Em Fúria

Af Hunterina

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LIVRO 3. Mais uma vez o mundo desmorona diante de seus olhos, mas agora Rebeca é uma pessoa diferente. Com u... Mere

Avisos iniciais.
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Capítulo 29.
Capítulo 30.
Capítulo 31.
Capítulo 32.
Capítulo 33.
Capítulo 34.
Capítulo 35.
Capítulo 36.
Capítulo 37.
Capítulo 38.
Capítulo 39.
Capítulo 40.
Capítulo 41.
Capítulo 42.
Capítulo 43.
Capítulo 44.
Capítulo 45.
Capítulo 46.
Capítulo 47.
Capítulo 48.
Capítulo 49.
Capítulo 50.
Capítulo 51.
Capítulo 52.
Capítulo 53.
Capítulo 54.
Capítulo 55.
Capítulo 57.
Capítulo 58.
Capítulo 59.
Capítulo 60.
Capítulo 61.
Capítulo 62.
Capítulo 63.
Capítulo 64.
Capítulo 65.
Capítulo 66.
Capítulo 67.
Capítulo 68.
Capítulo 69.
Capítulo 70.
Agradecimentos.
Previsão para os próximos livros.

Capítulo 56.

871 188 251
Af Hunterina

Errei duas vezes a fechadura antes de finalmente conseguir enfiar a chave, apenas para perceber que a porta do meu apartamento estava destrancada o tempo todo. Não sabia se ria de mim mesma ou se me achava uma idiota, então fiz os dois.

Chequei o horário no relógio de pulso e vi que ainda faltavam alguns minutos para uma hora da manhã. Quando eu era mais nova, vez ou outra gostava de me imaginar como uma mulher adulta, voltando do trabalho ou de alguma festa para o meu próprio apartamento. Naqueles devaneios, eu era um pouco mais velha do que meus atuais 18 anos e, claro, o fato de eu ter um apartamento próprio não se devia ao fato de um apocalipse zumbi ter dizimado o mundo. Aliás, eu também não estava voltando de uma festa ou do trabalho. Ainda assim, foi estranhamente satisfatório e, naquele momento, senti como se eu fosse capaz de dominar o mundo.

Provavelmente era apenas o efeito da garrafa de vinho que eu e Toni secamos.

Naquela noite, após o jantar, finalmente aceitei o convite de ir até seu apartamento — o que tecnicamente era algo proibido, mas vários soldados discretamente quebravam essa regra e ninguém se importava tanto com o que faziam nos apartamentos uns dos outros. Ele já estava ciente de que meu único interesse era em sua amizade, inclusive, falou sobre como esperava um dia ter a chance de conhecer Guilherme e Leonardo.

Nossa conversa se estendeu por horas, regada a um vinho que ele trouxe escondido de uma busca por mantimentos. Bebidas alcoólicas eram um assunto delicado, pois eram terminantemente proibidas... pelo menos, para o resto da população, que não tinha acesso aos suprimentos a não ser através do que era distribuído. Os soldados às vezes conseguiam pegar algumas (e isso acabou criando um pequeno mercado negro) e em geral faziam vista grossa uns para os outros, mas absolutamente qualquer problema gerado pelo consumo de álcool não seria perdoado.

Eu nunca fui de beber muito, mas isso era em um mundo em que os pesadelos não atrapalhavam constantemente o meu sono. Ultimamente, eu acordava suando frio às três horas da manhã e a ansiedade não me deixava pregar os olhos até, pelo menos, os primeiros raios de sol começarem a brilhar — que era mais ou menos a hora de levantar. Em momentos como esse, sabia que um pouco de álcool (nem tão pouco) pelo menos me faria apagar até o amanhecer.

Essa constatação infelizmente me fez lembrar de Melissa. Nunca tive coragem de impedi-la de beber depois do que ela passou, e finalmente começava a entender que ela talvez enfrentasse aqueles mesmo problemas. Contei sobre ela para Toni e pensar no quanto eu sentia falta dela me fez chorar tentando imaginar se estava bem. O que se transformou em um pranto quando também lembrei que não via Mei há mais de uma semana, e minhas únicas notícias eram as que Toni trazia para mim.

