Capítulo 16

879 114 20
                                    

*Olha aí mais um capítulo do nosso casal, aguardo estrelinhas para uma próxima postagem*


Acordei com a chamada de vídeo tocando no meu computador. Coloquei o travesseiro na cara e esperei parar de tocar... para recomeçarem a chamar. Fui me arrastando até a escrivaninha e vi que era Rebeca me ligando. Abri as cortinas e atendi.

            _ Pelo amor de Deus, Valentina! Já são onze horas, aí, no Brasil. _ Rebeca ria do outro lado da tela. Aqueles enormes olhos azuis me sorriam e quase chorei de saudades.

            _ Isso quer dizer que já é noite em Londres e você não tem nada melhor pra fazer ao invés de me ligar... _ minha voz saiu rouca e sonolenta.

            _ É noite no Japão. _ gargalhou. _ Aqui é final de tarde. Mas aí é início do dia. Fiquei esperando você me chamar, ontem.

            _ Cheguei exausta e muito tarde. _ esfreguei os olhos e sorri lembrando que comecei e terminei o dia com Gustavo _ Já descobriu a cura do câncer?

            _ Acho que amar demais e viver bem.

            _ Você ainda mata bebês?

            _ São pesquisas com células troncos... _ Rebeca revirava seus olhinhos por trás daqueles óculos de armação redonda... era tão nerd!

            _ Sabe que se a Bá descobrir, ela te mata, né?

            _ Minha mãe ainda acha que eu tô decorando a tabela periódica. _ ela suspirou prendendo sua cabeleira loira num coque e eu gargalhei. Sua pele parecia estar mais branca. Era linda e tão parecida com a Bá. Até aquele nariz de boneca e a boquinha rosa. _ Minha mãe também me contou que conheceu um "amigo" seu no supermercado. Lindo e educado...

            _ Ai, a Bá... _ enfiei o rosto entre os braços.

            _ Quem era? Alguém especial? _ não respondi e ela soltou um grito me fazendo dar um salto da cadeira. _ Você conheceu alguém?

            _ É... complicado...

            _ Complicado por quê? _ suspirei derrotada e Rebeca franziu a testa em sinal de preocupação. _ O que tá acontecendo, Valentina?

            Contei tudo. Quando reencontrei Gustavo e só depois me lembrei dele mas já o detestava, como ele tinha magoado Marianinha, a morte de Sula e como ele cuidou de mim. Todas as vezes maravilhosas que transamos no chão, na cama, no estúdio. Contei sobre o problema de sua irmã e como me senti responsável diante da fragilidade da situação. De tudo que ele havia me contado sobre sua vida. De como minha consciência pesava por estar mentindo por omissão. E quando terminei, senti meu rosto molhado de tanto que chorava. Será que sempre choraria toda vez que contasse essa história?

            Aquilo estava se acumulando e não me preocupava mais por achar que Marianinha ficaria chateada por ter me envolvido com Gustavo. Agora estava preocupada por ter certeza que ambos ficariam putos quando descobrissem o tempo que eu estava levando para lhes contar a verdade. E pior ainda: o quanto eu estava cogitando não contar!

            _ Você já sabe o que precisa fazer. _ Rebeca me olhava, séria. Era sempre a voz da minha razão. Mesmo medindo seis centímetros a menos que eu, sempre dava um sermão de tremer os ossos.

            _ Sei. Mas é tão complicado...

            _ Não, não é. Você deixou complicado mas é muito simples.

            _ Eu vou perder um dos dois, não vou? Ou os dois... _ suspirei, engolindo um novo nó que se formava.

            _ Sinceramente, não sei. Mas você nunca foi mentirosa. _ ela suspirou. _ Em contraponto você nunca se apaixonou, também. Pelo menos, não, desde os seis anos._ ela me deu um olhar compassivo e eu me perguntei se estava me apaixonando. _ Sei como deve tá sendo difícil, pra você, passar por cima dos seus conceitos por alguém. Ele deve ser muito especial.

Doce Vingança, livro 01Where stories live. Discover now