A corrida

By NMCMsama

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Uma tradição antiga, que remonta aos primórdios da humanidade e aos albores da sociedade Alfa-Beta-Ômega, per... More

A Corrida
A virgindade
Vou Participar
A escola Alfa
Sirius e Remo, um peculiar casal.
Vou participar
Chef Chang
Podemos vencer a corrida?
Blue Note Jazz Club
Amos Diggory
Cedric Diggory
O despertar
O Passado Censurado
A festa no jardim
O saboroso bufê
O alfa dominante
Misterioso Alfa
Explicações sobre ideologias
Treinamento e convite para um almoço
A toca
Os Weasleys
Alfa Crouch
A palavra de um Alfa é sagrada
O sermão
Convidados?
Neville Longbottom
Alfa não demonstra fraqueza
Corrida 101
Alfas podem ser amigos?
Começa a corrida
Confirmando a inscrição
A Montanha
As sirenes
O primeiro confronto
Outros Alfas
O fim da primeira fase
A fúria dos alfas
A Realeza
A ligação
Misterioso ômega
Ômega Snape
Armadilha?
A missão
Passados entrelaçados
A corredora Misteriosa
Rival?
Sobre a Segunda Fase
Feral
Preparação
A primeira Charada
A Segunda Charada
Observadores
Flores e Espadas

O encontro

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By NMCMsama


Ele avançava velozmente, seus pés tocando delicadamente a relva úmida, ainda ornamentada pelo orvalho matinal. A alvorada mal havia esboçado seus primeiros raios quando eles iniciaram sua jornada. O céu, tingido de tons suaves de lilás e laranja, testemunhava a determinação em seus passos. Ele liderava o caminho, mas os sons ofegantes e resmungos do companheiro logo atrás eram inconfundíveis. Seu próprio respirar era um modelo de eficiência: contido, rítmico, tal como uma máquina maximizando cada gole de oxigênio, vital para os músculos durante a longa corrida.

Uma respiração compassada era mais que uma técnica; era um mantra para manter o ritmo cardíaco estável. Alterações bruscas na respiração podiam levar a oscilações no ritmo cardíaco, o que não apenas reduzia a eficiência, mas também trazia riscos durante esforços prolongados. Além disso, a calma ao respirar ajudava a aliviar tanto o estresse físico quanto o mental.

Exageros na respiração podiam desencadear hiperventilação, um desequilíbrio no qual excesso de oxigênio e a falta de dióxido de carbono causavam tonturas ou fraquezas - uma desvantagem clara em qualquer corrida. Essas lições, ministradas por Amos, foram rapidamente absorvidas por Harry, mas Neville ainda lutava para dominá-las. Harry sabia que as corridas não eram maratonas contínuas; a primeira e terceira fases duravam apenas uma hora, mas a segunda fase era imprevisível. Recordava-se, graças aos vídeos analisados com Amos, de uma segunda fase que se estendeu por três exaustivos dias. A mensagem era clara: estar preparado para qualquer eventualidade.

Já havia um mês e meio desde que iniciaram o treinamento intenso. Cada dia que passava trazia um peso crescente, como uma sentença inelutável aproximando-se de sua execução. Harry, embora ansioso e temeroso, dedicava-se aos treinos com tal afinco que Amos e Alastor chegaram a adverti-lo para moderar o esforço. Não valia a pena se desgastar a ponto de comprometer sua capacidade de correr. Assim, consciente, Harry diminuiu o ritmo, permitindo que Neville o alcançasse.

As palavras de Diggory ecoavam em sua mente: "É uma corrida, mas nas primeiras fases, não buscamos vencedores, mas sobreviventes. Não se ganha nada por chegar primeiro". Harry não via os outros ômegas como rivais, não desejava vencê-los...O seu foco deveria ser os alfas.

Exausto, Neville finalmente o alcançou, apoiando-se numa árvore frondosa para recuperar o fôlego. "Não acha que... que já corremos o suficiente?" indagou, ofegante.

Harry retirou um mapa da pochete na sua cintura, analisando-o atentamente. "Devemos encontrar uma trilha para retornar à estrada principal daqui a alguns metros...".

A preocupação de Neville era válida. "Será prudente corrermos assim? Estas terras podem ser propriedade privada", argumentou, algo que já havia expressado antes, quando Amos propôs as maratonas pelas florestas e campos da região. De fato, transitavam por terras que possivelmente pertenciam a alguém, mas, sem cercas evidentes e apenas de passagem, o risco parecia mínimo. Era parte do treino experimentar a desorientação em um ambiente desconhecido, utilizando-se apenas de ferramentas básicas como o mapa e a bússola.

"Assim que encontrarmos a estrada, não precisaremos nos preocupar com invasão de propriedade privada ou algo assim. Sua ficha criminal continuará limpa, Neville... Por enquanto", disse Harry, com um meio sorriso sarcástico, arrancando um riso contido de Neville. A leveza do momento contrastava com a seriedade do treinamento, criando um breve respiro em meio à tensão da preparação.

