As sirenes

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A sirene continuava a emitir seu som estridente, dominando a atmosfera com sua presença avassaladora. O ambiente ao redor parecia render-se, silenciando em reverência a esse grito pavoroso. Harry, caminhando em direção à pista parcialmente coberta de neve na base da montanha, refletia sobre a urgência daquele som. As árvores ao redor, cobertas por uma fina camada de gelo, pareciam testemunhas imóveis da cena, enquanto a luz pálida do inverno artificialmente criado se derramava sobre a paisagem, conferindo um tom quase fantasmagórico ao cenário.

Atrás dele e à sua frente, uma série de ômegas se posicionava de maneira aleatória na linha de partida. A pista, Harry notou, era estreitamente serpenteante, forçando-os a correr em fila. A combinação da neve com a inclinação acentuada aumentava o risco de acidentes, como escorregões que poderiam gerar um perigoso efeito dominó entre os corredores. Harry suspeitava que essa era exatamente a intenção dos organizadores da primeira fase da corrida, para atrasar os ômegas, tornando-os presas fáceis para os Alfas.

"E eu que pensei que a verdadeira dificuldade estaria na segunda fase..." Luna comentou ao seu lado, sua voz trêmula ecoando na quietude gelada. "As cartas realmente indicavam grandes obstáculos iniciais..."

"Então, você realmente faz previsões? Digo, você é cartomante?" Neville perguntou, tentando engajar em uma conversa casual para aliviar a tensão palpável.

Luna, forçando um sorriso tênue, respondeu: "Leio cartas, runas, borras de café, bolas de cristal, búzios... Meu pai é editor de uma revista sobre misticismo e fenômenos sobrenaturais na Inglaterra..." Sua tentativa de manter a calma era evidente, assim como a ansiedade que tentava mascarar.

Harry sabia que não tinham tempo para prolongar aquela conversa. "Vamos deixar que a maioria tome a dianteira na largada," ele sugeriu. "A pista é estreita e se corremos juntos com o grupo inicial, podemos nos envolver em acidentes, sem ganhar vantagem alguma. Lembrem-se, o objetivo é chegar ao fim sem ser capturado, não necessariamente ser o primeiro."

Luna o observou com olhos arregalados e Neville assentiu com determinação.

"Você já participou de uma corrida antes?" ela perguntou.

"Não, essa é minha primeira vez," admitiu Potter com um sorriso nervoso. "Mas não precisam seguir minhas instruções se não quiserem."

"Não... A ideia é boa. E, para ser honesta, não quero ser pisoteada nem capturada por um alfa..." Luna revelou, abraçando-se, mesmo sob a proteção do casaco fornecido pelo evento. Seu tremor era visível, mas Harry sabia que não era apenas pelo frio. Era medo, um medo que todos compartilhavam naquele entardecer gélido e incerto.

Um silêncio denso tomou conta do estádio quando a sirene finalmente cessou. Harry sentiu a tensão no ar, palpável entre ele e os outros ômegas que aguardavam ansiosamente. Todos estavam em expectativa, concentrados.

"Para aqueles que por algum motivo desconhecem as regras da corrida, estou aqui para esclarecê-las ou simplesmente recordá-las. Após o segundo toque da sirene, os ômegas terão uma hora para completar esta etapa da corrida. O cronômetro será exibido aqui na tela," explicou Edgar, no grande telão do estádio. Ele apontou para um canto da tela, onde um relógio digital, que começaria a contar regressivamente a partir de uma hora, se materializou.

"Ah, e não se esqueçam que os ômegas têm uma vantagem de 15 minutos antes do toque da terceira sirene... Esse é o sinal realmente importante!" interrompeu Lauren, a outra apresentadora, com uma energia contagiante.

"Claro, como poderíamos esquecer dos heróis desta corrida: os alfas," acrescentou Edgar, exibindo um sorriso brilhante. "Eles entrarão em cena logo, apenas precisamos aguardar esses 15 minutos."

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