Só Poderia Ser Você

By TarcianaAlexandre

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Samantha sempre teve uma queda por Thomas, seu vizinho e irmão de sua melhor amiga Annie quando ele ainda era... More

Prólogo
A aterrissagem
O encontro
Um Lugar Especial
Italiano Encrenca
Malibu
Cabeças Confusas
Novo Foco?
Do céu ao inferno
Culpa da embriaguez
Caindo em tentação
O dia seguinte
A chuva
Annie, irmã e melhor amiga
Uma nova história
A inauguração
E a loucura continua
Vai ou fica?
A convenção
Uma breve tempestade
Revivendo passados
Os Castelli
A descoberta
A batalha da reconquista
Surpresas
Nova York
Novidade!!
Epílogo

Maldita Heather

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By TarcianaAlexandre

Larguei minha bolsa sobre minha mesa, meu primeiro cliente devia chegar logo. Minha agenda estava meia vaga hoje e isso me ajudava, aproveitaria esse tempo para adiantar meus trabalhos extras ou relembrar o final de semana.

Tinha sido maravilhoso conhecer parte de minha família e ter Thomas ao lado foi importante.

Depois de dois clientes fiquei apenas finalizando o que eles me pediram até o almoço. Nas primeiras horas da tarde não tinha o que fazer então aproveitei e terminei meus trabalhos extras. Depois eu deixei que a imaginação criasse asas, um papel em branco estava em minha frente e um lápis em meus dedos. Eu não tinha uma ideia específica na minha cabeça, mas comecei a traçar as linhas. Rabiscos e mais rabiscos depois eu tinha uma gueixa perfeita no papel. De feições tristes e fria, totalmente detalhada. Juntei meus lápis coloridos e comecei a pintar. O vermelho predominou na roupa, nas flores ao seu redor, no laço delicado sobre seu cabelo, nos lábios finos e no leve sombreado dos olhos. Seu cabelo cheio perfeitamente preso no penteado típico tinha uma única presilha. Ela carregava em seu rosto a mesma expressão triste da que Thomas tinha em suas costas, a diferença era que a minha parecia não ter mais esperança. Foi realmente estranho criar aquilo, mas tinha algo apertando meu peito.

Juntei minhas coisas e fui para casa quando deu meu horário. Passei rapidamente pela sala de Kevin e ele ainda tinha alguns minutos para terminar seu último cliente. Disse a ele que estava indo e que nos falávamos amanhã.

No caminho para casa conversei com mamãe. Ela me e meu pai tinham ficado por mais um tempo em Nova York e estavam aproveitando a cidade. Despedi-me dela após lembrá-la que eu a amava.

Estiquei-me no sofá depois de lavar meus cabelos e comer, com um dos livros de Thomas na mão. Ultimamente eu estava preguiçosa com relação a leitura, estava muito distraída com Thomas os meus pensamentos sobre ele. Era hora de deixar as coisas rolarem e ver o que iria acontecer, estava querendo muitas coisas em tão pouco tempo. Comecei a folhear as primeiras páginas e adorava essa sensação. O cheiro e a textura do papel sob os dedos, coisas que apenas os viciados em ler sabem o que significa.

Não sabia quanto tempo havia se passado, já havia folheado inúmeras páginas quando fui trazida à realidade novamente pelo telefone da casa ecoando por todos os cômodos. Eu morava aqui a mais de um mês, mas nunca havia atendido o telefone. Ele tocava e tocava enquanto pensava se atendia ou não. Dianna e tia Rosa já haviam ido embora então era somente eu. Bom, que mal havia em atender? Era apenas um telefone, podia atender e anotar o recado de quem quer que fosse. Tomei o aparelho sem fio em mão e atendi

-Alô?

-Por que os serviçais demoram tanto para atender um simples telefone nessa casa? - A voz de uma mulher esbravejou do outro lado.

-Eu... - Comecei a dizer e fui interrompida.

-Não quero saber! Chame Thomas, quero falar com ele!

-Bom....

-Quem diabos é você? Está entendendo o que eu digo? - Ela agora estava praticamente berrando. Respirei fundo.

-Moça, meu nome é Samantha! Não trabalho aqui e Thomas não está em casa. Se você quiser posso anotar seu recado, ou então seu nome e número para que ele possa ligar de volta. - VADIA! Eu quis gritar, mas preferi me controlar.

-Oh ok. Samantha. - A voz dela agora parecia divertida, sarcástica talvez. - Entendi agora. Você é uma das distrações de Thomas não é. Mais uma.

Quem era essa cadela?

-Me desculpe, mas quem é você?

-Heather. E então você deve saber quem sou. Thomas provavelmente deve ter falado para você de mim – Não, ele não falou. - Oh não, pelo seu silêncio ele não o fez. Bom, então você realmente não deve ser tão importante para ele. Uma possível namorada saberia quem eu sou apenas ouvindo meu nome. Eu estava certa afinal, apenas uma distração.

Não ouvi mais som algum do outro lado da linha. O ar dos meus pulmões foi sugado e lágrimas brotavam em meus olhos. Thomas tinha segredos. Assuntos que ele não confiava em mim o suficiente para contar.

Bati seguidas vezes o telefone no gancho antes de soltá-lo liberando minha raiva e chorei. Talvez tenha se passado uma eternidade, eu não sabia ao certo.

Disquei no meu celular o número gravado na agenda de contatos.

-Alô? - A voz de Layla apareceu logo após o segundo toque.

