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By Villowz

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๐‘๐Ž๐‚๐Š๐€๐๐˜๐„ | Solaris King era uma mulher bem sucedida. Juรญza de renome e ao mesmo tempo uma mรฃe present... More

โ”โ”โ” ๐‘๐Ž๐‚๐Š๐€๐๐˜๐„
โ”โ”โ” ๐„๐๐ˆฬ๐†๐‘๐€๐…๐„ (๐€๐“๐Ž ๐”๐Œ)
00 โ”โ”โ” Prรณlogo
01 โ”โ”โ” Acampamento
02 โ”โ”โ” Primeiro zumbi
03 โ”โ”โ” Ataque
04 โ”โ”โ” A esperanรงa estรก morta hรก muito tempo (serรก?)
05 โ”โ”โ” Uma chance (CDC)
06 โ”โ”โ” Tudo acabou
07 โ”โ”โ” Explosรฃo
08 โ”โ”โ” Perdidas
09 โ”โ”โ” Uma centelha de esperanรงa que se acendeu aos poucos
10 โ”โ”โ” A fazenda Greene
11 โ”โ”โ” Nรฃo era um zumbi
12 โ”โ”โ” celeiro
13 โ”โ”โ” Sophia
14 โ”โ”โ” Bomba relรณgio
15 โ”โ”โ” Curiosidades
16 โ”โ”โ” Grupo Quebrado
17 โ”โ”โ” Horda
18 โ”โ”โ” Reuniรตes e tensรตes
19 โ”โ”โ” Lar doce lar
20 โ”โ”โ” Thomas e os prisioneiros
21 โ”โ”โ” Lindo dia
22 โ”โ”โ” Maggie e Glenn
23 โ”โ”โ” Duplo Resgate
24 โ”โ”โ” Lutar pra viver
25 โ”โ”โ” Eu acho que gosto de vocรช
26 โ”โ”โ” Nรฃo vamos cair sem lutar
27 โ”โ”โ” Guerra
28 โ”โ”โ” Uma paz merecida
29 โ”โ”โ” Passos de formiga
30 โ”โ”โ” 15 dias sem acidentes
32 โ”โ”โ” De um jeito ou de outro
33 โ”โ”โ” ร‰ eles ou vocรช
34 โ”โ”โ” Estamos bem. Vamos ficar bem.
35 โ”โ”โ” Um pouco de normalidade
36 โ”โ”โ” A queda
37 โ”โ”โ” Uma busca difรญcil
38 โ”โ”โ” Santuรกrio para todos uma porra
39 โ”โ”โ” Filhos de aรงo
40 โ”โ”โ” Que possamos no encontrar novamente (Epรญlogo)
AGRADECIMENTOS + CURIOSIDADES

31 โ”โ”โ” 30 dias sem acidente

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By Villowz

Daryl acordou com um bocejo coçando os olhos, ele levantou minimamente o pescoço para verificar a torre escura pelos cobertores colocados nas janelas. Os raios solares se misturam com as cores dos panos dando uma visão meio alaranjada, meio amarronzada no local.

O caçador se remexeu tirando seus braços da cintura e debaixo da cabeça da mulher e sentiu Solaris bater em seu joelho por conta da retirada de seu travesseiro. Ele sorriu e se inclinou para ela depositando um beijo em sua bochecha após tirar uma mecha de seu rosto. Solaris fungou satisfeita.

— Qual é a probabilidade de ficarmos o dia todinho na torre? — Solaris sussurrou de olhos fechados sentindo Daryl inclinado para ela a observando.

— Quase zero. Temos a busca no Big Spot. — Daryl respondeu e Solaris franziu o cenho se virando para ele — Lembra que concordou em ir comigo.

— Eu me lembro de está concentrada em outra coisa. — Solaris olhou de seu rosto para o peito descoberto — Mas já que concordei, eu vou. — acenou.

— Esses dias nas rondas foram tranquilos, e tenho Karen e Tyresse aqui para tomar conta. — continuou se virando para ficar de costas contra o amontoado de lençóis arrastando uns para cima para cobrir seus seios.

— Então, podemos supor que ninguém está alimentando os zumbis. — Daryl se apoiou em seu cotovelo e Solaris respirou fundo massageando o rosto.

— Nós podemos supor isso. — Solaris concordou frustrada. Ela tinha tanta certeza. Até de madrugada ela verificou as cercas da prisão, mas não havia nada de suspeito — Mas, eu não sei. Eu só sinto isso, sabe. Esse pressentimento que logo, logo, algo vai explodir. Eu sei que eu não devia estar pensando nisso, estamos indo tão bem.

— Ei, eu entendo. Eu também sinto isso. Podemos verificar hoje de novo. O que você acha? — Daryl compartilhou.

— Sim. Podemos sim. — Solaris assentiu se apoiando em um antebraço enquanto o outro se mantinha firme no lençol contra seus seios — Eu não estou louca, né, ao pensar nisso? Não teria sentido o acúmulo de zumbis nas cercas. — ela pressionou os lábios.

— Você não está louca. Vamos investigar mais uma vez. — Daryl respondeu — Se continuar com o acúmulo nas cercas, vamos levar essa questão para o conselho. Ok? — ele se sentou no amontoado de lençóis pegando suas roupas ao lado.

— Agora, temos que descer e nos preparar. — Daryl proferiu colocando sua camisa vendo de canto de olho Solaris pegar suas roupas também.

— Eu tenho que procurar um novo aparelho auditivo para Aurora. — Solaris comentou colocando seu sutiã e logo após sua camisa — Ela estava reclamando que não estava escutando bem esses dias. — a ruiva se desembrulhou do lençol e se levantou só de blusa e calcinha para vestir a calça.

