31. Louis

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Desmond Styles é um homem no mínimo desprezível.

Não que ele tenha feito algo ruim comigo, muito pelo contrário. Sempre foi muito hospitaleiro e costumava ser o tipo de exemplo masculino que me fazia ter inveja de Harry por ser seu filho.

Ele era aparentemente tão correto, um bom cristão, um bom vizinho, um homem de família. Daqueles que sai todos os dias de manhã para o trabalho com sua maleta em mãos e uma expressão suave no rosto.

Entretanto, por baixo daquela aparência tranquila existia algo podre, sombrio. Eu podia sentir.

Tudo que eu conseguia enxergar depois da conversa com Niall, eram as coisas que ele já havia feito ao próprio filho.

Lembrar de cada marca roxa, cada olhar triste em Harry e saber que ele as havia causado, me dava ódio.

E embora o homem ainda me sorrisse, podia perceber o preconceito e mesquinharia sobresaindo em pequenos detalhes do que dizia.

Como por exemplo, a forma como Desmond sempre mencionava o preço das coisas, mas nunca valor emocional ou apreço, ou como quando repudiava de tudo que era diferente do "padrão" ou desconhecido por si, além de também desdenhar daqueles que julgava inferiores.

De fato, repulsivo.

- Então Louis, meu jovem... por essas marcas vejo que provavelmente estava envolvido nessa confusão em que o Harry se meteu.

- Na verdade, ele só entrou nessa por minha culpa. Harry tentou me defender enquanto três garotos idiotas me batiam ao mesmo tempo.

O homem franziu o cenho para mim.

- E por que eles fizeram isso? - perguntou.

- Por que os meninos da escola perseguem o Hazza - tentei sorrir para Harry nesse momento, mas ele parecia completamente alheio à tudo enquanto fazia casinhas de waffles. Sério Harold? Casinhas?! - Na verdade o perturbam só porque o jeito dele é diferente, o Harry é muito quieto e na dele. - termino e Gemma sorri largamente para mim, sendo acompanhada por Anne em aprovação.

- Hum, alguém que luta pelo que é certo e defende suas crenças. Isso é um traço de caráter admirável Louis. - Des sorri e completa a sentença - Você deveria andar mais com garotos como Louis meu filho.

Sorrio sarcasticamente com a menção dessa frase.

Como se ele não tivesse proibido Harry de fazer qualquer coisa ou sequer falar comigo. Que hipócrita.

Harry não dá ouvidos e o pai parece meio frustrado por isso.

Depois dessas palavras, Anne sugeriu que nos reunissemos num churrasco como costumávamos fazer assim que eu e minha família nos mudamos. O sr. Styles concordou e eu não sabia se estava tudo bem para Harry, afinal, mal tínhamos acabado de fazer as pazes.

Tive que apertar sua mão para que me desse atenção e o olhei procurando por uma resposta. Harry apenas deu de ombros. Entendi que era para fazer o que eu quisesse.

Ele continuou segurando minha mão depois disso e a sensação até que era confortável.

Acabei aceitando o convite dos pais de Styles, pois minha mãe me ensinou que devemos ser sempre educados. Seria desfeita dizer não para Anne. Ela era sempre tão doce.

E além do mais, teria mais tempo com Harry também.

Então, eu consegui finalmente ir para casa. Estava morrendo de medo das broncas que provavelmente levaria e do castigo que seria estendido.

Eu já sabia que podia dar adeus à festa da Dakota no sábado.

Com a minha melhor cara de inocência atravessei a rua e na garagem, notei um carro luxuoso e diferente.

Dei graças à deus por termos visita. Só assim minha mãe não comeria meu fígado. Não que ela não se importasse com aparência, só não o faria na presença de testemunhas.

Entrei em casa.

Abri a porta e pude escuta-la sorrindo na cozinha e havia uma gargalhada masculina a acompanhando.

Adentrei no cômodo com o cenho franzido, curioso. Quando me deparei com aquela cena meu queixo quase caiu.

Os dois estavam sentados à mesa sorrindo e tomando café. Lottie observava admirada o homem de farda militar contando histórias e meu queixo parecia desencaixado do rosto porque eu não conseguia fechar a minha boca.

Eu fiquei ali pasmo com os braços cruzados na frente do corpo. Passaram-se muitos anos, mas era ele mesmo. Eu tinha certeza.

Para que não restassem mais dúvidas, tomei coragem de dizer algo, sentindo uma mistura de remorso, confusão e raiva.

- Pai? - chamei.

Foi a única coisa que consegui dizer no fim das contas.

Love Buzz || L.S. ✔Where stories live. Discover now