Amor Por Contrato

By anna_mendonca

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Sentimentos são coisas inexplicáveis e destinos também! Até onde você iria para reconquistar sua paixão? Aqui... More

Aviso
Vida Nova-J.A
Um bom emprego-J.Alencar
Se arrependimento matasse-J.Alencar
A verdade às vezes dói-J.Alencar
Ansioso-J.Bieber
Tenho amor próprio!-J.Bieber
Desculpas aceitas!-J.Bieber
Uma grande amiga-J.Bieber
Muitas surpresas-J.Alencar
Tudo por meus amigos-J.Alencar
Apenas amigos-J.Alencar
Você é um idiota!-J.Alencar
O contrato-J.Alencar
O que eu estou sentindo?-J.A
Srta Sinceridade- J.Bieber
Com destino Brasil-J.Bieber
Lutando contra meu choro e minha dor-J.Alencar
Lágrimas e Wisky Combinaçao Quente- J.Alencar
E agora?-J.Alencar
Ainda não assinamos nada-J.Bieber
Não podemos sentir ciúmes- J.Alencar
O que somos?-J.Alencar
Você só precisa dizer-J.Alencar
Nunca foi real-J.Alencar
O que eu precisava ouvir-J.Alencar
Jantar de negócios-J.Alencar
Apenas duas semana!-J.Alencar
Eu prefiro acreditar nele-J.Alencar
Chegou a hora!-J.Alencar
Justin B. vs Harry S.-J.Bieber
Nossa Bolha-J.Alencar
Amor por Contrato-J.Alencar
Você não está sozinha-J.Alencar
Pra você lembrar de mim...-J.Alencar
Olá decepções!-J.Alencar
Dor?Uma velha conhecida-J.Alencar
Cinderela - Zac Efron
É tudo real nas minhas mentiras - J.Bieber
Nosso melhor erro! - J.Bieber
Consequências - J.Bieber
Abra seus olhos - J.Bieber
Acima de qualquer verdade - J.Alencar
Medos - J.Alencar
Acredite em nós! - JusJu
Amor ou Orgulho? - J.Alencar
Chegadas e Partidas - J.Bieber
Que meu fim seja com você!
Segunda Temporada
Vida nova - JusJu
Que assim seja - JusJu
Home - Juliana Bieber
Pequenos anjos - Juliana A. Bieber
Família Bieber - Juliana A. Bieber
Declínio - Juliana A. Bieber
Em outra vida - Juliana Alencar
Sacrifício - Justin Bieber
Sonhos reais - Juliana Alencar
Mágoas - Juliana Alencar
O fim! Existem os finais felizes e os finais necessários

O silêncio e o caos - Justin Bieber

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By anna_mendonca


Os meses se passaram rápido, minha esposa esta cada vez mais perto de dar a luz.  Juliana tem sido forte, mas eu posso ver que a cada dia é ainda mais difícil para ela, todas as coisas que vieram com a gravidez me parecem de mais, todos os enjoos, pés inchados e humor instável, nossa vida mudou tão rápido que mal conseguimos acompanhar. Hoje ela acordou de bom humor e me fez lembrar que será sua ultima ultrassonografia e agora não consigo parar de pensar que a qualquer momento os gêmeos podem querer nascer e aqui não temos qualquer recurso médico para algo inesperado, temos Sophi, mas é apenas uma enfermeira e acho que não seria capaz de agir em um momento de risco, teríamos que pegar o carro até a cidade o que leva geralmente trinta minutos e isso seria muito em caso de emergência, não estou disposto a correr qualquer risco, tenho que pensar em tudo e isso quer dizer que precisamos voltar para NY, lá é onde temos toda uma equipe médica preparada para tudo e é mais fácil garantir o parto agendado e sem surpresas, não acho que Juliana precise sentir mais dores, Drª Morgan me garantiu que será o melhor a ser feito, um parto normal em caso de gestação múltipla é um risco desnecessário e eu concordo plenamente, acho que minha esposa não precisa sofrer mais, eu quero livra-la de qualquer dor.

Hoje minha cabeça está doendo, tem tantas coisas martelando minha mente que é quase impossível manter apenas um pensamento, encaro a janela fora da cozinha, estou preocupado com a Ju, com meus bebês, eu sei que ela gostaria de ficar aqui e confesso que as vezes também gostaria, mas eu sei que preciso voltar, não só pelos bebês mas também pelo meu trabalho, estive afastado por um longo tempo e isso não é bom. Scooter veio justamente para me fazer lembrar disso, minha família em primeiro lugar, mas eu tenho um trabalho e nosso futuro depende dele, não posso permanecer longe por muito tempo, a gravadora está me cobrando um novo projeto e eu tenho prazo para apresenta-lo, andei escrevendo algumas coisas que podem ser trabalhadas e talvez dê pra fazer um álbum, o fato é que realmente deixei meu trabalho de lado para dar atenção ao meu casamento, eu apenas preciso encontrar um jeito de equilibrar os dois.

- Senhor Bieber? Senhor? (Marceli me chama e demoro a perceber)

 – Sim?

- Posso servir seu café?

- Não, vou esperar a Jú.

Marceli fala e eu apenas finjo escutar, hoje realmente não estou concentrado. Assim que Juliana chega para seu café eu tento esconder toda minha preocupação, não quero deixa-la preocupada e estragar seu humor, eu adoro vê-la tão alegre como hoje. Seu sorriso por segundos me fez esquecer, mas bastou tocar no assunto da volta que todo o seu humor se foi assim como seu sorriso.

Nós prometemos esquecer tudo de ruim que nos aconteceu até aqui, mas é impossível, aqueles dias ainda estão presente em nossas memórias, ainda doem e nos assustam. No carro até a cidade eu apenas lembrava de tudo e ainda sinto um calafrio percorrer por meu corpo ao imaginar que podia ter perdido o que hoje são minha vida. É isso que está me atormentando, saber que meu trabalho, minha vida é o que mais representa perigo a minha família, o modo que isso nos abalou e nos quebrou em certo momento, é como se estivéssemos em uma bolha que nos mantém protegidos, mas estamos voltando para o mundo real, onde eu sou responsável por todo o caos e também terei que ser aquele quem vai protegê-los.

