Maldita Heather

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Larguei minha bolsa sobre minha mesa, meu primeiro cliente devia chegar logo. Minha agenda estava meia vaga hoje e isso me ajudava, aproveitaria esse tempo para adiantar meus trabalhos extras ou relembrar o final de semana.

Tinha sido maravilhoso conhecer parte de minha família e ter Thomas ao lado foi importante.

Depois de dois clientes fiquei apenas finalizando o que eles me pediram até o almoço. Nas primeiras horas da tarde não tinha o que fazer então aproveitei e terminei meus trabalhos extras. Depois eu deixei que a imaginação criasse asas, um papel em branco estava em minha frente e um lápis em meus dedos. Eu não tinha uma ideia específica na minha cabeça, mas comecei a traçar as linhas. Rabiscos e mais rabiscos depois eu tinha uma gueixa perfeita no papel. De feições tristes e fria, totalmente detalhada. Juntei meus lápis coloridos e comecei a pintar. O vermelho predominou na roupa, nas flores ao seu redor, no laço delicado sobre seu cabelo, nos lábios finos e no leve sombreado dos olhos. Seu cabelo cheio perfeitamente preso no penteado típico tinha uma única presilha. Ela carregava em seu rosto a mesma expressão triste da que Thomas tinha em suas costas, a diferença era que a minha parecia não ter mais esperança. Foi realmente estranho criar aquilo, mas tinha algo apertando meu peito.

Juntei minhas coisas e fui para casa quando deu meu horário. Passei rapidamente pela sala de Kevin e ele ainda tinha alguns minutos para terminar seu último cliente. Disse a ele que estava indo e que nos falávamos amanhã.

No caminho para casa conversei com mamãe. Ela me e meu pai tinham ficado por mais um tempo em Nova York e estavam aproveitando a cidade. Despedi-me dela após lembrá-la que eu a amava.

Estiquei-me no sofá depois de lavar meus cabelos e comer, com um dos livros de Thomas na mão. Ultimamente eu estava preguiçosa com relação a leitura, estava muito distraída com Thomas os meus pensamentos sobre ele. Era hora de deixar as coisas rolarem e ver o que iria acontecer, estava querendo muitas coisas em tão pouco tempo. Comecei a folhear as primeiras páginas e adorava essa sensação. O cheiro e a textura do papel sob os dedos, coisas que apenas os viciados em ler sabem o que significa.

Não sabia quanto tempo havia se passado, já havia folheado inúmeras páginas quando fui trazida à realidade novamente pelo telefone da casa ecoando por todos os cômodos. Eu morava aqui a mais de um mês, mas nunca havia atendido o telefone. Ele tocava e tocava enquanto pensava se atendia ou não. Dianna e tia Rosa já haviam ido embora então era somente eu. Bom, que mal havia em atender? Era apenas um telefone, podia atender e anotar o recado de quem quer que fosse. Tomei o aparelho sem fio em mão e atendi

-Alô?

-Por que os serviçais demoram tanto para atender um simples telefone nessa casa? - A voz de uma mulher esbravejou do outro lado.

-Eu... - Comecei a dizer e fui interrompida.

-Não quero saber! Chame Thomas, quero falar com ele!

-Bom....

-Quem diabos é você? Está entendendo o que eu digo? - Ela agora estava praticamente berrando. Respirei fundo.

-Moça, meu nome é Samantha! Não trabalho aqui e Thomas não está em casa. Se você quiser posso anotar seu recado, ou então seu nome e número para que ele possa ligar de volta. - VADIA! Eu quis gritar, mas preferi me controlar.

-Oh ok. Samantha. - A voz dela agora parecia divertida, sarcástica talvez. - Entendi agora. Você é uma das distrações de Thomas não é. Mais uma.

Quem era essa cadela?

-Me desculpe, mas quem é você?

-Heather. E então você deve saber quem sou. Thomas provavelmente deve ter falado para você de mim – Não, ele não falou. - Oh não, pelo seu silêncio ele não o fez. Bom, então você realmente não deve ser tão importante para ele. Uma possível namorada saberia quem eu sou apenas ouvindo meu nome. Eu estava certa afinal, apenas uma distração.

Só Poderia Ser VocêWhere stories live. Discover now