— Podemos procurar um pra ela depois da busca no big spot? Em uma farmácia ou algo assim? — ela se virou para Daryl que abotoava sua calça.

— Sim. Vamos tentar em maiores quantidades. Quanto mais reserva melhor. — Daryl assentiu ajudando Solaris a pegar seus cobertores do chão — Não 'tá esquecendo de nada? — ele perguntou e a ruiva verificou mais uma vez a torre.

— Não. Tudo aqui. — Solaris respondeu batendo nos cobertores que segurava.

— Pois. Vamos lá. — Daryl ofereceu a mão e eles saíram da torre de mãos dadas.

Eles desceram para o pátio. O dia frio pelo sol ainda não está no alto. Não havia ninguém do lado de fora, o que os deixou mais à vontade para se aconchegar um perto do outro. O casal entrou de braços dados dentro do bloco de celas C fazendo o mínimo de som possível e caminharam até a cela de Solaris.

Aurora dormia de bruços com um braço pendendo para o lado de fora da cama e o cabelo cobrindo seu rosto. Daryl deu um sorriso fechado e se afastou da ruiva entregando-lhe seus cobertores. Ele deu um beijo em sua têmpora.

— Nos encontramos mais tarde. — Daryl se despediu da namorada.

Um tempo depois, Daryl saiu novamente do bloco de celas com um banho tomado e uma nova muda de roupa, ele passou pelos corredores encontrando os que iriam com ele para Big Spot se aprontando. Todos estavam acordados agora, o pátio que outrora estava frio e vazio e mais confortável, estava quente, cheio de pessoas e conversas fluindo de todos os lados. Seu humor estava em um dos seus melhores dias até que ele viu as cercas da torre três e uma cabeleira ruiva batendo nos zumbis sem interrupção.

— Eu já volto. — Daryl falou para Carol. Ela o observou caminhar em um ritmo rápido para se encontrar com a mulher de cabelos ruivos.

— Ei. — Solaris protegeu os olhos com uma mão se afastando dos grunhidos altos dos zumbis. Ela estava cansada, ele notou — Lembra quando eu disse que as rondas estavam tranquilas, retiro o que eu disse. — comentou com uma expressão frustrada.

— Você encontrou alguma coisa que indique. — Daryl deixou suas palavras cair ao levá-los para longe do pessoal que estava ali.

— Não tem como. Há zumbis demais. Mas é isso, tenho certeza. — Solaris respondeu respirando fundo jogando um olhar para os zumbis balançando a cerca antes de voltar sua atenção para Daryl — Desculpe, Daryl. Não vou poder ir para o Big Spot. Estava até preparada, mas.

— Eu entendo, ok. Vou tentar voltar o mais cedo possível para ajudar aqui. — Daryl garantiu — Vou procurar também os aparelhos auditivos para Aurora. — ele colocou a mão no ombro da ruiva a trazendo mais pra perto.

— Eu agradeço. — Solaris deu um sorriso agradecido. Então, abaixou a cabeça para dá um beijo no dorso da mão do homem em despedida — Eu tenho que ir agora. — ela apontou para trás dando passos se afastando.

— Nos vemos mais tarde. — Daryl falou alto e Solaris deu um sorriso que não alcançou seus olhos. Ela estava frustrada e ele se sentia imponente porque queria ajudar, mas não podia, não agora. Ele se virou para ir embora e bufou passando a mão no rosto com o som dos zumbis agitados.

Seu humor despencou depois, ele arrumava as coisas na caminhonete com uma carranca nos lábios. Ele estava animado para Solaris ir para a busca, já fazia um tempo em que ela não saía desde que aceitou o cargo nas cercas e ele via que sua mulher estava exausta. Era para ser um trabalho simples, mas o acúmulo de zumbis dificultou, e a questão de alguém está alimentando essas coisas deixava tudo mais caótico. Quando ele voltar, ele mesmo ia organizar uma reunião de emergência.

— Oi. Eu ia te procurar agora mesmo. — Zach falou para alguém depois que colocou sua mochila e espingarda na caminhonete.

Daryl se virou para ver com quem ele falava e foi saudado pela visão de Beth com um avental e lança na mão e Aurora com o cabelo amarrado, as mãos enfaixadas e uma flanela no bolso. Ele se encostou na caminhonete. Ele esperou Aurora caminhar até ele enquanto observava o casal jovem se cumprimentar com um beijo.

— Por que as faixas? — Daryl perguntou com uma sinalização.

— Estamos mexendo com terra agora, na última vez levou um maior tempo pra tirar a terra debaixo das unhas. — Aurora respondeu abrindo e fechando as mãos vendo-as enfaixadas até os punhos.

— Não vai se despedir? — Zach questionou em um tom de voz alto e Daryl o olhou. Ele e Aurora observando a interação do casal.

— Não. — Beth respondeu sem olhar para ele. Zach deu um sorriso colocando as mãos no quadris.

— Oie Aurora. — Zach falou em língua de sinais.

Daryl viu quando Aurora colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e deu um sorriso para cumprimentar o adolescente, ele estreitou os olhos com isso.

— Vamos Aurora. — Beth chamou com as mãos e a pequena ruiva acenou.

— Boa sorte com a busca Daryl. Até mais tarde. — Aurora levantou a mão para um high five.

— Nos vemos. — Daryl bateu na pequena mão levantada e fez o mesmo quando ela jogou a mão para baixo em um ritmo rápido, antes da pré- adolescente correr para acompanhar Beth.