-Oi. - Eu quase solucei.

-O que foi?

-Podemos conversar?

-Claro! Você quer que vá até você? - A preocupação de Lay era visível na voz.

-Não, me passe seu endereço.

Tomei um táxi e em alguns minutos estava em frente ao apartamento de Layla. Annabelle era minha melhor amiga, mas não queria chateá-la. Layla era a amiga que eu tinha aqui em Los Angeles agora. Ela me esperava no alto da escadaria de seu apartamento vestindo um short curto e uma camisa de manga longa. Seus dedos tatuados seguravam um cigarro aceso já pela metade que foi levado em seguida até seus lábios escuros, quase negros pelo batom. Quando ela me avistou jogou aquela porcaria fora e jogou seus braços ao meu redor quando alcancei o topo das escadas.

Não pude evitar de chorar. Ter os braços de uma amiga confortando sua tristeza era muito bom, afundei meu rosto no abraço apertado e macio de Lay.

Botas familiares apareceram a minha frente. Levantei meu olhar para ver Kevin encostado no batente da porta.

-Desculpa. Eu o chamei. Pensei que você iria precisar dele também. Kev mora aqui do lado e quando você me ligou fiquei extremamente nervosa e preocupada. - Lay se justificou.

Joguei-me nos braços de Kevin que também me abraçou firme em seu peito.

-Tudo bem Lay. Obrigada!

-Vem, vamos para dentro. - Kevin me puxou.

Estávamos os três sentados ao redor de uma mesa na pequena cozinha do apartamento de Layla. Luke não estava, passaria a noite em seu próprio apartamento. Três copos, gelo e Jack Daniels nos faziam companhia. Layla tinha um rock suave tocando ao fundo, era quase imperceptível.

-Uma dose, - eu resmunguei - foi necessário apenas uma porra de dose de Thomas Miller para minha vida virar de ponta cabeça.

Virei o resto do líquido do meu copo garganta abaixo deixando-o vazio. Kevin fez o favor de logo reabastecê-lo. A garrafa do uísque já estava pela metade e sentia-me um pouco leve e tonta.

-Vamos Sam, deve ser apenas alguma vadia querendo foder com a sua cabeça? - Lay soltou.

-Parabéns a ela então, conseguiu.

Kevin media-me a todo tempo desde que entramos, Layla tinha posto a bebida sobre a mesa e eu contei todo o acontecido. Desde o início lá em Redding, quando ainda era apenas uma queda pelo vizinho.

-Você nunca disse para ele o que sente? Entrou nessa porra sabendo o que sentia, mas ele nunca soube? - As primeiras palavras de Kevin depois de todo esse tempo.

-Não, como poderia dizer Kev, eu era só uma amiga de sua irmã indo viver sob seu teto.

-Fale Samantha! Nós homens somos completos idiotas. Não enxergamos a merda de um elefante a nossa frente se vocês não nos mostrar. Arrisque-se Sam, pergunta quem é essa garota, talvez você está aí chorando à toa, pois ela pode ser uma vadia louca que quer o cara para ela. Se você quer saber o que ele sente você também colocá-lo contra a parede e questionar quem é ela. Se no fim você não ouvir nada do que queria nós vamos estar aqui para você.

Lay me deu um sorriso solidário mostrando que concordava com Kevin. Ele estava certo.

-Vocês são os melhores. - Disse ao casal de amigos que ganhei sentados ao meu redor.

-Um brinde, - Kevin ergueu seu copo - Á nossa vida amorosa de merda!

Lay e eu nos juntamos ao brinde. Em seguida nós três esvaziamos os copos e os batemos sobre a mesa de madeira.

Ficamos em silêncio um tempo. Ouvi os acordes do som do Aerosmith tocando e me perdi em pensamentos.

Por que diabos eu era tão burra? Não deveria ter me envolvido? Não deveria ter me apaixonado? Ou simplesmente não deveria ter vindo a Los Angeles. Agora eu estou afundada em uma paixão louca com um cara que está provavelmente me enganando. Coração, você é um estúpido.

Pulei quando meu celular começou a tocar. Fiquei imediatamente sóbria. A foto que Thomas havia tirada aquela vez na praia brilhava no meu visor e uma melodia particular soava cada vez que o celular vibrava sobre a mesa. Eu ainda tomava coragem para atender e ainda criava argumentos em minha cabeça quando Kevin esticou sua mão grande até o telefone tomando-o e atendendo-o logo em seguida. Fiquei aflita e meus olhos quase saltaram do rosto.

-Sim, este é o celular dela. Atendi porque ela está ocupada no momento. - Kevin tinha um sorriso divertido nos lábios enquanto eu estava apavorada. – Sabe cara, já lhe disse uma vez e vou repetir, ela é uma boa garota, preste atenção nisso. – Ele fez uma pausa e voltou a falar. - Sou amigo de Samantha. Abra os olhos cara, antes que você a perca.

E assim Kevin largou o telefone.

-Oh meu Deus! - Apoiei minha cabeça sobre a mesa lamentando. – O que acabou de acontecer?

-Ele vai ligar outra vez, relaxe. - Kevin era a segurança em pessoa, falou na maior tranquilidade.

Meus olhos se voltaram para o telefone outra vez. O relógio digital marcava onze horas. Droga, já havia um clima estranho entre Thomas e Kevin desde aquele bar, agora tudo tinha ficado ainda melhor

Resolvi apenas esperar. Não estava fazendo nada de errado.

