Nunca andei tão rápido em minha vida. Só sabia que precisava esfregar aquela carta na cara do Harry e ouvir o que ele tinha como justificativa após quatro anos de silêncio no momento em que tive certeza de que era ele mesmo.
Eu o chamei e ao mesmo tempo corri até meu quarto, que depois do nascimento dos gêmeos foi movido para onde era o escritório que meu pai nunca usava .
Harry estava me ignorando, e embora eu devesse esperar por isso, no fundo, sonhava com a possibilidade de tudo não passar de um mal entendido.
- Eu não estou interessado em nada que venha de você Tomlinson - Harry disse e se virou para entrar em casa.
Ele me largou sozinho e sem saber o motivo outra vez. E eu fiquei ali por alguns segundos fitando suas costas suadas e absurdamente bem definidas.
Por mais que fingisse que não, tê-lo por perto desse jeito, era mil vezes pior que longe e meu coração se quebrou um pouco por isso.
Tudo o que eu queria era voltar no tempo.
- Então quer dizer que você conhece o nosso vizinho lindo? - Daisy perguntou como se fosse impossível.
- É só o Harry e ele é um idiota. - amassei o papel e joguei sobre os ombros. - Não gostem dele que vão ter seus corações partidos.
- Aonde está indo? - Phoebe quis saber - Você prometeu me ajudar com as lições.
- Depois, agora eu vou andar um pouco. - respondi seguindo para meu refúgio. O único lugar onde as lembranças eram boas.
Escalei a árvore e toquei a marca entalhada e essa visão só fez o nó de minha garganta aumentar.
Eu realmente não tenho ideia de quanto passei ali, chorando com o rosto enterrado nos joelhos.
Meu pescoço estava doendo por ficar ali encurvado na mesma posição.
- Olha só o que temos aqui, uma frutinha podre - ouvi a voz rouca e me assustei por não ter notado ninguém se aproximando. Meu rosto provavelmente estava vermelho e eu não queria que ninguém me visse naquele estado. - Eu realmente sinto muito interromper seja lá o que esteja fazendo - aposto que não sentia. - Mas, tem uma garota ali embaixo há algum tempo e algo me diz que ela veio por você. - Harry disse.
Espera aí, há quanto tempo ele já estava aqui?
Levantei o rosto, rezando para não parecer tão miserável quanto me sentia e olhei para baixo.
Sally estava ali olhando para cima com a mão nos olhos por causa do sol, enquanto tentava enxergar através das folhas do sicômoro.
Desci até onde estava e ela me recebeu com um selinho rápido.
- Eu nunca vou descobrir qual a sua conexão com essa árvore.
Ela fez uma careta engraçada.
- A que devo a honra da sua visita - perguntei à minha namorada.
- Senti sua falta. Quase não nos vimos nesse verão e pensei que talvez pudéssemos aproveitar o restante do fim de semana... - ela descansa o rosto na curva do meu pescoço, me abraçando.
Eu realmente achava Sally uma garota adorável, ela era bonita, tinha os olhos esverdeados brilhantes, cachos perfeitos, longos e sedosos. Era sempre amável com os outros e apareceu em minha vida num momento em que eu realmente precisava.
(Flashback on)
Depois que Harry decidiu ir embora, eu fiquei muito triste. Nas primeiras semanas parecia uma alma penada e os céus sabiam como eu sentia falta dele.
Exatamente um mês depois que o garoto que costumava ser meu amigo se foi, eu comecei a receber bilhetes todos os dias.
Sempre que chegava no colégio haviam envelopinhos com pequenas frases. O primeiro dizia "alguém ama você". E eu recebi mais desses nos momentos que mais precisava. Eles estavam sempre acompanhados de doces, as vezes fitas k7 com músicas que pareciam com folk e elas eram incríveis apesar de nunca tê-las ouvido antes.
Então, no ano passado, depois de já ter desistido de descobrir quem me mandava essas coisas em anônimo, precisei chegar mais cedo na escola e a vi mexendo nas gretas da porta do meu armário. Eu deduzi o óbvio. Sally estudava comigo desde sempre, me lembrava dela de algumas aulas. Me lembro de vê-lá sorrir todas as vezes que nos cruzavamos pelos corredores.
Quando a perguntei, ela não confirmou, mas não negou. Nos aproximamos por isso. Eu realmente me sentia bem ao seu lado, e sabia que ela gostava de mim mais que como amigo. Niall e Liam a aprovavam, apesar de Dakota e Ed não, decidi pedi-la em namoro do dia dos namorados desse ano e estamos juntos desde então.
(Flashback off)
- Lou, está tudo bem? - Sally perguntou me observando.
- Não, eu queria ficar um pouco sozinho, por isso estava aqui. - respondo.
- Quer conversar, babe?
- Não, eu vou ficar bem. - Eu preciso deixar esses sentimentos para trás.
-x-
Eu sei que os caps estão bem bostinhas, mas preciso esclarecer mais ou menos as coisas importantes dos anos que passaram.
Sobre o Louis hétero: garotas, o Harry está na cidade, então, gay mode ON.
Nem preciso dizer que esse namoro tá com os dias contados né?