Aurora colocou a mão sobre os olhos para ver a movimentação no portão perto da horta e quando viu o portão abrindo ela correu o mais rápido que conseguia. Aquele cavalo só podia significar uma coisa. Michonne tinha voltado depois de oito dias fora. Ela tinha achado aquele cavalo, aquele trunfo, na sua última ida.

— Michonne, você voltou. — Aurora exclamou com a respiração ofegante levantando os braços e os fechando se aproximando mais do trio.

— Eu voltei. — Michonne sinalizou com um aceno de cabeça suave e se virou para pegar alguns gibis que achou dentro da bolsa — Alguém deu sorte. — ela falou mostrando para os dois pré-adolescentes emparelhados um do lado do outro.

— Não brinca. Que demais. — Carl pegou dois exemplares e Aurora pegou os outros dois.

— Tá de sacanagem. — Aurora arregalou os olhos ao ver um exemplar da viúva negra e outro dos x-men. — Você é demais, Michonne.

— Eu leio quando vocês terminarem. — Michonne sinalizou com um sorriso e se virou para Rick deixando a dupla conversarem.

—Quais são os seus? — Aurora perguntou e Carl mostrou os seus gibis.

— Vingadores e demolidor. — Carl respondeu dando uma olhada nos gibis da amiga. Eles aproveitaram aquela oportunidade de Rick e Michonne estarem ocupados com Daryl e o grupo de buscas para folhear os presentes.

— Mas você acabou de chegar. — Carl falou quando ouviu Michonne e Aurora levantou a cabeça. A pequena ruiva bateu no seu aparelho auditivo disfarçadamente mas isso não passou despercebido por Daryl.

— E voltarei. — Michonne garantiu.

O grupo saiu e Rick voltou para as crianças quando fechou o portão.

— Vamos começar. — Rick bateu palmas indo até o cavalo para soltá-lo da amarra e levá-lo para o curral que fizeram para o animal. Enquanto isso Carl e Aurora começaram a trabalhar na terra, preparando-as para uma nova horta.

Rick chegou logo depois e se juntou com as crianças. As faixas de Aurora não demoraram para sujar, mas ela sentia que não tinha entrado nas suas unhas porém em compensação suas mãos estavam suadas. Depois de chegarem no limite estabelecido por Rick, eles pararam. Aurora ficou sentada na grama ao lado da horta tirando suas faixas enquanto Rick e Carl se levantavam em sincronia, mas não se afastaram muito da menina.

— Vai ver as armadilhas? — Carl perguntou.

— Eu vou. Você não. — Rick respondeu — Faça suas tarefas. Vá para as aulas de Carol. Leia gibis com Aurora. — ele apontou para a menina.

— É coisa de criança, pai. — Carl comentou.

— Pois é. — Rick assentiu levantando as sobrancelhas com um sorriso — Agora, pode escová-lo. — ele se aproximou do cavalo dando um beijo na testa do animal e acariciando sua crina.

Carl bufou e pegou uma escova dentro da casa de madeira. Ele não chamou Aurora sabendo que seu aparelho auditivo estava com defeito e ela não o escutaria em vez disso ele jogou uma pedrinha nela que a acertou bem nas costas. Aurora se virou com os olhos estreitos.

— Vai ficar o dia todo sentada aí? — Carl sinalizou provocador com uma mão enquanto a outra escovava o pelo do cavalo. Aurora revirou os olhos e se levantou com as faixas sujas em uma mão.

— Onde está Rick? — Aurora perguntou acariciando a testa do cavalo.

— Foi verificar as armadilhas. Tentei de novo, mas ele não me deixou ir. — Carl respondeu com uma sinalização. Aurora assentiu e logo seu olhar ficou longe.

Seu mundo estava silencioso, pelo menos, mais silencioso do que antes. Já que seu aparelho auditivo mostrava mau funcionamento. Ela odiava isso. Antes do mundo acabar ela não se importava, era fácil comprar e não havia grandes perigos como agora. Seus outros sentidos eram bons, mas ela ainda se sentia vulnerável. Porque o aparelho auditivo lhe trazia segurança. Ela teria que trabalhar nisso. Aos poucos. Não seria fácil. Mas era preciso. Afinal, os aparelhos auditivos estavam cada vez mais escassos.

Solaris descansou sentada na grama, seus braços estavam pesados com a atividade que fez. Alguns da equipe ainda continuavam enquanto outros descansavam como ela. O amontoado de zumbis no chão aos poucos aumentava o que indicava que seu trabalho estava perto de terminar, pelo menos, por ora. Alguém deu uma tosse seca ao lado dela e Solaris saiu do torpor de seus pensamentos encarando Karen.

— Não conseguimos achar nada com esse monte de zumbis. — Karen confidenciou baixinho.

— Se tiver evidências elas acabaram de ir pro ralo. — Solaris pontuou — Eu vou falar com o conselho hoje sobre isso. Não vai passar de hoje. — ela balançou seu pé de cabra pensativa.

— Desculpe. — Karen falou e Solaris lhe olhou confusa — Acho que um dos motivos para você não ter falado com o conselho antes foi por causa do meu medo de trazer rebeldia no grupo.

— Era um dos meus medos. E outro eu achei que conseguiria resolver sozinha. — Solaris respondeu — Não se preocupe quanto à isso. Vamos resolver, ok!

A manhã foi gasta assim e aos poucos os zumbis diminuíram. Quando isso aconteceu, o grupo se preparou para levar aqueles zumbis para longe, mostrando preocupação com a cerca inclinada. Eles teriam que arrumar aquilo também.

