The explosion of everything

By MoonyFolk28

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Regulus nunca pensou que faria algo do tipo "desaparecer por um tempo", mas quando o desespero bate a porta e... More

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março e formatura

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By MoonyFolk28

Eu estava tão feliz entre janeiro e o meio de março, quando eu tinha Marcus só pra mim e nada além dele, que eu deveria saber que alguém da minha família farejaria  minha felicidade como um tubarão.

Aconteceu com Bellatrix, uma das minhas primas. Bella havia me escolhido como alvo desde que Sirius tinha ido embora. Assim como aquelas abordagens "aleatórias" em aeroportos, ela me escolheu sem motivo nenhum. Eu era um black e estava ali.

Certa noite ela entrou no meu quarto durante uma reunião de família e me abordou, segurando um celular na frente do meu rosto.

-Eu sei qual é a sua, Reg- Bella disse, apontando para a foto na tela do celular.

Olhei de perto e, quando percebi o que era, tentei pegar o celular da mão dela, mas ela o afastou de mim.

Era uma foto de Marcus me beijando no carro dele.

- Você não vai querer que eu espalhe seu segredo de bicha para a família inteira né? - ela falou, se inclinando para chegar mais perto.

Aquelas palavras me acertaram com tanta força que mal consegui registrar o fato de que ela havia seguido Marcus e eu até o estacionamento onde a gente ficava quando nossos pais estavam em casa. Eu mal consegui olhar direito para a foto. É difícil ver uma imagem como aquela, o rosto do primeiro garoto que você beijou, sem imaginar o olhar bizarro da garota que pode te chantagear com o detalhe mais íntimo da sua vida.

- Mil dólares da fortuna que o Sirius te deixou e eu não mostro essa merda para os seus pais - Bella disse.

Ela não estava brincando.

Mas o fato era o seguinte: Sirius não havia me deixado nada. Mas quando meus pais tentaram bloquear a conta dele anos atrás, eu havia dito que os dados estavam comigo, que ele havia deixado pra mim. Quando na verdade, eu só queria que ele pudesse fugir em segurança.

Era muito mais fácil dizer "eu mudei todas as senhas" do que dizer  "por favor, não deixem meu irmão traidor morrer de fome."

Acontece que Sirius tinha muito dinheiro guardado durante os anos. Mas eu, eu não tinha o dinheiro que Bella queria. Tentei convencê-la a mudar de ideia mas a garota estava estranhamente insistente nessa coisa toda.

E quando me dei conta do que havia acontecido, não foi como uma explosão dentro de mim, e sim como um desabamento constante.

Toda a atenção meticulosa que eu havia dedicado a planejar como ia me assumir para meus pais, todos os anos que passei no armário sabendo que eu deveria me assumir do jeito certo: puf! Como poeira ao vento. Bellatrix foi muito clara: se eu não entregasse o dinheiro em um mês, estaria fodido.

Havia mais uma condição.

— Nada de ir contar para o seu namoradinho gay sobre o nosso acordo — ela acrescentou. — Se alguém ficar sabendo disso, essa merda vai direto para os seus pais.

E foi assim que Bellatrix Black demoliu a fortaleza que passei anos construindo para proteger meu segredo.

Quando se é gay, você cresce fazendo muita matemática mental. Seu cérebro é basicamente um grande placar de pontos nas cores do arco-íris, registrando cada coisinha que seus pais dizem – os comentários cotidianos, o jeito como reagem a dois homens de mãos dadas no shopping ou ao último comercial da Prada com um casal queer.

Você marca pontos para cada acontecimento. Positivos ou negativos. Chega uma hora em que você soma todos os pontos – e, acredite, nenhum é esquecido – e, com base na pontuação final, você decide como vai planejar sua saída do armário.

Para ser sincero, eu não conseguia visualizar um mundo em que minha saída do armário não fosse caótica. Queria poder dizer que eu era melhor do que isso, que eu ignorava o estereótipo. Mas, quando sua segurança depende de o estereótipo ser verdadeiro ou não, não dá para ser corajoso. Eu não ia apostar minha felicidade no fato de que minha mãe não atacava dois homens numa fila de supermercado.

Mas nada daquilo importava. Minha felicidade dependia de uma garota babaca gananciosa e seu esquema de chantagem.

Eu tinha quatro semanas e duas opções: desistir e entregar o dinheiro pra ela ou me assumir para os meus pais.

Primeira semana: eu estava surtando internamente. Me enfiei em um buraco no meu quarto. Parei de enviar mensagens para o Marcus. Ele me confrontou certa tarde no estacionamento.

— Reg, o que foi?

Lembro de observar a silhueta dos seus ombros largos, as pontas do cabelo castanho que ele se recusava a cortar. Eu não conseguia olhar nos olhos dele – era nossa competição de não se encarar, tudo de novo – porque tudo que eu conseguia enxergar naqueles olhos era aquela foto estúpida da gente se beijando, piscando na minha frente como uma placa de neon.

