Prólogo

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Oi lindezas, aqui está como prometido. Vou postar o livro novamente agora com as alterações que efetuei, exatamente como ele está à venda. Espero que amem novamente.

13 anos atrás...

Thomas

A buzina soou outra vez em frente à minha casa e minha mãe não parava de ajeitar minha gravata. Era noite do baile de formatura e meus amigos estavam impacientes lá fora. Já havia dito para ela que estava ótimo pois esta já era a quinta vez que minha mãe fazia isso.

Ela passou os dedos em meu colarinho e beijou meu rosto. Vi lágrimas em seus olhos e imaginei se eu havia dito que era um baile ou eu estava indo para a forca.

-Mãe eu estarei aqui novamente em algumas horas. Você tem que me deixar ir ou eles não vão parar.

-Eu sei, eu sei. Mas é que você cresceu tanto e agora já é um homem, em breve vai para a faculdade e nos veremos apenas nos feriados. Eu estou nervosa quanto a isso.

Eu sorri com seu momento dramático. Me sentia da mesma forma, deixar mamãe e Annabelle aqui seria duro, mas a verdade era que eu não suportava mais viver sob esse teto. Estava de mudança para Los Angeles para cursar faculdade e se tudo desse certo eu não pretendia mais voltar.

-Nós teremos dois meses até as aulas da faculdade começarem. A senhora poderá ajeitar minha gravata por todos esses dias se quiser, mas hoje eu preciso realmente ir, mãe.

Ela sorriu e me soltou. Beijei seu rosto e abri a porta. Antes de sair a olhei e agora Annie estava ao seu redor.

-Eu amo vocês.

-Nós o amamos também querido.

Tudo o que eu queria era vê-la sorrindo, eu não pedia nada a mais quando acordava de manhã. Era isso e mais uma coisa. Minha mãe e irmã eram tudo o que me importavam, mas Redding não era meu lugar.

-Graças a Deus! - Andy disse do teto solar da limusine - Esqueceu de que as garotas estão nos esperando? Anda cara.

Ele chamou outra vez me olhando parado na varanda.

A preocupação com minha mãe tinha sumido por alguns minutos. Eu estava preso a varanda por uma simples coisa, um urso de pelúcia. Peguei o brinquedo escondido atrás de um vaso e fiquei olhando.

Eu já tinha o visto antes. Ele pertencia a menina de grandes olhos azuis. A mesma menina que me deixava curioso. Alguma coisa nela prendia minha atenção e eu nem entendia porquê. Era talvez porque ela era muito bonita, mas eu não devia ter olhos assim para com uma menina. Ela tinha a idade de Annie. Só que quando ela estava por aqui não conseguia me concentrar em qualquer coisa.

Quando eu me pegava pensando sobre ela me sentia um babaca e jurava que ia parar, mas então ela continuava surgindo todos os dias.

Analisei o bicho de brinquedo preso entre meus dedos. Ele era tão inocente quanto ela. Pensei em guardá-lo e entregar a ela amanhã, mas apenas o deixei em uma das cadeiras. Um urso de pelúcia já não era algo para a sua idade só que ela sempre o mantinha por perto.

-Droga Thomas, vamos! - Andy reclamou mais uma vez.

-Certo bebê chorão, vamos.

Andei até a limusine com um incomodo no peito. Antes de eu entrar meus olhos voaram até a casa da frente, algo me atraiu naquela direção e então eu vi alguém desaparecer no meio das cortinas.

Era ela. Essa sensação em meu peito pertencia a ela.

Meus dias em Redding estavam contados, mas eu duvidava que a lembrança dela ficaria para trás.

4 anos depois...

Samantha

""Até amanhã Tommy "

Os meninos do time de basquete disseram quando passaram em frente à casa dos Miller. Annabelle e eu estávamos como de costume na ampla varanda de sua casa. Todos os dias, depois do almoço e de ambas deixarem todos os deveres feitos, a varanda da mansão era o lugar onde sempre podiam nos encontrar. Àquela hora da tarde, a van que buscava e trazia todos os garotos que participavam do time de basquete da escola parava em frente à casa. Era o momento em que meu coração bombeava mais forte o sangue em minhas veias. Por entre as cercas de madeira pintada de branco que rodeavam a varanda era possível vê-lo. Thomas. Ele vinha caminhando pela calçada de concreto até as escadas vestindo chinelos, uma bermuda azul marinho e camisa branca de gola polo. Ele devia tomar banho após o treino pois seus cabelos caídos sobre a testa estavam molhados e bagunçados, e o perfume de muito bom gosto podia ser sentir daqui. Eu não tinha idade para prestar atenção em garotos, mas Thomas a tinha sempre que aparecia.

Uma bolsa grande estava suspensa em seu ombro, a cena parecia se repetir diariamente. Subir os degraus, largar a bolsa no topo da escada e Annie correr até ele. Gostava da relação dos dois, eu era filha única e o resto de minha família era distante. Annie era a irmã de coração que eu possuía.

"Ei Annie, quem é sua amiga?" Eu congelei.

Não tive coragem de olhá-lo, eu sabia que ele estava sentado sobre a cerca, mas não olhei em seus olhos. "É a Sam, ela mora ali." Annabelle deve ter apontado para minha casa, continuei rabiscando o caderno em minhas mãos, ignorando-os. "Ok, vou entrar." ele disse. Ouvi seus passos e a porta se abrir. Levantei meu olhar, ele estava parado me encarando. Um leve sorriso surgiu em seu rosto e aquele mar azul em seus olhos também me sorriram. Estremeci e minha face incendiou, então meus olhos estavam em minhas mãos. Foram dois segundos, inesquecíveis..."

Eu já tinha dezessete anos agora, mas esse dia passava de novo e de novo em minha cabeça quando eu me sentava sobre o cercado da varanda de Annie. Eu repassava a cena e sonhava com o dia em que ele surgiria na calçada como aquele dia. E então as horas passavam e tudo o que eu tinha era a lembrança.

-Nós vamos ser felizes, Sam? -Annabelle me despertou.

-Por que essa pergunta, Annie? Você acha que merece algo a menos que a felicidade?

-Eu não sei. Era muito mais fácil quando nós tínhamos que nos preocupar com que brincadeira viria a seguir.

-Você está certa. Mas a resposta para a sua pergunta é um tanto quanto óbvia.

-É mesmo? - Eu tinha toda sua atenção agora.

-Nós só merecemos ser felizes, Annabelle.

Olhei a garota de longos cabelos loiros naturais. Annabelle me fazia lembrar Thomas, semelhança entre ela e seu irmão mais velho era notável. A única diferença entre eles eram os olhos.

Os olhos verdes de minha melhor amiga mostravam medo agora e isso me deixava totalmente assustada, era ela quem nunca tinha medo.

No segundo seguinte aquele sentimento sumiu de seu rosto. Ela sorriu como se nada tivesse acontecido.

-Você está certa, Sam. Faculdade... Aí vamos nós!

Nós estávamos prestes a começar mais uma etapa de nossas vidas. Faculdade era o sonho de consumo de muitas das garotas que conhecíamos, não pela oportunidade de futuro, mas sim pelas festas e outras loucuras.

Ao contrário destas garotas eu sonhava apenas com o garoto da casa da frente. Sonhava em vê-lo novamente e que ele se lembrasse de mim porque eu nunca o esqueci.

Só Poderia Ser VocêWhere stories live. Discover now