Doce Vingança, livro 01

By PriscilaMariaLima

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*OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL, OBRA REGISTRADA EM CARTÓRIO* Gustavo é acostumado a ter as coisas do... More

Apresentação e esclarecimentos
Capítulo 1 - parte 1
Capítulo 1- parte 2
Capítulo 2 - Inesperado
Capítulo 3 - Dois pra lá dois pra cá.
Capítulo 04 - (não) me toque!
Capítulo 05 (parte 01)
Capítulo 05 (parte02)
Capítulo 07 - Doce Despedida
Capítulo 08
Capítulo 08 (parte 02)
Capítulo 08 (parte 03)
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15 (parte 01)
Capítulo 15 (parte 02)
Capítulo 15 (parte 03)
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19 (parte 01)
Capítulo 19 (parte 02)
Capítulo 19 (parte 03)
Capítulo 19 (parte 04)
Página!
Capa
Aviso sobre a publicação
Capítulo 38 - Final
Doce Surpresa saiu do forno!
Doces contos pra esquentar!
Livro 02!

Capítulo 06 - Labirinto

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By PriscilaMariaLima



Coloquei o despertador na primeira hora da manhã e fui buscar meu carro. Não entendo o porquê de tanta burocracia, viu? Só agravou meu humor o restante do dia e fui uma bela megera exigente em todas as minhas aulas. Só faltava eu pegar o bastão na aula de baby classes para dar nas pernas das aluninhas que saiam do engatinhar e aprendiam a andar. Marianinha percebendo meu estado de espírito, preferiu não interagir muito e enfiou a cara nos livros, falando comigo só quando cheguei e quando fui embora.

Cheguei em casa e encontrei tudo de pernas pro ar! Uma equipe de cabelo, maquiagem e manicure/pedicure, andavam de um lado a outro, várias araras de roupas espalhadas pela sala... Ai, a festa de hoje! Estava com paciência zero para me arrumar e participar desse circo. Vi minha mãe descendo as escadas com bobs nos cabelos, vestindo um roupão branco e segurando uma taça de champagne. Algumas pessoas a seguiam segurando secador, escova e pincéis de maquiagem. Contrastava comigo que estava suada, vestindo um macacão justo de lycra preta e com os cachos soltos e desgrenhados, ao redor da cara.

_ Até que enfim você chegou! _ ela estalou um beijo na minha bochecha e me ofereceu a sua taça que virei num gole só.

_ E aí, minha diva? Muito trabalho pra ficar bonita? _brinquei

_ Não, só alguns retoques no que a natureza já fez com perfeição! _ mamãe era tão convencida quanto linda. E eu não podia discordar, aquela pele lisa cor de mel que eu tinha herdado era firme e invejada por tanta gente. Minha mãe não escondia a idade de ninguém e sabia envelhecer com sabedoria. Seus cabelos, que no início da carreira balançavam até o quadril, agora emolduravam seu rosto num corte moderno e ondulado, na altura dos ombros. Aqueles olhos de um extremo esverdeado encantavam qualquer um... tanto que meu pai não resistiu. Ai, meu querido pai, tão paciente, descia atrás da minha mãe, só de bermuda e camisa, mexendo no tablet. Esse sim era que nem vinho: mais velho e melhor! Papai era branco e seus cabelos castanhos escuros, agora, estavam levemente cobertos por fios grisalhos. Era muito alto e de porte largo, corria todos os dias na praia e aquele sorriso... aquele sorriso lhe rendeu quatro prêmios consecutivos de melhor ator. Embora eu ache que a categoria deveria ser nomeada "melhor galã". Mas papai sempre dizia: "A beleza pode fazer atenderem a porta mas só algo mais interessante que isso, pode mantê-la aberta". _ Tem uns vestidos pra você, aqui, nessa arara.

_ Mãe...