Minutos depois o celular voltou a tocar. Mesmo que meu cérebro mandasse, não conseguia controlar tão bem meu coração que só faltava fugir pela minha boca e atender a ligação de Thomas por mim. Respirei fundo seguidas vezes, deslizei o dedo na tela e colei o celular no ouvido.

-Alô? - a voz de Thomas era dura.

-Oi. - Respondi quase em um sussurro. Escutei Thomas tomar ar do outro lado, sem saber o que dizer esperei que ele falasse.

-Onde você está Samantha?

-Eu... - Pigarreei para que minha voz saísse mais firme - Eu estou na casa de Layla, nós estávamos conversando e esqueci da hora.

-Você prometeu me deixar uma mensagem ou um bilhete qualquer.

-Eu sei. Desculpa. - Olhei Kevin me encarando, como se perguntasse pelo que eu estava me desculpando.

-Quem é o babaca que atendeu seu telefone? - Thomas parecia tentar reprimir seu nervosismo

-Thomas, eu estou bem. Na casa de uma amiga e foi Kevin quem atendeu. Mais alguma pergunta?

-Me diga a droga do endereço daí. Estou indo buscá-la.

-Thomas, não...

-Samantha por favor. Sem teimosia, você não faz ideia do meu estado. Me deixe ir.

O que tinha acontecido com ele?

Thomas

O celular em minhas mãos estava quase voando na parede. Samantha tinha outro cara? Não! Precisava ouvir o que ela tinha a dizer sobre isso. Melhor qualidade em Samantha era ela não saber mentir. Mesmo sem olhar em meus olhos ela não conseguia fazer isso.

Disquei seu número outra vez. O belo rosto dela apareceu na minha tela, tinha tirado essa foto uma das vezes em que a olhei dormir. Era meu hobby predileto em algumas semanas.

Me controlei o máximo que pude quando ela atendeu até que perguntei quem foi o filho da puta que atendeu seu telefone. "Thomas eu estou bem. Na casa de uma amiga e foi Kevin quem atendeu. Mais alguma pergunta?"

Muitas, porra!!

Implorei o endereço para Samantha de onde ela estava e alguns minutos depois estacionei o carro em frente a um conjunto de apartamentos para solteiros em um bairro calmo da cidade. Rosa não morava longe daqui e a ideia de Samantha se mudando me assombrou.

Pressionei a buzina uma vez e ela apareceu na porta. A vi despedindo-se da amiga tatuada e esperei para ver se aparecia alguma figura masculina, mas ninguém além delas apareceu. Samantha contornou a frente do carro e entrou. Sem beijos, somente um "Oi".

Segui em silêncio até nossa casa, não queria dizer coisas erradas a ela já tinha feito uma vez. Não sei o porquê, mas senti que o que tínhamos estava sendo segurado por um fio muito fino. Via Samantha retorcer seus dedos no colo só que ela não dizia nada. Quando parei o carro na garagem ela logo desceu e seguiu para dentro.

-Você tem alguma coisa com esse tal Kevin? - Soltei sem pensar. Isso estava me sufocando. -Realmente não consigo entender qual é a dele Samantha se vocês não estão juntos. Porque diabos ele atendeu seu telefone?

-Sério mesmo isso? Eu ter um amigo homem significa para você que eu trepo com ele? Você estava ligando e eu pedi para que alguém atendesse, Kevin fez isso para mim. Por que você está tão chateado?

-Samantha eu...

-Não tenho nada com ele. Só com você e isso está sendo bom e ao mesmo tempo acabando comigo Thomas. Estou apaixonada por você, mas nem sei que tipo de relação nós temos. Não sou sua namorada, sei quase nada sobre você e...

Colei minha boca na dela. A beijei como um louco, precisava dela para respirar e a ideia de perde-la outra vez me matava. A necessidade de tocá-la, tê-la em meus braços era insuportável.

-Me desculpa. Estou sendo um idiota com você.

-Thomas isso entre nós não vai funcionar. - O chão foi lentamente se abrindo ao meu redor. Samantha saiu de meus braços e colocou uma distância entre nós.

-Samantha desculpa, eu fico enciumado a seu respeito. Não quis ser um babaca com você.

-Eu me apaixonei. Na verdade, acho que sempre fui apaixonada por você. Ter você perto fez tudo isso aumentar. Tentei mesmo lutar contra, mas você dificulta tudo sempre fazendo eu me sentir bem. Mas eu não consigo mais, hoje mesmo fui chamada de distração sua. E é isso que eu sou?

-Não! Quem disse isso a você? - Que merda! Lágrimas começaram a rolar por seu rosto. -Samantha fale comigo, quem lhe disse isso? Foi por isso que você saiu e não disse nada?

Ela tentava lutar contra o choro e não conseguia. Dei um passo em sua direção, mas ela levantou a mão para que eu parasse.

-Uma de suas amigas ligou aqui hoje. Ela disse o nome.... Heather. - Porra! – Depois e ouvi-la fui apenas me distrair um pouco.

-Samantha... - Outra vez ela levantou sua mão.

-Quem é ela Thomas?

Não era para ser assim.

-Samantha essa é uma história complicada.

-Eu não me importo. Quero ouvir.

-Mas eu não posso. - Passei a mão pelos cabelos em frustração. A dor nos olhos dela estava me machucando também.

-Não sou o suficiente para você confiar em mim.