Ao passar pelos portões da prisão, Solaris não demorou em ir procurar Hershel. Seu rosto estava franzido e uma carranca presente nos lábios, o início de uma dor de cabeça surgia em sua nuca. Se não bastasse alguém alimentando os zumbis, havia alguma coisa estranha neles. Isso a lembrou de sua busca com Daryl alguns dias atrás. Ao encontrarem um casal de zumbis com sangue nos olhos e boca, sem mordidas aparentes.

— Opa. Desculpe, não queria interromper. — Solaris levantou as mãos ao entrar abruptamente no bloco de celas e interromper a conversa entre Hershel e Rick.

— Tudo bem. Terminamos de conversar. — Rick pontuou balançando sua filha de um lado pro outro e a beijou demoradamente em sua coroa.

— Há algo que queira? — Hershel perguntou para a mulher com os olhos perturbados.

— Podemos conversar? — Solaris perguntou se aproximando — É algo relacionado com o conselho.

— Estarei me retirando. — Rick comentou.

— Não. — Solaris e Hershel o interromperam — É bom você saber também. — a mulher proferiu seriamente.

Solaris coçou a cabeça sem saber como começar. Ela respirou fundo.

— Vocês com certeza notaram o acúmulo de zumbis na cerca. — Solaris balançou a cabeça olhando para o chão colocando as mãos na cintura — Alguns dias atrás eu, Sasha e Karen achamos carcaças de coelhos apregados nas cercas do lado sul.

— Acredito que alguém esteja alimentando essas coisas. — Solaris os olhou.

— Há quanto tempo isso vem acontecendo? — Rick perguntou sério.

— Uns quinze dias, eu acho. — Solaris respondeu — Não contei antes porque achei que pudesse resolver isso sem envolver muita gente. É algo sério e que pode trazer rebeldia.

— Mas isso é assunto do conselho, Solaris. — Hershel censurou.

— Eu sei. Sinto muito. — Solaris respirou fundo e acenou com a cabeça — Depois do dia que achamos, eu e as meninas verificamos, vigiamos à noitinha e não encontramos nada suspeito. Pensei que era um caso isolado, mas as cercas quase caíram hoje.

— Vamos ter uma reunião de emergência hoje. — Hershel massageou o rosto e olhou para Rick — Irá participar?

Solaris o olhou esperando sua resposta. Rick entreolhou, e balançou a cabeça negativamente dando uns passos pra trás.

— Não. Eu. Não estou pronto ainda. — Rick respondeu — O caso é sério, mas sei que irão conseguir resolver.

— Tudo bem. — Hershel respondeu em um suspiro indignado, o mais velho se virou para Solaris — Assim que Glenn, Daryl e Sasha chegarem, a gente começa.

— Ok. — Solaris respondeu — Vou dirigir pelo perímetro pra ver se encontro alguma coisa.

Hershel estava irado, ele respirou fundo para se acalmar e Rick acompanhou todos os seus movimentos. O senhor apertou o nariz e se virou para o líder em questão.

— Seria bom você participar da reunião, mas respeito que não queira participar. — Hershel comentou.

— Ei. Isso é só mais um problema pra lista. Vocês vão conseguir resolver. — Rick equilibrou Judith com uma mão em seu colo enquanto a outra foi para o ombro de seu velho amigo. Ele deu um aceno em despedida e deixou Hershel sozinho.

— Eu espero que sim. — Hershel falou para si mesmo quando seu amigo saiu do bloco.

Hershel esperava que não houvesse mais nenhum problema, apenas pensar que alguém alimentava os zumbis, lhe deixava angustiado. Mas quando a gritaria irrompeu do lado de fora, buzinas para que abrissem rapidamente os portões, ele percebeu que o dia estava apenas começando e os trinta dias sem acidentes não passavam de uma simples ilusão.

Ao sair do bloco de celas onde lia um livro, a cena diante de seus olhos passavam rapidamente em um completo caos. Rick, Carl e Aurora correram para o grupo que havia saído após fechar o portão. Daryl gritava um chamado para o doutor S enquanto segurava com Michonne o Tyresse ferido. A mulher com a mão segurando o corte sangrento no abdômen do homem.

O médico em questão logo correu para acompanhá-lo até a enfermaria. Mais atrás Sasha com uma expressão angustiada olhando para seu irmão rebocava Bob que mancava ao seu lado. Carol tinha um braço levantando em um gesto indicando para acompanhá-los. Glenn e Maggie foram até Solaris e Rick que estavam lado a lado para contar o que aconteceu. Hershel estava em choque que nem sentiu sua filha mais nova ao lado dele observando tudo com um olhar longe. Não havia sinal de Zach.

— O que aconteceu? — Hershel perguntou quando ele e Beth se juntaram à Rick, Solaris, Glenn e Maggie.

— Umas estantes caíram e o teto cedeu. Alguns zumbis caíram. — Maggie explicou.

— Bob ficou preso nas estantes caídas. Tyresse salvou Michonne ao tirá-la do caminho de uma tora da estante. E. — Glenn apertou as unhas no antebraço ao olhar para Beth — Os zumbis pegaram Zach. Sinto muito Beth.

— Não há o que desculpar. Coisas assim acontecem. — Beth respondeu com um ar frustrado.

— Tudo bem ficar triste querida. Ele era seu namorado, não era? — Solaris inclinou a cabeça em direção à jovem.

— Nunca nos rotulamos. — Beth deu de ombros. Solaris pressionou os lábios e respirou fundo.

— Eu vou na enfermaria. — Solaris comunicou.

— Vou com você. — Hershel também falou.
Solaris acompanhava os passos lentos de Hershel.

Quando chegaram na enfermaria, no quarto de Tyresse parecia que o pior tinha passado, a constar pela expressão de Sasha que estava mais aliviada enquanto segurava a mão do irmão.