Depois de chorar até me sentir exausta, foi quase cômico como pareceu ser a vez de Toni quando ele começou a desabafar sobre como tinha dificuldade de encontrar um propósito naquele mundo. Choramos juntos, conversamos sobre o passado e tivemos até a coragem de falar sobre ter esperança para o futuro. O vinho ajudou um pouco, assim como me ajudaria a fechar os olhos por uma noite inteira assim que eu finalmente chegasse até a cama.

— Onde você estava?

Aquela voz vinda do mais completo nada me fez ter um sobressalto e deixei um gritinho de susto escapar, ao mesmo tempo que buscava na lateral da minha perna por uma faca no coldre.

Apesar do coração disparado, não demorei a encontrar o dono da voz. Até porque, ele não parecia particularmente interessado em se esconder, sentado ao lado da janela aberta, por onde um pouco de iluminação da lua cheia entrava.

— Meu Deus, Samuel! Você quer me matar do coração? — Por vários segundos apenas o encarei, incrédula, até a ficha de que ele realmente estava na minha frente finalmente caiu. — Meu Deus...

Eu normalmente era capaz de respeitar a falta de apreço por contato físico dele, mas não pude evitar de me jogar em seus braços, apertando-o com força, como se assim pudesse garantir que ele não saísse mais do meu lado.

— Meu Deus... O que você está fazendo aqui?! — perguntei, sem me atentar ao fato de que estava falando alto e havia deixado a porta do apartamento aberta.

— Shh, Rebeca! — Samuel sussurrou, incisivo. Ainda assim, retribuiu meu abraço e senti a forma como segurava a minha camiseta com força. Então diminuiu o tom e perguntou de novo: — Onde você estava?

— Eu estava na casa de Toni. Estávamos só bebendo vinho e passando um tempo juntos — falei e mesmo sob a baixa iluminação vi as bochechas de Samuel corarem um pouco. Então senti as minhas próprias esquentarem e tentei explicar: — Não... desse jeito. Somos apenas amigos.

Samuel limpou a garganta e deu de ombros.

— Eu não... estava te julgando nem nada. Só fiquei preocupado.

O nosso constrangimento durou apenas alguns segundos, porque logo voltei a indagá-lo:

— Samuel, você não me respondeu: o que está fazendo aqui?! Está tudo bem com você? Com a Carol? A Pantera fez alguma...

— Sim, está tudo bem. — Ele me interrompeu, querendo me acalmar. — Eu estava querendo te ver há alguns dias, mas precisava tomar cuidado. Não queria que a minha mãe ou Pantera soubessem, ia deixar elas alertas... Rebeca, eu acho que tenho um plano.

— Um plano? — interrompi, sem me dar conta, mal conseguindo conter a ansiedade. — Samu, estamos em perigo?

Ele me olhou como se eu fosse doida. Ou bêbada.

— Não, Rebeca. Um plano pra você ver a Mei.


✘✘✘


Samuel provavelmente quis me matar quando eu tropecei nos meus próprios pés e esbarrei no portão de uma casa, mas felizmente ninguém veio ver o que tinha acontecido. Eu não estava tão bêbada assim, mas o nervosismo de me esgueirar pelas ruas durante a noite, sem saber onde estariam os vigias ou quem poderia nos flagrar, foi o suficiente para me atordoar. Ele provavelmente achou que sim, eu estava bêbada, porque não parou de revirar os olhos.

Apesar de estar fazendo algo incrível por mim, Samuel parecia mais estressado do que normalmente, com seu gênio calmo e introvertido. Eu tinha um milhão de coisas para perguntar a ele e a cada passo no escuro surgia uma dúvida diferente, mas insistiu que partíssemos quase imediatamente quando finalmente contou que queria me levar para ver Mei porque sabia que Ana estava me sabotando naquele acordo. E, claro, aproveitar a chance para ver se eu estava bem.

E nem a sua clara irritação foi capaz de prejudicar seu raciocínio e frieza. Samuel estava morando com Carol na mesma casa onde vivia Pantera, cujo escritório ficava em uma segunda construção no mesmo terreno. Nos últimos dias, meu amigo aproveitou as pouquíssimas horas livres para observar a movimentação, atentar-se ao horário e rosto de cada soldado e seus pontos de vigia, traçando pontos cegos até o condomínio onde eu estava.

