Aennastacia Targaryen,
ponto de vista.
Assim que chegamos em Dragonstone, Rhaenys e eu solicitamos uma reunião com minha mãe e meu pai.
- A princesa Aennastacia e Rhaenys Targaryen. - Sor Lorent nos apresenta.
Meu irmão após o ocorrido no fosso dos dragões, partiu novamente até Harrenhal, o que não foi nada fácil visto que nossos dragões relutavam em ir.
Já minha tia, Helaena, assim como os dragões, relutava em vir até Dragonstone comigo, ela não gostava da ideia de deixar que Maegor fosse "sozinho" atrás do Lorde Stark.
Mas com muita dificuldade, Maegor conseguiu convencê-la de que ele ficaria bem e que comigo ela estaria mais segura.
E então ela montou em sua dragão, Dreamfyre e me seguiu até a ilha.
- Obrigada, Sor Lorent. - Minha mãe agradece o homem e se aproxima e deposita um beijo em minha testa. - Minha filha...
A barriga de minha mãe parecia ter dobrado de tamanho desde a última vez que a vi.
Pelos deuses, pra mim era doido pensar em como uma criança podia repousar dentro de uma barriga tão tranquilamente por tento tempo.
Em meio a tanta dor, como minha mãe fora capaz de enfrentar tantas gestações com um sorriso no rosto?
Independente da situação ela permanecia firme e alegre, muita das vezes ela tentava disfarçar o seu desconforto causado pela gravidez com um semblante feliz.
O que a deixava tão feliz e bem?
Talvez fosse a ansiedade e excitação pela espera em carregar seu filho no braço.
Eu realmente não conseguia entender o que a motivava.
Me aproximo de meu irmão Luke, que permanecia atrás de nossa mãe, esperando para chegar sua vez em me cumprimentar.
- Pirralho! - Como já era costume, eu bagunço seu cabelo com minha mão e o abraço em seguida. - Vejo que cumpriu sua promessa.
- Eu disse que ficaria bem. - Ele puxa meu cabelo respondendo a minha brincadeira.
Em seguida me aproximo de meu pai que estava em frente a uma lareira.
E assim como minha mãe ele beija minha testa e me puxa para um abraço.
- Princesa Rhaenys, podemos esperar boas noticias sobre a recuperação de lorde Corlys? - Minha mãe volta sua atenção a mais velha.
- Viserys está morto. - Rhaenys diz sem nem pensar duas vezes.
- Rhaneys! - Eu exclamo.
Como ela pode ser tão insensível assim?
Não consigo ver a feição de minha mãe por ela estar de costas para mim, mas o seu corpo perde a postura, seus ombros caíram e por mais que tenha tentado parecer firme, sei que assim como foi para mim ou senão pior, o seu chão se abriu sobre seus pés.
E meu pai? O choque era estampado em seu rosto.
- Estou de luto com você por essa perda, Rhaenyra. - A mulher me ignora e volta a falar. - O meu primo, o seu pai... Tinha um bom coração.
Agora não havia volta, a notícia foi lançada como chamas destruidoras sob minha mãe.
- Há mais do que isso, mãe... - Me aproximo de minha mãe que volta seu olhar perdido para mim. - Aegon usurpou o trono, sendo coroado como sucessor do rei.
Com minha frase minha mãe leva sua mão a barriga e um gemido de dor escapou de sua boca.
Seja lá o que a motivava, ela acabou perdendo ali naquele mesmo momento, ela não conseguiria disfarçar seu incômodo.
Aquela era minha mãe naquele momento sem filtros.
Apenas uma filha que acabou de perder o pai e uma irmã que foi traída.
- Como Viserys morreu? - Meu pai caminha até ficar ao nosso lado.
- Não sei dizer. - Rhaneys pergunta.
- Há quanto tempo? - Minha mãe pergunta.
- Ontem pela noite, minha mãe. - Respondo com minha voz já embargada.
- Fui aprisionada em meu quarto enquanto a rainha preparava tudo. - Rhaenys vocifera.
- Maegor e eu também, mas conseguimos sair de nossos quartos. - Volto a falar. - Fomos atrás de lordes que mantiveram sua palavra em declararem sua lealdade a você, mãe.