-Não, não diga isso. É que não depende apenas de mim. É a história de outras pessoas também. Quero contar para você, acredite. Mas agora eu não posso.

-Tudo bem. - Ela disse secando as lágrimas e subindo para o seu quarto.

Agora tudo estava fodido. A única garota que eu havia me apaixonado estava me odiando. Malditos segredos. Maldita Heather.

Saquei meu celular do bolso e digitei uma mensagem rápida e o guardei de volta.

Estava cansado dessa porra. Me joguei em um dos sofás da varanda.

Quase dois meses, só isso Samantha precisou para me virar do avesso. Hoje cedo minha única preocupação era de que a hora não passava, agora era que talvez não a veria nem em dias esporádicos caso ela se mudasse para morar com sua tia. Precisava mudar isso.

Samantha me fez bem desde a hora que pus os olhos nela. O rosto doce com aquele corpo era uma combinação perfeita para os meus olhos. Depois de um tempo junto a ela, notei que podia respirar, ser quem eu sempre quis e Samantha gostava. Apenas Samantha conseguia me deixar a vontade, apenas ela fazia eu esquecer-me da hora, esquecer de qualquer merda ao meu redor. E agora ela achava que eu não confiava nela, essa droga toda sobre Heather estava não só fodendo a mim, mas a agora Samantha também.

O número de Heather brilhou na tela, eu ignorei. Se atendesse iria dizer todos as merdas que ela merecia ouvir em todos esses anos. Logo depois o número privado começou a piscar. Agora deixei que tocasse, queria dormir e acordar quando essa tempestade tivesse passado.

Larguei o celular e subi os degraus para o andar de cima de dois em dois. Entrei pelo quarto, mas Samantha não estava em nossa cama. Ela tinha ido deitar em seu antigo quarto e eu já esperava por isso. Peguei uma calça e fui para o chuveiro. Enquanto a água caia pensei no que dizer, ensaiei diversas vezes em minha cabeça. Caminhei até a frente de sua porta e rezei para que não estivesse trancada. Girei a maçaneta e a porta se abriu, o quarto estava um pouco escuro, apenas a claridade da lua entrava pelo quarto. Pude ver Samantha deitada de lado toda encolhida, caminhei até a cama e deitei ao seu lado. Abracei seu corpo e cheirei seus cabelos, era apenas ela dela que eu precisava. Ela continuou quieta então comecei a falar.

-Lembro-me de você sentada nas escadas de minha casa com Annabelle. Quando ela me falou sobre uma amiga nunca imaginei que fosse você. Então a encontrei sentada em minha cozinha, com esses seus olhos grandes e doces. Acho desde esse dia ou desde minha adolescência eu estava aos seus pés. - Ela ainda não havia dito nada, sabia que estava me ouvindo e sentia seu corpo tremer. Ela ainda chorava. - Desculpa por todas os momentos em que fui um otário. É pouco tempo Samantha, mas você mexeu comigo, pra caralho, desculpe por ser tão idiota. Eu confio em você, acredite. Nunca tive nem terei qualquer coisa com Heather, juro para você. A história é um pouco complicada e eu preciso que você me dê só um tempo para que eu possa resolver as coisas para lhe contar. Confie em mim.

Samantha virou-se e eu tive medo de soltá-la, não queria que ela fugisse outra vez. A pouca luz permitia que eu visse seu rosto molhado.

-Por favor, pare de chorar. Odeio ver você assim ainda mais ter sido eu quem lhe deixou triste.

Passei meus dedos por seu rosto o secando. Beijei sua bochecha meio úmida e ela suspirou.

-Vou lhe dar seu tempo, está tudo bem. - Eu sabia que não estava, mas não podia dizer-lhe mais.

-Não quero que você vá. - Falei enfiando meu rosto em seu pescoço.

-Aonde? - Ela disse baixo e rouca.

-Embora.

-Não vou a lugar algum, mas as desconfianças devem parar por aqui.

-Sim, eu lhe prometo. Não faças promessas que não pode cumprir

-Ando quebrando algumas, mas não errarei de novo com você.

Voltei a beijar Samantha devagar, apenas saboreando seus lábios e depois a abracei em meu peito até ela dormir.

Samantha

A semana estava passando rapidamente, parecia que todas as pessoas no mundo resolveram se tatuar juntas. Trabalhei alguns dias até mais tarde e Thomas me deu carona de volta todas essas vezes.

Estava cuidando do design para o papel de parede da amiga de Layla. Ela teria em quatro meses um menino e queria uma decoração diferente das de suas amigas. Sugeri a ela fazer a decoração sobre "O Pequeno Urso" e ela aprovou minha ideia, então todos os dias além de trabalhar na Hollywood até mais tarde, fazia um extra na casa de Thomas.

Ele estava sendo maravilhoso comigo. Ficava observando-me trabalhar e até dava palpites de vez em quando. Todas as noites ele abraçava-me forte em seu peito e me fazia carinho até que eu adormecesse depois de me amar. Só estava dificultando as coisas para mim. Eu estava às cegas, atirando no escuro e rezando para que tudo não terminasse.

Eu sentiria falta de seu corpo no meu ao dormir e acordar. Assim como de seus beijos.

Saí pelas portas da Hollywood com alguns trabalhos na mochila. Nada urgente por enquanto, só estava levando caso tivesse um tempo sobrando. Despedi-me de Lay que hoje havia pedido uma hora de folga a Danny, ela parecia radiante e feliz.
Estava dando meus primeiros passos a caminho da estação de ônibus quando um carro conhecido parou na rua.

