Chego ao restaurante japonês no horário, para variar.
Precisava urgentemente comer algo saudável depois da pipoca como almoço e pedir uma pizza para a janta.
Encontro minha companhia na nossa mesa de costume e Brielle já se levanta quando me vê.
— Uau, chegou no horário certinho, parece que eu não vou morrer de fome, então. — Quando ela profere essas palavras eu viro de costas e caminho, fingindo voltar para a porta da frente e sair do restaurante. — Para com isso, palhaça!
Quando nos acomodamos nos assentos e pedimos a entrada, Bri fita meus olhos.
— O que Byrne fez dessa vez? — Minhas sobrancelhas se contraem.
— Por que acha que ele fez alguma coisa? — Pergunto com um tom irônico.
— Hm, deixa eu pensar, talvez seja por causa das centenas de áudios que me mandou ontem e do nada sumiu, só voltou para marcar para nos encontrarmos hoje. — Quando eu ia interromper, ela continua com um tom mais alto. — E mandou a mesma mensagem misteriosa que tinha me enviado da última vez. Por que não fala de cara que quer conversar sobre ele?
— Tenho medo de, sei lá, cometer um crime.
— Quê? — Indaga com um sorriso no rosto.
— Já pensou se eu falar o quanto ele me irrita, às vezes só por causa do sorrisinho convencido dele, e desejar que ele sumisse? — Falo tudo de uma vez, quase me atropelando com a velocidade que as palavras saem da minha boca. — Vou ser a primeira a ser investigada e aí vão ver minhas mensagens.
— Calma, louca. — Ela dá uma risada. — Ninguém sabe dessa afeição entre vocês.
— Afeição? — Corrijo-a. — Acho que você quis dizer desafeição.
— Tanto faz. — Bri sorri como se soubesse mais da minha situação do que quer contar e finaliza. — Provavelmente procurarão Theo, não você. Essa relaçãozinha de ódio, só vocês sabem que possuem, talvez nem Liam saiba.
— Ah, ele sabe, deixou bem claro isso ontem.
— Ontem? — As sobrancelhas dela se erguem tão rapidamente que nunca imaginei que fosse possível.
Eu suspiro e bem na hora que iria contar o garçom vem trazendo nossos pedidos. A mulher com os cabelos da cor de mel bate os dedos na mesa constantemente, indicando que está ansiosa para darmos continuidade ao assunto, mas o sorriso no rosto dela me assusta.
Assim que o moço deixa as entradas na mesa, percebo o alívio da minha melhor amiga.
— Com licença, — Falo para o garçom. — Será que já posso pedir o prato principal para enviarem depois da entrada?
— Claro, senhorita. — Ele nem se dá conta do olhar que Bri fornece a mim, se pudesse matar eu já estaria até enterrada. — Quer um cardápio?
— Não precisa. — Viro-me para Brielle. — Estava pensando em Uramakis, o que acha?
— Perfeito, amiga, o que achar melhor. — Ela responde simpática, mas os olhos me dizem que é melhor eu pedir logo para voltarmos ao assunto.
Finalizo o pedido e o garçom sai para preparar nossos sushis.
— Continue, por favor. — A inglesa quase implora.
— Onde estávamos mesmo? — Provoco-a.
— Você estava me contando que teve uma recaída e dormiu com Liam ontem.
— O quê? — Quase dou um grito. — Isso nunca aconteceu, sua maluca.
— Ainda. — Acrescenta a espertinha e eu bufo.
— Quando eu estava gravando um áudio para você e as portas do elevador se abriram, ele estava lá.
— No seu andar? — O sorriso dela estava crescendo aos poucos.
— Sim, mas ele é tão irritante que nem deixou eu sair do lugar e eu acho que eu meio que travei. — Suspiro e continuo. — Ele entrou apertou no botão da garagem e eu tive que descer com ele.
— Por favor, me diga que o elevador parou.
— Ele não parou. — Digo baixinho e ela semicerrou os olhos — Eu que parei o elevador.
