Bom dia,
Vamos lá que temos umas coisas para consertar!
*
Ian estava quase no final de sua musica, mas já era impossível de continuar. As dores se intensificaram e seus dedos já não aguentavam mais. Lauren estava lendo um livro no sofá quando seu pai parou.
– Como está indo? – Ela perguntou se referindo a música.
– Quase no final.
– Vai terminá-la quando?
– Eu não consigo mais... – Ele suspirou fechando os dedos suavemente e abrindo.
Lauren franziu colocando o livro de lado e se levantando. – Estão doendo? – Perguntou se aproximando.
– É... Estão. – Ele assentiu.
– Você tomou remédio faz quantas horas?
– Uma só... Eu disse que uma hora as dores começariam a serem maiores que os efeitos dos remédios. – Ele disse se levantando.
Lauren não disse mais nada. Ian pegou a bengala e subiu a escada indo para seu quarto. A morena franziu, ele preferia ficar sozinho, era uma mania deles, ficar sozinho quando os problemas se tornavam cada vez piores, um meio de defesa.
A morena se sentou na frente do piano e olhou a partitura, Para Michelle, era o nome. Levantou a proteção e começou a dedilhar as teclas que a partitura pedia, quando não encontrou mais, ela continuou, usando o lápis que estava ali.
Andou com o pai pela praia, o deixou descansar, escreveu um pouco... Algo que ela sentia no momento, se sentou a beira d'água com o pai, deixou a brisa do oceano entrar em seus pulmões, tentou fazer café quando Danielle teve que buscar remédios, levou seu pai até a feira e contou como conheceu Camila.
Veronica se sentia uma intrusa, mas ela adorava ver a forma como Lauren tratava o pai. Se mantinha afastada apenas observando de longe, Lauren havia contado para ela sobre a ligação de Camila e chorou no ombro de Veronica.
Terminou a musica... E a letra.
– Pai, eu terminei! – Lauren exclamou animada.
– Parabéns. – Ele disse saindo da cozinha com um sorriso grande. – Cadê Veronica?
– Está no quarto dela, provavelmente no telefone, ou com Keana, ou com a mamãe dela, ou com Lucy... – Lauren disse se levantando, caminhou até o pai e estendeu a mão para ele.
– Me leva até a varanda? – Ele pediu.
Lauren assentiu e caminhou com o homem até lá. Ele ficou sentado perto da porta onde Lauren teria uma boa visão.
– Algo mais? – Perguntou.
– Tem uma folha em cima da estante. – Ele disse – A musica é boa, toque-a.
– Ok. – Ela sorriu animada.
– Eu te amo Lauren. – Ian sorriu.
– Eu também te amo papai. – Ela disse, beijou a testa, afagou a mão dele e entrou. Foi até a estante pegando. – Pai isso aqui tá em cifra...
– É no violão mesmo. – Ian disse se arrumando na cadeira com dificuldade.
Lauren assentiu franzindo. Pegou o violão e se sentou no sofá colocando as folhas ao seu lado. Afinou o mesmo rapidamente, logo passou os dedos pelas cordas enquanto segurava a primeira nota.
A dificuldade é a única amiga dele
E ela está de volta
Deixa o corpo dele mais velho
Do que realmente é
Ele diz que já faz muito tempo que ele se foi
Ninguém tem muito a dizer nessa hora
A dificuldade é o único caminho, e é pra baixo, para baixo, para baixo.
Havia modificações na letra, Lauren conhecia a musica para notar a diferença.
Tão forte quando você era,
Frágil você se vai
Eu estou te vendo respirar
Pela ultima vez
Uma canção para seu coração
Mas quando ele ficar em silêncio
Eu sei o que significa
E eu te levarei para casa
Eu te levarei para casa.
Lauren franziu a musica era meio que... Um adeus. Ela bateu os acordes para continuar.
Se ele tivesse asas, ele voaria para longe
E algum dia Deus lhe Dara algumas
A dificuldade é o único caminho, e é pra baixo, para baixo, para baixo.
Ela cantava com extrema dificuldade, mas fazia porque seu pai havia pedido. Olhou para a varanda, os dedos de seu pai tamborilavam suavemente o braço da cadeira.
Tão forte quando você era,
Frágil você se vai
Eu estou te vendo respirar
Pela ultima vez
Uma canção para seu coração
Mas quando ele ficar em silencio
Eu sei o que significa
E eu te levarei para casa
Eu te levarei para casa.
