Capítulo 04 - (não) me toque!

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Acordei pouco depois de meio dia com a luz do sol fazendo uma trilha da fresta da cortina até meu rosto. Pulei da cama e me arrastei até o banheiro, onde tomei uma ducha fria. Coloquei um vestido de algodão branco tomara-que-caia e desci. Escutei música e risadas do lado de fora e encontrei meus pais deitados nas espreguiçadeiras da varanda. Minha mãe estava de maiô, roupão , um chapéu que parecia uma barraca e tomava uma caipirinha; meu pai estava de sunga, camisa polo amarela, óculos escuros e bebia uma cerveja.

Olhei para frente e decididamente eu nunca me cansaria daquela vista: o mar se estendendo. Ver extensão do azul onde a água se encontra com o céu, era para se sentir abençoada todos os dias. A varanda aqui do primeiro andar da cobertura rodeava todo apartamento. Acho que nos mudamos para cá quando eu tinha uns quatro anos de idade. Lembro de antes morarmos numa casa e minha mãe não querer me criar presa em um apartamento, mas gostaria muito de me criar na segurança de um. Por isso escolheram essa cobertura que é quatro vezes maior que a casa que morávamos! Peguei uma florzinha de um dos vasos de plantas que minha mãe tinha espalhados por ali e lhe ofereci.

_ Bom dia. _ peguei os óculos escuros da minha mãe na mesinha e coloquei.

_ E olha nossa bela adormecida! Pensei que tinha entrado em coma... _ minha mãe me puxava para sentar entre suas pernas e pegava o protetor solar para passar nas minhas costas.

_ Aprendi com vocês que artista acorda tarde... _minha voz ainda saia grossa e rouca de sono. Peguei um pãozinho tostado que meu pai me oferecia. _ Como foi o aniversário da Lucinha Garrido?

_ Sorrisos, fotos, glamour e puxa-sacos... _ meu pai revirava os olhos. Ele detestava festa de lançamento de novela, coletiva de estreia de peça teatral e tudo que envolvesse a mídia. Minha mãe era um pouco mais paciente e marketeira. Sabia do sucesso que faziam como casal e se aproveitava disso. Não que não se amassem, mas eles vendiam muito bem juntos. Os dois foram o conto de fadas que deu certo. Ah, se soubessem como brigavam por serem tão geniosos. Artistas, né? _ E você? Como foi sua festa junina?

_ Maravilhosa!

_ Hum... Por quê?

_ Não, mãe, não é pelo que você tá pensando. Meus amigos são maravilhosos, só isso.

_ Sei... _ agora ela passava protetor no meu rosto. _ Hoje tem o luau da Beth Nieri.

_ Ah, não... _ meu pai e eu falamos, juntos.

_ Ah, sim... Não estamos em condições de rejeitar convites.

_ Meu amor... estamos em condições de nos aposentar...

_ Nem brinca com isso! _ minha mãe detestava quando meu pai tocava nesse assunto. Ela disse que um artista nunca se aposenta. Assim como nunca dorme, nunca adoece, nunca se cansa!

Passamos o dia ao ar livre e ao final da noite resolvemos não jantar. Quer dizer, minha mãe resolveu não comer e meu pai e eu acabamos ficando, também, sem jantar...

Chegamos ao hotel onde aconteceria o luau. O restaurante, onde o buffet era servido, abria diretamente a uma parte reservada da praia onde estavam instaladas tendas douradas com sofás e puffs . Ao lado do bar, um palco com orquestra. O que eu não entendi muito bem: luau com orquestra? 

Muitos garçons musculosos circulavam de calça de linho branca e sem camisa, com um colar de flores coloridas. Todos os convidados estavam muito à vontade com suas roupas brancas e descalços. O bar montado do lado de fora era a réplica de um bangalô e acima das prateleiras de bebidas estava pendurada uma prancha pichada: "ALOHA!". Os barmen usavam os mesmos trajes que os garçons e as barwomen usavam biquínis dourados com colares de flores brancas. Tudo exalava glamour e sensualidade.

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