— Ahh! Aí você tascou um beijão nele. — Os olhos de Brielle estavam brilhando de um jeito esquesito e acreditava ser humanamente impossível arregalar eles dessa maneira.
— Bri? Claro que não. — Olho para ela como se tivesse brotado uma segunda cabeça de seu pescoço.
— Qual é a razão para parar um elevador, então?
— Eu parei para discutir com ele, sobre a declaração que fez naquele programa de televisão.
— Você parou um elevador para discutir com o cara que você diz não gostar ao invés de deixar chegar logo ao destino e despachar o cara? — Fala incrédula.
Me pego encarando o nada e pensando nas palavras dela.
Apesar de pensar que eu poderia continuar calada, encarando o elevador até que ele desembarcasse. Seria muito infantil, eu sei, mas eu evitaria uma conversa e ficaria o mínimo de tempo com Liam.
— Bom, eu precisava resolver a situação que ele me arranjou, por isso eu parei.
— Lisa, amiga, com toda minha experiência, — E por experiência, ela quer dizer lendo diversos livros. — acho que você parou porque queria passar mais tempo com ele.
— Mas eu nunca...
— Eu sei que vocês estavam bêbados quando ficaram juntos, mas talvez no seu subconsciente você gostou da companhia e acabou agindo por impulso dessa vez.
— Não acho que seja por isso. — Declaro e Bri dá de ombros, mas o sorriso não sai de sua face.
— Vejamos, você resolveu alguma coisa parando o elevador? — Ela me pergunta, fazendo uma pose como se soubesse todas as respostas do mundo.
— Bom, não, mas...
— O que você achou que iria mudar? — Ela pergunta ainda sustentando a cara de sabe-tudo.
— Sinceramente, eu não sei... — Eu não imaginava que alguém poderia ter um sorriso tão largo quanto Brielle agora. Por isso, decido reformular a minha frase. — Eu acho que ele perceberia, enfim, que age como um grande esnobe e pensaria bem antes de falar.
Foi essa a resposta que dei, mesmo acusando Liam de pensar em cada palavra que usa para atacar discretamente o meu irmão. E ele meio que confessou isso, não é?
Talvez só apertei o botão de emergência para confrontá-lo, para falar tudo que eu tinha vontade na cara dele, para desmascarar a pose do Irlandês.
E de que adiantou?
Ele pode ter confessado, mas foi só para mim.
Liam continua como o Príncipe dos circuitos, um ideal de comportamento entre os pilotos. As manchetes o adoram. Distribui milhares de sorrisos para todos. Exceto para mim. Para nós, quero dizer.
Eu e meu irmão.
O ruivo desvia o olhar, o ar de arrogância exala a cada passo que ele dá quando está próximo de nós. É incrível ver ele saindo do personagem e mostrando quem ele é realmente.
Eu acho que não deveria ter parado aquele elevador nem ter virado uma estátua quando eu o vi no meu andar. Deveria ter contado os segundos para me ver livre da presença dele. Não deveria ter ficado afetada quando ele falou que preferia meus cabelos bagunçados. Bagunçados pelas mãos dele.
Mas quem disse que eu me afetei?
Só foi muito estranho.
Acho que Brielle percebeu minha confusão mental e sugeriu outros tópicos de conversa, comemos e batemos um bom papo.
Como estávamos livres, decidimos caminhar um pouco e aproveitamos para dar uma olhadinha na feirinha de rua que estava acontecendo próximo ao meu prédio.
Tem de tudo nessas barraquinhas, achei algumas comidas artesanais, acessórios, decorações para casa e muitas outras coisas.
Quando olhei para uma lojinha na calçada oposta em que eu estava. Fiquei completamente encantada.
Enquanto estava atravessando só ouvi um grito.
— Cuidado, Lisa! — Era Brielle gritando do outro lado da rua, estava olhando desesperada para mim e para a moto que vinha em minha direção.
Demorei, mas voltei!
Espero que estejam gostando, não esqueçam de votar. Me ajuda muito.
Estou pensando em postar mais um capítulo ainda hoje, mas não sei se vou conseguir ou deixo para postar dois juntos na próxima vez.
É isso.
Beijinhos Sz