-Oi!

-Oi! - Era Thomas, com roupas diferentes das que saiu de manhã, que lhe davam um ar de garoto despreocupado e sexy.

-Você passou aqui só para me dar Oi? - Perguntei já que ele ficou apenas me olhando.

-Não. Passei em casa e estou indo a Malibu.

-Oh.

-E você vai comigo.

-Vou?

-Vai. Entre.

Entrei na BMW e coloquei minha mochila junto com as diferentes sacolas que Thomas tinha no banco de trás.

-Vamos visitar alguém? - Perguntei querendo dar fim a minha curiosidade.

-Não, nós não vamos fazer visitas. E não adianta você me encher de perguntas, não vou contar a você.

-Ah, você é sem graça. Ok sr. Misterioso não vou perguntar.

-Ótimo, até porque é surpresa e não vou estragá-la. - Perfeito, agora eu estava ainda mais curiosa.

"Sam, Arthur não para de me ligar e me procurar" meu celular apitou com a mensagem de Annabelle.

"Droga Annie!!! Mande-o parar."

"Estou tentando, Sam. Ele só está sendo insistente, provavelmente me deixará em paz em breve."

"Ok, estarei sempre aqui para vc."

"Eu sei e a amo por isso. Mande beijos à Thomas."

Mandei beijos de volta a ela. Annabelle me preocupava mesmo sendo forte e dona de si, ela era totalmente quebrável como qualquer garota. Sabia que o idiota do Arthur não lhe faria nenhum mal físico, mas a queria longe dele.

Thomas estava quieto, talvez por não querer me contar nada, mas apesar de seu silêncio ele tinha um sorriso divertido no rosto. Entramos pelos portões da casa de praia que estava acesa em alguns lugares. Ele disse que visitaríamos ninguém. Será que nós receberíamos visitas? Desci do carro e Thomas retirou todas as sacolas do banco traseiro deixando apenas minha mochila lá.

-Venha. Aqui está tudo o que você precisa - Ele mostrou-me as sacolas e me deu sua mão - Sua mochila só será usada amanhã de manhã quando voltarmos para o trabalho.

-Ok.

Fui levada para dentro, mas não havia nada suspeito na sala, nem na cozinha. Thomas largou algumas coisas sobre a bancada de mármore e guardou algo na geladeira. Não quis bisbilhotar apesar de ficar na ponta dos pés conforme ele se movimentava por ali. Ele tomou uma outra sacola e voltou a tomar minha mão, agora levando-me para o andar de cima. Não entramos no quarto dele. O quarto da nossa primeira vez. Sofri um leve arrepio de lembrar daquele dia. Thomas entrou no quarto onde eu havia dormido sozinha, deixou a sacola sobre a cama e levou-me até o banheiro.

Oh uauu.

Eu tomei banho aqui outra vez, mas não tinha nada disso. O banheiro grande estava iluminado com velas e uma luz muito fraca. Ao lado da banheira duas taças e uma garrafa que deduzi ser vinho. Thomas andou até a banheira e a ligou. Um perfume encheu o ambiente conforme a água subia. Aquela banheira era muito moderna e eu não havia ousado usá-la, agora iria entrar nela com ele? Havia espaço para nós dois ali perfeitamente e estava quase transbordando quando Thomas a desligou. Quando entrássemos dentro iria molhar todo o chão pois ela ficava rente ao piso, possuía apenas umas frestas ao seu redor.

-Dispa-se Samantha. - Thomas estava me olhando enquanto começou a tirar a própria roupa. Então fiz o que me foi pedido.

Desci das minhas sapatilhas e agarrei a barra de minha camiseta a puxando pelo corpo até sair pela cabeça. A calça jeans saiu facilmente quando olhei novamente para Thomas, ele estava só de cueca e isso era algo muito bom de ser admirar. Retirei meu sutiã sem alças revelando meus seios e ele suspirou. Caminhou até mim e tomou meus lábios.

Não era algo difícil, ficar excitada com relação a ele, mas seu toque causava mais do que isso. Seus dedos alcançaram minha calcinha e ela caiu sob meus pés. Outra vez Thomas tinha tomado minha mão e ajudou-me a entrar na banheira. Cuidei, em vão, para não esparramar muita água. Ele entrou por trás de mim e mais água escorreu pela borda, notei finalmente que as frestas tinham essa finalidade, abrigar o excesso de água.

As mãos de Thomas esfregaram minhas costas, ombros, braços, mãos. Depois percorreram meu estômago e pernas. Minha respiração ficou um pouco acelerada assim como meus batimentos cardíacos. Quase derramei o líquido claro de dentro da taça que eu tinha em mãos.

-A banheira é apenas para tomarmos banho, doce Samantha - Thomas sussurrou ao meu ouvido.

Era apenas para o banho, mas não pude deixar de ficar ainda mais ansiosa com o toque dele percorrendo a parte interna das minhas coxas. Pude sentir o sorriso de Thomas ao meu ouvido. Ele acariciou um lado e depois o outro, seus dentes brincavam com minha orelha e sua língua correu o mesmo caminho.

-Você está limpa. – Estava muito mais do que isto. - Falta apenas um lugar.

Estremeci quando as mãos dele encontraram a carne inchada entre minhas pernas. Thomas fez movimentos lentos e circulares e não pude deixar de gemer.

-É. Apenas. Um. Banho.

