova família, especialmente o Henrique.

Ele passava o dia inteiro na empresa e quando chegava, à noite, eu já estava no quarto, ficava lendo ou trocando mensagens com minhas amigas. Durante a manhã, dizíamos um "Bom dia" apressados e logo saíamos. Ele pra empresa, eu pra escola. E os dias se seguiam assim. De uma certa forma, eu estava bem. Não estava plenamente feliz, mas não estava mais me sentindo como se toda desgraça no mundo fosse cair sobre mim.

Era uma manhã de sexta-feira, graças a Deus, quando a calmaria em minha vida chegou ao fim. Eu estava no colégio e tinha ido beber uma água antes que a próxima aula começasse. Foi quando o meu celular tocou.

Quando vi o nome do Otávio, senti meu coração gelar. Eu sabia que só havia dois motivos para uma ligação dele: minha avó ou o meu padrasto. E nenhuma das opções era agradável nesse momento.

- Alô?

- Minha doce Camila! Como você está? - ouvi sua voz alegre perguntar.

- Estou bem. O que aconteceu? - fui direto ao ponto.

- Ah, eu tenho ótimas notícias! O Leo acordou do coma! Ele vai fazer alguns exames, mas os médicos disseram que não há mais nenhum risco. Não é uma ótima notícia?

Não. Não era uma ótima notícia. Deus que me perdoe, mas o meu desejo era de que o meu padrasto nunca se recuperasse desse coma. Tudo que eu desejava era ouvir a notícia de sua morte.

- Alô? Camila?

- sr. Otávio, eu tenho que desligar. - consegui falar e logo desliguei o celular.

Virei-me para voltar pra sala e acabei me esbarrando com alguém que derramou um copo de água em mim. A frente da minha farda ficou totalmente encharcada.

Levantei o rosto e dei de cara com Viviane, minha querida colega de sala. Nós vínhamos nos provocando desde o primeiro dia de aula, aquele era, realmente, um péssimo momento pra eu ouvir algum desaforo daquela menina.

- Eu sinto muito, Camila. Foi um acidente! - observei seu sorriso descarado e não pensei duas vezes. Caminhei até o filtro, enchi um copo de água e derramei tudo sobre o seu falso cabelo liso.

Dei um sorriso de satisfação ao ver sua expressão chocada.

- Acho que escorregou. - debochei.

- Sua idiota! - seus olhos quase saltaram de raiva. - É mesmo uma caipira, igualzinha a vadia da sua mãe!

Respirei fundo, tentando recuperar minha calma, já inexistente.

- Do que você chamou minha mãe? - perguntei entredentes.

- Vai dizer que é mentira? O meu pai trabalha na Enterprise. Ele ouviu os comentários sobre o seu pai ter feito um teste de DNA antes de assumir você. Aposto que sua mãe não vale nada. E você conhece o ditado: filho de peixe, peixinho é.

Seja lá o que ela fosse dizer em seguida, não conseguiu. Puxei Viviane pelos cabelos e ela, imediatamente, começou a gritar.

- Cale a boca! - gritei e ela encolheu-se, assustada. - A caipira aqui vai te dar uma pequena lição.

Puxei seu cabelo com mais força e ela voltou a gritar histérica, fazendo com que minha raiva aumentasse ainda mais. Senti a dor do meu cabelo sendo puxado e acabei afrouxando o aperto no seu. Aproveitando-se de meu descuido, a garota tentou acertar meu rosto com um tapa e acabei sendo obrigada a soltar o seu cabelo para segurar o seu braço antes que atingisse o meu rosto.

No minuto seguinte, Viviane estava no chão, comigo por cima dela. E, apesar dela tentar se defender de meu ataque, era notável que a garota nunca havia entrado em uma briga. Então, continuei batendo e chutando todas as partes visíveis daquela patricinha metida à besta antes que alguém me interrompesse.

Dito e feito, senti alguém me pegando por trás e me retirando de cima dela.