— E então? — Hershel sussurrou para não acordar Tyresse. Daryl caminhou na direção deles para parar ao lado de Solaris. Doutor S virou sua cadeira giratória para o trio na porta.

— Apenas a perda de sangue que foi gritante. A nossa sorte foi que a tora não pegou em nenhum órgão. E nem na sua retirada. — Doutor S comunicou limpando suas mãos no pano — Ele teve muita sorte.

Michonne abaixou sua cabeça em pé no canto da sala, mas por cima dos cílios ela via Tyresse dormindo serenamente. Diabos, por que ele tinha pulado na sua frente? Disposto a ser empalado por ela. Eles nem se conheciam.

— Ele só precisa de alguns dias de descanso e ficará bem. — Doutor S finalizou ao mesmo tempo que Karen aparecia atrás de Hershel.

— Oh meu Deus. — Karen levou as mãos para a boca. A visão de seu namorado acamado e pálido era muita para seus olhos e se encheram de lágrimas.

— Ele vai ficar bem Karen. Alguns dias dormindo, mas ele ficará bem. — Doutor S chamou e a mulher passou entre Hershel e Solaris para se sentar na beirada da cama junto com Sasha.

— Obrigada por não deixá-lo. — Karen falou para Michonne e Daryl.

— Isso nunca aconteceria. — Sasha falou firmemente.

— Doutor S, você tem os remédios para a recuperação de Tyresse? — Solaris perguntou.

— Sim. Ainda temos. O suficiente. — Doutor S respondeu — Mas é bom que na próxima busca seja priorizado os suprimentos médicos.

— Anotado doutor. — Daryl respondeu.

— Pois, estamos indo, ok. — Hershel falou para o grupo dentro da sala. Solaris e Daryl acenaram. O mais velho se virou para o casal — Precisamos nos reunir.

Sasha se atentou e Karen percebeu.

— Pode ir Sasha. Irei cuidar dele. — Karen acariciou a perna coberta de Tyresse. Sasha acenou agradecida.

— Irei também, gostaria de saber. — Michonne pediu. Hershel acenou. Assim, o grupo saiu, deixando Karen e Doutor S com Tyresse.

Nos próximos minutos todo o conselho estava reunido na sala de reunião. Todos bem abalados com o que acabou de acontecer, mas eles não podiam parar.

— Bem. Eu sinto muito por esse fatídico dia. — Hershel começou quando viu que todos se colocaram em seus lugares — Mas essa é uma reunião de emergência. Temos suspeita de que o acúmulo as cercas se deve a alguém alimentar essas coisas.

Os que já sabiam como Solaris, Sasha e Daryl mantiveram a expressão neutra. Michonne que estava em pé encostada na porta com os braços cruzados levantou uma sobrancelha. Glenn franziu o cenho assustado com a possibilidade e Carol olhou para o casal brevemente.

— Precisamos descobrir quem é porque hoje as cercas quase caíram. — Continuou — Aumentar as rondas e se manter em alerta. Mas com cautela. Porque algo assim pode trazer rebeldia. E não queremos incidentes.

O plano foi montado e seria executado apenas por eles, com menos gente sabendo, era o melhor. A ronda seria feita em dupla e cobrirá todo o perímetro da prisão. Será feita três vezes ao dia, de madrugada, a tardinha e tarde da noite, com os pares intercalados. Todos que saírem da prisão, para a busca ou qualquer que seja, serão inspecionados. Com tudo arquitetado, a reunião foi encerrada, com cada um, saindo da sala para seus próprios negócios. Ficando para trás apenas Solaris e Daryl. A mulher massageando os pontos de pressão na nuca.

— Eu tive que contar, estava saindo do meu controle. — Solaris proferiu quando a porta se fechou.

— Eu sei. — Daryl respondeu e logo substituiu a mão da ruiva pela sua — Você está muita estressada Solaris. — ele mostrou sua preocupação para as dores de cabeça que sua namorada anda sentindo.

— Eu vou ficar bem. — Solaris balançou a mão inspirando fundo sentindo seu nariz entupir levemente — Zach tinha alguma família?

— Não. Só alguns amigos e bem, Beth. Eles estavam juntos. — Daryl falou — E Aurora também. Eles se cumprimentam de vez em quando, eu acho.

— Eu vou colocar uma cruz simbólica pra ele no cemitério. — Daryl proferiu balançando a cabeça. Solaris concordou com a cabeça sentindo uma pontada de dor na nuca. O caçador suspirou com isso.

Ele se endireitou na cadeira para pegar um saco que estava amarrado no cós de sua calça e colocou na mesa em frente à mulher. Dentro do saco havia três aparelhos auditivos. Os três intocados em suas caixas.

— Acredita que eu achei esses aparelhos em uma barraca de um guarda na Big Spot. — O caçador falou e Solaris abriu um sorriso se inclinando para o homem enquanto pegava o saco de aparelhos.

— Você é o melhor. — Solaris lhe deu um selinho rápido — Aurora vai ficar feliz. Ela estava cabisbaixa esses dias.

— Ela se sente muito dependente com o aparelho. — Daryl comentou em um tom de pergunta.

— Sim. — Solaris respondeu com um suspiro — Tenho que falar com ela sobre isso. Prepará-la quando não tiver mais esse luxo. — ela balançou a sacola.

— Isso é bom. — Daryl respondeu — Os outros sentidos dela são ótimos, mas ela tem que aprender a confiar mais nele. Foi isso que a ajudou a nos encontrar quando ela se perdeu.

— Sim. — Solaris disse.

