Número Desconhecido | Livro 1

By jkkloppel

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Rafaela não precisava de um namorado. Pelo menos, não até terminar o ensino médio e passar no vestibular. O... More

⚠️ AVISO DE REPOSTAGEM ⚠️
PERSONAGENS
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Capítulo 29.
Capítulo 30.
Capítulo 31.
Capítulo 32.
Epílogo.

Capítulo 1

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By jkkloppel

{leitores antigos, tenho um pedido: evitem spoilers ou, se puderem, deixem sinalizados. Aos novos leitores, tomem cuidado com os comentários! Eu infelizmente não consigo controlar, então fiquem atentos}

"Dear reader, the greatest
of luxuries is your secrets
— Dear Reader, Taylor Swift"

Poucas coisas na vida são tão complexas quanto mudanças.

Mas Rafaela ainda se lembrava. Estava deitada em sua cama, logo após um longo e cansativo dia na terceira série. Os cachos compridos espalhados pela cama e as pernas curtas que balançavam no mesmo ritmo de uma música que tocava em seu fone de ouvido. Ela sorriu, satisfeita, ao observar o teto cor de rosa, cheio de flores sintéticas de diferentes tipos e tamanhos. Agradeceu mentalmente por ter uma mãe tão criativa. Ela, definitivamente, amava aquele quarto, sua estante de livros, sua cama confortável e as flores que brilhavam no escuro. Não fazia ideia onde ela tinha as encontrado, mas era um sucesso entre suas amigas — apenas uma, na verdade, mas Jaqueline valia por dez — e, ali, ela tinha certeza: aquele seria seu quarto pra sempre!

O problema é que quando se tem 8 anos, sempre parece ser a palavra adequada para usar com qualquer tipo de coisa que você goste muito. Com dezessete, é uma sentença de morte.

As memórias ainda rodavam a sua mente enquanto subia a escada de madeira meio bamba, com a sua mãe segurando a base dela para que não caísse, ao mesmo tempo em que recitava todas as palavras que poderiam demonstrar tamanha insatisfação na decisão de reformar o quarto.

A verdade é que planejar, nem sempre significa realizar. E aquilo não era apenas sobre as flores no teto.

É claro que elas tinham história, mas faziam parte de uma Rafaela sem noção nenhuma de design e que acreditava que todas as escolhas de sua mãe eram perfeitas — pobre criança iludida. Ali, naquela quarta-feira, ela era apenas uma adolescente entrando em sua era clean e um quarto cor de rosa não fazia parte do seu aesthetic.

— Joga tudo que eu te dei fora, arranca o meu coração também! — dramatizou a mãe, com a mão no peito e os pés batendo no chão com força. Por um segundo, Rafaela cogitou a possibilidade de enviar um e-mail para o Oscar informando que a mais nova dona da estatueta estava bem na sua frente.

Respirando fundo, a garota ignorou as birras da progenitora e arrancou, uma por uma, cada flor colorida e cheia de poeira que estavam coladas com sei-lá-o-que no teto do quarto. Por fim, fitou a parede que possuía imagens de princesas e sapatinhos de cristais que, em breve, se tornariam a mais bela tela branca.

Enquanto descia as escadas, satisfeita com o resultado, sorriu para a mãe que continuava a encarando com o semblante mais triste que conseguia fazer. Depositou um beijo estalado em sua bochecha e começou a tirar a escada do meio do quarto.

— Vou ao cinema com a Jaque e os meninos — informou, mesmo que ela já soubesse. Aquele era o ritual particular do quarteto: toda quarta-feira iam ao cinema, aproveitando o projeto da escola que os presenteava com ingressos grátis uma vez por semana. — Esse estresse todo vai te dar rugas, Dona Helena — alertou, enquanto caminhava até a cama para pegar a sua mochila. A mulher revirou os olhos e cruzou os braços, indignada por ouvir o seu segundo nome. Preferia ser chamada de Maria. "Me dá credibilidade", dizia.