Entrar e sair de lá não foi tão problemático quanto imaginei, uma vez que não era exatamente o local mais protegido da cidade. Era proibido o acesso a civis, porque lá estava todo o armamento, mas além da guarita, não havia mais do que um ou outro vigia. Samuel logo entendeu os padrões de ronda e bastou que encontrasse um lado do portão que fosse mais fácil de pular. Aproveitou-se da pouca movimentação após o horário de recolher para se esgueirar até os blocos de apartamentos e, como Gorete não ficava vinte e quatro horas na recepção improvisada, também não foi difícil para ele localizar o meu nome no caderno de anotações. A partir daí, pretendia me encontrar sem maiores contratempos, mas se deparou com a porta do meu apartamento destrancada e ele completamente vazio (então descobri que, afinal, havia esquecido de trancá-lo antes de sair).

Refizemos o caminho enquanto ele me explicava como voltar e a que pontos ficar atenta. Enquanto isso, eu tentava controlar minha respiração acelerada pela adrenalina e me vi novamente naquele primeiro dia em que Samuel tentava me ensinar a passar despercebida pelos zumbis. Na época, falhei miseravelmente e terminei precisando acertar zumbis na cabeça para sobreviver. Esperava que aquilo não se repetisse.

Evitamos as ruas principais (que não eram exatamente avenidas ou coisa do tipo, apenas se tornaram mais utilizadas hoje em dia por levarem ao nosso condomínio e ao refeitório) mesmo que ninguém pudesse sair na rua durante a noite e seguimos por uma parte afastada, uma espécie de terreno baldio com árvores o suficiente para nos escondermos em suas sombras. Nossos tênis contra o asfalto pareciam o único barulho a atravessar a madrugada, até um uivo de cachorro ecoar pelas ruas e fazer meu corpo congelar. Samuel me garantiu que não vinha da mesma direção de onde estava Mei e que outras pessoas ali tinham animais.

Reconheci o terreno da casa e escritório de Pantera, mas naturalmente não fizemos o mesmo caminho que usei para ir embora no dia em que eu e Samuel fomos levados para lá. O acessamos pela lateral, onde havia arbustos com quase a minha altura, pulando os muros vizinhos para chegar lá sem usar a entrada principal. Samuel olhou para mim e fez um sinal para que eu fizesse silêncio e só então percebi que estive hiperventilando durante todo o caminho.

A casa de Pantera ficava em um bairro rodeado de outras residências de classe média, com muros baixos e jardins compridos. Na parte de trás do terreno havia outra construção que poderia ter sido uma segunda casa no passado, mas agora era usado como depósito de mantimentos, armas, e também como seu escritório. As duas construções eram de tijolos à vista, rodeadas por um jardim arborizado e florido, que não parecia casar muito bem com a personalidade da líder.

Eu esperava encontrar Mei ali, presa por uma corda em alguma parte afastada, mas ela não estava em lugar nenhum. Um pouco tarde demais, lembrei também da existência de Lobo, o enorme Pastor Belga de Pantera, mas ele também não estava à vista. Quis perguntar sobre isso para Samuel, mas tinha medo do quão alta minha voz iria sair.

— Vamos subir por ali — Samuel falou, num sussurro, apontando para onde uma treliça se erguia pela parede da construção aos fundos da casa. Ela não continuava até o segundo andar, mas para ao lado de uma condensadora que conseguiríamos usar de apoio.

Assenti para ele e, seguindo seus passos dentro do terreno, senti-me novamente como naqueles últimos meses em que estivemos sozinhos nas ruas do apocalipse. Confiar em Samuel era tão natural para mim que eu sequer parei para pensar que, se por um acaso fôssemos pegos fazendo aquilo, estaríamos mortos.

— Você vai primeiro, para não correr o risco da Mei latir. — Samuel explicou quando paramos em frente à treliça. — É exatamente aquela janela. Eu deixei a tranca aberta hoje a tarde.

— A Mei está ali?!

— Sim. Pantera a deixa ali porque ela e o Lobo brigam se ficam juntos.

Enquanto eu escalava a treliça, a realização de que estávamos prestes a nos esgueirar para o escritório de Pantera me atingiu com tudo. Como se não fosse ruim o suficiente todas as regras que estávamos quebrando, aquela seria a confirmação de que, além de tudo, nossa morte seria bem dolorosa.

Pensei em perguntar se Samuel tinha certeza de que aquilo era seguro, mas fiquei com mais medo do que nunca de falar alto demais e chamar a atenção de alguém.