Lauren levantou os olhos da folha novamente, mas a mão de seu pai estava parada e para seu desespero ela estava fora da cadeira e petrificada. Ela tirou o violão do colo, não veio nenhum protesto.
– Pai?! – Ela chamou de longe.
No andar de cima Veronica conversava com sua mãe sobre a faculdade.
– PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIII! – O grito de Lauren foi doloroso.
Veronica arqueou as sobrancelhas com medo. – Dios Mio, mama... Eu... A Lauren! G-gritou eu vo-ou desligar. – Disse e sem esperar resposta, desligou tacando o celular na cama e desceu.
Lauren estava ajoelhada ao lado da cadeira olhando o corpo já sem vida de Ian.
– Pai... – Ela chorava – Papai...
Veronica cobriu a boca com as mãos e se agachou enquanto os olhos se enchiam de lágrimas. Danielle estava estática na porta da cozinha. Veronica se levantou pegando o telefone e discando o numero de Emergência.
– Mandem uma ambulância. – Veronica disse e em seguida deu as coordenadas.
Lauren sabia que essa hora ia chegar, mas não queria aceitar. Veronica caminhou até a amiga com cautela, colocou as mãos no ombro dela e a puxou para si. Lauren não relutou, apenas se deixou ser amparada por sua melhor amiga, que esteve, estava e estaria ali pra isso.
A ambulância não demorou, o corpo de Ian foi levado, as meninas acompanharam tudo. E saíram do hospital com um documento ridículo que provava que Ian não havia resistido.
A família inteira foi avisada. Chris do aeroporto fazia contato com as funerárias de Beaufort. Lauren dormia na sala da casa, dopada, depois de uma crise de raiva onde quebrou o violão em cima do piano.
Veronica precisava fazer mais ligações...
"Barulho insuportável".
– Já vou. – Camila disse grogue de sono.
Eram três da manhã, ela teria mais duas horas para dormir e tinha um infeliz batendo em sua porta. Abriu a porta com o melhor olhar "metralhadora" que conseguiu. Jacob estava de pijama e com o telefone na mão.
– Camila, eu não sei quem é só sei que é mulher e quer falar com você. – Ele disse entregando o telefone para ela. – E vê se manda as pessoas pararem de ligar de madrugada para a casa dos outros.
– Eu não mandei ninguém me ligar não Jacob! Eu estudo e tenho que dormir! – Ela disse entre dentes pronta para soltar os cachorros em alguém. – Alo?! – Ela disse de forma ignorante, ao colocar o telefone na orelha.
– Cami? – Veronica perguntou.
– Veron... – Camila franziu e se interrompeu, ouviu a voz da latina de novo em seu consciente... – Não né Vero?! Me diz que você tá me ligando porque você me ama muito e quer ouvir minha voz... – Camila pediu chorosa.
– Cami... – Veronica disse. Ela não precisava falar mais nada, Camila estava totalmente desperta.
– Quando? – Perguntou.
– Era aproximadamente nove e meia da noite. – Veronica disse fungando.
– Como ela está?
– Ela destruiu o violão... Só não quebrou o piano porque eu dei uma chave de braço nela e Danielle a fez ingerir remédio para o sono. Eu nem sei direito como ela está... – Veronica respondeu.
– Antigas manias nunca abandonam um coração. – Camila sussurrou. – Ela extrapola demais quando a raiva toma conta dela.
– O funeral vai ser hoje às nove da manhã. Na igreja perto da escola. – Veronica disse.
– Tudo bem... Eu vejo você lá. – Camila disse
– Até mais tarde.
Ela desligou o telefone apoiando-se na parede.
– O que aconteceu? – Jacob que agora estava menos agressivo perguntou.
– O pai de Lauren faleceu.
– O SR. SOMERHALDER? – Jacob gritou surpreso.
– Ai caramba, não grita bicha! Eu me esqueci de falar... Aconteceu tanta coisa. – Camila disse indo para o quarto e puxando a mala menor. – Ele estava com câncer no pulmão.
– Há quanto tempo? – Jacob perguntou a seguindo.
– Há muito tempo... - Camila abriu seu guarda roupa e começou a colocar o que precisava lá dentro.
Ela havia feito mais uma mudança em seu visual, suas roupas agora eram – Além de ser de marca por causa de Jacob – mais "maduras" ou "Sexy". Seu cabelo estava maior, liso e agora ela tinha algo permanente em si.