_ Você vai. _ ela nem me deixou começar a reclamar. Simplesmente pegou uma garrafa de champagne de dentro de uma balde com gelo e voltou para seu quarto, seguida da equipe de beleza. Meu pai suspirou e foi para a varanda porque para ele era muito mais fácil: se enfiaria num terno meia hora antes de sairmos e colocaria um pouco de perfume.

Dei uma olhada na arara de roupas e não achei nada de interessante. Subi e fui direito para o chuveiro. Lavei e sequei os cabelos, fiz uma maquiagem leve nos olhos, esfumaçando levemente e um batom bordô na boca. Como não havia escolhido nada da arara do estilista da mamãe porque eu tinha mais roupas de festas do que o necessário, busquei um vestido que adorava e ainda não tinha tido oportunidade de usar: era de uma seda macia e vermelha, frente única de gola alta, deixava as costas nuas e uma fenda se abria até a coxa esquerda. Puxei os cabelos num rabo de cavalo alto e trancei meus cachos. Um bracelete de ouro fazendo conjunto com brincos discretos e sandálias da mesma cor. Estou pronta!

Quando descemos, Robson já nos esperava ao lado do carro para nos levar até a festa. Olhar para ele, agora, era tão constrangedor. Já vi as partes íntimas do cara, pô! Fiquei lhe encarando tanto tempo dos pés a cabeça quando ele abriu a porta do carro para que eu entrasse, que ele mesmo acabou se olhando para ver se havia algo de errado. Num estalo, acordei, agradeci e entrei.

Quando chegamos na festa de lançamento do hotel (no próprio hotel), parecia dia de estreia no tapete vermelho. Muitos fotógrafos e repórteres, além de curiosos, do outro lado do cordão de isolamento, que era reforçado por seguranças. Quando saí do carro dei uma olhada no novo investimento da família de Thomaz. O prédio era todo de vidro e numa forma de um cristal gigante, tinha vinte e cinco andares e os elevadores eram de vidros transparentes. Dava para ver quem subia e quem descia Que lugar lindo! O arquiteto responsável pelo design estava de parabéns. Tive que parar com meus pais para posar para algumas fotos. Pelo menos eles evitaram os repórteres. Minha mãe parando rapidamente, somente para responder qual estilista estava vestindo. Todo mundo queria saber sobre o vestido creme de mangas japonesas e corte sereia que ela usava. Já meu pai, como a maioria dos homens, vestia um smoking que ele levou dez minutos para colocar.

Depois de uma sessão de fotos, entramos e a recepção estava acontecendo no salão do hotel que era espetacular! Atravessamos o hall que era todo em mármore e com poltronas vermelhas de veludo, o balcão de informações era de mogno, com o acabamento dourado. De frente para nós, duas escadas que se encontravam num corredor comum. O espaço da festa era enorme com lustres de cristais daqueles que só vemos em filmes dos anos 20. Portas venezianas estavam abertas dando acesso ao jardim que tinha uma rampa de grama, levando até uma cascata que desaguava numa piscina. Os garçons circulavam em uniformes brancos e eu me hospedaria aqui por alguns meses, fácil!

Em cada mesa havia um balde de champagne, a luz alternava de cor dando uma atmosfera diferente a cada segundo. De frente para as mesas, um palco onde víamos no fundo um telão que passava fotos do hotel: as suítes, área de lazer, SPA. Era lindo!

_ Regina! _ meus pais abraçavam a mãe de Thomaz. Nossos pais eram grandes amigos. Os pais de Thomaz era divorciados mas eram sócios. Regina estava linda num vestido elegante de um ombro só, cinza que combinava perfeitamente com seus brincos de diamantes _ Cadê Otávio?

_ Deve estar desfilando com a nova franguinha dele, pelo salão. _ Regina respondia meu pai, revirando os olhos.

_ Senti uma pontinha de ciúmes? _ provoquei quando ela veio me abraçar.