São dois bebês indefesos e inocentes que estão prestes a vir ao mundo, como serei capaz de protegê-los? Eu falhei com a mãe deles por varias vezes, eu fui um babaca com ela, a fiz sofrer e chorar, mas ela foi forte e depois de tudo ainda ficou comigo, ainda não entendo como tive essa sorte. O fato em questão é que ela sempre foi livre para me deixar, ela tinha essa opção e o fez uma vez, ela esteve protegida longe de mim, mas agora são apenas bebês, como eles podem ficar protegidos quando o mundo do pai deles é uma loucura? Como um cara que ontem mal cuidava de si mesmo pode cuidar de uma família? Eu não sei se sou capaz, não sei se posso protegê-los como deveria, não sei se vou ser um bom pai, o pai que eles merecem.

Minha cabeça está cheia de duvidas, insegurança que estou longe de encontrar uma solução. Ao chegar no estúdio estava alguns minutos atrasado, já podia ver Scooter dando algumas ordens, os câmeras ajeitando seus melhores ângulos de luz...

- Finalmente, achei que tinha marcado as oito e não as dez horas...(Scooter já me recebe com cobrança).

- Foi mal...

- Corre para se trocar e começar a maquiagem.

- Preciso falar com você antes.

Ele me encara e coloca as mãos na cintura soltando um longo suspiro, sua cabeça balança negativamente e me conhecendo ele sabe que essa conversa não vai ser boa. Ele caminha para a tenda armada e o sigo, ele se joga na cadeira de modo cansando e me encara com tédio.

- Desembucha, qual o problema dessa vez?

- Eu sei que concordei em gravar esse clipe...

- Mas? (Ele antecipa)

- Hoje me dei conta que será a ultima consulta da Ju e o parto já esta agendando e essa gravação pode durar dias.

- E daí?

- Não posso ficar aqui e correr o risco dos bebês se precipitarem.

- Escuta Justin, eu mais do que ninguém entendo e tenho apoiado todas suas decisões, eu adoro a Juliana e estou feliz com a chegada dos bebês, mas não esqueça que sou seu empresário e como um que vou te falar agora. Sua carreira está em jogo não se esqueça, já falei que não vai ser fácil de agora em diante.

- Eu sei disso.

- Mas parece que está esquecendo, em todo esse tempo você foi o sonho de qualquer garota, você era solteiro e mesmo parecendo loucura elas acreditavam que teriam sua chance e era isso que te fazia vender suas musicas.

-  O QUE? DO QUE VOCÊ ESTA FALANDO? NÃO FOI APENAS MEU ROSTO QUE ME TROUXE ATÉ AQUI SCOOTER, VOCÊ MAIS DO QUE NINGUEM SABE O QUANTO TRABALHEI, O QUANTO ME ESFORCEI.

Ele falava como se eu não tivesse qualquer talento, que todas as noites em claro trabalhando não contassem, eu dei meu suor para estar aqui hoje, não foi apenas minha imagem.

- Eu sei Justin. Estou dizendo que agora você precisa trabalhar como nunca, querendo ou não o seu publico vai mudar, você agora é um homem casado e pai de dois filhos, sua imagem mudou e isso pode ou não agradar. Temos que pensar nas duas possibilidades. A gravadora está cobrando, sabe quanto me custou para trazer tudo isso? Você precisa levar mais a sério, os tempos mudaram e não podemos simplesmente cancelar o trabalho a cada minuto.

- Scooter é a minha família.

- Não estou dizendo para deixa-los, apenas encontre um jeito de conciliar sua família e sua carreira ou vai perder um deles.

Ele me dá as costas ordenando que desmontem os equipamentos, passo as mãos os rosto exasperado por saber que ele tem razão. Eu preciso pensar em um jeito. Toda a equipe desmonta as coisas e por vezes me olham com reprovação, mas não vou ficar aqui recebemos olhares tortos, o melhor que tenho que fazer no momento é voltar para casa e começar arrumar as coisas para voltar a NY, e ainda tem a ultima consulta da Jú.

Ligo o carro e dirijo de volta, meu celular bipa algumas vezes e eu apenas ignoro, mas o toque é insistente e só decido ver quando imagino que pode ser a Ju com alguma urgência, mas ao atender é apenas meu pai, ele parece animado e insiste para tomarmos um drink, sorrio descrente, como ele pode estar tão disposto a beber em um dia como este? Por vezes eu pareço ter mais responsabilidade do que ele, o sol esta forte para começarmos uma bebedeira.

- Qual é moleque, o velho aqui sou eu.

- Pai, isso não é hora para beber, minha esposa está me esperando em casa.

- Larga de ser pau mandando da sua mulher, são apenas duas doses.

- Ela tem uma gravidez complicada, precisa de mim.

- Moleque, são apenas umas horas com seu velho pai, se acontecer algo com sua esposa alguns dos seus empregados liga.

- Duas doses.

- Isso!

Ele desliga e eu apenas acho graça, meu pai literalmente não sabe como ser uma pessoa responsável e muito menos acompanhar um gravidez de perto, lembro da Erin reclamando que ele mal ficava em casa, e minha mãe não soube o que era ter o apoio dele, não posso dizer que seja de propósito, talvez ele não tenha nascido para isso.

Ao chegar no bar era um lugar de quinta, definitivamente eu não queria ficar ali, mas já tinha ouvido falar de um clube ótimo e foi pra lá que fomos, não tivemos problemas para entrar mesmo sendo só para sócios, meu nome já me torna um sócio. Pedi um lugar reservado e verifiquei meu relógio, eu ainda tinha algumas horas até a consulta da Ju, isso me daria um tempo para conversar com meu velho, pedimos uma garrafa de wisk e posso dizer que algumas doses me fizeram relaxar.

- E ai como está a vida de casado?

- Pai, você tem uma péssima visão de casamento.

- Eu sou realista.

- Não, você é covarde. (Digo convicto)

- Eu sempre estive lá por você, não precisei ficar casado por isso.

- Não estou casado porque ela esta grávida, eu amo aquela mulher...

- Amor ? Que porra de amor Justin. Se na sua idade se eu tivesse a vida que você tem, as mesmas oportunidades eu nunca me casaria.

- Somos diferentes. Eu escolhi essa vida...

