O Gêmeo Maligno - Pausado

By Vivo_Enquanto_Posso

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Em algum lugar, escondido por entre as montanhas da Colômbia, uma pequena vila chamada Encanto vive feliz e t... More

Prólogo - A pior cerimônia de todas
Capítulo 1 - Uma nova manhã, dez anos depois
Capítulo 2 - Um encontro na praça
Capítulo 3 - Carlos, Mirabel e as Crianças
Capítulo 4 - A Madrigal mais chata
Capítulo 5 - Um momento entre irmãos
Capítulo 6 - A melhor cerimônia de todas - Parte 1
Capítulo 8 - Um papo entre primos
Capítulo 9 - Mesmo problema, soluções diferentes
Capítulo 10 - Gêmeos, arepas, café e Tia Julieta
Capítulo 11 - O caco que brilha em vermelho
Capítulo 12 - Um plano é um plano
Capítulo 13 - Madrugada no telhado
Capítulo 14 - Operação Madrigal
Isso é importante. Leia, por favor.

Capítulo 7 - A melhor cerimônia de todas - Parte 2

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By Vivo_Enquanto_Posso

- Carlos POV -

Respirando fundo antes de se virar pra multidão, Abuela logo começou a falar:

- Cinquenta anos atrás, no nosso momento mais sombrio, essa vela nos abençoou com um milagre. E a maior honra da nossa família tem sido usar nossas bênçãos para servir a essa comunidade tão amada. Esta noite, nos reunimos novamente enquanto mais um dá um passo em direção à luz para nos orgulhar. -

E então a cortina de flores e abriu pra revelar Antonio, que estava estático enquanto todos o aplaudiam e os ladrilhos do pátio da Casita mudavam de cor pra formar uma passarela vermelha pra ele. Logo em seguida, a Casita apontou as velas pra meu hermanito e as usou como holofotes. Antonio parecia nervoso e um pouco assustado, completamente imóvel enquanto todos olhavam pra ele com alta expectativa.

Aquilo imediatamente me levou de volta pra minha Cerimônia do Dom, quando eu tava na exata posição do Antonio, alvejado por olhares constantes e inquietantes, esmagado pela expectativa de todos, assustado com a possibilidade de algo dar errado.

- "Tonito..." -

Eu chamei por meu irmão mais novo com preocupação mentalmente enquanto ansiedade começava a tomar de conta de mim. Eu senti meu coração acelerar, senti minhas mãos tremendo e algumas gotas de suor começaram a se acumular na minha testa. Eu me senti um pouco tonto e estava começando a sentir náuseas, que droga.

- "Agora não... Por quê...?" -

Eu me perguntei em pensamento enquanto tentava me controlar, sentindo minha respiração ficar levemente. Mesmo que não seja minha cerimônia, é como se eu tivesse revivendo aquilo tudo de novo, e isso é horrível, extremamente horrível. Eu sinto como se tudo fosse dar errado a qualquer momento, e tudo o que eu quero fazer agora é fugir pra La Guarida.

- Ei. -

Eu ouvi um sussurro fraco atrás de mim junto de um aperto no meu ombro, olhando pra trás e vendo Camilo me encarando um tanto quanto preocupado.

- Vai ficar tudo bem. -

Ele sussurrou de forma tranquilizadora, mas eu lhe dei um olhar cético em resposta e então perguntei:

- Como tem tanta certeza? - (Sussurrando)

- Porque estamos juntos, nós dois. - (Sussurrando)

Ele respondeu com um sorriso gentil enquanto segurava minha mão pra me acalmar, como no dia da nossa Cerimônia do Dom. Aquilo realmente teve efeito, eu já não me sentia tão mal quanto antes, e mesmo que eu ainda esteja um pouco receoso, eu já estou bem mais calmo graças ao meu irmão.

- Obrigado. -

Eu agradeci de forma quase que inaudível, mas Camilo conseguiu ouvir mesmo assim, pro meu azar.

- Como é? Eu não ouvi direito. - (Sussurrando)

- Eu não vou repetir! - (Sussurrando)

Eu apertei a mão do Camilo com um pouco de força, não o suficiente pra fazer ele gritar, mas o suficiente pra fazer ele sentir dor.

Eu não vou admitir isso pro Camilo, mas eu fiquei realmente feliz dele ter notado como eu estava e eu fiquei realmente agradecido pelo o que ele fez.