— Você pode pedir para Carol trabalhar nisso. As aulas dela estão dando bastante resultados. — Daryl continuou — Ela tem que se proteger por conta própria. Estamos bem, mas a qualquer momento podemos não estar. Podemos não estar lá para protegê-la. — ele mostrou outra de sua preocupação.

— Eu vou trabalhar isso com ela. — Solaris o olhou nos olhos.

— Se você precisar de ajuda, eu estou aqui. Ficarei feliz em ajudar. — Daryl se ofereceu se achegando mais perto da ruiva.

— Vou aceitar. Nada melhor que dicas de um verdadeiro caçador, não é. — Solaris sorriu amorosamente se apoiando em seu antebraço o olhando com o pescoço inclinado.

Karen passou mais uma folha de uma revista antiga que achou pelo quarto. Ela jogou um olhar para Tyresse, ele nem tinha saído de sua posição. O homem foi um verdadeiro herói hoje, a mulher deu um sorriso orgulhoso para seu companheiro. O silêncio do local foi abafado pela batida na porta e após isso Sasha entrou lhe cumprimentando com um sorriso fraco.

— Você pode ir descansar agora Karen. Eu fico com ele. — Sasha falou em um sussurro se aproximando — Eu agradeço muito por ter ficado com o meu irmão. Fazer aquilo sem nem pensar. — ela resmungou a última sentença pra si mesmo.

— Ele foi um verdadeiro herói Sasha. Se não fosse por ele, perderíamos Michonne também. — Karen retrucou suavemente — Amanhã eu volto. Sinto que eu preciso de um banho.

— Vai lá. — Sasha colocou a mão no ombro da mulher — Até amanhã, minha amiga.

Karen bocejou enquanto massageava sua nuca. Ela tinha entrado em sua cela e pegado uma toalha para tomar um banho rápido. Seu cabelo pingava com os últimos resquícios do banho e ela sentiu uma presença rápida passar ao seu lado. O único vislumbre que ela teve foi do cabelo castanho e pelo porte que apresentava, a mulher sabia que era Patrick.

Ela sorriu com a rapidez que o menino passou por ela, provavelmente apertado para usar o banheiro até que a morena engasgou e ela tossiu alto. A tosse lhe acompanhou até sua cela e só passou quando massageou seu esterno para aliviar a pressão ali. Mais uma vez Karen bocejou e com o banho frio que tomou ela sentia seu corpo mole, não demorou para cair no sono sem se dar conta de uma sombra passando por sua cela.

No dia seguinte, Karen acordou cedo. Seu plano consiste em verificar Tyresse e depois ir para seu trabalho. Sasha tinha dado uma palavra geral sobre o novo protocolo que seria abordado na comunidade. Agora que o conselho foi informado sobre alguém alimentando os zumbis e isso ser a causa do acúmulo das cercas, Hershel mais do que nunca queria acabar com aquilo.

Mas Karen nunca chegou a começar seu plano já que um grito e alguém caindo das escadas com um zumbi em seu pescoço a tirou de seu devaneio agradável.

— Lizzie. Mika. Corram para avisar os outros agora. — Karen gritou para as duas meninas que se abraçaram atrás do pai que a protegia. Depois do aceno do pai, elas correram.

Lizzie e Mika correram gritando pedindo ajuda. Elas bateram em Glenn e Carol. A última colocando seus braços nos ombros delas.

— Zumbis no bloco D. — Mika falou rapidamente com a mão no peito com o coração acelerado.

— Zumbis no D. — Glenn gritou para os outros que corriam até eles com suas armas em mãos. Ele se apressou para correr com as meninas e Carol até o bloco.

— E o C? — Rick perguntou perturbado depois de mandar Carl e Aurora para Maggie na torre.

— Liberado. Fechamos os portões dos túneis. Hershel está de vigia. — Solaris respondeu com Daryl e Sasha em seu encalço. O trio correu até o bloco, sendo acompanhado por Rick.

O bloco de celas estava um caos. Solaris correu para um zumbi prestes a abocanhar um menino. Daryl passou por ela e pegou o garoto no colo para levá-lo a uma cela segura. Os gritos continuaram e vieram a cessar a medida que o grupo de Rick tomava o controle da situação.

— Liberado aqui? Estamos seguros? — Rick gritou alto em questionamento quando reparou que os zumbis estavam caídos e as vítimas da situação estavam seguras do lado de fora do bloco.

— Sim. — Sasha respondeu.

— Estamos. — Glenn também completou. — Uma olhada aqui em cima. — ele chamou e Daryl o acompanhou subindo as escadas. A dupla passou por Solaris e Karen, a primeira verificando a outra que estava em choque.

Um zumbi que estava preso na cela pulou em cima de Glenn quando a porta foi aberta e Daryl agiu rápido ao gritar para o coreano se abaixar e disparar uma flecha na cabeça do morto-vivo. O caçador o ajudou a se levantar enquanto Rick passava por eles para verificar o zumbi caído.

— Seu pulso ainda está acelerado. Melhor ir tomar uma água. — Solaris falou para a mulher que considerava uma amiga. Karen acenou. — Você pode chamar pra nós Hershel e doutor S?

— Sim. Me mantenha informada, ok? — Karen pediu acatando o conselho da ruiva e saiu após um aceno afirmativo da mulher. Depois disso, Solaris se juntou ao trio de homens.

— Meu Deus. — Solaris levou uma mão a boca olhando para o corpo de Patrick horrorizada. Era amigo de Aurora.