- Você é novo, é só uma questão de tempo para você enxergar a graça de ser livre, e ali esta uma delas.

Jeremy indica a entrada e não só eu, mas todos os membros do clube se viram para olhar a mulher que caminha em nossa direção, engulo rápido minha dose wisk e não posso negar que é uma linda visão. Yovanna parece até uma visão do pecado vestida em um vestido curto e colado ao seu corpo, seu sorriso é um convite ao adultério.

- Olá rapazes. (Ela diz e em seguida beija nossos rostos)

Ela pediu uma bebida e bebeu de uma vez sem fazer careta, meus olhos mesmo sem querer estavam presos a cada passo que ela dava, ela caminhou até o cara do som e falou algo, seu pedido foi atendido e uma musica sensual começou a tocar, ela estava no meio da pista movendo seu corpo sensualmente, provocando pensamentos pervertidos em todas as mentes que atreviam-se a olhar para ela, uma verdadeira medusa.

- Você a chamou? (Perguntei ao meu pai).

- Pra te fazer lembrar o quanto a vida pode ser generosa.

- A vida foi generosa comigo acredite.

- Olhe pra mim garoto! (Ele pede batendo nos meus ombros).

- Você me julga por ser um admirador da vida...(Acho graça da sua definição de irresponsabilidade) – Você está começando a vida agora, eu já passei por tudo isso e acredite não me prendeu.

- Não há nada de errado em construir um família, em escolher apenas uma mulher..

- Uma mulher? Só uma? Olhe bem para Yovanna, depois se lembre da sua esposa, Juliana está bem longe da  imagem que você conheceu, os peitinhos durinhos e do tamanho perfeito da sua mão, aquela cinturinha fina está do tamanho de uma melancia.

- Ela continua linda...

- Há por favor... Você sabe o que estou dizendo, aposto que nem sexo vocês fazem mais.

- Nós fazemos o que dá.

- Meu Deus, sem sexo...

- Eu posso esperar, os filhos foi eu quem fiz, a responsabilidade é minha por ela está assim.

- É isso que estou dizendo, pra que esperar? Você tem a faca e o queijo na mão e só comer.

- Deus, você só fala merda...

- Não, eu falo a verdade que você não quer ver. Todos os homens fazem isso, mas são inteligentes o bastante não deixarem ser fotografados.

- Não vou discutir com você.

- Fraco...

Balancei a cabeça negativamente e sorri divertido, se eu desse ouvido a ele... Mas de fato eu sinto falta do sexo com a Ju, sinto falta da minha carne queimar com o toque dela, com o modo que a loucura nos tomava, eu realmente sinto falta disso... Foram mais algumas doses e horas. Uma coisa ele estava certo, pela primeira vez em semanas eu estava realmente relaxado, como se todos os problemas fossem sumindo a cada gole de álcool que ingeria.

(...)

Ouço uma voz chamar meu nome, mas está longe, meu corpo é jogado de um lado para o outro sem qualquer cuidado, aos poucos vou acordando e me dando conta que a voz que me chama é da Jú, me estico na cama e sinto meu corpo reclamar, é como se tivesse... BRIGADO...minha mente grita e abro meus olhos rápido, ela já não está ao meu lado e apenas escuto a porta do banheiro se fechar, pulo da cama as pressas e minha cabeça pesa, lateja ainda sob o efeito da quantidade de wisk que bebi. Passo as mãos pelo rosto e forço minha mente a lembrar o que aconteceu e tudo que consigo são pequenos flash, lembro que sai com meu pai e bebemos, em algum momento ele se envolveu em uma briga e eu também tive que ajudar.  - Não posso acreditar que esqueci a consulta – DROGA! Juliana deve está me odiando nesse momento e eu não tiro sua razão, eu se quer lembro como voltei para casa... Ela demora no banho, e eu tento bater na porta, mas sou ignorado. Me sento na cama e procuro uma desculpa, mesmo sabendo que nada que eu disser vai amenizar a situação para meu lado, ela sai do banheiro e posso ver que está me ignorando.

- Você tem razão em estar brava. – Ela finge não me escutar e continua andando, pega sua roupa, penteia seu cabelo sem ao menos me olhar.

- Amor... – Tento mais uma vez, mas ela está com raiva. Caminho me colocando em sua frente para que me escute.  - Ju, olhe pra mim...

Ela respira e leva seus olhos até os meus, ela não precisa dizer qualquer palavra porque eu já conheço cada expressão do seu rosto, seus olhos me dizem coisas que sua boca teima em silenciar. Sinto vergonha de encara-la por muito tempo, posso ver sua decepção e raiva, mas seu silencio é como laminas afiadas cortando minha carne bem devagar...

- Amor, fala comigo...

- O que quer eu diga?

Ela poderia dizer qualquer coisa, mas que me deixasse saber o que esta passando por sua cabeça, o que ela pensa em fazer...

- Amor...

- Não me venha com “Amor”...(ela diz furiosa)

Eu nem sabia de que forma deveria me desculpar, eu não tinha apenas esquecido sua ultima ultrassom, eu tinha feito todas as burradas juntas, eu poderia comprar um jardim inteiro de flores que não seria o suficiente, e o que eu deveria fazer? Deixa-la sozinha para se acalmar? Mas pra onde iria se agora somos casados? Estou confuso, tudo é diferente, e a qualquer suspiro diferente eu me apavoro achando que chegou a hora e a bolsa rompeu. Eu realmente não sei o que fazer, nós quase nunca brigamos e quando acontece é por culpa minha, eu piso na bola e agora não é apenas uma toalha molhada encima da cama, não é uma briga boba por não decidir o canal de hóquei ou um filme chato. Eu prometi que nunca mais a magoaria, eu desejei nunca mais ser o motivo do seus olhos triste e não fui capaz de cumprir.

Seus passos cuidadosos para fora do quarto me fazem ficar pior, porque estou vendo o quanto ela está frágil e precisa de mim. Arrumo minhas malas procurando um jeito de amenizar as coisas, mas nenhuma ideia surge. Desço as escadas e impossível não notar todos cochicharem ao me verem, mas ninguém tem nada haver com nossa vida particular e muito menos precisam saber que estamos brigados, ajeito minha roupa e meus olhos para tentar parecer bem, ou melhor preciso que pensem que estamos bem.

- E ai vamos?