Cada palavra dita por ele levou-me mais próximo a explosão de um orgasmo, faltava pouco. As mãos grandes de Thomas subiram outra vez pelas minhas pernas e quase implorei para que ele voltasse a acariciar meu clitóris. Quando seus dedos voltaram entraram direto em mim. Estava prestes a gemer alto e tremer quando ele retirou sua mão e a subiu pelo meu corpo.

-Sinta. - Seus dedos estavam em meus lábios - Diga se lavei bem você.

Coloquei os dois dedos dele em minha boca e os suguei. Pude sentir o gosto da água misturada com minha excitação. Thomas tornava aquilo tudo muito erótico e gostoso, não me sentia mal. Era a minha vontade misturada e revelada com a dele. Eu precisava tê-lo em mim. Era uma necessidade infinita. Sentia sua ereção em minhas costas e esfreguei-me a ele. Pude senti-lo sorrir novamente.

-Você está com fome? - O quê? Comida?

-Não de comida no momento.

-Vamos. Eu tenho muitos planos para você esta noite.

Oh, isso me parecia muito bom.

Thomas enrolou uma toalha ao redor do meu corpo e outra a sua cintura. Pegou minha mão e levou-me até a porta de seu quarto. Ele se posicionou atrás de mim, me deixando de frente a porta e então girou a maçaneta.

O quarto tinha velas também, além delas pétalas de rosas brancas. Congelei enquanto tentava conter meu sorriso espalhado até minhas orelhas. Podia enumerar os motivos pelo qual eu estava o amando. O cuidado e a atenção que Thomas estava prestando a mim. Admirava o garoto que conheci e me apaixonei pelo homem que ele se tornou. Tudo nele era perfeito e no momento não me importava com qualquer vadia inventando histórias.

-Thomas isso... - Eu segurei algumas lágrimas que correram por meu rosto. - É lindo. - Joguei-me em seus braços e o beijei.

Thomas secou minhas lágrimas e beijou todo o caminho que elas percorreram quando separamos nossos lábios. Ele não pediu que eu parasse, apenas levou-me para dentro do quarto decorado e deitou-me por sua cama.

Seu corpo estava sobre o meu, quente e gostoso. Nós não usávamos mais preservativos, eu tomava o contraceptivo todos os dias e confiávamos um no outro.
A boca de Thomas cobriu meu mamilo enquanto ele dançava seus dedos por meu clitóris. Eu estava tão perto agora como estava antes.

-Tão molhada. - Sua voz era um sussurro entre meus seios. - Sua boceta sempre tão molhada para mim.

Eu estava girando meus quadris debaixo dele já não suportava a tortura.

-Thomas, por favor. Preciso de você.

-Precisa? - Ele achava graça e parecia muito contente em me ver implorar.

-Preciso. Preciso que você entre em mim. AGORA! - Minha voz aumentou alguns tons quando seus dedos e lábios pararam de me tocar.

Abri meus olhos e vi Thomas segurando seu belo comprimento e o posicionando em minha entrada. Prendi minha respiração, não por medo, mas sim porque aquela era a melhor sensação do mundo. Esperar e recebê-lo. Ele o fez, mas dessa vez diferente. Um grito involuntário saiu de minha garganta quando ele enfiou tudo de uma só vez. Eu gozei. Meu corpo tremeu sob o dele e Thomas sorriu. Minha respiração estava a mil e meu coração acelerado tentava acalmar-se.

-Eu ainda nem comecei com você, Samantha. Nem comecei. - Oh, Deus!

Agarrei seus quadris com minhas pernas depois que elas pararam de tremer e quando me acostumei com seu tamanho todo dentro de mim Thomas começou a mover-se. Seu corpo se afastava e voltava de encontro ao meu com força, duro. Daquele modo a sensação que ele proporcionava era ainda mais intensa. Conforme meus gemidos escapavam dos lábios, Thomas se movia mais rápido e com mais força. Eu estava outra vez prestes a gozar, ele conseguia fácil isso de mim. As palavras que ele dizia ao meu ouvido me enlouqueciam cada vez mais. Palavras sujas e quentes misturadas com veneração. Ele pediu que eu gozasse junto com ele e tudo o que fiz foi entregar-me. Thomas entrou fundo outra vez, a última e espasmos tomaram conta de todo meu corpo. A boca dele beijou a minha devagar e suave antes de tirar seu corpo do meu e puxar-me para os seus braços.

Deitei sobre seu peito e pude notar que seu coração estava tão descompassado quanto o meu. Ficamos abraçados sem dizer nada até nossas respirações voltarem ao ritmo normal.

Eu tinha o homem que eu amava debaixo de mim e não podia estar mais feliz. Uma maldita loucura, parecia ter sido ontem que cheguei aqui e agora estávamos dormindo juntos todos os dias.

Era insano, não aguentava a ideia de passar um dia se quer longe de Thomas. Não suportava também pensar que uma hora ele diria quem ela aquela garota e isso poderia me machucar.

-Eu trouxe um jantar para nós dois. Vou descer e você se veste, depois encontre-me lá embaixo.

Thomas me rolou para o lado ficando quase sobre mim. Beijou outra vez meus lábios e eu acariciei seu rosto com os dedos, tocando cada traço antes dele baixar outra vez sua boca tocando meu nariz.

Comida chinesa era gostosa tinha coisas cozidas. Graças a Deus.