– E você vai para lá? – Ele perguntou
– Sim, por mais que eu não tenha nada com Lauren eu ainda era aluna de Ian e ele me ajudou demais com Nyada. – Camila assentiu indo para o banheiro.
– Onde você vai ficar? – Ele perguntou curioso.
– Eu tenho uma casa lá... Você se lembra? – Perguntou irônica – Ela é grande, cabe quase quinhentas pessoas.
– Ah é. – Jacob franziu. – Você se importa tão pouco com dinheiro que as vezes esqueço que você é rica.
– Eu não sou, meus pais são. – Ela disse rapidamente.
– Caramba, posso saber o motivo pelo qual vocês dois estão tagarelando de madrugada? – Dinah disse entrando no quarto. Camila estava perto dela e deu um "soquinho" no abdômen nu de Dinah. Ela perdeu o ar, coisa que não aconteceria antes de Camila praticar boxe. – AI.
– Primeiro, o meu quarto tem uma porta enorme então bata nela, não abra sem permissão. Achava que isso já estava claro. Segundo me sinto vingada pelos murros que te dei e não consegui nem te mover do lugar, terceiro eu estou indo para casa. – Ela disse rapidamente enquanto tirava a camisola.
Jacob segurou a risada ao olhar a cara de Dinah e deu um tapinha nas costas dela.
– Bem feito. – Disse com um sorriso.
– O que você vai fazer em casa? – Dinah perguntou alisando a barriga.
– Ian faleceu. – Camila sussurrou enquanto fechava o short.
Ela pegou uma blusa qualquer e colocou saltos rapidamente enquanto ia para o banheiro.
– Você vai ao funeral? – Dinah franziu.
– Vou... Você devia ir também. – Camila passou o delineador, seguido pelo lápis e pelo rímel.
– Eu não sou bem vinda. – Respondeu.
Ela escovou os dentes. – Você foi aluna dele, ele te perdoou, eu te perdoei. Lauren é só o menor delta da equação. – Camila passou o batom.
Pegou a necessaire, colocou na mala, mais dois pares de saltos, ela estava indo para casa, pegaria algo que fosse bom lá se não gostasse do que estava levando.
– Eu vou mais tarde. – Dinah disse.
– Voo de NY para NC não sai toda hora. – Camila disse fechando a mala e puxando do guarda roupa um sobretudo creme.
– Eu vou, me espera. – Dinah disse abrindo a porta e dando de cara com Troye. Passou por ele rapidamente.
– O que aconteceu? – O rapaz perguntou entrando.
Jacob fez um resumo rápido.
– E você está indo? – Troye se sentou na cama.
– Sim. Eu vou aproveitar para ver meus pais e eu tenho que conversar com minha mãe também. – Camila disse com um sorriso, ela gostava de Troye.
Sivan assentiu com um bico e deu de ombros.
Trinta minutos depois, quase quatro horas Camila e Dinah estavam no aeroporto esperando a chamada de seu voo para NC. O avião estava marcado para 4:30AM, elas chegariam por volta das seis e alguma coisa.
Veronica via pessoas chegarem, inclusive Lucy que estava em NY e que ela não tinha a mínima ideia de como soube... Provavelmente foi Megan que ligou para ela e contou. A casa não estava muito cheia. Lauren ainda estava apagada e encolhida no sofá.
Vero havia recolhido as madeiras trucidadas do violão. Danielle estava fazendo café preto constantemente, Chris não saia do telefone, Megan não parava de chorar e era amparada por Candice que também chorava.
Veronica saiu da casa e ficou apoiada na pilastra da varanda olhando o mar escuro e com frio. Ela sentiu um beijo contra sua cabeça e logo braços quentes a envolveram.
– Eu sinto muito. – Keana disse.
– Eu também... Sinto tanto. – Veronica chorava.
Eram sete horas o céu ficou um pouco claro, mas as nuvens escuras o cobriam. Até o céu protestava contra a morte de alguém tão querido quanto Ian. A casa se encheu de familiares. Lauren acordou chorando, com soluços sofridos e uma dor insuportável em seu peito. Megan a puxou para perto.
– Lauren... – Chamou. A morena a ignorou se levantando. – Olha, você tem o direito de se fechar. Mas, por favor, não me afaste de você. – Megan pediu com o coração na mão.
– É o que eu faço de melhor mãe. Eu afasto as pessoas. Eu afastei Camila também. – Lauren disse se virando com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.
As pessoas ao redor tentavam não olhar e apenas fingir que elas não estavam discutindo.