- Justin espero que tenha reservado minha poltrona na janela. (Yovanna).

A voz da Yovanna é como um sinal de sirene apontando o perigo iminente se aproximando, e eu realmente não preciso de mais nenhum problema nesse momento, acho que esgotei minha cota ontem a noite e se já esta difícil eu limpar minha barra é melhor evitar qualquer ou sujeita que possa vir me sujar..

- Achei que tinha te dito que o avião está cheio.

Minha esposa tem um olhar feroz, sua voz indica que não está para brincadeira e muito menos provações, Juliana pode ser a mais doce das mulheres, mas quando pisam no seu calo ela pode ser bem atrevida e acho que Yovanna está brincando com fogo.

- E eu achei que o jatinho fosse do Justin.

Opa, opa! Eu não tenho qualquer coisa ruim para falar sobre a Yovanna, mas nem por um segundo ela queira se colocar no meio do meu casamento, não há qualquer motivo que a leve acreditar que eu ficaria contra a Jú e a seu favor, estamos falando da minha esposa e uma garota aspirante à modelo.

- Yovanna a Juliana é minha esposa, tudo que é meu é dela. Franck por favor leve a senhorita  até o aeroporto por favor.

Agora eu entendo muito bem aquele ditado “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Eu e ela podemos brigar o quanto for, mas apenas a tentativa de alguém interferir já me irrita, porque ninguém faz ideia do que somos e nem do que sentimos, odeio que tentem de alguma forma minimizar a importância da Juliana em minha vida, e não admito que falem qualquer coisa a seu respeito, tudo que é meu é dela também. Meu pai tenta sair em defesa da Yovanna, mas já ouvi bastante sobre o quanto ele acha errado meu casamento e mesmo ele tentando jogar uma mulher na minha frente eu não me interesso, a opinião dele realmente não importa e na verdade a opinião negativa de ninguém importa.

O carro segue até o aeroporto, ela está a alguns palmos de distancia de mim e mesmo brava é impossível não achar lindo o bico que ela faz toda vez que brigamos. Não há outro jeito, não há como me desculpar e eu sei que ela tem toda razão por estar brava, mas por mais idiota que eu seja eu realmente a amo, amo de um jeito tão louco e também tão calmo, porque ela me faz sentir os mais diversos sentimentos. A única coisa certa é eu sei que ela também não gosta de brigar, essa pequena distancia entre nós parece um abismo, estou começando a sentir falta do seu toque, do seu cheiro é esse é o efeito da minha abstinência. Orgulho é algo que deixei de sentir no momento que passei a sentir esse amor, esse dois sentimentos não podem dividir o mesmo espaço e então eu abri mão dele para que coubesse ainda mais amor por essa mulher. Respiro fundo e a puxo para meus braços, sem qualquer medo ou insegurança porque sei que ela espera por isso tanto quanto eu. Ela se acolhe em meu peito, minha mão direita o repousa em seu ombro enquanto a outra esta em sua barriga. Eu tenho meus mundo nos braços, a mulher que eu amo carrega meus presentes, meus filhos a minha nova razão de existir.

Quando me apaixonei pela Ju, eu cheguei a pensar que nenhum amor se compararia ao que estava sentindo, nenhum amor seria maior, mas agora eu vejo o que ela me trouxe e vejo o quanto estava errado, eu amo incondicionalmente duas pessoas que ainda nem conheci, dois pequenos frutos do amor que achei que era maior que qualquer coisa, um amor que por ser deste tamanho não se conteve em apenas nós dois, ele deu frutos.

- Me desculpe. (Peço com culpa) – Eu juro que não queria te magoar, eu não te trai.

A sinto suspirar, o destino foi culpado por fazê-la se apaixonar por alguém como eu, ela poderia ter qualquer homem que desejasse e poderia ter a vida que sonhou, mas nós estamos aqui e só preciso que ela acredite que estou feliz por ser o cara que ela escolheu, eu não a trocaria por nada e nem ninguém.

- Justin, (Ela puxa meu rosto, seus olhos encaram os meus) – Eu sei que não me traiu, eu prometi confiar em você, fiquei brava porque me deixou preocupada quando na verdade você estava bebendo. Não quero ser a pessoa que vai tirar sua liberdade, sua felicidade e seus amigos.

(...)

Juliana dorme durante todo o voo, Sophia deu alguns remédios para que ela não ficasse tensa e pudesse descansar durante a viagem. Estive me mantendo seguro e tranquilo para que a Ju não ficasse preocupada, mas a verdade que não consigo parar de pensar na nossa volta, por mais necessária que seja é impossível não pensar no quanto isso será desgastante, do quanto preciso ser cauteloso e proteger a minha família. Ela se meche em seu assento e eu puxo seu coberto para que ela fique aquecida. Não quero que ela se preocupe, nem que sinta medo, eu jurei que nada mais aconteceria e vou cumprir minha promessa e não há nada que não faria para manter minha família segura.

Fico por um tempo apenas olhando, gosto de vigiar seu sono e lembrar todos os motivos que fizeram me apaixonar por ela. Ela é estranha, e com ela não existe isso de “equilíbrio” ela é sempre o extremo, a ponta da linha, ela é dramática demais, chata demais, tudo demais. Você pode esperar tudo dela, mas, ela acaba fazendo o que você nunca esperava, é imprevisível. Ela é linda, tem uma risada que me desequilibra, perto dela eu me sinto tão… é tipo assim, ela é o oceano, enquanto eu sou gota d’agua. Me incomoda que ela fale pouco sobre ela, mas, é sempre assim, ela prefere que você se foda pra tentar descobrir o que ta passando na cabeça dela, e não é fácil, outra vez, ela faz questão de te dar mil opções, e resolve dar a verdadeira pro final. Já disse como ela é idiota? Ela é, se bem que ela disfarça bem, mas, no fundo, ela adora idiotices, é apaixonada por pessoas idiotas. Ela é apaixonada, eu não sei exatamente pelo quê, deve ser uma coisa muito maneira, porquê eu sinto vontade de me apaixonar também. No fundo, ela acredita nas pessoas, lá no fundo, ela quer que tudo dê certo. Ah, ela é mestre em fugas repentinas, deveria ser professora disso. Ela é uma crise, sabe a ultima combinação do cofre? Então, ela passa longe disso, eu suponho, que nunca vá conseguir adivinhar ou entender as loucuras dela. Ela me assusta, ela me encanta, ela é complexa, incompleta demais, parece que o tempo todo ela anda perdendo peças dela por aí, se ela fosse um quebra cabeça, ia ser mais fácil pra mim, um pouco de tempo, paciência, e dedicação, seriam o bastante, mas, ela não ta nem perto de ser um quebra cabeça, ta mais pra projeto inacabado de laboratório, a Sinfonia que Mozart não conseguiu tocar, a ideia que Einstein não teve, a frase que Shakespeare esqueceu de escrever, aparentemente, essas coisas, ninguém sente falta, mas, cara, ela nasceu pra fazer falta.