Eu afrouxei o meu aperto e então voltei a olhar pro Antonio, vendo Mirabel caminhar até o lado dele e então segurar sua mão. Eu pude ouvir o murmúrio de alguns aldeões, surpresos com a presença de Mirabel, que simplesmente olhou pro Antonio e disse:

- Vamos. Chegou a horar de conseguir o seu Dom. -

Antonio se segurou no braço da Mirabel e então eles começaram a caminhar pela passarela no pátio, ignorando os olhares enquanto começavam a subir as escadas. Quando chegaram ao final, Mirabel soltou a mão de Antonio e caminhou pra perto dos meus pais, deixando meu irmão sozinho em frente à sua porta.

Meu coração tá batendo forte feito um tambor, e minhas mãos não para de tremer, mas Camilo rapidamente aperta minha mão com mais força e sussurra "Vai dar tudo certo." pra me tranquilizar. Mesmo assim eu não consigo evitar ficar nervoso com tudo isso.

- Antonio, você usará seu Dom para honrar nosso Milagre? Você servirá a essa comunidade e fortalecerá nossa casa? -

Abuela perguntou com um sorriso doce no rosto enquanto se curvava pra deixar a Vela do Milagre no alcance do Antonio, que segurou a vela e acenou com a cabeça. Logo em seguida, Antonio caminhou até sua porta e então segurou a maçaneta assim que a alcançou, um brilho mágico emanando da maçaneta e se espalhando pra sua porta, que brilhou intensamente por um segundo antes de voltar ao normal. Depois de alguns poucos segundos de um silêncio ensurdecedor, um tucano surgiu do nada e pousou no braço do Antonio, que olhou um pouco confuso pro animal. O tucano encarou o meu irmão mais de perto e começou a gorjear pra ele, sim, esse é o som que um tucano faz, e Antonio arfou surpreso, quase como se tivesse entendido o que o pássaro disse. O tucano começou a gorjear novamente, e dessa vez Antonio respondeu:

- An-rã, an-rã... Eu consigo entender você. -

O tucano alçou voo por alguns segundos antes de pousar no outro braço do Antonio, gorjeando novamente com mais animação dessa vez.

- Claro que eles podem vir. -

Antonio respondeu e então o tucano começou a gorjear para longe, e logo depois diversos outros animais começaram a invadir a Casita, tucanos, beija-flores, antas, capivaras e vários outros animais. Logo em seguida a luz dourada da porta do Antonio se dissipou e revelou um entalhe com a imagem do Antonio cercado por animais.

- Temos um novo Dom! -

Abuela exclamou animada, e então todos aplaudiram pra comemorar o novo Dom do Antonio, alguns fogos de artificio explodindo no céu enquanto gritava parabenizando nosso hermanito, mas isso não me impediu de dar m cascudo nele por ter gritado no meu pé do ouvido.

Já não basta os fogo de artificio machucando meus ouvidos, tem que ter o meu irmão gritando feito louco também.

Antonio abriu a sua porta então todos os animais rapidamente entraram pra dentro do seu quarto, todo mundo fazendo o mesmo logo em seguida. O quarto do Antonio nada mais é do que uma gigantesca floresta repleta das mais diversas plantas e árvores, uma árvore gigantesca estando imponente na frente de todos um pouco ao longe. Provavelmente é la que a cama do Antonio fica.

- Heh, o quarto do Antonio é mais bonito que o meu. -

Eu disse com um pouco de ciúme, mas muito mais impressionado e admirado com o quarto do que qualquer outra coisa.

- O que não é difícil, né? -

Camilo perguntou retoricamente com um sorriso enquanto me cutucava com o cotovelo, mas eu simplesmente dei um tapa na nuca dele e respondi:

- É mais bonito que o teu quarto também, tonto! -

¡Deja de golpearme! -

Camilo disse irritado enquanto devolvia o tapa, e eu simplesmente o encarei irritado antes de dar outro golpe nele, mas nossa pequena briga foi interrompida por uma onça-pintada que passou entre nós dois e correu até o Antonio, jogando meu hermanito nas costas e correndo até a árvore gigante e a escalando rapidamente. Quando chegou ao topo da árvore, a onça-pintada parou de correr e jogou Antonio das suas costas, deixando ele cair em uma rede que jogou meu hermanito em um escorregador feito com o tronco de uma árvore. No final do escorregador havia uma serpente pendurada em um galho a qual Antonio se segurou pra se jogar no alto, sendo pego pela onça-pintuda em pleno ar antes de ser trago de volta. Antonio desceu das costas da onça-pintada e logo meus pais correram até ele, mamá segurando seu rosto e o beijando várias vezes.

