ILLUMINATUS: O Touro de Bronz...

By TiagoCabral8

11K 274 90

Gabriel e Lílian são um jovem casal, pessoas comuns morando na periferia de uma cidade do interior do Rio de... More

Introdução
Epígrafe do Livro 1
Livro 1: Capítulo I
Livro 1: Capítulo II
Livro 1: Capítulo III
Livro 1: Capítulo IV
Livro 1: Capítulo V
PARTE 1: Capítulo VI
Livro 1: Capítulo VII
Livro 1: Capítulo VIII
Livro 1: Capítulo IX
Livro 1: Capítulo X
Livro 1: Capítulo XI
Livro 1: Capítulo XII
PARTE 1: Capítulo XIV
PARTE 1: Capítulo XV
LEIA O LIVRO COMPLETO NO KINDLE DE GRAÇA
Prefácio
ALERTA DE GRATUIDADE

PARTE 1: Capítulo XIII

152 10 5
By TiagoCabral8

Os bancos da BMW eram feitos de couro. Quando Gabriel se sentou diante do volante sentiu-se tão acolhido quanto um bebê nos braços da mãe. O retrovisor tinha ajustes eletrônicos e o rádio tinha um tocador de CD com visor digital, assim como o ar-condicionado que exibia a temperatura interior e exterior do carro. Mas então o walkie-talkie tocou:

— Na escuta Gabriel? — Disse Joaquim pelo rádio.

— Já posso subir? — Gabriel colocou a chave na ignição.

— Sim, mas venha a pé. O doutor quer te fazer umas perguntas.

Gabriel realmente tinha imaginado que não seria tão fácil sair com aquela BWM dali. Caminhou novamente para a varanda até se deparar com os ombros largos de Joaquim.

— Oi, Gabriel. — O segurança sorriu. — O doutor que falar contigo. Ele está sentado ali na sala. Se aproxime!

Aquela seria a primeira vez que ele veria o doutor Bragança, Gabriel se lembraria muito bem deste momento para o resto da sua vida. Era um homem das antigas, podia-se perceber pelas abotoaduras de ouro e o prendedor de gravatas, assim como seus sapatos finos cuidadosamente engraxados, além de usar um chamativo terno branco. Tinha uma expressão cansada e tranquila, mas seus olhos eram focados como os de uma águia. Era de estatura baixa e devia ter uns sessenta ou setenta anos, apesar disso não demonstrava ter nenhuma vergonha de seus cabelos brancos nem da sua calvície, pois ao contrário dos outros ricaços que Gabriel já tinha visto, ele não insistia em cobrir a falta de cabelo com aqueles penteados ridículos. Não é necessário descrever que ele era branco.

Quando a porta de correr feita de vidro foi aberta pelo segurança como a mesma formalidade de um portal, o doutor se levantou e olhou profundamente nos olhos de Gabriel. Era como se o homem pudesse ver sua alma, era impossível desviar o olhar. Ele estendeu o braço, tinha um aperto de mão firme.

— Por favor, Gabriel, sente-se.

Gabriel sentou-se no sofá que parecia ser feito de couro, enquanto o doutor se sentou numa poltrona que estava em frente. Foi quando finalmente o motorista percebeu que por trás do doutor Bragança havia um enorme touro amarelado, aparentemente feito de ouro. A sala era imensa e cheia de obras de arte, como quadros, esculturas, relíquias de outras culturas, mas o touro que estava bem no seu meio roubava completamente a atenção.

Gabriel se perguntou se aquilo fora posicionado de propósito, pois quando o doutor se sentou, apoiou as duas mãos nos braços da poltrona, como um rei que se senta em seu trono, e o touro ficava exatamente atrás dele, com seus chifres ameaçadores surgindo por cima da cabeça do homem.

Foi então que ele sorriu, deu uma olhada para trás e disse:

— Assustador, não?

Gabriel tentou disfarçar sua surpresa:

— Parece uma bela obra de arte, senhor. Tem algum significado? — Mentiu Gabriel fingindo interesse.

— Você é um homem que não se intimida facilmente, hein Gabriel. Gosto disso — O doutor observou.

Gabriel não respondeu. Apenas aguardou que ele fizesse as perguntas, afinal de contas aquilo certamente era uma entrevista de emprego.