Subir na condensadora me deixava logo do lado da janela do escritório. Não havia venezianas, apenas uma janela em estilo guilhotina que me permitia ver o interior pelo vidro. Era diferente ver aquela sala naquele ângulo, mas nem por isso me impediu de sentir um calafrio que sacudiu todo o meu corpo.

Como Samuel indicou, a janela estava fechada, mas não trancada, então a empurrei com cuidado para cima e a travei naquela posição. A única iluminação da sala escura era o pouco brilho da lua que entrava por aquela mesma janela, mas àquela altura meus olhos já estavam acostumados e não demorei para identificar o saco de pêlos deitado perto da porta.

— Mana? — chamei, baixinho, mas a ansiedade fez a minha voz sair mais esganiçada do que o normal. Mei imediatamente ergueu as orelhas e olhou na minha direção, mas não deve ter me reconhecido, porque começou a rosnar. — Não! Shh... Sou eu, Mei. Quem é a boa menina?

Bastou que ouvisse minha voz para que a Pastor Alemão se colocasse em pé num pulo e corresse até mim, dessa vez soltando ganidos de alegria. Precisei empurrá-la da janela para conseguir entrar e Mei quase causou um baita acidente pulando em mim enquanto eu estendia a mão para ajudar Samuel, mas eventualmente nós dois chegamos em segurança e pude me dedicar a esmagar minha cachorra, como quis fazer durante todos aqueles dias.

— Meu amor, que saudades! — sussurrei, sem me importar com as lambidas babadas que recebia no rosto. Mei me largava por apenas alguns segundos para pular em Samuel, mas logo voltava para os meus braços e voltava a ganir de alegria. — Shh, shh... Quietinha! Eu tô aqui agora... Desculpa ter demorado tanto.

Foram alguns minutos até que a euforia de Mei finalmente se acalmasse e ela parasse de ameaçar soltar um latido a qualquer instante. Ela estava sozinha na sala, mas havia um pote cheio de água fresca em um dos cantos, ao lado de outro com farelos de ração. Mei não fazia as necessidades dentro de casa, apenas em último caso, e o fato da sala não estar fedendo me fez pensar que Pantera a deixava sair pelo menos com alguma frequência. Ela parecia ter ganhado algum peso e não tinha nenhuma marca ou machucado aparente.

Para a minha mais completa descrença, Pantera não apenas estava apenas cuidando dela, mas realmente estava cuidando bem.

Samuel encontrou uma garrafa de Gatorade fechada em cima da mesa e, como se não fosse um absurdo, simplesmente a abriu e tomou um gole enquanto me esperava.

— Pantera a deixa aqui? Pensei que estaria amarrada ao relento...

— De jeito nenhum. Eu falei pro seu amigo que ela estava sendo bem cuidada — Samuel me respondeu.

— Eu sei, eu só... meu Deus, estava com tanto medo. — Apertei Mei contra meu peito, mesmo que ela odiasse quando eu fizesse isso. Dessa vez, apenas abanava o rabinho, com a língua cor-de-rosa para fora. — Aliás, nem o Lobo fica do lado de fora?

Samuel deixou um riso escapar.

— Claro que não, ele dorme com ela. A mulher é doida por aquele cachorro, parece até você. — Meu amigo se apoiou na escrivaninha ao meu lado e sua expressão ficou difícil de ler. — Aliás, sabe quem mais dorme com ela?

— Quem?

— A minha mãe.

Encarei Samuel, sem entender por que ele faria aquele tipo de piada. Até perceber que a expressão dele (que não olhava para mim, mas para o chão) não era a de quem contava uma piada e me senti tão atordoada quanto se tivesse tomando outras seis garrafas de vinho.

— Calma... O que?!

— É, isso mesmo. Aparentemente, minha mãe e Pantera estão... juntas. — Ele fez uma careta ao falar aquilo, parecendo ter sofrido um calafrio. Então, mudou um pouco a postura e me olhou nos olhos. — Ahn... eu não acho ruim porque elas são duas... Não é por preconceito, tá? É só que...

— Não, não se preocupa — interrompi, vendo como ele havia ficado sem jeito. — Eu sei que não é nada disso.

