Sabe aquela vontade de enroscar as mãos no pescoço de alguém, com todas as forças que há em você? Ou aquele desejo de empurrar alguém na frente de um carro que está à cem por hora? Ou aquela simples necessidade de envenenar alguém? Então, essas são apenas algumas das coisas que eu quero fazer com Mia. Tudo! Absolutamente TUDO e, se possível, ao mesmo tempo. Mas eu não penso em mata-la não, só que fazer com que ela entenda os limites dela que, sem sombras de dúvidas, ela já passou há MUITO tempo.
Ainda não consigo entender o que leva uma pessoa a fazer isso. Como ela pôde fazer isso comigo, PORQUÊ? A única explicação plausível que consigo pensar é: Mia é MALUCA! Sério, eu amo a minha amiga e sei que ela também me ama (apesar que eu estou começando a suspeitar disso), mas me colocar nessa furada me deixou irada. Jamais imaginei que Mia fosse fazer isso comigo. Chega a soar como uma brincadeira, mas os olhos de Mia estavam brilhando demais ao me dar a notícia. Infelizmente é verdade.
E é por isso que eu vou mata-la. Ou tortura-la. Ou fazer as duas coisas.
— Você está brincando, né? – indaguei, me apoiando no carro para não cair, o que era bem provável já que minhas pernas estavam moles.
— Claro que não estou brincando, Bella. Porque estaria? – ela pergunta, franzindo o cenho, como se fosse uma coisa óbvia.
— Porque... – dei uma pausa antes de continuar a falar. — Tá, realmente você não brincaria com isso, mas eu tenho esperanças que desse vez é uma brincadeira. Diz para mim que é, por favor – disse, com as mãos juntas perto da boca.
— Sinto decepciona-la, mas não é brincadeira não. Eu estou falando muito sério, Bella, seríssimo! – ela disse, realmente muito séria.
Eu vou ali morrer e já volto, tá?
— Droga, Mia!! – alterei a voz. — Como é que você faz isso sem me avisar? Tá maluca? Tá com os neurônios perfurados? Bateu com a cabeça? Tá lelé da cuca ? Você tá tomando os seus remédios pelo menos? – comecei a perguntar sem ter tempo de respirar.
— Isabella, para de falar assim! – disse Mia, séria novamente. — É só uma competição de música. Você adora cantar, não estou entendendo o seu problema – ela termina de falar, com as mãos na cintura.
As vezes eu acho que Mia precisa se tratar. Sério!
Mentira, não é as vezes, é SEMPRE!
— O meu problema é cantar na frente de pessoas desconhecidas, principalmente quando sei que sou ser julgada – retruquei. — Ah... O meu problema também está em cantar com o Adam. Não sei se você percebeu, mas nós não somos uma dupla perfeita para sair cantado musiquinhas, principalmente em competições.
— Ah, amiga, eu acho que vocês são um casal perfeito. Para de graça e começa a pensar logo nas músicas. E vê se não esquece de contar para o Adam – disse ela, como se tudo que eu acabei de falar não tivesse a mínima importância.
— E eu ainda vou ter que falar com ele? – alterei a voz de novo. — Quer saber? Eu não sou obrigada a fazer isso! – falei, baixando o tom de voz.
— Você é sim! – ela disse, calmamente. E a minha vontade de mata-la só aumentou. — Bom, o prêmio é de mil reais e, até onde eu sei, você quer muito tirar sua carteira de habilitação, então veja pelo lado bom, amiga.
Mia pensou nos mínimos detalhes. Ela sabia que dessa vez não seria tão fácil, assim como foi no dia da humilhação no karaokê, onde eu fui obrigada a cantar Brilha La Luna, dessa vez é bem pior. Bem pior MESMO! Mas tenho que admitir que a idéia não é de todo ruim. Tirar minha habilitação é uma das coisas que estão na minha lista de coisas para fazer, e Mia sabia muito bem disso. Como não trabalho, apenas faço faculdade, ela sabia que esse dinheiro poderia mudar a minha idéia, mas o que me deixa com mais raiva, é que ela me conhece o suficiente para saber que isso daria certo. Pois é, vou ter que me sacrificar mais uma vez.
Se bem que agora é por uma causa justa.
— Tudo bem, Mia. Mas uma vez você ganhou – levantei as mãos, me rendendo. — Mas você vai me ajudar!
— Mas é claro, amiga. Só não esquece de avisar o Adam – quando abri a boca para me negar a fazer isso, ela me interrompe. — Aproveita o momento porque eles já estão vindo – ela ponta para eles.
E a vontade de mata-la só aumenta!
Eu sabia que Mia não ia falar nada com Adam, então comecei a ficar nervosa, não sabia como falar isso para ele. E, para piorar, eu não tinha muito tempo para pensar na melhor maneira de dar essa maravilhosa notícia.
— Porque vocês ainda estão aqui? – Perguntou Arthur, assim que chegou perto de nós.
— Essa é uma ótima pergunta, Arthur. Porque você não conta para eles o motivo, Mia? – ironizei.
Mia me fitou com um olhar fulminante.
— Estávamos conversando sobre algumas coisas só – ela disse. — Depois a Bella te conta tudo, Adam – continuou, em seguida olhou para mim, dando um sorriso debochado.
Não existe nada mais estranho que o amor entre amigas. Isso é fato.
