Corações Selvagens (Capítulos...

By Autor_Xis

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"NA ÍNTEGRA ATÉ 15/12/16''. S I N O P S E: Ele: um oficial apaixonado pelo trabalho, movido pelo per... More

Título e capa aprovados pelos leitores
Esclarecimentos
Prólogo
Capítulo 1 (Parte 1)
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11 (Parte 2)
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
COMUNICADO IMPORTANTE
À venda na Amazon: Natureza Selvagem
Você conhece Doce Perseguição?
Recado para os Leitores:

Capítulo 5

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By Autor_Xis


A estratégia era a mesma há anos. Jovens acima de qualquer suspeita, alguns provindos de famílias abastadas de vários estados e de outros países também, eram abordados em boates ou mesmo em faculdades para um trabalho muito simples: passar alguns dias numa cidade pitoresca no Brasil, com todas as despesas pagas, misturar-se com grupos turísticos ou de pesquisadores e depois levar algumas "coisinhas" na bagagem de volta.


Para parte dos jovens estrangeiros, a única preocupação é que não se tratasse de drogas, já que, em alguns países, as punições para narcotráfico são rigorosas. Porém, a pessoa que os contatava assegurava que não se tratava de drogas, e oferecia dinheiro suficiente para convencer até os mais temerosos.

Mas não eram apenas jovens que eram abordados. Pessoas mais velhas também integravam esses grupos com diversos intuitos. Assim, todos os dias, homens e mulheres chegavam à cidade para servirem de "mulas" para o tráfico de sementes, de pequenos animais ou até mesmo de informações. E se misturavam aos grupos turísticos, enquanto aguardavam instruções e o material para transporte.

Por isso, as apreensões raramente os pegavam de surpresa. Isso só ocorria quando algo muito inesperado surgia ou quando, por interesses às vezes bastante obscuros, outras nem tanto, os chefões do tráfico entregavam "de bandeja" à polícia algumas de suas operações.

Bora colocar os *MIB para trabalhar. Eles precisam mostrar trabalho de vez em quando, comentavam em tom de chacota, antes da delação de alguma operação que encobriria outras muito maiores.

***

Ela conhecia de cor os animais e seus hábitos alimentares, assim como as espécies mais ativas durante o dia e as que preferem caçar à noite. Desta forma, embora em seu íntimo continuasse relutando com a ideia de reabrir a agência de ecoturismo, durante uma semana inteira, ela o levou pessoalmente para conhecer todos os percursos e explicar detalhes de cada local.

Era de extrema importância para ela que Eduardo conhecesse as peculiaridades das espécies residentes da região para exercer as atividades turísticas com o máximo de segurança. Coisa que ela aprendera desde muito jovem, com seu pai e avós.

— Grande parte dos animais mais perigosos da selva amazônica tem hábitos noturnos — comentou, quando adentraram numa trilha no meio da mata, cujas copas das árvores se fechavam por cima, imitando um enorme e extenso portal. — Isso não significa que não existe perigo durante o dia. Muito pelo contrário. É preciso estar sempre bem atento a qualquer barulho, observar com cuidado se há cobras pelo caminho, ou qualquer outro bicho peçonhento que possa oferecer perigo aos visitantes...

— Você já me falou isso uma dezena de vezes, Açucena — disse Eduardo com um sorriso zombeteiro no canto dos lábios.

Ela ignorou o deboche e continuou frisando os pontos que considerava mais importantes. Com seu pai e avós, Açucena aprendeu também a viver em perfeita harmonia com a natureza, honrando a vida de todos os seres habitantes e a lei da selva, cujo princípio básico é saber respeitar o ritmo dos animais mais fortes, sem deixar de se atentar à fragilidade das criaturas menores. Respeitava ainda a crença de seu povo nos espíritos da mata, apesar de muitas vezes já ter se questionado sobre a existência desses tais espíritos. Afinal, como cientista que era, não tinha como não duvidar dos mitos e crenças não só de seu povo, como também de todas as religiões do mundo. Pois tinha conhecimento suficiente para saber que o conjunto de estórias que eram sempre utilizadas para explicar a origem do homem e os fenômenos da natureza, que se baseavam sempre em feitos e façanhas de deuses, semideuses e heróis, tinha apenas a intenção de tentar entender algo que até bem pouco tempo não se conseguia explicar: a vida humana e de tantas outras espécies. Porém, ela reconhecia o valor dos mitos para o seu povo, e respeitava. Além disso, também não tinha como questionar a força, quase sobrenatural, que sentia em meio àquele esplendor verde à sua volta. Por isso, mesmo com todas as dúvidas que, vez ou outra, tomavam posse de seu coração, procurava cultivar as tradições e crenças de seus ancestrais.