Uns minutos depois Hershel e doutor S apareceram enquanto o grupo que ficou ali terminava de finalizar com os mortos caídos. Solaris sabia que no lado de fora do bloco a comoção e o choro pelas perdas de seus entes queridos era grande. Carol saiu com a cabeça baixa de uma cela após matar o pai de Lizzie e Mika. As duas garotinhas que entraram em seu coração e receberia a notícia dela que seu pai tinha falecido no exato momento que recebeu a mordida de um zumbi no pescoço. Não havia tempo nem para despedida.

Carol limpou a mão rudemente em sua calça para tirar o sangue e acompanhou Hershel e doutor S para o andar de cima. Ela queria saber o que aconteceu. Como um dia que começou bem terminou com zumbis dentro de um bloco de celas?

— Sem mordidas nem feridas. Ele simplesmente morreu. — Rick explicou quando o grupo se amontoou na cela em que Patrick estava.

— De forma horrível. Aspiração da pleurisia. — Doutor Caleb diagnosticou com a mão enluvada perto do rosto de Patrick em um toque fantasma.

— Ele se afogou no próprio sangue. — Hershel traduziu para o grupo — Causou as marcas no rosto.

— Parece com o casal de zumbi que eu e Daryl encontramos em uma das buscas. — Solaris pontuou de braços cruzados — Vários pássaros saíram voando quando abrimos a porta. — explicou.

— Há quantos quilômetros? — Hershel questionou com uma ruga entre as sobrancelhas.

— Uns quinze, vinte quilômetros. — Daryl respondeu levantou os ombros também com os braços cruzados.

— Eu vi um desses, num zumbi do outro lado da cerca. — Rick comentou.

— É uma doença de zumbi? — Bob perguntou diante dos fatos. E todos olharam para Caleb agachado ao lado do zumbi.

— Não, isso já acontecia antes. Talvez um pneumococo, provavelmente uma gripe, talvez aviária, agressiva. — Caleb respondeu — É um aumento da pressão interna dos pulmões. É como sacudir um refrigerante e abrir a tampa. É só imaginar que a tampa são seus olhos, ouvidos, nariz e garganta.

— Como se morre de gripe num dia? Patrick estava bem ontem. Ele me cumprimentou de boas, não parecia doente.  — Daryl questionou apontando para o corpo do adolescente.

— Tive um porco doente, morreu logo. — Rick respondeu — Vi um javali doente na mata. Talvez esses pássaros que saíram da mercearia tenha sido a causa dessa doença. — ele olhou para o casal. Solaris mordeu as bochechas.

— Porcos e pássaros. Era assim que se espalhava no passado. — Hershel concordou e se olhou para Solaris e Daryl que pareciam perturbados com a revelação — Uma hora ou outra aqueles pássaros iriam sair do lugar, vocês não sabiam. — explicou.

— Mas precisamos fazer algo com esses porcos. — ele colocou sua atenção em Rick com olhar solene porque sabia o quanto o ex- líder gostava dos porcos.

— Vai ver tivemos sorte. Podem ter sido os únicos casos. — Doutor S se expressou. Solaris passou as mãos pelos olhos sentindo uma ardência neles.

— Não vejo ninguém ter sorte há muito tempo. — Carol argumentou com um tom frio — Vírus gostam de locais fechados. Não tem nada mais fechado do que isto.

— Todos nós aqui fomos expostos. — Glenn comentou.

— E o que devemos fazer? Quarentena? — Solaris perguntou. Eles se entreolharam com conhecimento. Eles tinham a resposta.

— Eu preciso comunicar Lizzie e Mika da morte do pai. — Carol falou se afastando.

— Vou avisar Aurora. — Solaris se colocou ao lado da mulher e Rick também se aproximou.

— Vamos lá. — Rick chamou e olhou brevemente para o grupo atrás dele — Eu já volto. — seu olhar transmitia determinação. Hershel não poupou um pequeno sorriso de lado. Rick estava de volta.

Quando o trio saiu do bloco de celas, Carol se separou de Rick e Solaris para ir atrás das irmãs Samuels. Mais à frente, Maggie segurava Michonne com Carl, e Aurora esperava-os ansiosamente alguns passos à frente do grupo. Quando as duas crianças viram seu pai e mãe, eles correram para se encontrar e abraçá-los, para apenas serem impedidos pelas mãos dos mais velhos de continuar seu movimento.

— Mãe. — Aurora gritou aliviada ao ver a mulher mais velha e apesar de seus pedidos ela não recuou e abraçou sua mãe assim como Carl fazia com seu pai.

— Eu estou bem, mas você precisa se afastar. — Solaris sinalizou na frente do rosto da pré-adolescente após acariciar seu cabelo. Com isso, Aurora se afastou há dois passos de distância.

— Tive de usar uma arma no portão. Juro que não queria. — Carl se explicou com um tom choroso.

— Eu estava voltando e cai. — Michonne entrou na conversa ajudando o pobre garoto. — Eles vieram me ajudar.

— Você está bem? — Solaris perguntou. Michonne acenou em positivo para a dupla.

— O que aconteceu lá dentro? — Maggie questionou e Rick e Solaris se entreolharam um momento. Solaris acenou.

— Patrick adoeceu ontem à noite. Alguma gripe que ataca rápido. Ele deve ter morrido e atacado o bloco de celas. — Rick respondeu. Aurora sentiu um nó em sua garganta lembrando que a última vez que viu o adolescente foi ontem de manhã e ele estava bem.

— Sei que ele era amigo de vocês. Sinto muito por isso. — Solaris comentou com os olhos tristes passando pelas duas crianças.

— Ele era um bom menino. — Rick se abaixou ao nível de seu filho que havia dado uns passos para trás e evitava o olhar do mais velho — Perdemos muita gente boa. Glenn e seu pai estão bem, mas entraram lá. — ele se levantou após suspirar tristemente para seu filho e olhou para Maggie e Michonne.