_ Pelo amor de Deus! Dessa água não beberei mais! _ ríamos porque apesar de separados, ambos tinham respeito e carinho um pelo outro. Otávio sempre foi instável e não entendia muito bem acerca de fidelidade, até que Regina deu um basta e ele afundou na crise de meia idade. Desde a separação ele ainda está por lá mas não esconde de ninguém que é louco pela ex mulher. _ Falando no diabo...

_ Regina, meu doce. _ Otávio, que chegava com uma mulher loira que usava um vestido tomara que caia rosa claro, com os peitos quase saltando para fora do decote e aparentava ser até mais nova que eu, dava um beijo no rosto de Regina e cumprimentava meus pais seguindo para mim. _ Você é a filha perfeita que sempre quis ter, Valentina.

_ Hum-hum! _ a acompanhante de Otávio chamou a atenção e ele se voltou para ela que lhe sorria. _ São seus amigos, amorzinho?

_ São sim. Angela e Celso, que você já deve conhecer da televisão e Valentina, a filha deles.

_ Muito prazer. Você é mais bonito pessoalmente. _ ela dava dois beijinhos no meu pai.

_ E mais casado, também. _ minha mãe entrava no meio deles e apertava a mão da mocinha.

_ Cadê o Thomaz? _ perguntei e me apontaram na direção do bar. Ele estava lindo de smoking sentado num banco alto e bebericando um copo de whisky enquanto conversava com mais quatro homens de meia idade. Quando ele me viu aproximando, se levantou e pediu licença indo na minha direção. _ Oi...

_ Oi. _ ele estava sério. E pelo jeito, muito puto. Ele não ia facilitar nada. _ Você ta lindo. _ ele continuava calado. Deu um gole na bebida e desviou o olhar. Não aguentava aquele clima e segurei seu braço. _ Eu gosto tanto de você...

_ Mesmo? _ agora ele me olhava de um jeito esperançoso e mais amolecido.

_ Mas não do jeito que você quer. _ respirei fundo e coloquei minhas mãos na sua lapela. _ Você sabe que a gente já tentou e não deu certo. A gente não pode só se resumir a sexo.

_ Pra mim esse acordo tá ótimo! _ ele ria e eu lhe dava um tapa no braço enquanto nos puxávamos num abraço. Ele cheirou meu pescoço e colou a boca no meu ouvido _ Você sabe que me tem quando quiser, né? _ deu um beijo no meu rosto e se afastou ficando de frente para mim, ainda me enlaçando pela cintura.

_ Quem diria que seu evento era a minha festa! _ Thomaz e eu olhamos ao mesmo tempo para a frente e lá estava ele todo prepotente e lindo, me encarando.

Se a primeira vez que eu o vi, molhei minha calcinha, agora definitivamente eu tinha gozado. Gustavo estava lindo de smoking, cabelo molhado todo penteado para trás e aqueles olhos que me penetravam de um jeito que me fazia sentir nua. Ele era um pouco mais alto que Thomaz e mais largo, a calça moldava perfeitamente seu quadril estreito. Ele nos olhava sério com uma sobrancelha levantada. Como eu detestava esse cara!

_ Posso te ajudar em alguma coisa? _ Thomaz me puxava se colocando atrás de mim e os olhos de Gustavo seguiram sua mão que enlaçavam minha cintura.

_ Acho que VOCÊ não pode. _ eles trocavam olhares hostis e eu percebi que estava perdendo alguma coisa. _Tudo bem, Valentina?

_ Já se conhecem? _ parecia que eu não estava participando daquela conversa porque nenhum dos dois olhava para mim. Nem quando se dirigiam a mim.

_ Não tão bem quanto...

_ Temos amigos em comum. _ interrompi antes que Gustavo viesse com alguma abobrinha. Ele me causa sensações desconfortáveis e eu queria me afastar daquela conversa o quanto antes, mas eu precisava entender alguma coisa. _ O que você tá fazendo aqui?