— Que tal uma breve parada para descansarmos um pouco? — perguntou, quando chegaram próximo a um riacho, após mais de três horas de caminhada.

Eduardo lançou um olhar rápido pelo local. Não parecia haver perigo. E apesar de se encontrarem rodeados por uma imensidão de árvores gigantescas, em meio à selva amazônica, a vegetação próxima ao rio era baixinha, o que lhes permitiria repousar com tranquilidade.

— Acho ótimo!

Açucena pendurou a mochila no galho de uma árvore, depois de tomar alguns goles d'água de seu cantil e retirar um tecido fino da mochila, para estendê-lo sobre o mato rasteiro.

— Já estivemos aqui antes. Lembra-se?

Com um sorriso fugaz, ele balançou a cabeça em sinal afirmativo. Apesar da paisagem ter sofrido algumas mudanças consideráveis desde a sua ida ali, já que a floresta ao seu redor parecia ter se ampliado generosamente, ainda assim, era impossível não lembrar que fora justo ali, próximo às águas cristalinas daquele rio, cuja areia e pedras no fundo podiam ser vistas sem qualquer dificuldade, que transaram de forma quase selvagem.

— Acha mesmo que eu esqueceria?

Ela sentou-se sobre o lençol, antes de responder, com um sorriso divertido nos lábios, ao imaginar o que se passara na cabeça dele:

— Só posso falar por mim... Vem cá!

Ele pendurou a sua mochila ao lado da dela. Em seguida, tirou o boné e apoiou a cabeça em seu colo. Ficou observando a expressão de seu rosto de baixo pra cima, enquanto ela passava uma das mãos carinhosamente em seus cabelos suados e dava sequência às peculiaridades dos animais da selva.

Minutos depois, ela lhe falou também sobre algumas espécies vegetais perigosas, que poderiam desencadear coceiras ou mesmo ferimentos graves. Algumas poderiam até levar à morte.

Mas, neste momento, Eduardo já quase não a ouvia, apenas observava o rosto da mulher à sua frente e a paisagem por trás dela, onde o verde da mata se destacava em diferentes colorações, por causa dos raios do sol que banhavam o copado das árvores e escorriam em imensos feixes prateados pelas folhagens.

Totalmente absorto agora em seus pensamentos, Eduardo procurava memorizar os pormenores daquele cenário para tentar reproduzi-lo posteriormente, embora há bastante tempo soubesse que nenhum artista, por melhor que fosse, poderia reproduzir em um papel ou tela o esplendor das luzes e cores da floresta.

Ainda que conseguisse tal proeza, o que tinha consciência absoluta que jamais conseguiria reproduzir era o brilho incandescente nos olhos castanhos-esverdeados de Açucena, a expressão fascinada em seu rosto, quando ela falava da floresta, de seu trabalho de pesquisa ou qualquer outra coisa relacionada à Amazônia.

Não, não há mesmo qualquer dúvida que Açucena ama a floresta amazônica, que aqui é o seu verdadeiro lar, pensou Eduardo, sentindo uma pressão forte em seu peito, visto que andava aventando a possibilidade de que ela aceitasse passar uma temporada em São Paulo, quando a sua nova missão ali fosse concluída.

Nas únicas duas vezes que foram juntos para São Paulo, ficaram apenas alguns dias para a organização de suas exposições no MASP. E fora tudo tão corrido que não tiveram tempo sequer de ir ao cinema ou ao teatro, muito menos de visitar alguns pontos turísticos da cidade. Lugares que ele tinha certeza que ela iria gostar muito de conhecer, como o Museu da Língua Portuguesa — o único museu no mundo dedicado à preservação de um idioma —, o Parque do Ibirapuera, o Horto Florestal e outros locais adorados por turistas.

