Tive que suportar Stefany puxando assunto com Adam toda hora. Digamos que foi meio torturante ver Adam sorrir de cada piadinha que Stefany fazia. Eu poderia tentar tomar toda atenção dele para mim, mas ainda estava confusa demais para fazer isso. A verdade é que ainda não sei como agir, ontem dispensei Adam sem nem dá uma chance a ele e agora, aqui estou eu, tendo que engolir todas indiretas e diretas de Stefany para Adam.
— Acho que já vim aqui uma vez – disse Stefany, assim que descemos do carro.
— O barzinho é bem legal, tem até karaokê – disse Adam.
— Pois é, Mia e Bella deram um show semana passada – Arthur falou.
— Sério, meninas? – ela nos olhou surpresa. — Temos que fazer isso hoje também!
Ô menininha de sorte! Se matar não fosse pecado, já teria jogado ela na frente de um carro!
— Não, não e não! – vetei logo essa idéia estúpida. — Não vou fazer isso de novo. Vamos apenas comer e ir embora, ok?!
Uma coisa é passar vergonha com a Mia, minha melhor amiga. Outra coisa BEM diferente é passar vergonha com Stefany, a ladrona de felicidade.
— Calma, Bella, só estava brincando – disse Stefany, rindo.
— Tá bom... Vamos entrando logo antes que fique tarde – disse Arthur.
As horas se passaram e eu não aguentava mais ficar ali. Mais uma vez Adam sentou-se entre Stefany e eu. Parecia que ele já sabia o que estava acontecendo ali e precisava dar atenção as duas. Eu, porém, não disputei sua atenção, afinal, não era isso que eu queria, ver Adam distante de mim? Já não sei mais a resposta. Stefany, por sua vez, sempre monopolizava a conversa. Ela é boa quando quer chamar a atenção.
O bar foi inaugurado a pouco tempo e, antes do Adam chegar, nós só tínhamos ido lá uma vez. Sendo assim, essa é a minha terceira vez naquele lugar e até então, não sabia muito bem como funcionava o karaokê. Pelo que pude perceber, ele funciona somente depois das nove e vai até às onze, podendo escolher entre o karaokê ou o violão que fica a dispôr de quem for cantar. Quando deu nove e meia, a cantoria começou, cada um mais desafinado que o outro pegava o microfone e soltava a voz.
— Meu Deus... As pessoas não tem senso do ridículo? – Stefany perguntou, fazendo cara feia a cada desafinada que alguém dava.
— Acho que você deve cantar – disse Arthur. — Vai lá e mostra o que é cantar bem – ele continuou, fazendo todos rirem.
— Eu acho uma ótima idéia, Adam – Mia falou. — Não é, Bella?
— Eu? Hã... Eu acho que... Que vai ser legal – falei, quase que não sai, mas falei.
Adam me analisou bem, chegou mais perto e falou bem próximo ao meu ouvido:
— Promete que não vai fugir dessa vez?
BEM próximo! Próximo demais, para o meu gosto! Tão próximo que fez meu corpo se arrepiar.
Senti a respiração dele bater em meu pescoço e a sua voz grave susurrar no meu ouvido. Sem ter a mínima chance de pensar em qualquer coisa, me peguei falando:
— Prometo.
— Já volto! – ele falou, levantando-se, enquanto me lançava um sorriso.
Sim, era exatamente aquele BENDITO sorriso!
Me desmanchei na cadeira. Parecia que meu corpo escorregava de tão mole que ele ficou.
Ainda bem que estava sentada!
Adam mais uma vez optou pelo violão. Se bem que já era de se esperar, afinal, ele tem uma banda, então, enquanto tiver um violão e uma boa melodia na cabeça, sempre haverá música a ser cantada. E se ela for para mim, melhor ainda.
— Boa noite – ele começou a falar. — Hoje e uma noite especial, então vou cantar uma música especial para uma pessoa em especial – continuou, rindo, lindo como sempre.
Ou mais... Bem mais...
Olhei para Mia imediatamente e comecei a me comunicar com ela por mimica. Arthur e Stefany ainda estavam na mesa, tornando impossível falar sobre Adam normalmente.
— É pra você! – ela disse, sem sair nenhum som da sua boca.
— Tem certeza? – perguntei, sem emitir nenhum som também.
Ela revirou os olhos e pegou o celular. Voltei olhar para frente e vi que Adam já ia começar a cantar.
"Claro que é pra vc!!! Deixa de ser idiota, menina!!"
