Inglaterra, outubro de 1841 .
— Está gostando dos aperitivos? — Katherine me questiona.
— Estão deliciosos. —sorrio — E quem se atrever a dizer o oposto que se exploda.
— Só você mesmo, Alex. — ela gargalha um pouco alto e algumas pessoas fitam a anfitriã do evento com desdém — Algo os incomoda, senhores? — Kate os questiona com afronta.
— De maneira alguma, duquesa. — ironia escapa dos lábios de um dos homens.
Ian se aproxima de nós sorrindo, acena em cumprimento para mim e atrela um beijo amoroso na minha amiga.
— Querida, vamos abrir a pista de dança?
— Claro, assine meu cartão de danças. — ouço ela sussurrar nos ouvidos de Ian.
— Perdoe-me pela minha indelicadeza, farei isso o quanto antes. — ele sorri apaixonado.
Katherine alcança seu pulso que contém o cartão de danças para ele, Ian o segura com carinho e a sua mão livre vai a um dos seus bolsos e de lá é retirada uma caneta modernizada. Ele assina o papel preso ao pulso de sua esposa e ambos sorriem felizes.
— E você dançará com quem, Alexander? — Ian diz e eu dou de ombros.
— Ainda não sei, mas providenciarei uma parceira para valsar, pode se assegurar disso.
— Estou animada para ver. — Katherine diz e logo o casal de vai para o centro do salão.
Devo assumir, gosto das festividades referentes a nobreza. Principalmente por que poderei vê-la, eu a verei aqui no baile da apresentação de Christian a sociedade londrina.
Ian insistiu para que essa festividade ocorresse, mesmo que Chris estivesse relutante a isso.
Um dos criados passa e me oferece uma taça de champagne que eu aceito com prontidão. Levo a taça aos meus lábios e passo a fitar toda extensão do salão.
Meus olhos a fitam a dançar com um cavalheiro de posses, um súbito ciúme se apossa de mim, mas trato de tentar extingui-lo.
Há alguns meses a vi debutar perante a sociedade londrina e me vi fascinado por ela, mesmo não tendo trocado nem sequer um cumprimento, ainda sim, senti algo diferente. Mas quero reformular esse detalhe e de hoje não passará, quando sei o que quero, eu vou lá e realizo.
Observo quando a valsa acaba e ela se volta em direção a sua mãe — marquesa de Brighton, Gertrudes Thompson — e ali finca seus pés.
Respiro fundo e em uma súbita coragem meus pés se movem em sua direção, meu olhar não se desencontra do seu magnifico rosto.
Seu cabelo está em um coque frouxo e algumas mexas rebeldes escapam do penteado e se vão de encontro ao seu rosto. Seus olhos são amendoados e de um castanho tão profundo, seu nariz é arrebitado de um jeito delicado e seus lábios — aqueles belos e fascinantes lábios — são carnudos e tão apetitosos. Percebo um sorriso leve da parte dela ao fitar os outros casais na pista de dança e uma covinha em seu queixo resplandece pelo seu rosto tão delicado.
Seu corpo é marcado por um vestido azul turquesa, seu decote vai de ombro a ombro e as mangas se aproximam do limite dos seus pulsos. O corpete é justo e a onda tentadora de seus seios é visível aos meus olhos, a saia do seu vestido é armada e seus detalhes são em ramos de flores brancas.
Ao estar a cerca de três metros de distância dela, seu rosto se vira e me encontra. Percebo seu sorriso sumir, porém no seu olhar um brilho mágico reflete e chega até os meus.
Corto por completo a distância e realizo uma reverencia exagerada para ela e sua mãe. Fito ambos os rostos e percebo uma tensão estranha, mas ignoro por hora.
— Boa noite milady, me chamo Alexander Jones. — faço menção de segurar a mão da matrona para lhe dar um beijo em cumprimento, mas ela a esconde.
A marquesa me fita de cima abaixo, pois a cumprimentei primeiro e logo após me viro novamente para lady Carolina, faço menção de falar algo, mas sou cortado pela sua mãe.
— Boa noite Sr. Jones. — a voz da mulher mais velha demonstra irritação — Não seja indelicado e saiba que deve primeiramente aguardar que eu vos apresente, minha filha está debutando esse ano e está à procura de um bom partido.
— Perdoe-me pela indelicadeza. — espero alguns segundos para que ela me apresente a sua filha.
— Senhor Alexander Jones, está é Srta. Caroline Thompson, minha filha. — ela entreolha para a sua filha.
— Boa noite Sr. Jones. — assinto.
Em meu intimo essa simples conversa age de maneira turbulenta, pois sinto uma alegria se apossar de meu ser.
— Boa noite, Srta. Thompson. — ela assente de um jeito estranho, mas opto por ignorar — Por algum acaso, teria alguma vaga para uma valsa a mim em seu cartão de danças?