— Não se aproximem de ninguém que pode ter sido exposto. Pelos menos por enquanto. — ele pronunciou enquanto as duas ruivas se encaravam. Aurora ficou angustiada. Carl teve que puxá-la pela mão para eles se afastarem dos dois adultos infectados.

O menino colocou seu braço ao redor de Michonne para ajudar Maggie a levar a mulher com o pé torcido pra dentro. Rick e Solaris observaram o quarteto se afastando deles com o coração na mão.

— Ei. Daqui a pouco nos encontramos. É só mais uma crise. — Solaris falou para o grupo, mas olhava especificamente para a filha transmitindo segurança e Rick assentiu ao seu lado. Quando eles saíram, ela se virou para o homem — Vamos sair disso, certo?

— Sim. Vamos sim. — Rick colocou a mão no ombro da ruiva lhe dando um aperto rápido.

— Você vai para a reunião? — Solaris perguntou enquanto andava ao lado do homem.

— Não. Eu vou limpar o bloco. — Rick respondeu — Como você disse é só mais uma crise. Vocês vão resolver. E vou ajudá-los no que precisarem.

Solaris cerrou a mandíbula com a resposta do homem se segurando para não revidar o comentário. Mas no final ela não aguentou.

— Rick nós precisamos de você. Estamos lhe dando tempo, mas precisamos de sua ajuda. Você é nosso líder. — Solaris comentou. Rick apenas olhou sem saber o que dizer e ela fechou os olhos respirando fundo — Vamos manter você a par de tudo. Até mais.

O clima estava pesaroso na sala de reunião, Solaris estava com as costas jogadas na cadeira e uma mão na nuca. Enquanto escutava os comentários de Carol sobre a situação.

— O Patrick estava bem ontem e morreu da noite pro dia. Duas pessoas morreram tão rápido? — Carol começou — Teremos de separar todos que foram expostos.

— São todos daquele bloco de celas. Somos todos nós. Talvez mais. — Daryl respondeu ao lado de Solaris.

— Sabemos que a doença pode ser letal, não sabemos se é difícil de pegar. Mais alguém tem sintomas? — Hershel perguntou para os presentes.

— Não podemos ficar esperando, temos crianças. — Carol retrucou — Não é só a doença. Quem morre vira uma ameaça.

— Eles precisam de um lugar, não podem ficar no D. Não podemos arriscar indo limpar lá. — Hershel falou.

— Podemos usar o bloco A. — Solaris falou enquanto piscava para limpar sua imagem borrada por conta da dor de cabeça.

— O corredor da morte? Será que é uma boa ideia? — Glenn olhou para a amiga do outro lado da mesa.

— É longe. Nunca foi usado. — Solaris listou — É o melhor lugar que temos. — gesticulou e deixou a mão cair sobre a mesa enquanto Daryl assentiu ao seu lado.

— Está limpo também. É uma boa ideia. Deve servir para o doutor S. — Daryl completou.

— Certo. Vou ajudar Caleb a preparar tudo. — Hershel comentou. Um tosse retumbou no eco do corredor e interrompeu a reunião que faziam. O conselho se levantou para verificar quem era a pessoa infectada pela doença.

— Karen. — Carol chamou a mulher.

— Desculpe interromper. Eu estava indo visitar Tyresse. — Karen balançou a mão — Soube que ele acordou. Uma boa notícia nesse caos, não é?— ela falou esperançosa com um pequeno sorriso mas ao ver as expressões do conselho, seu semblante caiu.

— É uma boa notícia. — Hershel começou — Mas eu não acho uma boa ideia você visitá-lo agora.

— Por quê? O que está acontecendo? — Karen perguntou se aproximando deles. Carol deu um passo para trás, ela notou. Uma carranca apareceu em seus lábios.

— Achamos que é um resfriado ou algo assim. Foi como Patrick morreu. E Tyresse ainda está se recuperando da lesão e um resfriado pode fazê-lo piorar. — Solaris explicou prontamente encostando seu peso na parede.

— Todos que possam estar doentes ou tenham sido expostos, devem ficar longe. — Hershel se colocou na frente de Karen.

— Isso matou Patrick? — Karen perguntou assustada virando-se de lado e colocando uma mão na boca.

— Não se desespere, nós daremos um jeito. Mas devemos mantê-la separada dos outros nesse tempo. — Hershel instruiu — Caleb dará uma olhada em você. Verei o que temos em remédios.

— David, do grupo das cercas, também está tossindo. — Karen assentiu, confiando nas palavras do homem mais velho. Ela olhou para Solaris.

— Eu vou buscá-lo. — Glenn prontamente se ofereceu — Há celas limpas nas tumbas, certo?

— Sim, nós o encontramos lá. — Sasha respondeu se aproximando de Karen — Vamos lá, eu vou te ajudar a empacotar suas coisas. — ela enrolou um braço no ombro da mulher a guiando para o outro lado do corredor passando pelo grupo.

— Temos de fazer outra reunião mais tarde. — Hershel falou para o trio que ficou. Solaris assentiu descruzando os braços e forçando a se desencostar da parede. Apenas para sentir sua cabeça girar fortemente.

— Está bem. Vou enterrar os mortos. — Daryl concordou e olhou para Solaris que estava de cabeça baixa passando a mão pela bochecha.

Ele abriu a boca para chamá-la, mas sua expressão congelou quando Solaris levantou a cabeça e o olhou com lágrimas de sangue caindo de seus olhos terrivelmente pálida.

— Daryl. — Solaris chamou-o tremulamente. Então, sua visão escureceu e ela caiu.

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