Sentamos em nossas cangas e ficamos observando Adam e Arthur surfar... Bem, Arthur estava tentando surfar, mas, pelo jeito, não estava dando muito certo. Enquanto Adam se equilibrava na prancha, encarando todas as ondas com êxito, Arthur caía a cada onda mais forte que surgia. Mia ficava desesperada toda vez que uma onda derrubava Arthur, enquanto eu gargalhava todas as vezes.
— Não sei porque Arthur inventou de querer surfar – Mia falou, preocupada.
— Eu também não sei, mas está nítido que ele não leva jeito para isso – falei, rindo, enquanto olhava Arthur cair mais uma vez.
— Não vejo graça nisso, Bella, ele pode se afogar, sabia? – Mia me encarou.
— Sabia – respondi. — Mas, ainda assim eu acho muito engraçado – ri novamente.
Mia revirou os olhos.
— Quero ver você rir na hora de contar para o Adam que vocês vão cantar em uma competição – ela debochou e eu parei de rir na hora.
Mais uma vez ela venceu. Isso já está ficando chato!
Arthur cansou de surfar, quer dizer, de cair da prancha, então voltou para onde estávamos. Adam veio logo depois.
— Então, meninas, querem aprender a surfar? – Adam perguntou.
— Eu adoraria, Adam, mas não levo jeito para isso - disse Mia. – Mas acho que a Bella quer.
— Porque você sempre joga as coisas pra mim? – perguntei, indignada.
— Você vai gostar, Bella – Adam disse.
— Tenho certeza que não vou. Além do mais, eu não quero me afogar. Tô fora! – falei, acabando com essa idéia.
— Vamos, Bella! – ele me olha nos olhos. — Prometo que não vou deixar você se afogar. Serei um ótimo professor – ele disse, estendendo a mão para mim, me lançando aquele sorriso.
Eu poderia até resistir, mas aquele sorriso mexe com a minha cabeça. Parece que Adam conhece o seu poder sobre mim e está exercendo isso muito bem.
— Tudo bem – falei, me rendendo.
Ele deu aquele sorrido de novo enquanto me ajudava ajudava a levantar. Peguei a prancha que estava com Arthur e lá fui eu, toda desengonçada, carregando aquele trambolho, maior do que eu, até a água.
— Preparada? – ele perguntou.
Nesse exato momento uma onda enorme se formou, fazendo meu corpo estremecer.
— Não – falei, num suspiro, ainda assustada com o que vi.
— Fica calma, nós vamos ficar mais na beira mesmo, assim você não corre perigo de se afogar com ondas grandes – ele disse, tentando me acalmar.
A tentativa até foi boa, mas não deu muito certo. O medo estava tomando conta do meu corpo, até que Adam passou a mão por minha cintura, me passando segurança. O medo ainda estava lá, mas ele se escondeu, dando lugar a uma nova sensação. Olhei para Adam e ele sorriu, seus lábios se abriram, mas eu não consegui entender o que ele disse pois, meus olhos estavam atentos em cada detalhe do seu rosto. Seu cabelo estava molhado, fazendo com que pequenas gotas de água percorressem o seu rosto, até cair em seu peitoral, ainda molhado.
— Bella? – ouvi Adam me chamar, me tirando daquele transe.
— Oi – respondi, um pouco desnorteada.
— Você tá bem? – perguntou, franzindo o cenho. — Você estava parada, olhando para mim, sem responder as minhas perguntas. Se não estiver bem a gente pode fazer isso outro dia.
Que mancada! Espero que eu não tenha babado.
— Não, tudo bem, podemos fazer isso agora. Eu tô bem – falei, como se nada tivesse acontecido.
— Tá bom. Vamos lá então.
Adam me ajudou a subir naquela bendita prancha, aquilo parecia impossível. Caí umas... Ah, sei lá quantas vezes caí, mas com certeza foram mais de seis vezes. Já estava ficando frustada com aquilo. Não é possível que eu seja tão ruim ao ponto de nem consegui sentar naquela prancha. Eu poderia simplesmente dizer que não consigo e sair dali, mas a cada vez que caía, me sentia desafiada a subir na prancha, nem que seja para levantar e cair minutos depois.
— Você está bem? – ele perguntou assim que caí da prancha, mais uma vez.
— Tô. Eu preciso subir nisso, Adam, já estou ficando estressada.
Ele riu e me ajudou mais uma vez. Adam segurou a prancha assim que as ondas cessaram, eu sabia que aquele era o melhor momento para subir, antes que alguma onda se formasse de novo. Adam usou uma mão para segurar a prancha, enquanto a outra segurava a minha cintura, me puxando para prancha. Quando enfim consegui sentar, o novo desafio era ficar em pé. Uma nova onda veio ao nosso encontro, mas dessa vez eu não caí, Adam aproveitou o momento para me ajudar a ficar em pé.
— É só se equilibrar, Bella – falou, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.
— Ai meu Deus!!! Eu tô surfando!! – gritei, assim que consegui me equilibrar.
— Não perde o foco, Bella. Tem que se concentrar! – ele disse.
Olhei para Adam e vi o seu lindo sorriso. Dessa vez era um sorriso de trabalho cumprido. Como já era esperado, acabei me perdendo naquele sorriso. Sorri para ele e então vi o rosto de Adam mudar de expressão. O lindo sorriso deu lugar a uma expressão mais séria. Ele começou a falar alguma coisa e eu me esforcei para ouvir.
— ... Sai logo, Bella!!!!
Continua...
Joguei a bomba para vocês kkkkk
Amanhã tem mais! ♥