— Se aconteceu alguma coisa você pode me contar — Marcus disse. Ele estava claramente nervoso por ser visto falando comigo. Mesmo com todo o tempo que passávamos juntos no carro dele, a gente mal se falava na escola.

— Não é nada.

— Foram os seus pais? — Ele deu as costas para o campo de futebol, estufando o peito. — Se estiver acontecendo alguma coisa, eu quero…

— Não, você não quer — rebati. — Você não quer ajudar. Eu só preciso de espaço.

Segunda semana: as coisas só pioraram.

Comecei a receber respostas das faculdades em que me inscrevi. As cartas de rejeição pingavam na minha caixa de entrada, uma após a outra: NYU, Columbia, Northwestern, Georgetown, Boston College, George Washington. Era como um funeral longo e arrastado, principalmente com os meus pais. Eles ficaram muito calados e geralmente só reagiam com suspiros e acenos de cabeça com os lábios cerrados.

Eu também estava com raiva. Era para a faculdade ser minha luz no fim do túnel – quando eu finalmente poderia me assumir para meus pais em segurança, com uma certa distância entre nós. Eu contava com a possibilidade de que alguma daquelas faculdades seria minha escapatória.

Com exceção das duas instituições em que me inscrevi só por segurança, todas as outras haviam me rejeitado.

Voltei para dentro da minha concha. Fiquei quieto em casa. Quieto na escola. Quando a terceira semana chegou, a chantagem voltou a martelar minha cabeça constantemente. Eu tinha menos de sete dias e as mesmas duas opções: conseguir o dinheiro ou me assumir.

Como eu não tinha condições de decepcionar meus pais mais ainda, decidi juntar todas as economias para a faculdade e vender alguns dos meus livros na internet. Mas mesmo depois de conseguir todo o dinheiro e entregar, recebi uma mensagem: ela queria mais três mil dólares, desta vez até o dia da formatura.

Aquela desgraçada.

Pensei em me assumir para os meus pais. Ficava pensando constantemente naquele placar mental, mas eu simplesmente não conseguia encontrar um jeito de fazer as contas funcionarem. Sempre que eu abria a boca para tentar, eu falhava.

Toda vez que eu tentava colocar só um pouquinho para fora – testando o clima com qualquer comentário que desse a entender que gosto de garotos –, eu amarelava.

Já era difícil o bastante ter que pisar em ovos a vida inteira por causa de um segredo como aquele. É exaustivo o sentimento constante de que talvez você não esteja seguro ao lado da sua própria família. Meus pais já estavam me olhando de um jeito diferente por causa de todas as faculdades que me rejeitaram; se eu contasse que sou gay, deixaria de ser o filho deles.

Me tornaria um estranho que eles perderam tempo criando.

Uma semana antes da formatura aceitei que não existia nenhum universo onde eu seria capaz de me assumir.

Tentei conseguir o dinheiro. Tentei de verdade. Sentei a bunda na cadeira e fiz quantos trabalhos finais da escola, por dinheiro, que consegui, mas, no fim das contas, ainda faltavam mil dólares.

Dois dias antes da formatura, quase mandei uma mensagem para Bella perguntando se dois mil – dois mil dólares! – seriam o bastante. Mas antes de apertar o botão de enviar, tive um estalo. Uma ideia nova, uma terceira opção que eu ainda não havia considerado.

Desaparecer. Só por um tempo.

Eu sabia que a ideia era ridícula. Na verdade, tão ridícula que a fantasia de faltar à formatura e ir para outro lugar me confortou por cinco segundos. Foi a maior calma que senti em meses.

E então a ideia continuou na minha cabeça. E, quanto mais eu pensava no assunto, em simplesmente me retirar dessa bagunça até que as coisas sossegassem, menos ridículo parecia. Você não fica parado do lado de uma bomba que está prestes a explodir. Você corre.

Na manhã da formatura, eu estava hiperventilando no meu carro, estacionado na porta da garagem, com uma mala feita ao meu lado, no banco de passageiro. Então é isso, eu continuava pensando. Não conseguia acreditar que estava seguindo em frente com aquela ideia insana. Mas, em algumas horas, Bella ia contar meu segredo para meus pais no meio da formatura.

Já eu, estaria em um avião a milhares de metros de altura no céu. A salvo. Eu teria espaço. E, quando eu pousasse, teria a resposta mais importante da minha vida: saberia se minha família ainda me amava ou não. Se a resposta fosse sim, eu voltaria para casa.

E se fosse não – bom, eu estaria bem longe, como sempre planejei.

Quando finalmente comecei a dirigir, senti o choque entre minhas duas identidades mais forte do que nunca. Regulus Black. Gay. Sempre existiu um muro separando meus dois lados para que eles nunca se encontrassem. De um lado, havia Marcus. Do outro, minha família.

Em breve o muro cairia.

Respirei fundo. E então observei minha casa pelo retrovisor ficando menor e menor, até desaparecer.

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