Ela é saudade. Não me resta muito tempo com ela, eu acho. Ela é uma criança, um campo minado, as vezes eu tenho a impressão que ela é um exercito, depois, eu a vejo outra vez, tão pequena, tão perfeita, e escuto a respiração dela no telefone, e acima de tudo, ela é o meu mundo. Ela tem umas manias bem particulares, conheço poucas, bem que eu queria que ela fosse um pouco menos fechada, mas, meu passatempo predileto, é tentar descobri-la. Ela faz o gênero missão impossível. Ela é um problema, um problemão, ela balança com minha estrutura, vai entender, talvez eu devesse andar com um daqueles tubinhos de jato para asma. Ela é bem agridoce, tem um jeito meio embriagado, outro responsável demais, do tipo que não foge de casa no meio da noite pra ir olhar o céu lá fora, acho que ela gosta disso, ficar no lugar dela, o espaço dela, já disse que ela tem um “Keep Out” na cara, acho que faz isso pra facilitar as coisas. Depois de tudo, ela é simples, tá… depois de muito, ela é bem simples, digo, a essência, ela é impossível, deve ser por isso que eu a amo, é isso.

A impossibilidade de finalmente entendê-la, e saber o que falar pra ela na hora exata, o que não falar, conosco é tudo muito improvável, muito acidental, ela é meio desastrada, cá entre nós, ela tem um queda por desastres, meu plano com ela é simples, se der errado, dane-se, tento outra vez. É estranho, ela deveria ter vindo com um manual, sei lá, umas dicas, mas, ta tudo bem, pra uma pessoa apaixonada por idiotas, com uma habilidade peculiar de confundir as pessoas, e por ter um aptidão por desastres, ela ganhou pontos comigo. Foi desenhada assim, toda sei lá, só pra me fazer feliz. Se você passar um dia com ela, não vai entender 1% do que eu to falando, se passar uma vida com ela, vai continuar no 0x0. É que, ela é um livro inacabado, a parte “tcham” da história, ela acaba comigo, me sinto completamente desprotegido, literalmente, ela é minha kriptonita. Ela foi feita pra mim.

Me levanto, eu não consigo dormir porque minha mente não para. Todos parecem um tanto ocupados ou distraídos durante a viajem. Chaz parece jogar algum jogo, me sento ao seu lado esperando que consiga me distrair um pouco, ele nota minha presença e mesmo sem querer pausa seu jogo.

- Fala ai irmão...(Ele diz curioso)

- O que ta jogando?

- Frontline Commando 2.

- Jogo de menina...(Zombo)

- Sai fora. Aposto que não consegue passar da primeira fase.

- Esqueceu com quem está falando? Sou o rei.

- Cinquenta?

- Feito!

Ele me entrega seu game e pega a nota de cinquenta dólar, vou ganhar isso fácil. Mais alguns minutos Ryan se junta a nós e é como se voltássemos aos doze anos, era engraçado como certas coisas nunca mudam e isso é bom.

(...)

Os portões se abrem e nós estamos mais uma vez em casa. A ajudo com a escada e paramos por alguns minutos olhando o quarto dos bebês que está repleto de presentes. Fico pensando como será quando eles estiverem aqui, quando puder conhecer seus rostinhos e protegê-los em meus braços... Confesso que as vezes ainda não consigo acreditar que tenho uma esposa e filhos, isso parecia algo distante e agora está bem diante dos meus olhos, as coisas aconteceram tão rápido que é quase difícil de acompanhar as mudanças, essas que deixam feliz é claro, mas ainda assustam um pouco. Estou tentando aprender como ser pai, como ser marido e como ainda continuar fazendo meu trabalho.

Ganho uma massagem da minha esposa enquanto meus pensamentos voam longe, este é o melhor momento da minha vida, a espera é algo tão singelo, porque ao mesmo tempo que estou ansioso por conhecê-los, também sinto medo. Não há qualquer duvida que Juliana será uma boa mãe, eu sei que ela será a melhor para nossos filhos, ela tem sido a melhor coisa na minha vida.

Ela se aconchega em meu colo, seus olhos pesam e o sono a puxa para longe. Demoro mais um pouco a dormir, mas finalmente  consigo. Meu relógio me desperta bem cedo, eu tenho vários compromissos agendados e realmente preciso resolver algumas pendências com a gravadora, eles já deixaram várias mensagens me cobrando algum projeto, e querem uma explicação por eu ter abandonado a gravação do clipe. Me levanto e me arrumo sem fazer qualquer barulho, não quero que ela acorde. Antes de deixar o quarto me despeço com um beijo em seus lábios e outro em sua barriga... –Eu amo vocês – Sussurro me despedindo.

Desço as escadas com pressa,  vejo Marceli conversar com um dos meus seguranças. Sinto falta do Kenny, ele não era apenas um segurança era meu irmão. Ao me aproximar eles falam baixo, mas eu posso ouvir um pouco da conversa.

 – Eu não vou acorda-los!

- Preciso falar com o senhor Bieber.

- Você é surdo? Não vou incomoda-los, dê seu jeito.        

- Não precisa Marceli, já estou acordado. Qual é o problema Kevin?

Kevin se move de uma perna para a outra visivelmente agitado, Marceli nos deixa  e vai para a cozinha. Meu dia não poderia começar melhor, meu segurança me esperando na sala com cara de que eu não vou gostar da conversa.

- O que está acontecendo?

- Desculpe incomoda-lo tão cedo, mas...

- Vá direto ao ponto.