_ Essa festa é da nossa empresa. _ ele apontou para Thomaz.

_ Nossa empresa? _ choquei! Não sabia que eles eram tão próximos assim. Então eles eram...

_ Somos sócios. Nossas famílias são uma sociedade. Brandollini e Alencar. _ Thomaz me explicava sem desviar os olhos de Gustavo. _ Nem tudo é perfeito.

_ Eu que o diga. _ Gustavo refutava enquanto eu estava no meio, olhando de um para o outro. _ Perfeito seria uma equipe completamente talentosa.

Thomaz me puxou pelo pulso com as narinas infladas para fora do salão. Quando chegamos ao jardim ele estava vermelho de raiva. Virou seu copo de whisky numa só golada, depois pegou uma taça de champagne de uma bandeja que passava e também virou.

_ Esse cara... _ ele limpava a boca com a manga da roupa e apontava para dentro do salão. _ Ele é um babaca! Se acha muita coisa porque brinca de desenhar... Merda! _ depois me jogou um olhar acusatório. _ De onde você conhece ele?

_ Eu não "conheço" ele. Temos amigos em comum, só isso. _ antes que ele pudesse continuar as perguntas, um grupo de cinco investidores chineses estavam chegando e ele precisava recebê-los, pediu para eu acompanhá-lo mas eu precisava ir ao banheiro e dispensei.

Enquanto retocava a maquiagem, vi pelo espelho de estilo rococó uma das criaturas mais detestáveis entrando e me encarando, com aquele sorrisinho sórdido.

_ Oi, Valentina. _ continuei séria, sem responder, enquanto guardava meu batom na bolsa. _ O gato comeu sua língua?

_ Não. Mas cuidado pra você não morder a sua e morrer com o veneno. Limpa aqui no cantinho que tá escorrendo, Lorena. _ como eu detestava a Lorena. Nós não nos suportávamos desde a escola: ela e aquela turminha dela que adorava humilhar os outros. Aquele tipinho de gente que precisa fazer outra pessoa se sentir mal para poder se sentir bem e que acha que, porque tem dinheiro, vai se livrar de qualquer coisa. Defendi, muito, a Rebeca dessa garota. Ela alisava seu vestido tomara que caia de corte sereia, verde esmeralda, se fazendo de ofendida com o meu ataque. Seus cabelos loiros estavam soltos e caíam lisos pelos ombros. A maldita seria linda se toda essa beleza não fosse ofuscada pelo caráter ordinário.

_ Sabia que eu tenho conversado bastante com o Thomaz? Relembrando os velhos tempos...

_ Não me interesso muito pelos assuntos que você pode ter com o Thomaz. _virei ficando de frente para ela.

_ Nem quando você fez parte da nossa história? _ pisquei sem entender. _ Vocês são amigos agora e não tem mais problema, né?

_ Eu realmente não tô interessada. _ mentira! Estava me corroendo por dentro para saber do que ela estava falando. Mas receosa demais porque sabia que Lorena aproveitava qualquer oportunidade para plantar uma sementinha de discórdia.

_ É, nem na época você era, né? _ ela passou por mim me empurrando com o ombro e começou a fingir ajeitar o cabelo na frente do espelho, me fazendo virar e encarar seu reflexo. _ Mas a gente não culpa o Thomaz, né? Homem é assim mesmo e nunca troca o certo pelo duvidoso. Precisa de uns bons motivos dentro de uma calcinha pra poder largar um relacionamento que não vale à pena. Que nem foi o de vocês. _ o que aquela vaca estava dizendo? O Thomaz... o Thomaz me chifrou com ela? Ela assistia a minha ficha cair com um olhar divertido. _ Você não sabia que era chifruda? Ah, Valentina! Toda mulher já foi ou um dia vai ser, né? _ fiquei paralisada enquanto ela passava por mim e parou na porta do banheiro. _ Antes que eu esqueça: adorei seu vestido! _ e saiu me deixando bufando de raiva, suando de ira!