— Ela não tem. — sua mãe responde de maneira intrometida.
— Mas mamãe... — seu sussurro é choroso.
— Se não houver não insistirei, compreendo. Com todo respeito, sua filha é uma dama bela e seria compreensível não exibir uma linha em seu cartão de danças ainda em branco.
— Eu sei que ela é bela e aguarda um casamento vantajoso. — ignoro seu tom, apenas porque estou a fitar com fascínio a jovem dama.
— Posso me atrever a leva-la até a mesa de quitutes? — noto irritação nas feições da marquesa.
Ela faz menção de responder para mim, mas é interrompida pelo seu marido que se aproxima de nós.
Conheço Edgar Thompson de algumas noites que jogamos carteado com outros cavalheiros, de fato, é muito simpático e parece ser gentil ao tratar as pessoas.
— Olá, Jones. — aceno em cumprimento a ele. — O que conversam?
— Eu estava a convidar a sua filha para uma dança, mas ela já não possui uma vaga para mim. Então estava pedindo para leva-la até mesa de quitutes.
— É um homem ousado e pela sua iniciativa, eu permitirei. — transpasso meu olhar para Carolina, mas antes que eu chegue em seu rosto, fito a marquesa tão vermelha quanto um pimentão.
Seria de raiva? Me sinto na obrigação de perguntar o porque de tal atitude.
— Sente-se bem marquesa? — questiono com preocupação.
— E por que eu não me sentiria? — percebo a amargura em sua voz.
— Fico aliviado então. — faço menção de dar o braço para a jovem.
Ela olha para mim e eu vejo algo sem explicação, uma doçura e também um medo, mas deve ser tolice de minha parte. Ela hesita por um instante, mas logo aceita e emenda seu braço ao meu.
Unidos, nos encaminhamos para a lateral do salão. Sinto o aroma floral do seu corpo e uma mistura cítrica, semelhante a pêssego.
— Fico feliz que tenhamos vindo, e o que pensa sobre isso, Srta. Thompson? — ela me fita sonhadora, mas logo seu rosto se torna tenso como se tivesse lembrado de algo.
— Devo admitir que não pensei sobre tal questão, mas é confortante caminhar um pouco.
— Isso me deixa ainda mais feliz. — ela me fita em questionamento.
— Ao que se refere, cavalheiro?
— Digo sobre ter gostado de caminhar.
— De fato.
Chegamos perto da mesa, alcanço um prato de porcelana a ela e pego um outro para mim. A mesa está repleta de frutas variadas, bolos de todos os sabores e várias especiarias em queijos, presunto e peito de peru.
— O que deseja comer?
— Não estou com muita fome, mas pegarei um morango. — ela leva os dedos a um morango tão vermelho e sadio.
— Pegarei o mesmo.
— Não se sinta obrigado a escolher o mesmo que eu.
— Não estou, fique tranquila.
— Está bem. — ela sorri de um jeito tão lindo e inocente.
— Sua mãe me pareceu simpática. — sondo a opinião dela, mas seu sorriso some.
Percebo que seus olhos se movem para trás de mim, mas sigo a olha-la e estudar a sua expressão.
— Há algo errado, Srta. Thompson? — sua visão volta para mim, mas dessa vez toda doçura de antes se transformou em algo maléfico.
— Ouça cavalheiro, não ouse se aproximar novamente de minha pessoa, não faço questão de fazer parte da sua rale. — arregalo os olhos com o que escuto.
— O que disse? — ela aproxima seu corpo do meu, ainda mantendo uma distância segura.
— Eu disse que não desejo fazer parte de gente da sua rale, então não se iluda que alguém como eu lhe dê moral. — Carolina abre um sorriso grande — És um tolo se pensou nessa possibilidade, pois eu jamais juntaria seu nome ao meu.
— Porque está sendo tão cruel? — a questiono, mas a cada palavra proferida pelos seus lábios, uma raiva começa a se apossar de mim.
— Estou sendo realista apenas, pois sou filha de uma marquês e não me rebaixarei a estar com um simples homem que cresceu trabalhando em minério.
Olho para ela, ainda desacreditado de suas palavras cruéis. Os segundos passam e a raiva domina completamente, sigo a fitando e meu rosto pacifico se transforma no mais puro ódio.
Estou indo do fascínio ao ódio.
Faço menção de sair do salão, mas antes digo a ela algo que mudará nossas vidas.
— Veremos se não irá se rebaixar, Srta. Thompson.
Postei o primeiro capítulo somente para aguçar a curiosidade de vocês. Logo logo vou começar as postagens semanais de Fascínio de Um Americano.
Me digam sobre o que esperam dessa obra, estou animada para iniciar pra valer quando terminar Artimanhas de Uma paixão.
Não se esqueçam de comentar e votar.⭐
Beijoooos