- O senhor pediu que a atenção fosse redobrada, estamos com homens espalhado por todo a propriedade, mas aqueles fotógrafos não param de chegar, eles estão plantados do outro lado da rua e tumultuando, hoje pela manhã pegamos um pulando o muro.

- Não posso acreditar, ele chegou perto da casa?

- Não senhor, o encontramos a tempo.

- Onde ele está?

- O colocamos para fora, ele resistiu e tivemos que ser agressivos.

- Deixe-me adivinhar, a policia está lá fora.

- Sim senhor, o desgraçado prestou queixa.

- O filho da puta invade a minha casa e ainda tem a cara de pau de dar queixa. – MARCELI! – (A chamo e ela logo aparece com os olhos arregalados).

- Sim senhor Bieber?

- Juliana ainda está dormindo, se caso acordar não deixe que ela saiba o que está acontecendo, eu cuidarei de tudo e não quero que ela se preocupe sem motivo. Entendeu?

- Sim senhor.

- Ótimo, agora vamos lá Kevin, eu preciso resolver isso.

Meu telefone toca insistentemente, é Scooter, mas eu ignoro por ora. Ao chegar no portão está um verdadeiro caos de fotógrafos, paparazzi e duas viaturas da policia, ao me verem o tumulto fica maior e eu peço aos seguranças que deixem os policiais entrarem.

- Senhor Bieber.

O policial me cumprimenta, e eu aceno com a cabeça e seguimos para a sala de segurança.

- O que posso ajudar sargento?

- Fomos chamados porque um homem está acusando seus seguranças de agressão.

- Acho que está havendo um grande engano aqui, meus homens são pagos para proteger a mim e a minha família, a partir do momento que um estranho invade a minha casa ele está violando a lei e meus seguranças vão reagir. É uma situação clara, quem deveria estar prestando queixa por invasão era eu.

- Senhor Bieber, eu entendo sua posição, mas é preciso que o senhor nos acompanhe até a delegacia para prestar esclarecimentos.

- O que mais é preciso esclarecer? Pra mim está mais do que claro, o cara pulou meu muro e meus seguranças reagiram ao invasor. Ele poderia ter uma arma, poderia fazer alguma coisa.

- Ainda assim é preciso que o senhor nos acompanhe.

- Certo, me deem um minuto para eu ligar para meu advogado.

- Tudo bem.

Os deixei caminhando de volta e ligando para Philipe, ele não demora a me atender e eu explico o que está acontecendo, combinamos de nos encontrar no caminho. Ao entrar em casa posso ouvir o som da risada da minha esposa, fecho os olhos por alguns segundos deixando o som me invadir, não quero que nada tire dela essa tranquilidade, me aproximo e a olho por uns instantes antes que ela perceba minha presença, até o que o faz.

- Amor..

Ela diz aumentando ainda mais seu sorriso, fazendo-me sentir o mais importante dos mortais. Caminho em sua direção e ela desajeitadamente me abraça apertado, parece que sabia o quanto precisava desse abraço.

- Eu vou precisar sair, provavelmente passarei o dia fora...

- Haaa.. (Ela reclama fazendo bico como uma menina mimada).

- Eu sei, eu sei.. Mas eu preciso resolver umas coisas, é trabalho.

- Tudo bem, eu entendo.

- Meu celular vai estar ligado no volume Maximo, qualquer coisa me ligue.

- Vou ficar bem, Will e Suzi estão vindo pra cá.

Ela diz com os olhos brilhando, a companhia dos amigos fará bem a ela agora. Fico feliz que ela os tenha e sei o quanto eles se preocupam. Will e Suzanna são boas pessoas, e aos poucos estão entendendo que não farei nada para magoa-la novamente.

- Diga “Oi” a eles por mim e divirta-se.

- Vou dizer...

- Ta bom, agora eu vou.. Eu te amo...

Lhe dou um ultimo beijo antes de sair, pego minhas chaves e saio satisfeito por ela não ter perguntado nada, por estar sorrindo. Mas antes que eu realmente possa ficar aliviado ouço sua voz chamar meu nome.

- Justin espera!

Estava fácil de mais, se ela não perguntasse não seria Juliana que conheço. Paro e me viro olhando com minha mente trabalhando em uma desculpa.

- Está tudo bem? Eu vi uma movimentação...

- Não se preocupe, está tudo sob controle... Relaxe e não pense naqueles desocupados.

- Tem certeza?

- Ju, amor por favor deixe isso comigo. Os seguranças não vão deixar ninguém passar, você está segura. Eu vou proteger você e nossos bebês.

- Eu sei, confio em você...

- Eu te amo senhora Bieber...

- Eu te amo senhor Bieber...

Ela acena e eu consigo sair. Os policiais me esperam e eu os sigo com meu carro. Philipe nos encontra no caminho e seguimos para delegacia, com isso perco duas horas do meu dia, Philipe vai cuidar do que for necessário e sigo para a gravadora.

(...)

Jogo meu corpo no sofá da gravadora, eu não consigo nem pensar direito, sinto como se meu cérebro se recusasse a trabalhar mais um segundo. Já é noite, eu nem tive tempo de almoçar e estou sem comer até agora, reuniões e mais reuniões tomaram meu dia.

Olho meu celular e já se passaram das oito da noite, passo as mãos exasperado pelo rosto, e não posso fingir que Scooter e os outros estão errados, estou a alguns meses afastado e isso não é bom para quem trabalha neste mundo, as pessoas estão sempre querendo e procurando novidades, meus fãs pedem por novas musicas, imploram por noticia e estou entre a cruz e a espada. De um lado minha esposa e filhos que precisam de mim e da minha proteção e do outro eu tenho o mundo me observando, os que me odeiam esperam que eu caia a qualquer momento.

Sinto meu celular vibrar e ao olhar a tela a foto da Ju indica sua chamada, eu demoro a atender.

- Oi amor...(Atendo esperando que não tenha acontecido nada).

- Oi...

- Aconteceu alguma coisa? Está se sentindo bem?

- Estou bem, só estou ligando pra saber como você está... Já está tarde.

- Ainda vou demorar, não se preocupe.

- Hm, ok... (Ela fica em silêncio) – Te espero para o jantar?

- Não, vou comer alguma coisa na rua.

- Está tudo bem?