Saí do banheiro pronta para arrancar os cabelo da Lorena ou as bolas de Thomaz, quando colidi com um muro de músculos. Gustavo segurava meus braços e me encarava preocupado. Tentei me soltar mas ele não se mexia.

_ Me solta! _ ele me soltou mas não saiu da minha frente. _ Sai! Eu quero passar!

_ Não sem saber, antes, o que aconteceu.

_ Nada que te interessa!

_ Então, não vou deixar você passar. Você tá tremendo e pelo jeito vai cometer homicídio quando encontrar quem te deixou assim. Não quero escândalo na minha festa.

_ Foda-se a sua festa! _ gritei na cara dele.

_ Exatamente. Vem cá. _ ele me puxou pelo braço e me levou até a área externa, pegou uma taça quando passamos por um garçom. Enquanto andávamos ele cumprimentava algumas pessoas mas não parou e nem deixou que eu interagisse com os outros. Continuou andando e entremos por vários muros de grama, era tipo um pequeno labirinto. _ Sem escândalo, por favor. _ ele pediu, calmo quando soltou meu braço. Assenti, respirando fundo e sentindo um frio repentino no lugar que ele me tocava há poucos segundos_ Quer me contar o que aconteceu? _ balancei a cabeça que não. Só conseguia encarar meus pés e senti meus olhos cheios d'água. Mas não ia chorar. A iluminação ali era pouca e levantei um pouco a cabeça para olhar em volta. Conseguia ver um escape de luz por onde tínhamos entrado_ Bebe um pouco. _ Virei num gole só e lhe devolvi a taça. _ Melhor? _ balancei de novo a cabeça que não.

_ Que lugar é esse? _ perguntei sem, ainda, encará-lo.

_ É um pequeno labirinto. Ainda não tá ativado porque não terminaram de instalar a parte elétrica. _ respirei fundo e olhei para ele. Apenas a luz da noite possibilitava d'eu enxergar o olhar preocupado de Gustavo. Ele estava apreensivo esperando que... o quê? Eu conversasse com ele? Vi sua expressão ir de curiosidade para desejosa quando o olhar caiu para os meus lábios e foi passeando pelo meu corpo, parando nos meus seios que agora me traiam com os bicos arrepiados e quase furando o vestido. Instintivamente, cruzei os braços e ele riu da minha reação.

_ Preciso voltar...

_ Mas você já tá mais calma? _ ele levantava a mão para passar no meu rosto e eu tive o reflexo de me afastar. Não queria que ele me tocasse. Eu não gostava dele! Eu repetia isso mentalmente como um mantra. _ Valentina... _ ele se aproximou e eu dei dois passos para trás colidindo com o muro. Estávamos muito perto, minhas mãos desceram na altura do quadril e espalmaram a grama atrás de mim. Ele me olhou nos olhos, abaixando o rosto e colocando uma mão na minha costela. Seu tórax roçava os meus mamilos e soltamos uma respiração curta, nossas bocas muito próximas quando escutamos um barulho.

_ O que foi isso? _ virei meu rosto.

_ Não sei, não deve ser nada. Essa área não tá ativada, só tem a gente aqui. _saí de perto dele e segui o som. Fui andando devagar e escutava um farfalhar de folhas. Virei mais um corredor e parei boquiaberta. Gustavo que me seguia colidiu no meu ombro.

No final do corredor, um homem de smoking estava agachado de frente para uma mulher. Ela estava encostada no muro com o vestido de festa levantado, aberta com uma das pernas no ombro do homem enquanto ele lhe chupava com muita vontade, segurando suas coxas. Ela estava com as mãos enterradas no cabelo dele. Ambos gemiam. Ele enterrado em sua boceta como se fosse sua primeira refeição do dia, ela de boca aberta e, agora, apertando os mamilos por cima da roupa. Engoli em seco, principalmente quando senti o pau de Gustavo muito duro, encostando-se à minha bunda, sua respiração na minha nuca. Ele não colocou as mãos em cima de mim, apenas ficamos parados olhando para o casal.

