Cap. 15 – Uma vida feita de momentos
Meus olhos custaram para abrir, meu telefone tremia sobre a cabeceira. Dificuldade para me levantar, Louis deitado sobre meu ombro. Quando consegui finalmente sentar na cama e correr para pegar o telefone vi que era minha mãe.
-Bom dia, minha filha! – ela disse do outro lado da linha.
-Bom dia... – disse sonolenta.
-Estava dormindo Jessica? Já é uma da tarde! – ele disse rindo um pouco.
-Teve a festa ontem, mãe, ai eu cheguei bem tarde.
-Ah sim, como foi?
Nessa hora me virei e olhei Louis dormindo em minha cama. CARAMBA! Eu tinha ficado com Louis, de novo, bêbada.
-Ah, foi super divertida! O lugar era muito chique... Vou acordar de verdade ai depois eu ligo pra contar mais detalhes...
Nos despedimos e desliguei o telefone.
(n/a: bem, a a letrada música não se encaixa perfeitamente, mas é só pra dar uma refletida. E ler ouvindo alguma coisa é sempre legal! O nome até que é interessante para o momento - Same Mistakes)
Minha cabeça pesava uns 30 kg, só podia ser isso. Fui ao banheiro lavar meu rosto, estava péssima. Maquiagem não tirada da noite passada, olheiras. Meu estômago embrulhado, minha boca seca. Ter ficado com Louis noite passada. Tudo muito bom, tudo maravilhoso. Já que eu não podia apagar a noite passada ou passar um corretivo gigante, eu decidi tomar um banho. Foram quase 30 minutos de baixo de uma água fria, de repente eu espantava a ressaca. É, quem sabe... Mas os pensamentos do tipo: “Harry chegou em mim, filho da mãe bêbado”, “Puts, quanta besteira eu disse pra ele noite passada.”, “Zayn dando em cima de mim, se não bastasse...”, “Meu pai, não podia ficar pior... Eu e Louis ontem a noite”. Na verdade, sempre que eu me lembrava de ter ficado com o Louis noite passada algum xingamento saída da minha boca. Céus! Quanto nome de homem, sai de mim! Estou precisando de um isolamento. Essa quantidade de homens bonitos e o álcool não estavam me fazendo bem. Tudo bem, Louis era bem bonito, todo lindo, os olhos, a boca, o corpo incrível, culpa do time de futebol do colegial. Além de que sabia exatamente como deixar qualquer uma louca. Seu jeito de beijar, pegar, então, era incrível. Mas, ele era meu irmão, não tecnicamente falando, é claro, era como um irmão. Essas amizades coloridas nunca funcionam. Se todas as vezes que nos largarem sozinhos bêbado a gente se pegar, não ia dar certo. Além de que eu estava “enrolada” com o Zayn e não fiquei com o Harry por causa disso. Caramba, Harry... Zayn... Meu Deus! Esses nomes me faziam querer sentar no chão da sala e chorar. Respira, são só 3 homens. Que não tem nada a ver com você. “Você não fez nada de errado” esse era o mantra que eu me ocupei em repetir enquanto arrumava as coisas pra tomar café. Quando estava passando o café, Louis me surge todo amarrotado, só de calça.
-Bom dia Jess! – ele disse com um sorriso na cara.
-Bom dia... – respondi meio sem graça. Ele sentou-se à mesa.
-Ontem a noite foi uma loucura né, a festa foi demais! – ele disse animado.
-É, uma loucura mesmo...
A ficha dele, pelo visto, ainda não havia caído.
-Como eu vim parar aqui? – ele perguntou rindo.
-Dizem que vodca dá amnésia, sabia? – insinuei.
-Não, eu me lembro de muitas coisas da noite passada. – ele parecia estar fazendo um grande esforço. – A gente, depois da festa, veio pra cá, e eu e você fomos dormir... Não foi?
-Quase isso... – disse enquanto colocava o café na mesa.- Bebe um pouco de café, talvez ajude.
Tomávamos café silenciosos. Servi pra ele um sanduiche que havia feito, ele comia lentamente, parecia estar tentando se lembrar. Um hora dessas, quebrando o silêncio ele se engasgou.
-Então eu e você, ontem à noite? – ele disse recuperando o fôlego. – Me desculpa Jess, eu não estava me lembrando mesmo. Até que veio tudo como um flash... Caramba...
Ele havia claramente corado. Eu desviava os olhos, estava bem sem graça. Pois não foram apenas alguns beijos, como da outra vez.
-Eu não te fiz nada, né? Você sabe o que eu quero dizer...
-Não, Lou, não fez. – respondi séria.
-Então nós ficamos ontem à noite, digo, depois da festa, no seu quarto. Na sua cama, para ser mais preciso, não foi? Agora estou me lembrando... Foi muito bom... – ele comentou com um sorriso no rosto.