Mia mandou uma mensagem antes de Adam começar. Típico da Mia!
— Porque você não me dá uma chance? Se não for bom não te incomodo mais. Eu queria tanto te fazer feliz, tenho tanto amor pra te dar. Se precisar conte comigo, em qualquer hora, em qualquer lugar. Eu queria tanto te fazer feliz – ele cantou, de olhos fechados, mas aquele sorriso estava em seus lábios.
Confesso que ainda estava em dúvida, mas depois que Adam começou a cantar, me lembrei de tudo que ele me falou na minha casa. Mais uma vez Adam estava me pedindo uma chance, mas dessa vez, ele usou a música, nosso meio infalível de se comunicar. E, tenho que confessar, estava dando certo. A música sempre nos conecta, sempre nos faz expressar aquilo que não conseguimos falar um para o outro.
— Faz tanto tempo, que eu oro por você. Eu te quero tanto, tanto que chega até doer. Abre a porta para esse amor entrar, deixa eu te amar. Eu sei o segredo de fazer você se apaixonar – ele continou, mas dessa vez de olhos abertos, olhando para nossa mesa, certamente para mim.
Um dos motivos de amar a música, é que por ela nós podemos expressar todo nosso sentimento. Não importa o que esteja sentindo, sempre haverá uma música para descrever sua dor ou felicidade. Parece que Adam e eu estamos ligados pela música. Eu consigo entende-lo perfeitamente quando canta para mim.
— Se precisar conte comigo em qualquer hora, em qualquer lugar. Eu queria tanto te fazer feliz. Faz tanto tempo que eu oro por você. Eu te quero tanto, tanto que chegar até doer – ele faz uma carinha de apaixonado, olhando para mim. — Abre a porta para esse amor entrar, deixa eu te amar. Eu sei o segredo de fazer você se apaixonar.
No meio da introdução da música, ele olha o local, em outras mesas. Depois de alguns segundos em silêncio, ele começa a falar:
— Quando a gente está apaixonado, muitas das vezes ficamos bobos, fazemos coisas que nunca imaginamos fazer. Hoje eu estou aqui, cantando para pessoas que nunca vi na minha vida, em um lugar que eu nem sabia que existia... Pois é, hoje essa é a minha loucura de amor.
Adam deu uma risada e então voltou a cantar:
— Faz tanto tempo, que eu oro por você. Eu te quero tanto, tanto que chega até doer. Abre a porta para esse amor entrar, deixa eu te amar. Eu sei o segredo de fazer você se apaixonar.
Ele deu uma pausa, olhou para mim e em meio a um sorriso (aquele sorriso), cantou o final. Os olhos deles brilhavam, parecendo uma jóia brilhosa.
— Eu sei o segredo de fazer você se apaixonar.
Eu sorri. Um sorriso meio contido, mas foi um sorriso bobo e sincero. Também, fica meio difícil se conter vendo aquele sorriso de Adam. Em apenas uma frase ele conseguiu dizer tudo. Ele sabia o que estava fazendo. Sim, ele sabe o segredo de me deixar apaixonada. A prova disso é que eu estou aqui, com um sorriso bobo no rosto e com um olhar apaixonado, olhando para o homem mais incrível que eu já conheci.
Tirando meu pai, é claro.
Todos começaram a aplaudir. Alguns até levantaram. E eu? Eu fiquei no mesmo lugar, sentada, ainda encarando Adam. Dessa vez eu não fugi. Não porque fiz uma promessa a ele, mas porque meu coração não permitiu. E mesmo que ele tivesse permitido, meus olhos estavam ocupados demais olhando para Adam. Minha mente estava ocupada demais pensando em Adam. E minhas pernas estavam moles demais para conseguir me levantar. Mesmo que algo em mim estivesse me mandado correr, todo o meu corpo não correspondia a essa voz. Eu só queria ficar ali, no meu lugar, olhando Adam cantar, sorrir e olhar para mim exatamente do jeito que ele estava fazendo.
E se a música é o nosso meio de comunicação, se esse é o único jeito que nos permite expressar tudo o que sentimos, eu também quero cantar. Eu também quero falar para ele tudo que meus lábios não me permitem dizer. Eu também quero que ele saiba o quanto eu o quero.
E é isso que eu vou fazer!
— Eu já volto, gente – disse, enquanto me levantava e ia de encontro ao karaokê.
Continua...
OMG! Tô suspirando aqui, gente! *---*
Adam é um fofo ♥
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