- Me solta! - gritei, me esperneando.

- Fica calma! - ouvi o Rodrigo sussurrar em meu ouvido. Logo, percebi que tínhamos uma pequena plateia. E lá no centro estava a Viviane, choramingando, com a aparência de alguém que acabou de levar uma surra.

- Pode me soltar! - falei irritada. - Eu não vou bater nela.

Rodrigo me soltou e, segundos depois, a diretora apareceu. Seu rosto estava lívido.

- Você e você - apontou para Viviane e para mim. - Na secretária, agora.

E com essas palavras, saiu do pátio pisando duro.

                               ***

- E então? Vão ficar aí caladas? - Natália questionou, irritada.

- Ela é uma louca, diretora. Uma caipira que não devia ter saído do fim de mundo que veio. Ela me atacou sem mais nem menos. - a patricinha falou imediatamente.

Analisando o caco que estava a Viviane, ainda mais com suas lágrimas que não paravam de cair, quase dava pra acreditar nela.

- Diretora, admito que fui eu começar o ataque físico, mas eu tive os meus motivos. - tentei justificar-me.

- Posso saber quais? - arqueou as sobrancelhas.

- Esta garota tem me infernizado desde o primeiro dia de aula. Entendo que seu cérebro diminuto não consegue processar o fato de que ela não é melhor que todos os outros humanos, mas hoje ela ultrapassou todos os limites. Ela usou de palavras de baixo escalão para falar da minha mãe e isso eu não pude aceitar. - finalizei meu discurso.

- Isso é verdade? - Natália lançou um olhar reprovador à Viviane.

- Eu não pensei que ela fosse se ofender. - a idiota deu de ombros.

- Estou muito decepcionada, Viviane. Eu não espero este tipo de atitude de minhas alunas. E você, Camila, tem sido uma ótima aluna, todos os professores a elogiam. Mas deve aprender que aqui resolvemos as coisas de uma forma civilizada. - suspirou e encostou-se à sua cadeira, pensativa.

- Eu terei que suspendê-las. - declarou.

- Ah, não, diretora. Por favor, não faça isso! - Viviane choramingou.

Continuei impassível, batucando os dedos na calça jeans, esperando o final da sentença.

- Eu vou ligar pra os seus pais para virem buscá-las.

                            ***

Ficamos na secretaria por vários minutos, o pai da Viviane foi o primeiro a chegar, mas teve que esperar pelo Henrique. A diretora queria todos presentes para tratar do assunto. Mas que palhaçada!

Assim que ele chegou, Natália contou o que aconteceu e a nossa punição.

- Não se preocupe, Natália. Minha filha terá o seu devido castigo. - Pedro, o pai de Viviane, prometeu. Ele parecia bem irritado com a garota.

O silêncio se fez presente e a diretora pigarreou.

- E então, Henrique? - ela instigou uma resposta.

- Eu posso lhe garantir que esse tipo de coisa não vai se repetir. - respondeu somente.

Apesar de estar morrendo de curiosidade, evitei olhar em sua direção.

Assim que a diretora deu aquele encontro como encerrado, saímos dali.

- Olha, Henrique, não quero atrapalhar. Eu posso ir caminhando. - finalmente falei, assim que alcançamos o carro.

Ele virou-se para mim e, pela primeira vez desde a reunião com diretora, falou comigo.

- Não vou voltar pra empresa. Vou te levar pra casa e você vai ficar de castigo. Você fez algo errado e vai ser punida. - terminou sua sentença e, observei chocada, ele abrir a porta do carro para que eu entrasse.

Eita, eita! Parece que finalmente Henrique resolveu se impôr como pai, mas será que vai ser assim fácil?
Queridos leitores, se ainda estão acompanhando esta história, ela, de alguma forma, chamou sua atenção, não é? Sejam bonzinhos, cliquem na estrelinha e comentem. Isso é muito importante para mim!

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