Eu não me sentia uma intrusa, por incrível que pareça me considerava cúmplice e automaticamente parte daquilo. Deveria estar envergonhada porque sentia Gustavo atrás de mim mas parecia que tudo fazia sentido.

_ Isso te excita? _ Gustavo sussurrava no meu ouvido e eu não conseguia responder. A parte interna das minhas coxas já devia está molhadíssima com a minha excitação, eu podia sentir escorrendo perna abaixo. E parecia castigo! Quando mais eu fugia, mais sexo eu encontrava... mas nos outros!

Gustavo passou o indicador pelos meus lábios entreabertos e enfiou na minha boca. Sem pensar comecei a chupar seu dedo enquanto assistíamos aquela mulher gemer cada vez mais alto. Através das roupas, senti o pau de Gustavo encaixado na minha bunda. Ele ainda só tinha aquela parte do corpo encostada em mim. Não me segurou e não me apalpou. Somente o seu pau dentro da calça me pressionando e seu dedo dentro da minha boca. E eu chupava cada vez mais forte. Fechei os olhos sentindo o comprimento reto e duro se esfregando na minha língua. Aquilo era tão erótico, tão sugestivo. Eu me sentia amolecida e ao mesmo tempo em alerta. Sentia que se caísse seria erguida facilmente pelo membro duro, inclinado atrás de mim.

O homem começou a enfiar dois dedos na mulher enquanto desenhava, com a língua, círculos em seu clitóris. A respiração de Gustavo era irregular e ele brincava fazendo círculos com o dedo dentro da minha boca, puxava e eu sugava de volta. Era como se eu pudesse sentir a mesma eletricidade e prazer que aquela mulher. Eu estava ficando tonta e lânguida. O perfume de Gustavo anestesiando meus sentidos, a falta do seu toque como uma provocação.

O homem enfiava e chupava a mulher cada vez mais rápido e ela gritava e tremia segurando em seus ombros, até que abriu a boca num rasgar silencioso e amoleceu. Ele se levantou, segurando- a em seus braços e beijou com uma fome e voracidade que pareciam estar gozando outra vez. O homem agora arriava suas calças até o quadril e exibia sua ereção, pegava a calcinha da mulher e num forte puxão, escutamos o eco do tecido se rasgando. Agora eles trocavam de lugar: ele encostado no muro e ela de costas para ele levemente inclinada. Ele segurou o quadril da mulher e lhe tomou por trás com tanta força e brutalidade que ela engasgou e espremeu os olhos. Dei um último suspiro junto com eles e Gustavo deslizou seu dedo molhado para fora da minha boca, enfiando a mão pela lateral do meu vestido. Levei um susto mas não consegui pará-lo e negar aquele toque a mim mesma. Seu indicador escorregadio encontrou meu mamilo direito duro feito uma pedrinha e ele começou a fazer pequenos círculos. Eu sabia que não podia fazer barulho e mordi meu lábio inferior com força.

Uma estocada forte do homem na mulher e um beliscão no meu seio com o polegar e o indicador me fizeram dar um salto, colidindo mais com seu pau na minha bunda. Aquilo era errado demais, mas era tão gostoso e inconsequente. Eu estava carente e fogosa e sentia o sopro quente, sentia o olhar de Gustavo por cima do meu ombro analisando minhas reações, minha pele arrepiada, o volume de sua mão no meu decote e putz... aquilo era muito bom!