-Seu besta! Tudo culpa sua, você e suas revelações sobre baile e toda aquela conversa foram só pra me seduzir, você não presta...
-Eu não presto? Pelo que eu me lembro, a minha camisa não saiu sozinha...
-Ei! Também não é assim... – disse super sem graça, provavelmente estava vermelha. Abaixei a cabeça, apoiei sobre minhas mãos, enquanto meus cotovelos estavam sobre a mesa. Pensava em ontem, nos nomes que não saiam da minha cabeça. De como falar com Louis sobre tudo aquilo. Eu precisava de alguém pra desabafar.
-O que aconteceu ontem? Porque você está assim? – ele perguntou preocupado. – Eu fiz alguma coisa muito séria?
-Além de me beijar, nada.
-É, mas eu não beijo sozinho, né bonita?
-Eu sei Louis, eu sei... Talvez esse seja um dos problemas... Eu também queria, sabe?
-Está tudo bem Jess, foi uma coisa do momento.
-É, eu sei. Mas não dá pra se deixar levar pelo momento sempre. Por isso eu e o Zayn estamos do jeito que estamos, em cima do muro. Ninguém sabe o que quer, mas ai quando está bêbado e sozinho, um procura o outro no fim da noite.
-Então é por causa do Zayn que você está assim? Não que eu queria mentir ou nada parecido, mas você não precisa falar disso pra ele, o que vocês tem é, como você disse, uma coisa de momento. A não ser que você esteja gostando dele...
-Esse é um dos problemas, mas falta mais uma peça nesse quebra-cabeça. Além de que, Louis, não dá pra ser assim, amigos não se pegam no quarto um do outro. Sabe, eu amo muito você, mas não dá pra ser assim, a gente vai estragar a nossa amizade, vai desgastar. Lembra da última vez? As coisas ficaram estranhas por um bom tempo... Além de que essas coisas confundem a nossa cabeça, eu te disse ontem, eu gostava de você. Depois que a gente ficou naquela festa as coisas ficaram bem confusas pra mim. Acho que a gente não pode ficar brincando com essas coisas, digo, com os nossos sentimentos.
-Também acho... Eu nunca te disse isso, mas eu comecei a gostar de você um pouco depois daquilo, quando você começou a namorar o Paul, por isso também foi que eu fiquei com a Hanna, pra tentar esquecer você... Concordo plenamente com você... Mas acho que posso conseguir sintetizar o que aconteceu ontem: estávamos ambos bêbados, mas não foi só isso, vamos admitir, estávamos carentes. Ai rolou, sabe? Eu peço desculpas porque eu deveria ter me controlado. Fica como lição. Mas não acho que precisamos problematizar tanto o que aconteceu entre a gente... Também porque não acho que seja isso que esteja te incomodando tanto, é isso somado a outros fatores que também não só estão relacionados com o Zayn. Qual é a parte que está faltando do quebra-cabeça? – ele me questionou. Fiquei alguns instantes em silêncio.
-Harry chegou em mim ontem a noite. Mas não foi uma chegada qualquer, ele insistiu por muito tempo, disse coisas. – então contei com todos os detalhes que eu me lembrava.
-Então, você não ficou com o Harry por causa do Zayn e acabou ficando comigo... Agora entendo sua perturbação.
Ele me aconselhou algo sobre esperar pra ver como as coisas iam ficar. Eu disse que queria dar um tempo, ficar um pouco longe. Tinha minha desculpa perfeita, ia para casa no próximo fim de semana. Ele achava que o melhor jeito de resolver aquela confusão dentro do meu coração era conversando, e não fugindo, mas que eu sabia o que seria melhor pra mim. Ele me deu um abraço, foi estranho abraçá-lo, me lembrei da noite passada, como aqueles braços me seguravam diferente, balancei a cabeça, deveria esquecer aquilo, tinha sido “só o momento”, nas palavras de Louis. E eu acabava por concluir que minha vida estava sendo feita de muitos “momentos”, isso não estava sendo legal.
Louis foi pra casa logo depois do café. Eu tinha algumas tarefas pra aulas de segunda e também queria ficar um pouco sozinha. O que deu certo até cinco da tarde, quando meu interfone tocou, esperava que fosse o porteiro ou sei lá. Então surge em minha porta o Zayn com uma caixinha que ele alega ter um cheesecake. E era tudo que eu precisava, um dos fantasmas da minha mente agora estava bem na minha frente e coitado, ele era o mais inocente de todos e eu, a mais babaca de todos.
-Queria saber como você estava depois da noite agitada de ontem, ia mandar uma mensagem, mas achei que o cheesecake faria isso melhor que uma mensagem, acertei?