Quando chegou ao ponto de ônibus, Jaqueline já a esperava, com seu cabelo loiro bem penteado, fones de ouvido e a cabeça balançando de um lado para o outro no ritmo da música. Folheando um livro de romance clichê com um sorriso bobo no rosto, a loira não notou a melhor amiga se aproximar.

— Buh — brincou Rafaela, puxando um dos fones da sua orelha. Ao invés de se assustar, a loira abriu um sorriso e virou-se no banco desconfortável, ficando de frente para a amiga.

— Que bom que você chegou! — Jaque fechou o livro que tinha nas mãos e bateu palminhas — precisava mesmo te pedir um favorzinho — cantarolou, ao mesmo tempo que Rafa sentiu o coração acelerar. Lá vinha bomba. Ela só usava aquele sorrisinho quando precisava de alguém para segurar vela em mais um de seus encontros com caras de personalidade questionável.

Me diz que, desta vez, eu não vou precisar segurar a tocha olímpica para você e o Ricardo — suplicou, sentindo calafrios ao lembrar da última vez que precisou dividir uma mesa de jantar com aquele garoto.

— Ricardo? — Jaqueline ergueu as sobrancelhas e depois soltou uma risada, dando tapinhas em seu ombro — Relaxa, mandei aquele psicopata pastar. Eu vou jantar com o Lucas nesta semana e ele vai bancar um peixinho à milanesa na Beira-Mar para a gente. Demais, né?

Rafaela revirou os olhos.

— A onde você acha esses adolescentes com dinheiro suficiente para bancar jantar para nós duas?

Jaqueline deu de ombros.

— Eles é que me acham.

Rafaela poderia rir, se não estivesse cansada de ser arrastada para dates chatos com conversas desagradáveis que ela, definitivamente, não deveria ouvir.

— Certo, me dê três motivos plausíveis para eu ir com vocês nesse encontro — Ergueu a mão e fez o número três com os dedos. — E o peixe não conta como motivo, você sabe que eu amo peixe — apressou-se em dizer, sabendo exatamente o que a melhor amiga pretendia numerar.

A loira colocou a mão no queixo, pensando em algo que pudesse convencê-la, mas seu foco foi dispersado com o riso que fugiu da garganta no instante em que algo se aproximou delas — ou melhor, alguém. Rafaela virou-se a tempo de ver Nícolas andando em sua direção, enquanto passava a mão nos cabelos e exibindo uma carão, como num desfile de moda. A pele queimada reluzia ao sol e ele abriu um sorriso assim que viu que Jaqueline o aplaudia.

— Seu catwalk é melhor que o da Kendall — pontuou a amiga.

— Pelo menos alguém reconhece o meu talento — ele riu, dando um abraço apertado na loira e estalando um beijo melado no rosto de Rafaela. A garota passou a mão na região em que ele havia beijado, fazendo cara de nojo.

Muito se falava dos casais fofos grumpy e sunshine, dos livros de romance que Jaqueline costumava ler, mas pouco era dito a respeito do sofrimento de um gato preto que tem como melhores amigos dois goldens retrievers.

— Você nasceu idiota assim ou fez cursinho? — bufou, ao mesmo tempo em que ele abria seu sorriso sarcástico, que fazia qualquer garota cair aos seus pés.

— E tu nasceu mal amada assim ou é falta de um namorado?

— Uau, que grande machista você tem se tornado, Nícolas — reclamou — o que você ser sem noção tem a ver com eu ser mal amada?

Ignorando totalmente o seu comentário, o adolescente virou-se para Jaqueline, animado:

— Tu poderia me ajudar a arrumar um namorado para a Rafa, né?

— Porque vocês se importam tanto com a minha vida amorosa? — quis saber.

— Claro! — Jaqueline também ignorou a sua pergunta, fazendo Rafaela soltar um suspiro pesado.