- Sim, só trabalho acumulado.

- Então vou te deixar trabalhar... te amo.

- Eu também te amo.

A reunião terminou a algum tempo, mas por algum motivo não quero ir para casa agora, ao invés disso sigo com Scooter, Khalil e os outros para uma pub. Não quero falar sobre nada sério, quero apenas ouvir as merdas que meus amigos falam bêbados e deixar minha mente vazia, longe de qualquer compromisso ou responsabilidade.

A certa altura da noite eu nem sei onde estou mais, é um lugar um tanto escuro e com algumas luzes vermelhas, mulheres com meias arrastão desfilam em seus saltos agulhas pelo salão, o álcool já tomou conta de todo meu corpo e meu consciente ainda permanece de alguma forma lúcido... Eu não consigo parar de pensar, esposa, filhos, carreira e fãs. Como cheguei até aqui? Não sei se consigo ser pai, não sei como fazer isso.

A Juliana eu tenho certeza que será uma mãe perfeita, ela sempre é. Mas eu não sei como farei... E se eu não conseguir fazer mais musicas? Se eu me tornar um cara ultrapassado e sem qualquer musica decente, lembrado somente pelo o que eu fui?

A musica é horrível, me levanto apalpando meus bolsos para encontrar minha chave do carro, me arrasto até a saída, fecho um pouco meus olhos para que eles possam enxergar melhor. Tem tantos carros, aperto o alarme para tentar encontrar mais rápido, os faróis piscando e – tushe – encontrei...

Dirijo rápido, desvio dos carros e alguns parecem apenas borrões. Meus olhos pesam e tudo que quero é dormir, luto contra o sono até chegar em casa. Os portões se abrem e faltam apenas alguns metros, paro o carro e sem querer coloco mais força do que o necessário ao pisar no freio, meu corpo por impulso vai para a frente e ouço os pneus rasgarem o chão. – Ops – Já na porta eu tento encontrar a chave entre as dezenas de chaves do meu chaveiro, a fechadura parece se esconder, brincar de pega-pega. Acho que gastei uma hora até conseguir entrar, ando e ao mesmo tempo vou arrancando os tênis dos pés e subindo as escadas, um degrau de cada vez, eles nem pareciam tão altos como agora.

Abro a porta com cuidado para que a Ju não acorde, e com mesmo cuidado a fecho. Preciso de um banho antes de dormir, arranco minha camisa e calça e caminho para o banheiro, está escuro e nem consigo enxergar direito, coloco minhas mãos a frente do corpo para apalpar qualquer coisa a minha frente, mas são minhas pernas que encontram uma poltrona e quase perco meu dedo mindinho - Ai! – Quem diabos colocou essa merda aqui? – cochicho comigo mesmo.

- Justin é você?

A voz da Juliana soa em meio a escuridão e eu me repudio por isso, ela ascende a luz do abajur e se senta com dificuldade, seus cabelos estão em uma total confusão, ela esfrega os olhos com as mãos e força sua visão até mim.

- Sim sou eu, não queria te acordar.

- Tudo bem, que horas é agora?

- 1:30..

- Você bebeu?

- Talvez, só um pouco...

Ouço seu suspiro, ela se levanta e acende a luz e caminha em minha direção. Ela não me olha com raiva ou com repreensão, na verdade ela não expressa nenhum sentimento, apenas segura em meus braços e me ajuda a chegar ao banheiro, liga o chuveiro e mesmo reclamando ela me faz tomar um banho gelado, assim que termino ela me estende uma toalha.

- Você se comportou? (Ela pergunta baixo).

- Foi apenas um drinque pra relaxar...

- Você comeu?

Lembro-me de ter comido um Mac umas cinco horas atrás, acho que foi a minha única refeição no dia. E só agora ao lembrar-me disto o meu estomago reclama.

- Vou refazer minha pergunta, você está com fome?

Eu não preciso responder, acho que o som que minha barriga fez já respondeu, Juliana apenas sorriu e balançou a cabeça negativamente.

- Não precisa se preocupar, estou bem.

- Não me custa te fazer uma lanche...

- Amor, está tarde e você precisa dormir.

- Justin, você saiu de manhã e está chegando a essa hora, estou com saudades e tudo que eu puder fazer por você eu faço.

- Outra esposa estaria furiosa.

- Eu confio em você, já disse que não vou tirar sua liberdade e nem seus amigos.

Ela sorri e me beija rapidamente, caminhando a minha frente até as escadas onde precisa da minha ajuda para descer. Ainda estou em silencio apenas observando a mulher a minha frente e me perguntando como eu sendo como sou consegui a sorte de encontra-la se amado por alguém tão divino quanto ela. Ela conversa me contando o quanto seu dia foi bom ao lado de seus amigos, me conta os detalhes de tudo que fez e parece feliz diante de tudo.

Ao final do dia eu estou de volta em casa, comendo um sanduiche na cozinha, minha esposa me olha com ternura e eu me sinto um tremendo desgraçado sortudo, com no meio das minhas imperfeições eu encontrei alguém perfeito, perfeito até de mais para mim.

(...)

Estou a quase uma hora sentando neste piano, não há nada para se aproveitar em minha mente, ela simplesmente está vazia de qualquer inspiração. O que escrever? Ainda que eu tente transformar em palavras tudo o que sinto, não conseguiria.

Minha mente está em um total caos, o dia do parto da Ju está se aproximando e isso está me deixando ainda mais tenso, os produtores estão no meu pé esperando alguma coisa e a gravadora não para de me cobrar algo nada menos que incrível. O caso do paparazzi já está nos jornais e o processo está correndo, tentei o Maximo deixar a Ju fora disso e disse que não se preocupasse, mas não está fácil o filho da puta quer me arrancar as calças. Estou a ponto de ter um colapso nervoso, meu nome está esfriando, é como se meus fãs estivessem perdendo o interesse e aos poucos aquele Justin Bieber estivesse morrendo. Não consigo, definitivamente eu não estou conseguindo. Me levanto e saio para respirar.

- Você está bem cara? ( Poo Bear)

- Minha cabeça ta cheia, não consigo pensar direito..

- Relaxa irmão.

- Relaxar?