Gustavo beliscava meus mamilos entre seus dedos e eu poderia gozar só com aquela carícia, sua mão enviando choques que latejavam na minha entrada. Não aguentei e gemi muito baixinho, achei que era inaudível mas Gustavo gemeu no meu ouvido em resposta. E enfiou a outra mão do outro lado do meu decote. Agora ambos os seios eram acariciados. Ele passava todos os dedos pelos mamilos. Meu olhar estava fixo no casal mas minha concentração estava na carícia de Gustavo e agora eu tinha certeza, iria gozar a qualquer momento. O cheiro de sexo pairando sobre nós dois, o odor da minha excitação subindo até nossas narinas e se misturando com o perfume das folhas a nossa volta. Eu tendo que me segurar para não tombar minha cabeça para trás, numa atitude de entrega...

Gustavo torcia e retorcia os bicos dos seios com seus indicadores e polegares, seu membro cada vez maior encostando em mim por cima da roupa e minha respiração cada vez mais ofegante, cada vez mais perto. Senti chegando pela minha espinha indo de encontro a uma câimbra na parte interna das minhas coxas. Sabia que meu clitóris estava inchado e escorregadio, senti minhas dobras apertando e fechei os olhos com tanta força que vi pequenos pontos brilhantes.

Meu coração parecia querer quebrar meus ossos de tão forte que batia e eu lembrei onde estava, com quem estava e o que tinha acabado de fazer! Num susto, eu me amaldiçoei e me remexi até estar livre do toque de Gustavo, procurando o caminho de volta para a festa. Meu rosto queimava de excitação e vergonha, vi a luz da entrada e segui, chegando ao jardim do hotel.

Avistei Thomaz do outro lado do jardim e voltei a ver tudo vermelho. Fui à sua direção sem perceber que era seguida por Gustavo. Quando Thomaz me viu, veio sorrindo mas logo seu sorriso foi murchando quando percebeu minha expressão raivosa.

_ Filho da puta!

_ O quê? Por que você tá assim? O que aconteceu? Que que ele andou falando pra você? _ me virei e vi Gustavo parado atrás de mim. Estava morta de vergonha e não conseguia encará-lo _ Por que ela tá assim?

_ Eu também gostaria muito de saber. Mas acho melhor vocês resolverem isso em outro lugar.

_ Vem. _ Thomaz me puxou e eu fui à contragosto. Mais para fugir de Gustavo do que para resolver minha questão com Thomaz. Estava me sentindo uma boneca sendo remanejada de um lado para o outro durante toda a festa. Atravessamos o hall do hotel e entramos num escritório. Assim que paramos eu me soltei. _ O que que o Gustavo andou te falando?

_ Quê? O Gustavo não tem nada a ver com isso, seu merda!

_ Opa! Opa! Vamos devagar que eu não tô te entendo.

_ Seu moleque! _ eu apontava o dedo na sua cara. Estava fora de mim e me segurava para não voar em cima dele. _ VOCÊ ME CHIFROU COM A LORENA! _ cuspi fora de uma vez só. _ De todas...  você me traiu com ela. E você é um imbecil que pensa com a cabeça de baixo a ponto de não perceber que ela deu pra você pra me provocar!

_ Tá maluca? _ Thomaz estava pálido. _ Eu nunca te traí, Valentina! Porra! E não foi por falta de oportunidade!

_ Você nunca transou com a Lorena?

_ Já. Mas muito antes da gente começar a namorar! A gente ainda tava na escola.

_ E depois?

_ Só quando a gente terminou. Eu não tenho porque mentir pra você mas a Lorena só quer te irritar! E ela conseguiu foi me irritar! _ nos encaramos sérios até nossas respirações se acalmarem.

_ Eca, você transou com a Lorena... _murmurei.

_ Foi como você disse: pensamos também com a cabeça de baixo. _ rimos. Ele veio e me enlaçou pela cintura dando um beijo na minha testa. Sorri e voltamos para a festa de braços dados.