Ele também planejava levá-la a lugares comuns, como um restaurante japonês que gostava de frequentar, no bairro onde morava, um bar com música ao vivo na Vila Madalena e outros lugares cuja importância não lhe parecia tão grande assim, até pouquíssimo tempo atrás. Mas que, sem saber por quê, de repente, ganhara um estranho valor sentimental.

Não que não gostasse da floresta amazônica. Ele realmente aprendera a amar aquela região que se tornara uma das principais fontes de inspiração para os seus quadros. Contudo, durante aqueles seis meses que estava morando ali, aquele sentimento dúbio em seu peito tornara-se cada vez mais controverso. Pois não havia como negar a si mesmo que muitas vezes se sentia entediado com a rotina demasiadamente tranquila de Maués, típica de cidades do interior. Fora que ainda sentia muita falta da sua cidade natal, onde tudo parecia acontecer num rítimo bem diferente dali.

Porém, seu maior problema agora, lembrou, não era o sentimento ambíguo em relação a Maués e São Paulo, e sim cumprir sua nova missão sem que Açucena desconfiasse de qualquer coisa. Do contrário, poderia perdê-la para sempre.

— Ei! Você está prestando atenção no que eu estou falando? — perguntou ela de repente, ao perceber que os pensamentos de Eduardo estavam muito longe. E notou alguma coisa em seus olhos, só que não conseguiu identificar o que era.

Ele balançou mais uma vez a cabeça em sinal afirmativo, antes de virar-se e tirar a camiseta dela de dentro da calça para beijar o seu umbigo.

— Claro que estou.

E deslizou para cima dela, apossando-se de sua boca com uma volúpia avassaladora.

— Calma — sussurrou ela, quando conseguiu desprender a boca da dele por um instante. — Eu te amo.

Procurando disfarçar sua apreensão, Eduardo suavizou o beijo. Mas, com o corpo comprimido sob o dele, Açucena podia sentir sua musculatura tensa, as mãos nervosas ao puxarem sua camiseta para cima. E apesar de não haver qualquer agressividade ou violência nos gestos dele, ela também ficou apreensiva. Alguma coisa havia de fato acontecido com Eduardo em São Paulo, e ela precisava muito descobrir o que era que estava lhe causando tanta inquietação, pensou, enquanto a boca faminta dele agora percorria seu rosto e se reapossava da sua boca, como um furacão.

— Du... — Ela exigiu sua atenção, quando conseguiu novamente desprender a boca da dele. Mas quando ele a fitou com aqueles olhos tão cheios de desejo e paixão, ela esqueceu tudo. Quase esqueceu o próprio nome. Precisou de algum tempo para recuperar a voz e o controle, já que seu corpo todo também ardia de desejo. — Acho que vamos ter de partir... Veja como o tempo está mudando rápido.

Ele já havia percebido a mudança repentina do tempo e sabia que ela tinha razão. Em breve, despencaria um temporal típico da floresta amazonense. Ainda assim, afundou a boca no pescoço dela e sentiu-a arquear as costas e gemer, quando mordiscou-lhe o lóbulo da orelha. Era incrível como nunca conseguia saciar-se completamente dela. Queria-a sempre mais e mais.

— Tem certeza que não dá para uma rapidinha? — murmurou em seu ouvido e voltou a fitá-la. Nesse instante, os olhos de Açucena estavam ainda mais esverdeados, por causa da claridade, e a boca ainda mais avermelhada, pela pressão à que tinha sido submetida.

Ela balançou a cabeça em sinal afirmativo. A expressão nos olhos de Eduardo havia mudado com tanta velocidade, de cheia de desejo para divertida, que ela ficou confusa.

— Quer mesmo arriscar?

— Estava apenas brincando — comentou ele, embora sua excitação ainda fosse bem evidente em sua calça. Em seguida, levantou e ajudou-a a levantar-se também. — Posso esperar até chegar em casa. Não ia mesmo dar tempo de fazer direito barba, cabelo e bigode.

Ela arregalou os olhos.

— Du! — E quis parecer indignada. Mas estava rindo enquanto vestia a blusa. — Assim você acaba comigo!



*MIB - Men in Black: Homens de Preto


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E, aí, o que acharam?

Deixem seus comentários.

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