– Nós não somos perfeitos. Nenhum de nós. – Megan estendeu a mão para Lauren que pegou. – Cometemos erros, fazemos bobagens, mas então perdoamos e seguimos em frente. Querida, ao menos você tem a coragem de sentir. Você sente tudo tão profundamente... Você é filha de Ian Somerhalder Jauregui... E ele sentia como ninguém.
Lauren abraçou a mãe forte soluçando novamente. As pessoas observavam, sabiam e acompanharam por cima a vida de Lauren, sabiam que aquela mulher que acabara de perder o pai havia cometido muitos erros, mas havia consertado todos eles durante as ultimas semanas, na verdade durante o ano inteiro.
Aos poucos as pessoas foram se arrumando. Vestidos, blusas, calças, shorts, ternos, camisas sociais, sapatos, tudo era preto... Lauren estava com um vestido de mangas compridas, um salto e os lados de seu cabelo estavam presos. Keana, Veronica e Lucy a ajudaram e depois se vestiram.
Os carros seguiram para a igreja que já estava quase cheia e ficou, – em segundos – lotada de alunos, conhecidos, e até a imprensa estava presente no local. Mal tinha local para as pessoas se sentarem, havia lugares reservados para familiares e pessoas próximas a família. Lauren fechou os olhos e abriu novamente. Era difícil demais. Caminhou até o corpo de seu pai deitado sereno dentro do caixão. As pessoas se sentaram, alguns jovens ficaram em pé. Parisa não conseguia parar de chorar e Betsy estava no mesmo embalo.
Lauren ficou em frente à igreja lotada, não se tinha um silêncio, os soluços eram audíveis, fungos, barulhos, inquietação. Chris estava sentado ao lado de Megan e as lágrimas não eram escondidas pelo irmão mais velho.
– Obrigada a todos por terem vindo. Muitos conhecem meu pai, ou por peças, ou por noticias, ou pelo filme, ou por tê-lo conhecido pessoalmente. – Lauren disse e se fez um silêncio calmo. – Eu escrevi um discurso, talvez muitos. – Ela disse abaixando a cabeça e lutando com as lágrimas. – Quando eu falava com meu pai era algo diferente, com ele eu tinha uma linguagem diferente. Um amor que ambos compartilhamos. – Lauren olhou para Harry e Louis que estavam sentados no meio das pessoas e perto da família Jauregui.
O voo de Camila e Dinah havia atrasado, por causa do tempo chuvoso.
– Eu sei que... É isso que ele gostaria que eu compartilhasse com vocês hoje. – Lauren disse pegando a partitura da musica que "escreveu" junto com o pai. Ela ia apenas tocar a melodia que ele compôs... A letra ficaria para o momento certo.
Quando ia se sentar no piano a porta abriu, primeiro entrou Dinah em uma calça jeans preta com uma camisa social na mesma cor com dois botões, saltos e maquiagem reforçada. E Camila entrou em seguida, Christian Louboutin nos pés, um vestido da Channel cinturado com alças grossas, uma carteira na mão da mesma marca, seus cabelos estavam soltos e lisos e seus olhos bem marcados e escuros. As duas se olharam por um tempo.
Megan, Veronica, Keana, Chris, Lucy e todos que ficaram curiosos olharam para trás e viram Camila ali. Dinah tocou o braço da latina e as duas caminharam para perto de Louis e Harry.
Lauren se sentou e começou a dedilhar a musica ela era simples, mas perfeita. As lágrimas escorriam. O tempo lá fora havia dado uma trégua, parou de chover e as nuvens escuras estavam indo embora.
Camila observava tudo de forma calma, Dinah apertou a mão dela. Ela era sua irmã, de qualquer forma. Algumas lágrimas escorreram e Camila fez uma nota mental de agradecer a Jacob por lembrá-la de passar maquiagem a prova d'água.
Eles saíram todos da igreja e conversavam em seus montes. Camila deu um oi para Parisa e Betsy recebendo elogios. Dinah não abandonou a amiga em nenhum segundo. E Camila fez mais uma nota mental para agradecê-la depois. Falaram com Megan, Keana e Veronica, com Chris também e consecutivamente com Candice.
Parisa falava com Lauren. – Eu sinto muito por sua perda. – Disse baixinho enquanto a abraçava.
– Obrigada por vir. – Lauren disse.
Camila e Dinah pararam ao lado de Lauren. As duas se observaram por um tempo.
– Foi lindo o que tocou. – Dinah disse quebrando o silêncio.
