Capítulo 05 (parte02)

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A coreografia do duo foi péssima. Não porque eles eram péssimos dançarinos mas porque tudo que eu conseguia enxergar era um casal fazendo sexo. A dança se misturava com imagens da minha mente acerca do acontecido daquela manhã. Eu não estava me concentrando e meus alunos estavam perdendo um precioso tempo de ensaio. Pedi que eles continuassem sem mim e me trouxessem uma partitura solo, de cada. Passei o dia de uma turma para a outra, dispensando o almoço para desenvolver uma coreografia para a minha turma de jazz. No final da tarde, comi uma maçã antes de pegar minhas turmas de dança de salão da melhor idade.

Antes de voltar para casa, entrei numa loja de conveniência e comprei três barras de chocolate. Devorei uma ali mesmo na entrada da loja e guardei as outras duas na mochila. Fui andando de volta para o estúdio e vi quando meu carro foi rebocado na outra calçada, quase tropecei querendo correr atrás mas só consegui umas buzinadas dos carros que quase me atropelaram. Que merda! Onde eu estava com a cabeça para estacionar embaixo de uma placa sinalizando que era proibido parar ali?

_ Ah, não...

_ Era seu carro? _ a respiração no meu pescoço me fez dar um salto. De novo, não... De novo, não... Só faltava isso.

_ Gustavo. _ virei respirando fundo.

_ Oi, Valentina. _ ele levantou as sobrancelhas apontando para o reboque indo embora. Estava vestindo um terno azul marinho com a camisa já desabotoada no colarinho. Carregava uma pasta de notebook e segurava algumas plantas de projeto, a gravata de listras branca e preta estava jogada por cima de um ombro.

_ É meu carro, sim. E se você me dá licença, eu preciso ir atrás dele.

_ Eu levo você. _ ele me agarrou pelo braço e eu respirei fundo me soltando.

_ Eu pego um táxi. Valeu.

_ Mas o reboque já até virou a rua. Não vai dar tempo. _ apertando o botão de alarme, andou até seu carro que estava atrás de nós e abriu a porta do carona. Respirei fundo e entrei, agradecendo. Gustavo deu a volta pela frente do carro, abriu a porta de trás e colocou suas coisas no banco para depois vir sentar ao meu lado, atrás do volante. Colocamos o cinto e ele deu partida. Seguimos na mesma direção do reboque. _ Tá fazendo o que por aqui?

_ Trabalho por aqui.

_ Ah é? _ continuei calada porque eu estava para conversa fiada. Sei que não era para agir assim mas a verdade é que eu estava tão nervosa com o reboque, que  me lixava se estava mostrando ou não todo o meu desprezo por esse ser que se encontrava ao meu lado. Não tinha trânsito porque já passava das dez da noite, o que facilitava seguir meu carro. Paramos num sinal vermelho e o reboque continuou andando_ Onde?

_ Não! O reboque ta indo embora, não para!

_ Eu tenho que parar! É um sinal vermelho e eu tô vendo gente atravessando...

_ Era mais fácil ter ido à pé! _ resmunguei encostando a testa no vidro da janela do carro. O sinal abriu e eu suspirei aliviada quando Gustavo acelerou mais um pouco e conseguimos avistar meu carro

_ A Sula disse que você dança. E ela? Como é que tá? _ vou cortar esse papinho e é agora.

_ Com osteosarcoma! _ bufei olhando para a frente cortando a conversa de uma vez, enquanto ele me olhava assustado. Avistei o caminhão de reboque entrando numa garagem. _ Ali! Olha ali!

Doce Vingança, livro 01Where stories live. Discover now