- Que incrível. ¡Callarse!¡Callarse! ¡Callarse! - 

Eu e Camilo exclamamos ao mesmo tempo quando percebemos que falamos "que incrível" juntos. A brincadeira do Callarse é simples: se você falar a mesma coisa que outra pessoa e disser: "¡Callarse!", a pessoa vai ter que ficar em silêncio até que alguém fale o seu nome, e se falar antes disso leva um cascudo e um puxão de orelha.

É sempre muito bom calar a boca do Camilo, mas tem vezes em que ficamos presos falando "¡Callarse!" um pro outro quando não conseguimos fazer um de nós calar a boca.

- Eu sabia que você conseguiria. Um Dom tão especial quanto você. -

Abuela disse enquanto se ajoelhava e então segurava o rosto do Antonio com carinho, e por mais que eu a odeie, eu sou obrigado a concordar com ela. A que ponto cheguei?

- Ah, precisamos de uma foto! Com todo mundo! Agora! -

Abuela exclamou animada enquanto se levantava, mas eu já não estava tão animado com essa ideia. Eu tentei sair de fininho pra não ter que aparece na foto, mas Camilo me segurou pelo colarinho e disse:

- Vem, Carlos, a gente pode fazer aquilo de imitar a pose. -

Camilo sugeriu com um sorriso animado no rosto enquanto me puxava pra junto do restante da família, e sua sugestão é realmente tentadora. Cedendo a tentação, eu perguntei pro Camilo que pose a gente ia fazer e então fiquei ao lado do papá apenas esperando pra poder tirar a foto. Quando toda a família se reuniu, a Abuela disse: "Agora todos juntos!" e então nós gritamos em uníssono enquanto fazíamos pose, eu e Camilo imitando a pose um do outro:

¡La Familia Madrigal! -

E então a foto foi tirada, um flash de luz ofuscando a nossa visão por menos de um segundo. Depois que a foto foi tirada, Abuela chamou todo mundo pra festejar na árvore do Antonio, mas eu decidi evitar a festa e voltar pro meu quarto, esperando todo mundo ir até a árvore do Antonio pra eu poder ir embora sem ninguém ver enquanto eu me dava conta de que faltava um Madrigal no meio de todo mundo.

- Ei, cê viu a Mirabel? -

Camilo perguntou enquanto se aproximava, também sentindo falta da nossa prima. O que me impressiona é que ele não precisou da minha ajuda dessa vez pra perceber algo óbvio. Isso, sim, é um milagre.

- Não, não vi. -

Eu respondi enquanto olhava ao redor, vendo Mirabel saindo do quarto. Eu me senti um pouco mal vendo aquilo, pois sei como essa noite deve ser difícil pra ela. Camilo, com toda a inteligência do mundo, falou o óbvio:

- A gente se esqueceu dela. -

- Não me diga. Descobriu sozinho, gênio? -

Eu perguntei sarcasticamente enquanto recebia um olhar aborrecido de Camilo, mas eu não me importei nem um pouco com isso e disse:

- Eu vou lá falar com ela. Qualquer coisa me procura no meu quarto. -

- Tá certo. -

E então Camilo correu pra árvore do Antonio, gritando com animação enquanto se juntava a festa. Eu soltei um suspiro pesado e gracejei da alegria exacerbada do meu gêmeo em pensamento, mas eu decidi ignorar isso e ir logo conversar com a Mirabel, ter um papo entre primos.


Olá. Essa Capítulo deveria ter saído bem mais cedo, lá pras três horas da manhã igual o último Capítulo, mas acabei ficando com dor de cabeça e decidi ir dormi. De qualquer forma, eu não sei quando o Capítulo Nove vai sair, mas garanto que vou lançar antes do fim do ano. Até lá, aproveitem esse Capítulo e aguardem pelo próximo pacientemente. Comentários serão apreciados. Dito tudo, passar bem, caro leito, e até a próxima.

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