— Eu não vou mentir, é um pouco estranho porque... sabe, não esperava por isso. E eu penso no meu pai e... — Observei-o se remexer um pouco, parecendo desconfortável. Samuel colocou a garrafa de Gatorade de volta na escrivaninha e juntou os braços em frente ao corpo, segurando os cotovelos. — É óbvio que eu quero que a minha mãe seja feliz e supere o que aconteceu. É um pouco... estranho, sabe? É como se finalmente caísse a ficha de que eu nunca mais vou ter a minha família de antes de volta. E o problema não é que a minha mãe está com uma mulher, mas... ela?

Não duvidei das palavras de Samuel. Com certeza era algo completamente diferente do que qualquer um de nós esperava, mas eu sabia que ele só queria o melhor para a própria mãe. A questão era que... Pantera era um monstro.

— Como isso aconteceu? Elas te contaram? — perguntei, e tentei não demonstrar o quão estranho foi usar "elas" para me referir em conjunto à Carol e Pantera.

— Minha mãe não me contou... O que, sinceramente, já é tão estranho. Nunca escondemos nada um do outro. — Ele suspirou. — Enfim, ela não disfarçou, também. Elas dormem no mesmo quarto, embora não tenham assumido nada oficialmente. E funcionam como uma dupla aqui. Talvez tenha começado por isso... As pessoas veem minha mãe como uma contraparte boazinha da Pantera. Mal sabem que, na verdade, as coisas são ao contrário.

— Sua mãe está mesmo diferente...

— Sim... Principalmente comigo. — Samuel se remexeu de novo, começando a roçar as unhas nos antebraços, que já estavam arranhados. Então, percebeu o que estava fazendo e pegou de novo a garrafa de Gatorade, apenas para ocupar as mãos. — Eu imagino o quanto ela ficou afetada quando pensou ter perdido a mim e ao meu pai. Óbvio que ela teve que endurecer, eu também precisei. Agora, parece que não sabe ser diferente disso.

Um silêncio caiu sobre nós, interrompido somente pelo barulho dos grilos do lado de fora e as eventuais batidas de rabo da Mei contra o chão. Pensei em levantar e dar um abraço em Samuel, mas minha cahorra se moveu primeiro, talvez lendo o clima do ambiente. Ela se aproximou devagar para lamber as mãos fechadas em punho de Samuel.

— Eu sinto muito — sussurrei. — Acho que a minha avó também não me reconheceria se me encontrasse agora... Talvez vocês precisem de um pouco de tempo para se conhecer novamente.

Samuel assentiu, sem muita vontade, mas parecia um pouco mais relaxado depois de desabafar. Ele se preparou para me responder, mas fomos interrompidos quando a porta da sala foi aberta, a luz que mantivemos apagada inundando o ambiente e me cegando momentaneamente.

— Uma semana? É o máximo de tempo que vocês dois conseguem ficar sem fazer uma merda?!

A voz de Pantera chegou até mim, parecendo ter força para congelar todo o ambiente. Aquele sorriso felino já seria desconcertante o suficiente sem que ela carregasse um bastão de baseball nas mãos.


✘✘✘


Nota da autora:

A Rebeca toda bebinha bem burrinha & pitica 🤏🤏 

Olá, amigos, boa noite!! 

Gostaria de anunciar que meu pulso está um pouco melhor 😎 Como expliquei ontem, acordei com uma dor fortíssima que piorou durante o dia, mas hoje já está melhorando. Não acho que é LER nem nada do tipo, só desconfio que dormi de (muito) mau jeito, mas logo estamos em 100% novamente.

Infelizmente tive que adiar o capítulo para hoje, mas aqui estamos 🙏

Como mencionei semana passada, a minha intenção era começar a focar essa semana numa maratona de escrita para finalizar esse livro ainda no próximo mês. Vou dar uma segurada até melhorar 100% dessa dor (e ter certeza de que não é nada mesmo), mas espero começar logo. Como sempre, manterei vocês avisados 🙏

Sou muito, mas muito grata mesmo por toda a paciência que vocês têm comigo 💜 Obrigada por serem os melhores leitores do mundo e espero que estejam gostando dessa história. 

Sei que vocês me conhecem o suficiente para saberem logo de cara o que ia acabar acontecendo... mas prometo que ainda vou surpreender vocês até o capítulo final desse livro 👀

Então não sejam mordidos até lá...

Fortsæt med at læse

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▪︎Tradução Em Andamento! ▪︎Sinopse e descrição no primeiro capítulo!