- E obtiveram êxito? - Rhaenyra pergunta com a voz fraca.
- Sinto muito... - Eu quase sussurro. - Apenas Sor Westerling, que se recusou em servir na guarda com Aegon sendo rei, ele abdicou de seu cargo de comandante da guarda real e também os senhores da casa Fell. Oferecemos uma escolha aos outros lordes, mas por medo se ajoelharam a seu irmão.
- Viserys foi assassinado! - Meu pai exclama.
- Alicent exigiu que você apoiasse Aegon? - Minha mãe pergunta Rhaneys ignorando meu pai.
- Exigiu. - Sua resposta foi simples. - Eu a rejeitei.
- E você ainda está viva. - Meu pai desconfia da mulher.
- O alto septão coroou Aegon no fosso dos dragões. - Rhaneys volta a falar.
- Merda. - Minha mãe exclama por uma outra dor repentina.
Ao ver o seu corpo se curvar, rapidamente seguro em seu braço para a manter firme e para que não desmorone ali.
Além de filha e irmã, Rhaenyra era uma mãe que sempre protegeria seus filhos.
Ela tentou não me preocupar colocando um sorriso que mais parecia como uma careta em seu rosto, mas a dor, tanto física quanto emocional era estampada em suas feições.
- Podemos continuar essa conversa em outra hora. - Digo preocupada.
- Eu mesma testemunhei esse fato antes de voar com Meleys. - Rhaneys passa por cima de mim e volta a dizer.
- Eles o coroaram, diante do povo...- Rhaenyra diz incrédula.
- Para o povo o enxergarem como seu legítimo rei. - Rhaneys concorda.
- Eu me descontrolei, mãe. - Assumo por fim. - Queimei o fosso e o seu arredor montada em Vermithor. Mas não me arrependo disso em nem um segundo sequer.
- Todos os dragões seguiram Aenna, e suas chamas se concentraram em queimar o lugar que os mantinham presos. - Rhaneys explica. - Mas o fogo foi forte demais, queimando parte das casas e pessoas que rodeavam o lugar.
- Acredito que a rainha e seus filhos conseguiram escapar de lá. - Digo secamente. - Eu os dei a chance... Garantirei que suas mortes sejam lentas e dolorosas.
- Aquela puta da rainha matou o meu irmão e roubou o trono dele e você podia ter queimado cada um deles. - Meu pai quase grita comigo.
- Devo dizer que não sigo comandos e muito menos divido das ideias de quem for que seja ALÉM de minha mãe. - Volto minha atenção ao homem que me olhava com raiva em seu rosto. - Uma guerra deverá ser travada por conta dessa traição, Daemon. Mas não será eu quem a dará início, a não ser que seja do desejo de Rhaenyra. Você entendeu?
- Eu só me apressei para vir avisá-los por lealdade a meu marido e a minha casa. - Rhaneys tenta aliviar o clima que pesou. - Os verdes virão atrás de você, Rhaenyra... E de seus filhos.
Minha mãe não tremeu por um segundo sequer até que os seus filhos foram colocados nessa conversa.
A verdade é que ela não temia tanto por si, mas temia por seus filhos.
- E estaremos esperando por eles. - Digo firme. - Estarei esperando por cada um deles.
Rhaneys que já tinha dado as costas para ir embora, parou no meio do caminho ao escutar minha mãe soltar um grito.
No mesmo momento, ela levanta a saia de seu vestido e coloca a mão entre suas pernas e ao tirá-las para ver, sua mãe estava coberta de sangue.
O desespero tomou conta de meu corpo.
- O bebê está vindo. - É o que ela diz antes de se retirar apressada.
•••
Eu permanecia do lado de fora do quarto de minha mãe já que ela havia me mandando ficar fora disso, mas escutar seus gritos era agonizante.
Ela mandava todos saírem mas em nenhum segundo sequer aquela porta foi aberta.
No final das contas eu nem queria entrar naquele quarto, ver o sofrimento de minha mãe acabaria comigo. Ela precisa de alguém, por mais que esteja gritando para que saiam, na verdade ela não quer estar sozinha.
E onde estava Daemon naquele momento?
Até mesmo Jacaerys e Lucerys já haviam entrado no quarto, mas nada de Daemon ou de mim.