Sorrio de lado, relaxar era tudo que queria e só precisava saber como. Do outro lado da rua tinha um paparazzi tirando fotos, isso me fazia lembrar que nem se eu quisesse eu conseguia relaxar.

- Ta vendo aquilo ali? (Aponto para o paparazzi)

- Um dos motivos...

- Faz o seguinte, vai pra um lugar quieto e sem ninguém...

- Boa, onde seria esse lugar?

- Não sei pense. Quando chegar lá faça o que você sabe fazer melhor “Musica”

Ela saiu me deixando, pra onde eu iria? Em qualquer lugar que eu fosse teria alguém, era quase impossível ficar sozinho no mundo que vivo. Talvez um lugar eu conseguisse.

Bati algumas vezes na porta até que a figura medonha de um gordo descabelado apareceu na porta. Chaz parecia aqueles ursos que passam meses hibernando.

- Que porra você ta fazendo aqui tão cedo?

- São quase meio dia...

- Cedo! (Ele continua)

Entro sem que ele me convide, porque se fosse esperar a educação dele... O apartamento tem caixas de pizzas por todos os lados, latas de cerveja pelo chão e o cheiro é de embrulhar o estomago, mas pelo menos não ouço nada alem do chiado da TV.

- Preciso do seu apartamento por algumas horas.

- Hi, nem rola... Não vou servir de cúmplice para suas puladas de cerca. Pow cara, a Ju não merece. Para logo com isso antes que se arrependa. -Reviro os olhos, o idiota nem acordou direito e já está falando merda.

- Preciso do seu apartamento para trabalhar.

- Sei..

- É serio, pega suas coisas e vai pra algum lugar e me dê algumas horas...

- Pow tu é folgado heim? Eu vou pra onde?

- Não sei, qualquer lugar...

- Nem comi, nem tomei banho..

- Chaz, só preciso de algumas horas. Te garanto que pior que isso não vai ficar.

- Beleza! Mas vou pra sua casa.

- Vai fazer o que lá?

- Comer..

- Que seja...

Chaz demora alguns minutos até que finalmente me deixa sozinho, olho em volta e este lugar não me parece o mais adequando para se ter alguma inspiração, talvez eu pudesse fazer musica sobre pizzas. Fecho as cortinas e tiro as coisas na mesa e coloco meu material ali. Fico encarando o mesmo por longos e longos minutos e nada parece surgir, o silencio agora parece atrapalhar.

Tudo que consigo pensar é na minha vida até chegar aqui,

foram me arrastando. Tenho a impressão de que a vida, as coisas foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui. Só sei que dentro de mim tem uma coisa pronta, esperando acontecer. O problema é que essa coisa talvez dependa de uma outra pessoa pra começar a acontecer. Estou em uma total confusão, medos e duvidas. Eu não faço mais sexo com a mulher que amo, e eu sei que preciso esperar, minha carreira está uma merda, eu vou ser pai e a cada dia que se aproxima eu estou ainda mais apavorado e a única certeza que tenho que eu a amo no meio de toda essa bagunça dentro de mim. Essa é a razão que me faz ter força e coragem para viver um dia de cada vez com esperança. Eu, que sempre fui abandonado por quem amava, fui acolhido por seu abraço. A minha vontade é de correr ao seu encontro, me lançar em seu amor. Fecho os meus olhos  e sei que com você tudo faz sentido. A minha melhor versão é quando estou no centro do seu querer, onde é o meu lugar.

No meio do meu próprio caos eu escrevi algumas linhas, melodias pareciam combinas com meu humor naquele momento, eram melancólicas e frias... Me sinto exausto com toda minha vida e não quero voltar para casa e jogar tudo sobre ela, me permito ficar mais algumas horas e aos poucos o sono me leva, sintoma de um cansaço e noites mal dormidas.

Acordo num susto, olho o relógio que marcam 23:00. Guardo minhas coisas e corro com pressa, eu prometi chegar mais cedo para o jantar. Ao chegar em casa abro a porta e a primeira coisa que vejo é ela sentada no sofá, Chaz está deitado no outro e ambos assistem TV. Ela me olha, mas não prende seu olhar a mim, logo volta a assistir.

- Oi amor...(Digo me aproximando e lhe dando um beijo)

- Oi..(Ela diz somente)

- E ai cara! (Chaz)

- E ai..

- Seu jantar está na geladeira...

- Estou sem fome.

- ok..

Ela está brava, mas não quer brigar e eu agradeço por isso... Tambem estou cansado para qualquer briga desnecessária. Me sento ao seu lado, posso ouvir sua respiração, é longa e cansada, por algumas vezes ela passa a mão na barriga e um pequeno movimento no seu rosto, fecho o cenho ao prestar atenção em cada movimento que ela faz.

- Jú, você está bem? O que esta sentindo?

- Não é nada, só um desconforto... Eles parecem agitados hoje..

- Ela está assim desde que cheguei..

- Isso é normal, a Drª Morgan falou que acontece quando está chegando a hora.

- Porque não me ligou?

- Não era necessário. (Ela diz se levantando).

- Deixa eu te ajudar...

A levanto e ela puxa a respiração como se faltasse ar nos seus pulmões, isso não esta me parecendo normal, nunca há vi desse jeito, andando de um lado para o outro.

- Amor quer alguma coisa?

- Água, água por favor!

Me apresso correndo até a cozinha e encho um copo grande de água, talvez seja melhor eu ligar para a médica, pego meu celular do bolso e começo a procurar os números na minha agenda, finalmente encontro...

- JUSTIIIIN!

Ouço o grito da Ju e corro de volta para a sala, ela está de pé no meio da sala e me olha com seus olhos assustados, seu rosto estava tomado pelo medo, era como se de alguma forma ela gritava por meu socorro. Meu corpo congelado a poucos metros dela, não conseguia mover um músculo, ouvi barulho do copo caindo ao chão e tudo que planejei fazer nesse momento parecia ter sumido da minha mente ao vê-la segurar sua barriga e nos seus pés uma poça de água.

- Minha bolsa rompeu... Está na hora! (Ela disse num pequeno fio de voz)

Estava acontecendo, eu não estava acreditando, nós planejando que seria um parto marcado para daqui a dois dias, mas meus filhos estavam com pressa, eles queriam conhecer o mundo. Eu não sabia o que fazer, eu simplesmente estava ali parado.

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