Quando chegamos no salão, vi Gustavo sentado na mesma mesa que meus pais e os pais de Thomaz, com mais um homem que era a cara dele. Suas mãos estavam marcadas como uma cicatriz invisível na minha pele, eu ainda sentia seu toque queimando nos meus seios. Ainda podia sentir sua respiração na minha nuca e seu olhar de contemplação à minha excitação. Nós nos aproximamos e minha mãe já estava alta.

_ Filha, já conhece o César? Ele é sócio do Otávio e da Regina!

_ E meu também, Angela. _ Thomaz sorria, beijando a mão da minha mãe.

_ Crianças não deviam brincar de fazer negócios, Thomaz! _ minha mãe apertava sua bochecha e ele gargalhava. _ E essa cópia bonitona do César é o Gustavo, filho dele.

_ A gente já se conhece. _ Gustavo falava sem tirar os olhos de mim e depois descendo até encarar meus seios. Que inferno de mamilos traidores que agora resolviam sempre apontar na direção dele!

O celular do Thomaz apitou e ele pediu licença para voltar até o escritório e verificar alguns e-mails relacionados aos novos investidores. Eu me sentei do outro lado da mesa, mas ficando de frente para Gustavo. Eu não conseguia olhar para ele mas sentia minha pele incendiando sob seu olhar. O que tínhamos acabado de fazer, inferno! Onde eu fui me meter? Calma... Valentina, calma que para tudo existe uma explicação plausível. Eu estou muito carente e simplesmente me aproveitei do toque gostoso... sim, era isso! Eu só tinha usado Gustavo para me satisfazer. Afinal, lembra como ele usou a Marianinha? Merda! A Marianinha...

Todos na mesa conversavam e vi a namoradinha loira do Otávio jogando os peitos na cara de Gustavo. Otávio não estava nem aí já que não tirava os olhos de Regina, que conversava com a minha mãe. Ambas estavam bêbadas e engraçadas. César e meu pai participavam da conversa apenas rindo e concordando, pareciam estar se divertindo do estado alterado das duas madames. Ri e quando desviei o olhar, Gustavo estava me encarando sorrindo enquanto a loira se derretia dando-lhe tapinhas no braço e ria de suas próprias abobrinhas.

Gustavo desviou o seu olhar do meu para colocar o braço atrás da cadeira da loira que eu ainda achava que tinha algum nome de bombom, para lhe dar total atenção e sorrisos. Olhou de novo para mim, piscou e voltou a olhar para ela. Fiquei ofegante e bebi um gole d'água. O cara era muito canalha!

_ Filha, isso faz mal! _ brincava minha mãe quando me viu bebendo água.

_ Mas uma boa noite de sono faz bem. Vamos? _ levantava meu pai percebendo que minha mãe estava no limite. Levantei prontamente e sob protestos começamos a nos despedir entre beijos, abraços e declarações de saudades.

Quando parei na frente de Gustavo estendi a minha mão que ele pegou e puxou colocando sua outra mão nas minhas costas nuas e deslizando até minha costela, um pouco abaixo do meu seio. Deu um beijo no meu rosto e se afastou, sem dizer nada. Segui meus pais, atônita, até o hall e antes de entrar no carro disse que ia até o escritório me despedir do Thomaz e que os encontrava em cinco minutos.

Vi uma fresta da porta do escritório aberta e olhei para dentro. Meu coração disparou quando vi Lorena deitada na mesa com a parte de baixo do vestido levantada até a cintura e a parte de cima arriada. Thomaz estava entre suas pernas, entrando e saindo enquanto lhe abocanhava um seio. Suas respirações estavam aceleradas e entrecortadas, quando Lorena tombou a cabeça para o lado encontrando meus olhos. Ela sorriu e começou a gemer alto, de boca aberta, sem tirar seu olhar do meu. Coloquei a mão na boca para suprir um grito e me afastei, correndo dali. Encontrei meus pais me esperando na porta do hotel e graças a Deus estavam tão bêbados que nem perceberam meu estado.


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