Harry respirou profundamente, absorvendo o ar fresco da floresta, um gesto que Neville imitou. Este ato não era apenas para estabilizar a respiração; eles também estavam aprimorando uma habilidade vital em seu treinamento: a detecção de aromas. Os alfas eram notoriamente reconhecidos por seu olfato aguçado, mas os ômegas, sensíveis aos feromônios, não ficavam muito atrás. Alastor Moody teorizava que os ômegas nunca tinham sido estimulados a desenvolver seu olfato desde a infância, ao contrário dos alfas, que eram treinados na arte da caça e perseguição. Moody acreditava que os ômegas podiam se tornar excelentes farejadores, talvez não ao nível dos alfas, mas o suficiente para lhes conferir uma vantagem estratégica. Para ele, os ômegas não deveriam ser apenas reativos aos feromônios dos alfas.

Portanto, eles se concentravam em absorver e discernir os cheiros do ambiente. "Consigo sentir o cheiro do orvalho e... ali, crisântemos a alguns metros, com seu aroma leve, ligeiramente picante, talvez até amargo. E essa fragrância mais intensa, de resina, é dos pinheiros... Harry, você percebe esse cheiro? Canela, deve haver Samambaia-canela por aqui. Também sinto Hamamelis, com seu aroma suave e distintivo, suas flores florescem no final do outono...", relatava Neville Longbottom, revelando-se um expert na identificação de odores da flora local. Harry sempre se surpreendia com o nível de detalhamento que Neville empregava em suas descrições, algo que ele próprio tendia a ignorar.

Harry, concentrado, percebeu algo além do aroma das plantas. Um odor mais intenso e almíscarado capturou sua atenção. Um cheiro terroso, amplificado pelo aroma de pelo molhado e saliva.

"Harry? O que você encontrou?" perguntou Neville, notando a mudança na expressão de seu amigo.

"Cachorros..." respondeu Harry, seus olhos verdes se alargando em alerta. "Cachorros se aproximando! Neville, precisamos correr!"

Antes que Neville pudesse questionar mais, o som de latidos ao longe rasgou o silêncio da floresta. Harry agarrou o pulso de Neville, puxando-o para se moverem rapidamente entre as árvores.

"Seriam lobos?" questionou Neville, enquanto eles avançavam a passos largos.

"Não há lobos nesta região. Mas cachorros? Isso sim seria possível... Lembre-se, os alfas gostam de caçar e frequentemente usam cachorros para isso..." explicou Harry, aumentando o ritmo da corrida.

Neville sugeriu, ainda esperançoso, "Não poderia ser alguém fazendo trilha com seu cachorro?" Mas a realidade se impôs com a crescente cacofonia de latidos, vindos de várias direções e indicando um grupo de cães, grandes e pequenos. Eles estavam, sem dúvida, em meio a uma caçada.

O coração de Harry pulsava acelerado, sua respiração tornara-se rápida e superficial. Será que essa sensação de desespero, essa perda de orientação e medo, o invadiria durante a corrida real? Não, ele se recusava a ser a presa, a sucumbir ao terror. Mas, enquanto sua mente buscava uma saída, um gemido de Neville e o som de uma queda o fizeram girar rapidamente.

Neville havia tropeçado em uma raiz proeminente, camuflada sob um tapete de folhas caídas. "Droga... Desculpe!" lamentou Neville, com uma expressão de dor.

"Não peça desculpas, já te disse!" respondeu Harry, aproximando-se para ajudá-lo. Ele percebeu o calcanhar de Neville avermelhado e inchado, um sinal claro de contusão. Correr com a mesma velocidade seria impossível agora.

"Você deveria ir... Eu só serei um estorvo...".

"Neville, cala a boca, sim?" interrompeu Harry, decidido a não abandonar o amigo, independente do perigo iminente. Ao invés disso, ele agarrou um galho firme, testando-o no ar com movimentos precisos, transformando-o em uma arma improvisada.

"Harry..." Neville sussurrou, sua voz carregada de apreensão ao observar Harry se posicionar para defendê-los. O som dos cães, agora mais próximo e ameaçador, ressoava atrás deles, transformando a atmosfera antes relaxante da floresta em uma cena digna de um filme de terror.

***

Embora ele inicialmente desdenhasse desse tipo de treinamento, era inegável que estava colhendo resultados positivos. Correr como parte de uma matilha, segundo Sirius e com o incentivo adicional de Victor, traz benefícios significativos, promovendo o desenvolvimento do senso de coletividade e liderança. No contexto dos alfas, observa-se uma dicotomia comportamental: a tendência de integrar-se harmoniosamente à matilha ou a aspiração de lutar pela posição de liderança.

Essa dualidade se torna particularmente evidente durante corridas, onde é essencial aprender a equilibrar a própria presença entre outros alfas, evitando chamar atenção excessiva. Destacar-se demais pode levar a consequências sérias, especialmente em situações competitivas. Alfas mais velhos e estabelecidos, frequentemente possuindo um complexo de superioridade, podem reagir agressivamente a desafios percebidos à sua liderança, adotando uma postura do tipo "eu sou o verdadeiro alfa; jovens aspirantes não devem tentar usurpar minha posição". Portanto, entender e manejar habilmente estas dinâmicas sociais é crucial para a sobrevivência e sucesso na corrida.