Eu me sentia péssima por estar agindo assim, isso era sobre ela e não sobre mim.
- Daemon! - Minha mãe gritou por seu marido.
Meu pés pareciam não me obedecer mais, eles me guiaram pelos corredores do castelo até encontrar Daemon na sala de reuniões, enquanto alguns lordes permaneciam em volta da mesa sem saber o que fazer.
- Venha comigo, te mostrarei o verdadeiro significado de lealdade. - Ele volta a andar chamando por Jacaerys.
- Antes de ir você irá me escutar. - vocifero e vejo Daemon se virar para mim. - Eu não consigo imaginar o quão difícil deve ter sido para você perder o seu filho e a Laena de uma só vez. Mas nesse exato momento a sua esposa precisa de você, Daemon. Se é difícil para você ter que passar por isso, é mil vezes pior para ela. Quer dizer...Quem sou eu para comparar as dores de vocês dois, mas enquanto você prepara a sua guerra, a minha mãe grita por você, a minha mãe perde o filho que você colocou nela.
- Aennast...- Meu pai tentava argumentar mas eu não o dou a oportunidade.
- É mais fácil para você ter que enfrentar uma guerra do que enfrentar a realidade e a sua esposa que PRECISA DE VOCÊ? - Me descontrolo. - Toda essa confusão pode esperar por mais um dia... Sei que só quer ajudar, se sentir útil ou apenas deseja se ocupar com algo para se convencer de que isso não está acontecendo com você e com sua família de novo, mas pense na mulher que está passando pelo pior dia de sua vida assim como também deve estar sendo o seu.
Eu esperava obter alguma resposta, mas meu pai só abaixou sua cabeça dando a volta e voltando a andar com Jacaerys o seguindo.
- Só não nos culpe por sua frustração, Daemon. - Digo antes do homem sair do meu campo de visão.
Os gritos de minha mãe e de Syrax devia ser possível serem escutados por todo o castelo.
Eu já estava em frente a porta do quarto de minha mas novamente, mas dessa vez criando coragem para entrar e ficar ao seu lado, assim como ela ficaria do meu caso fosse o contrário.
- VÃO EMBORA! - Minha mãe grita.
E é nesse momento em que eu entro sem exitar.
- Saiam. - Digo firme e quase corro até minha mãe que estava agachada com sua camisola branca toda banhada em sangue.
As parteiras presentes ali no momento choravam e imploravam para que Rhaenyra as deixassem ajudá-la.
Pensei que minha mãe me mandaria ir embora ou gritar comigo, mas ela não pestanejou uma vez sequer quando me ajoelhei em sua frente tirando seus cabelos que estavam grudados em seu rosto.
- Eu estou aqui... - Susurro e vejo ela tentar sorrir para mim.
É incrível o quão forte minha mãe é, mesmo que esteja passando por um inferno ela ainda tenta sorrir.
Estendi meus braços para ela que os segurou para de apoiar, uma pressão foi colocada sob meu braço quando o sangue caiu de minha mãe.
Outro grito e de repente um silêncio.
Só foi possível escutar um baque contra o chão.
Era o pequeno corpo de minha irmã.
Minha mãe se senta ao chão pegando sua filha natimorta em seus braços enquanto a nina como se a estivesse colocando para dormir em um dia normal.
Eu também caio ao chão após ver Daemon parado na porta com o seu olhar perdido em minha mãe sentada ao chão.
As coisas não seriam as mesmas.
•••
- Me doeu tanto escrever esse capítulo. Eu tentei pensar em tudo o que eu poderia fazer para que Nyra não perdesse o bebê, mas era preciso...😫
- Espero que gostem desse cap e não me cacem em minha casa, eu tenho um cachorro pra criar KKKKKKKKKK
- Gente, eu amooo os comentários de vocês, eu leio cada um deles e me divirto horrores! Peço desculpas por não conseguir arrumar muito tempo para respondê-los igual eu fazia no início, minha rotina tá bem corrida ultimamente...
- Me deixem suas opiniões e ideias aqui, caso queiram!
- Não se esqueçam de favoritar e deixar seu comentário, isso me incentiva muito a continuar!💕