Tudo bem, era verdade que ela não se envolvia com alguém a muito tempo e, provavelmente, não sabia mais como beijar na boca. Mas, convenhamos, aquela não era a sua prioridade no momento. Era nova e tinha coisas mais importantes para fazer. Tipo, reformar o seu quarto, passar no vestibular para design gráfico e completar a sua coleção de chibis da Marvel — ela podia estar na sua era clean, mas não estava morta e sempre seria meio nerd.

Então, ter um namorado não era nem uma das três principais prioridades da sua vida. E nunca seria, ela não tinha paciência para essas coisas.

— Tive uma ideia! — gritou Nícolas, fazendo-a pular do banco. Ele abriu a mochila, tirou de lá uma caneta preta e caminhou pomposamente até o vidro da parte de trás do ponto de ônibus. Antes de escrever, olhou para a amiga — Qual é o teu telefone, Rafa?

— Samsung, por quê?

Ele deu uma gargalhada, jogando a cabeça para trás.

— O número, idiota.

— 9975... — foi Jaqueline quem falou, sem que desse a chance de Rafaela questionar o porquê de ter seu número de telefone escrito entre várias assinaturas e palavrões que cobriam o vidro.

— Prontinho — ele anunciou depois de um tempo, afastando-se com as mãos na cintura, observando com orgulho a sua obra. bla

A menina de cabelos cacheados se levantou com as sobrancelhas franzidas e aproximou o rosto, forçando a visão para entender o garrancho que Nícolas chamava de letra. Enquanto lia, sentiu o sangue ferver.

"Sou do contra e digo que não preciso de um namorado. Quer me fazer mudar de ideia? Me ligue." — Rafaela fechou os olhos por um segundo e respirou fundo. Depois, olhou para ele com cara de poucos amigos. No exato momento em que seus olhos se cruzaram, o garoto ergueu a mão em sinal de paz.

— Você tá de brincadeira, né, Nícolas?! — Ela cerrou os olhos, dando passos lentos em sua direção — Eu vou amputar seu braço, sua perna, sua cara! Seu projeto de surfista mal feito!

— Rafa, é só uma brincadeira! — A mão de Jaqueline tocou o seu ombro, tentando acalma-la, mas era possível perceber que segurava o riso — Ninguém vai ver isso, amiga. Relaxa.

Rafaela puxou o ombro com força e olhou para a melhor amiga, incrédula. Jaqueline a conhecia há muitos anos e sabia que ela não gostava daquele tipo de piada. Escrever seu celular em um ponto de ônibus onde qualquer maluco poderia ter acesso nunca iria resolver seu "problema" com relacionamentos.

— É claro que ninguém vai ver essa porcaria — disparou, puxando a caneta da mão de Nícolas e, imediatamente, riscando por cima do seu número de telefone até que ele ficasse ilegível. Depois, colocou a a mochila de volta no ombro e caminhou para o lado oposto do ponto de ônibus, sem se despedir.

— E o cinema?! — gritou Nícolas, quando ela já estava a uma distância considerável.

— Perdi a vontade! — gritou de volta.

No caminho para casa Rafaela decidiu que, para garantir, voltaria mais tarde com um pano e álcool e se livraria de qualquer resquicio da brincadeira idiota dos amigos. Não queria correr o risco de ser incomodada por ninguém e não precisava mudar de ideia, pois já tinha uma opinião bem formada sobre o assunto: relacionamentos estavam fadados ao fracasso e ela não perderia seu tempo com eles.

Nota da autora:

Olá, lindezas!

Finalmente, meu bebê está de volta ao Wattpad! Fiquei muito feliz com a recepção de vocês ao saberem da repostagem 🥹

Espero que gostem de relembrar essa história! Aos novos leitores, bem vindos ❤️ Que esse livro seja um lugar de diversão e paz, como sempre foi pra mim.

Nos vemos na terça com mais um capítulo 🫶🏼

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