– Papai que compôs. – Lauren disse
– Sei que ele gostou. – Camila sorriu e Dinah se afastou deixando elas e indo falar com "seus pais".
– Obrigada por ter vindo, Camila. – Lauren a olhou. – Significou tanto para mim.
– Michelle Jauregui uma palavrinha para a gente, por favor? – Uma jornalista interrompeu as duas.
Lauren sorriu para Camila e saiu junto com a mulher, olhou pelo ombro e viu a latina ainda parada segurando a carteira de mão. Ela seguiu com a mulher que não calava a boca e quando olhou novamente, Camila já havia sumido.
– As pessoas cometem erros, até as pessoas que amamos. – Keana disse quando parou ao lado de Lauren após a imprensa sair de perto da garota. – Acho que principalmente as pessoas que amamos.
Lauren sorriu e abraçou Keana.
– Estrelinha, como você está linda. – Harry disse enquanto os quatro caminhavam para o estacionamento.
– Obrigada papai. – Camila sorriu.
– Vão ficar quantos dias? – Louis perguntou abrindo a porta do carro para Harry. Camila engoliu em seco em ver essa cena, e agradeceu por ter vindo com o conversível de Dinah e não em seu honda.
– Apenas hoje. – Camila respondeu. – Vamos voltar à noite. Eu tenho prova sexta.
– Mas tão rápido? – Ele perguntou.
– Infelizmente. – Camila disse vagando os olhos pelo estacionamento. – Com licença.
Ela caminhou por entre os carros até chegar à pessoa que queria.
– Camila. – Penélope disse
– Mãe... – A latina murmurou baixo.
– Você veio hun... Conversar? – Penélope perguntou sem jeito.
– Na verdade eu vim te chamar para ir para a casa de meus pais, para conversarmos lá. Eu pretendo voltar para Nova Iorque hoje ainda e sei que precisamos conversar, assim como você mesma disse na mensagem que deixou na secretaria eletrônica. – Camila explicou rapidamente.
– Tudo bem, eu sigo vocês. – Penélope sorriu.
Camila devolveu o sorriso, assentiu e voltou para perto dos pais.
– Devemos nos preocupar? – Harry perguntou.
– Não. Eu preciso conversar com ela. Ela está indo lá pra casa. Ok? – Camila perguntou.
– Claro. – Louis disse.
Logo Camila entrou no carro antes que Dinah abrisse a porta para ela. E os três seguiram para a mansão Cabello.
Lauren chegou acabada e com dor pelo corpo. O enterro foi fechado para família. As mulheres foram todas para cozinha e as quatro adolescentes subiram para o quarto de Lauren enquanto os homens conversavam sobre os carros e sobre os pertences de Ian. Família...
– Está melhor Lo? – Lucy perguntou soltando o coque.
– Um pouco... – Ela respondeu. – Viram a Camila?!
– Ela está bonita. – Keana disse.
– Ela cresceu? – Lucy perguntou confusa.
– Não... Eram os saltos. – Veronica disse divertida. Keana negou com a cabeça indicando que não era momento para piadas.
– Ela parece mais velha. – Lucy murmurou.
– Até eu tenho que concordar. – Veronica disse.
– Chega disso. – Lauren pediu. - Eu só perguntei se vocês viram...
– A gente viu. – Keana disse.
– Lauren, DESCE AQUI! – Megan chamou.
– Já vou, mãe! – A morena exclamou, terminando de soltar o lado esquerdo do cabelo e tirou os saltos.
As quatro desceram, as pessoas conversavam pelos cantos, enquanto comiam.
– A Dani tem algo para te dar. – Megan disse levando Lauren para cozinha.
– Seu pai mandou entregar-te isso... Ai dentro ele vai te explicar... – A mulher disse.
Lauren, Veronica, Megan, Chris, Lucy, Keana e a própria Danielle saíram indo para a varanda, todos eles sabiam sobre o que a carta tratava. Lauren rasgou com o dedo o envelope pardo. Lá dentro tinha uma folha e uma carta comum ela puxou a folha.
Oi princesa, é o papai de novo.
Me perdoa por te deixar? Nunca foi minha intenção fazer você passar por isso. Eu te amo.
Você e seu irmão são as coisas mais preciosas que eu tinha na vida.
Porque e Danielle te deu a carta? Porque eu não ia muito longe.
Porque não te dei antes? Porque eu queria te fazer sorrir depois que partisse.