Thomas tinha posto a mesa lindamente e dividimos uma garrafa de vinho. Nada de três ou quatro talheres diferentes, mas tudo estava muito elegante. Ele me perguntou se fui obrigada a frequentar alguma aula de etiqueta da mãe dele.

-Graças a Deus, não. Me desculpe, ela é sua mãe, mas eu não suportaria. Annie foi quem me deu aulas rápidas. Jantei algumas vezes com seus pais, Annabelle sempre me puxava para os jantares de negócio do Sr. Miller. Ela achava tudo muito chato e pensava que eu deveria ser castigada também. - Thomas riu enquanto retirava nossos pratos. - Deixe que eu lavo.

-Não. Amanhã terá alguém aqui para ajeitar a casa. Pode deixar os pratos. Vem.

Ele estava outra vez

-Por que essa cara? - Thomas me pegou fazendo careta.

-Hum... Nada.

-Certo Samantha, continue praticando. Ainda mentindo muito mal. - Ok, vamos lá.

-Me sinto estranha ganhado coisas de você e sendo bajulada assim.

Thomas parou em minha frente e colocou suas mãos em ambos os lados de meu rosto.

-O que eu dou a você é porque eu quero. Passei em frente a uma loja hoje cedo e vi essa peça, - ele estava falando sobre a camisola de seda que havia me presenteado - lembrei de você no mesmo instante porque tem a cor de seus olhos. Ficou linda em você apesar de eu a preferir usando absolutamente nada. Isso tudo que fiz hoje foi porque eu quis. E não vai existir recompensar melhor para mim do que o brilho nos seus olhos e sorriso em seus lábios. A louça Samantha, eu pago gente para isso e você não vai morrer se não lavar dois pratos. Agora, venha comigo. Como eu disse, tenho planos para você essa noite. - Não pude deixar de sorrir.

Segui Thomas até as portas de correr que davam na área da piscina. Fui surpreendida outra vez, as velas se repetiam por todo o ambiente. A enorme piscina estava rodeada e dentro continha também algumas flutuantes. Era absurdamente lindo.

-Isso está ficando cada vez melhor.

-Aqui. - Ele disse andando em direção a uma espreguiçadeira acolchoada e mais alta.

Caminhei até lá. Thomas segurou o tecido da camisola e foi a puxando do meu corpo devagar fazendo com que eu me arrepiasse com seu toque. A seda cara foi jogada no chão próximo a nós. Ele me deitou sobre a espreguiçadeira de costas, fechei meus olhos e esperei. Não o senti sobre mim, mas sim um líquido frio em minhas costas e depois suas mãos subiram do topo de minha bunda até meus ombros.

Oh meus Deus como isso era bom.

Recebi massagem nos pés, panturrilha, coxas, nádegas (e Thomas se demorou nessa parte), braços, mãos e pescoço. Depois ele pediu que eu virasse de frente, Thomas derramou óleo em meu corpo outra vez e voltou a me massagear. Nos meus seios seus dedos circularam e apertaram meus mamilos que ficaram rijos no mesmo momento. Ele lhes deu toda a atenção e eu estava me sentindo torturada da melhor forma. Minha barriga estava coberta de óleo também, seus dedos dançaram e fizeram cócegas por ela. Quando ele chegou ao meu ventre eu já estava me remexendo, inquieta. Ele afastou minhas pernas e derramou mais do líquido transparente. Para me provocar ainda mais, Thomas massageou minha coxa, dos joelhos até o alto de minhas pernas. Me contorci e ele sorria. Então ganhei o que eu tanto queria, seus dedos ágeis estavam sobre meu clitóris escorregadio. Eu arfei e gemi contra ele, murmurei coisas sem nexo algum. Dancei em suas mãos querendo cada vez mais seu toque. Fui penetrada por dois de seus dedos longos e naquele ritmo eu logo iria me desfazer em suas mãos.

-Mais... - Eu sussurrei - Mais Thomas, por favor mais!
Perdi-me naquele momento, fui levada a outra dimensão pelo cara que conhecia meu corpo mais do que eu mesma. Gozei forte, do mesmo jeito quando ele me penetrava. Meu corpo parecia gelatina quando Thomas juntou-me em seu peito e carregou-me para dentro.

Thomas

-Eu havia dito um mês a você! Um mês para colocar as coisas no lugar e seu prazo já expirou a alguns dias.

Odiava ter que falar com ele. Estava andando de um lado para o outro dentro do escritório e minha mão bagunçava meus cabelos fervorosamente.

-Quem é você para ameaçar a mim e a minha secretária, garoto? Já disse a você que não irei destruir anos de casamento por causa de uma filha que eu nunca quis.

A secretária de meu pai estava proibida de passar ligações minhas a ele, mas eu dei jeito com que ela fizesse.

-Essa filha vai lhe dar um neto. - Ouvi o couro de sua cadeira fazer barulho no outro lado da linha e o homem arrogante que eu já chamei de pai suspirar.

-Você acha que isso vai me amolecer? Com certeza ela está se aproveitando de alguém como a mãe dela fez.

Respirei fundo para engolir minha raiva. Ele não merecia nem isto de mim.

-Hoje quando você colocar os olhos em minha mãe, lembre-se dos votos que fez a ela, do motivo pelo qual você a escolheu para ser sua esposa e saiba que ela vai saber. Se você a ama, faça você mesmo pois se dentro de uma semana eu não receber notícias suas ela vai saber não só de Heather, mas do homem nojento que você é. E você vai perder tanto ela quanto minha irmã.