— Bom, o touro é um símbolo universal da virilidade. Do poder. Da fertilidade e da masculinidade. Mas este touro, Gabriel, apesar de ser sim uma relíquia, e de estar enfeitando a minha sala, nunca foi uma obra de arte. Ele é um instrumento. — O doutor explicou, falava como quem dava uma palestra, adorando ouvir a própria voz.

— Entendo. — Gabriel ficou então em silêncio. Eles não tinham noção do significado daquela cena. O homem branco e idoso usando um terno branco diante de um negro, jovem usando um terno preto.

— Não vai perguntar para que serve este instrumento? Só me surpreende mais, Gabriel. Um homem de poucas perguntas.

Na verdade, o motorista apenas não gostava de fazer perguntas sobre respostas que não queria ouvir. Aquilo tudo era estranho demais.

— Bem, Gabriel. Antes de confiar minha vida a você, gostaria de conhecê-lo melhor.

— Pode perguntar o que quiser, senhor.

O homem apenas olhou com admiração. Nesse momento Gabriel sabia que já tinha conseguido impressioná-lo.

— Você é casado? Tem filhos?

— Sou casado, senhor. Mas não tenho filhos.

— Pretende ter?

— Um dia, se as condições forem boas, se minha esposa quiser.

— Interessante. Você foi motorista do prefeito Abrantes, não?

— Por apenas dois meses, senhor.

— E por que saiu? — O doutor perguntou, mas Gabriel viu em seus olhos que ele já sabia a resposta. Era um teste.

— Ele não gostou de algumas coisas que ouviu sobre o meu passado, senhor. No entanto, não houve nenhum incidente no período em que dirigi pra ele.

— Impressionante. Muito impressionante — Bragança agora apoiava a cabeça sobre a mão tendo o indicador apontando para sua têmpora. Ele parecia elaborar uma pergunta. — Então conte-me. É verdade o que dizem sobre você?

— Bom, eu não sei o que o doutor ouviu.

O homem cerrou os olhos, como se quisesse observar melhor a reação de seu interlocutor.

— Ouvi muitas coisas, Gabriel. Tenho muitas fontes.

— Então o senhor sabe que mesmo o mais recente destes boatos tem pelo menos cinco anos. Eu sou um homem de família agora, doutor. Os erros da minha juventude estão enterrados.

— Será mesmo?

Gabriel entendeu o jogo. Sabia exatamente o que o doutor estava querendo: uma confissão. Mas ele não iria ter, pois aquele mero motorista sentado diante daquele magnata não era tão tolo quanto parecia. Além disso, só existia uma pessoa que sabia aquela história com todos os detalhes, isso porque todas as outras estavam mortas. E esta pessoa, é claro, era o próprio.

— Isso é tudo o que eu posso lhe dizer, doutor. Cabe ao senhor acreditar em mim ou não. — Gabriel pontuou.

O senhor Bragança então olhou com aqueles olhos de águia novamente e deu um leve sorriso, como um adulto que escuta uma criança realizar uma tarefa simples e acha "bonitinho".

— Está certo, Gabriel. Acho que posso confiar em você pra me levar até o banco hoje.

— Obrigado, senhor.

— Agora vamos ao teste final. Vá buscar o carro!

— Sim, senhor. Com licença. — Gabriel se levantou e passou pela porta com o mesmo medo de olhar para trás que teve Ló ao fugir de Sodoma.

— Parabéns, Gabriel — Joaquim cumprimentou. — Agarre esta oportunidade, rapaz. O doutor é generoso com aqueles que lhe servem bem.

— Vou me esforçar.

Continue Reading

You'll Also Like

18.5K 1.9K 19
DARK ROMANCE NADA LEVE⚠️ Em meio ao casamento e um sequestro, onde um maníaco, apaixonado pela noiva Zaya, torna-se determinado a assegurar que ela n...
6.5K 603 20
Caio é um adolescente de 17anos é vendido pelo seu pai para um mafioso muito obsessivo e frio . Mais quando ele se vem pela primeira vez o jovem f...
STALKER By Natalia Verzanni

Mystery / Thriller

21.7K 1.6K 36
🔥CONTÉM GATILHOS ☠️ DARK ROMANCE 🔥☠️* Quando você percebe que o amor virou uma obsessão? Essa é a história de Amber Grant. Uma garota de 24 anos qu...
141K 14.2K 29
❝𝘐𝘯𝘧𝘦𝘤𝘵𝘦𝘥❞ ❝Uma epidemia mortal surge em uma escola. Encurralados, os alunos só tem uma opção: lutar com t...