Vamos falar primeiro de posses. Sabe essa casa que você está pisando? Bom... Ela é sua. Eu sei o quanto ela significa para você, e eu fiz uma troca com Chris, você fica com meu conversível que agora também está em seu nome assim como a casa e ele fica com sua 4x4 e a casa em Aspen. Sobre dinheiro... Eu tenho uma boa quantia guardada em bancos, o problema foi que o teimoso do seu irmão só aceitou o dinheiro da faculdade e da casa. Então eu passei tudo que eu tenho para o seu nome. Não recuse, eu ficaria muito bravo com você mocinha.
Ah claro, vamos falar de casa para você morar enquanto você fizer a faculdade. Eu estive conversando com Veronica e ela me ajudou a achar um apartamento de três quartos em Manhatam à vista é ótima. Um dos quartos vai ser ocupado por Vero que está indo para universidade Colúmbia, que iria trabalhar em uma gravadora como estagiaria.
Claro que eu não deixei e ela vai trabalhar para a gravadora como produtora.
Antes de falar do principal eu vou falar com você sobre seu ponto fraco: Camila.
Você se fechou não me contou porque terminaram e como acabou, e eu não interferi nisso, sei que você estava ouvindo aquela conversa, assim como a própria Camila ouviu e provavelmente te falou algo. Eu sei que você está magoada com ela, mas sinceramente você não tem motivos. Quando fui afastado da escola eu não sofri. Naquela mesma semana eu tive uma consulta com Luna e ela me avisou que eu teria que abandonar a escola se quisesse mais um tempo. E eu tive um grande tempo e foi proveitoso. Camila não tem culpa, Dinah a derrubou, sentiu medo, não contou. Isso não faz com que ela tenha culpa, não era um problema dela a falta de coragem era de Dinah e acho que se ela não tivesse descoberto nós não saberíamos e vocês duas ainda estariam juntas.
Lembra o jantar? Quando você me perguntou se eu ainda queria ter netas?! Eu quero e que seja alguém como aquela garota que te derrubou na feira e que te beijou na praia. Na verdade eu não quero que seja outra, quero que seja ela. Você pode estar em estado de negação, mas se disser que não quer mais ela ou que sua cabecinha oca não gira em torno dela, é mentira. Você a ama muito mais e isso sempre vai significar muito.
Por fim, eu tomei a liberdade de fazer sua inscrição em duas faculdades para cursar artes cênicas. As duas entraram em uma briga por você e um dos lados cedeu. A carta que diz que você foi aceita está dentro do envelope.
Pra sempre cuidando de você,
Seu pai.
I. S. Jauregui.
Lauren sorriu pegando a carta de admissão da faculdade e se surpreendeu ao ver qual era a faculdade. Dentro tinha mais uma explicação de seu pai.
Todos olhavam para elas curiosos pela reação. Os olhos de Lauren se encheram de lágrimas, mas seu sorriso era imenso e contagiante.
– Vocês sabiam?! – Ela disse tirando os olhos da folha.
– Claro. Maninha. Achou mesmo que você estava sozinha nessa? – Veronica disse agarrando Lauren em um abraço.
– Ai meu Deus! Colúmbia?! O que aconteceu com Yale? – Lauren se afastou.
– Não era o que eu queria. – Veronica olhou para Keana e piscou, a garota ficou vermelha.
– E você seu Zé? Porque recusou dinheiro? – Lauren perguntou encarando Chris.
– Porque eu trabalho, sou ator, sou casado... – Ele disse com um sorriso. – Porque você vai precisar mais do que eu.
– Hunf... Homens... – Lauren revirou os olhos.
Eles ficaram ali falando sobre tudo enquanto Veronica explicava as coisas para Lauren.
Uma semana depois...
– Jauregui, já pegou tudo? – Veronica perguntou quando entrou na casa.
– Já. – Lauren sorriu descendo com a última mala.
Lauren estava com os cabelos batendo em seus ombros, ela havia abandonado os cachos gigantes, e substituído pelas leves ondulações. Seu cabelo estava preso para o lado esquerdo. Ela tinha um sorriso grande no rosto. Seu pai havia feito mudanças em sua vida.
E assim como Camila – Que não sabia de nada sobre vida de Lauren, desde o enterro – Lauren tinha uma marca que permaneceria para sempre.
Veronica e Lauren deram um abraço em Danielle que cuidaria da casa da Srta. Jauregui, e entraram no táxi, com o trajeto traçado até o aeroporto internacional da NC para pegar o avião rumo à Nova Iorque.