Encerrei a ligação antes dele dizer qualquer outra coisa. O prazo havia se estendido e agora eu estava dando a ele mais alguns dias. O desgraçado não tocou no assunto nem com mamãe, nem com minha irmã. Ele não tinha medo de acabar com seu casamento era apenas um covarde. O homem duro nos negócios que sabia lidar com qualquer tipo de problemas tinha um fraco por mulheres. O pouco tempo em que trabalhei para ele em minha adolescência, o via sair no meio da tarde e aparecer em casa muito tarde. Quando ele se enfiava no chuveiro minha mãe sempre vasculhava suas roupas e os vestígios de outras mulheres estavam lá. Foras poucas as vezes em que a vi derramar lágrimas e isso me destruiu. Não pude conviver com aquilo, depois da faculdade decidi não voltar e nunca deixar que alguém criasse sentimentos por mim. Até Samantha.

Soltei o telefone com raiva e frustrado. Nick estava sentado à minha frente e me olhava intrigado. Depois de dobrar o jornal de volta e largá-lo sobra a mesa ele fez uma careta.

-Que merda, cara. Por que diabos você acha que ele vai mudar de ideia? Até hoje ele nunca se interessou pela garota, Tommy. Sua família sempre teve a imagem de bom homem que ele carrega. Você sabe que todas as mulheres da sua vida merecem a verdade, cara.

-Estou trabalhando nisso, Nick.

-É, eu sei. Mas se prepare para dizer a elas você mesmo porque o velho vai continuar com a merda da boca fechada.

No fundo eu sabia que sim, mas precisava acreditar que meu pai ainda mudaria.

-Vou esperar mais uma semana, se nada mudar vou deixar passagens reservadas a Redding.

-Certo. Vou estar aqui se precisar, mas agora temos cinco caras esperando naquela porra de sala de reuniões.

-Eu sei disso, vamos acabar com essa merda.

-Ah e mamma está de volta, domingo na casa dela Tommy.

-Caralho, isso ainda?

-Pois é.

-Eu devo agradecer você por isso.

-De nada Tommy, agora vamos.

Dei um tapa na cabeça dele quando nos dirigíamos para a reunião. Ele era meu amigo e sempre um idiota.

*****

Não consegui concentrar minha cabeça nos negócios. Era chamado o tempo todo dentro da sala porque minha mente divagava a todo momento. Fiquei agradecido quando terminou.

-Desculpa, Nick. Estou com coisas demais na cabeça.

-Tudo bem. Acho que podemos tratar melhor do projeto sobre o novo local quando você estiver com isso resolvido. Você devia ir para casa ou se distrair, vai enlouquecer até a próxima semana chegar.

Acenei para Nick e saí. Tomei meu carro e andei pela cidade. Estava tão sem rumo que parei em Malibu. Estacionei na praia e sentei na areia.

Nunca devia ter deixado as coisas chegarem até onde estão.

Heather tinha se tornado uma garota amarga por causa de meu pai e tinha atingido Samantha. Eu não ia perdoá-la tão cedo por isso, estava ignorando-a, mas não era o momento para lhe virar as costas

"-Vamos querido, nós iremos fazer uma surpresa para o papai. - Caminhei rapidamente ao lado de minha mãe pelo estacionamento do escritório. A moça da recepção se levantou correndo quando viu minha mãe e eu. Mamãe apenas lhe deu Oi e continuou em direção a grande porta da sala do papai.

-Sra. Miller tenho que anunciá-la, por favor espere. - A moça nervosa dizia.

-Oh querida, não quero que faça isso. Vou fazer uma surpresa ao meu marido.

Mamãe virou para a porta e virou a maçaneta, mas a porta estava trancada. A moça estava ao nosso lado e parecia sem ar.

-Onde está a secretária dele? - Mamãe perguntou forçando a maçaneta.

-Ela... Ela... - A moça de cabelo amarelo tentava falar.

-Gary! -Minha mãe bateu na porta, uma vez e outra chamando papai.

Depois de um tempo a porta foi aberta por papai e mamãe entrou lá rápido. A mulher que eu sempre via na mesa ao lado da sala saiu depressa para fora.

-Não é nada disso que você está pensando querida. - Ele disse.

Eu não entendia nada, papai estava meio bagunçado e mamãe parecia que ia chorar.

Eu queria ir para casa."

Essa cena se repetiu não só em minha cabeça, mas por muitos dias depois daquele e com outras.

Fui levado para casa por eles que passaram o resto daquele dia trancados no quarto. No outro dia minha mãe contou que eu ganharia uma irmã, ela estava à espera de Annabelle. A secretária foi demitida e logo descobriu que estava grávida de Heather.

Meu estômago estava revirando com a lembrança. Eu devia ter tomado uma atitude quando descobri sobre tudo, mas a mãe de Heather me pediu que mantivesse tudo por baixo dos panos pois não queria que minha mãe sofresse. Com o pensamento de que isso era o melhor para todos eu fiquei quieto quanto esse assunto. Hoje eu sei que não fiz o certo. Mamãe precisava saber com quem vivia, Annie precisava saber sobre a irmã e Heather merecia ter uma família.

Olhei o sol se pôr no horizonte e lembrei de Samantha. Ela não me perdoaria se soubesse que eu escondia uma verdade dessa das pessoas que amo. Como ela confiaria em mim se eu não fosse honesto?

As coisas precisavam se ajeitar para que pudéssemos viver juntos e em paz.

H\7

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