Victor explicava com fervor que correr na floresta, ao lado dos cães, evocava algo profundamente ancestral, como se despertasse um gene há muito adormecido, intrinsecamente ligado à essência de ser um alfa. Correr livremente, caçar em grupo, permitir que os sentidos se intensifiquem - era ser um com a matilha e com a natureza. Para Draco, esses últimos dias, exatos um mês e meio, foram reveladores, descobrindo facetas sobre si mesmo e suas habilidades que nunca haviam sido exploradas na escola.

Enquanto corria, Draco de repente se deu conta de que tinha parado, quase inconscientemente, respondendo à dinâmica dos cães de Sirius que agora farejavam a clareira. Ofegante, ele passou a mão pela testa, empurrando para trás os cabelos loiros em desalinho, enquanto tentava secar o suor com uma toalha que trazia em volta do pescoço. Apesar do frio do outono que cedia lentamente ao inverno, o calor gerado pela adrenalina da corrida e pelo esforço físico mantinha seu corpo aquecido.

"Deveríamos voltar, não?" perguntou Draco, olhando para Victor, que estava a sua frente. Ao contrário de Draco, Victor parecia quase imperturbável pelo exercício intenso. O alfa russo tinha a aparência de quem acabara de fazer uma caminhada matinal tranquila, apesar de terem passado horas correndo pelas densas florestas das terras de Sirius Black.

Victor não respondeu imediatamente a Draco, um comportamento ao qual ele já estava se habituando. Contudo, naquele momento, a atenção de Victor estava completamente voltada para o ar, como se tentasse captar algo sutilmente presente. Draco percebeu que não era apenas Victor que agia dessa forma; os cães ao redor também começaram a farejar intensamente, seus latidos crescendo em entusiasmo.

Sentindo-se um pouco à margem daquela agitação, Draco decidiu concentrar-se em seu próprio olfato. Logo foi surpreendido pelo cheiro adocicado e característico de...

"Dois ômegas, estão perto," Victor finalmente falou, verbalizando a conclusão que Draco já havia alcançado.

"O que faremos? Quero dizer, não precisamos necessariamente fazer algo..." Malfoy comentou, gesticulando com a mão como se tentasse dispersar o aroma atraente dos ômegas jovens, como se fosse um mau cheiro qualquer. Mas, no fundo, ele sabia que estava tentando enganar a si mesmo.

"De fato, não precisamos fazer nada," respondeu Victor, lançando um olhar penetrante e enigmático para Draco. No entanto, antes que Malfoy pudesse continuar a conversa, os cães, já estimulados pelo cheiro, avançaram, adentrando a floresta com um objetivo claro: os ômegas. Draco observou, o coração acelerado, enquanto os cães desapareciam entre as árvores, deixando um rastro de folhas agitadas e o som abafado de seus latidos ao perseguirem os ômegas.

"Droga!" Draco exclamou, apressando-se para seguir seus amigos caninos. Victor já havia se adiantado pela trilha com o mesmo objetivo. Draco não estava preocupado com a possibilidade dos cachorros ferirem os ômegas. Na verdade, era bem provável que os recebessem com a mesma efusividade com que haviam recebido a ele próprio, pulando sobre eles e cobrindo-os de baba. No entanto, a súbita aparição de uma matilha de cães certamente assustaria qualquer um, especialmente ômegas. Malfoy lembrou-se de sua mãe e como ela reagiria em uma situação dessas – provavelmente desmaiaria devido à intensidade da emoção. Ele estava determinado a impedir que aqueles ômegas passassem por um estresse tão grande.

Eles desciam a encosta a passos rápidos. Draco tentava desesperadamente comandar os cachorros para que parassem, mas eles nunca o haviam obedecido. Victor também tentava, gritando comandos em russo, mas sem sucesso. Provavelmente os cães só entendiam inglês, mas Draco suspeitava que a verdadeira razão de sua desobediência era a lealdade exclusiva a Sirius, que os tornava rebeldes a qualquer outra pessoa. A trilha se tornava mais íngreme e sinuosa à medida que eles avançavam, o som dos latidos ecoando pelas árvores, misturando-se com o farfalhar das folhas sob seus pés apressados.

As copas das árvores, embora despojadas da maioria de suas folhas, ainda lançavam sombras densas no interior da floresta, criando um ambiente sombrio e misterioso. Assim, quando Draco emergiu da penumbra das árvores, o contraste abrupto entre o escuro e a luz do dia o cegou por um momento. Seus olhos demoraram para se ajustar à súbita mudança de luminosidade, e quando finalmente conseguiu enxergar claramente, viu um tronco vindo em sua direção. O tronco era segurado por um ômega de cabelos desarrumados, óculos e olhos verdes vibrantes.

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