Surpresos? Nah. Por enquanto não vou falar nada. MAS FINAL DO CAPÍTULO TEM SURPRESA PRA VOCÊS, HONEYS.
Luke POV
Quando Michael chegou para me buscar em casa, deu apenas duas buzinadas, altas o bastante para acordar minha mãe, caso ela já estivesse dormindo. Deixei meu quarto o mais silenciosamente possível, tomando cuidado na hora de fechar a porta, mas assim que meus pés ameaçaram tocar o primeiro degrau da escada, a voz cansada de Liz ecoou pelo corredor silencioso. "Aonde você vai?"
"Sair" Eu disse, sem erguer os olhos da escada. "Não vou demorar muito."
"Esse carro da frente... parece com o de Jack. Tem certeza de que não é seu irmão?"
Isso explicava o repentino interesse dela em minha vida. "Será que você não entende que Jack está em Melbourne, com a família dele?" Perguntei secamente.
Ela não me olhava nos olhos. Nunca olhava. Eu mal podia lembrar da última vez que o havia feito.
"Eu sou a família dele." Foi o que ela murmurou.
Dei uma risada debochada, minha voz transbordando de rancor quando respondi "Ele tem outra família agora."
"Não é verdade. Você está errado. Ele é como seu pai, ele e Ben. Eles me amam mais do que tudo."
"Então por que nenhum deles está aqui?"
Essa era a parte em que, nos meus mais profundos desejos secretos, ela dizia "Porque você está." Mas ela também nunca disse isso, porque a minha presença nunca havia sido suficiente na vida dela. Embora eu não pudesse reclamar disso, já que era um sentimento recíproco.
Em vez disso, ela disse "Eles queriam estar."
E eu devo tê-la quebrado ainda mais quando afirmei "Se quisessem, já estariam. Eles têm carro, e têm mãos para dirigirem. Mas não vale o esforço, não é? Por que eles voltariam para o inferno do qual finalmente escaparam? Se fosse eu, também nunca voltaria."
"Porque não teria nada aqui pra você" Ela ralhou, segurando a barra da camisola com força. Como se o simples ato de olhar pra mim doesse, lhe desse desgosto. Talvez porque desse "Mas pra eles, sim."
"Tem razão. Eles têm uma mãe. Ou o que restou dela."
Mas eu nunca tive nem os restos, quis dizer, porém não o fiz. Era ridículo discutir com qualquer um naquele estado mental afetado. Ainda que eu já houvesse cometido esse erro várias vezes antes.
Desci as escadas com pressa, vestindo uma camisa xadrez de flanela, que estava pendurada no mancebo próximo da porta de entrada. Peguei um dos chaveiros do porta-chaves, e dei uma última conferida no espelho antes de sair, alinhando o topete mais uma vez. O resultado não estava ruim. Jeans escuros, camisa básica de banda. Me avaliando como um antropólogo, eu me daria uns dezesseis anos, no máximo.
Abri a porta da frente devagar, sentindo o vento frio bater contra meu rosto, e olhei na direção do carro de Michael, onde Ashton e Calum se encontravam sentados no banco de trás. Michael acenou em minha direção, mas seus dois amigos não fizeram o mesmo. Estranhamente, eles não estavam tão próximos quanto de costume, o que me deixou intrigado.
Assim que sentei no banco do carona, Michael colocou seus óculos escuros, ligando o rádio. Um rock agitado explodiu pelas caixas de som, e logo em seguida ele abaixou o volume, parecendo preocupado. "Quão puto você vai ficar se eu te disser que estamos indo numa festa?"
Arregalei os olhos, virando o rosto em sua direção. "Que porra-"
"A ideia foi de Calum" Michael garantiu, antes de dar partida. Do banco de trás, Calum resmungou qualquer coisa, que envolveu uns cinco palavrões. Não estava lá muito satisfeito por ter recebido a culpa. Ainda que eu pudesse apostar que realmente havia partido dele a sugestão. "Não fique bolado, juro que foi por bons motivos. A pizza chegou fria, e ligaram pra ele falando dessa festa que ia ser a maior em meses. Além disso, achei que seria uma boa oportunidade pra você se entrosar com eles"
Ele gesticulou para os dois sentados atrás, e eu apenas ignorei os sorrisos encorajadores de ambos. "Por que não disse que era uma festa?"
"Achei que você não aceitaria."
"Achou certo." O garanti, bufando em seguida. Pensei um pouco sobre o assunto.
Talvez Calum fique bêbado. Talvez ele fique tão bêbado que você possa manipulá-lo como quiser. Pode continuar de onde pararam vez passada.
Mas e Michael? O que ele vai achar disso? Provavelmente vai ficar me cercando o tempo todo.
Avaliei melhor a situação. Olhei pelo canto dos olhos na direção do banco de trás, constatando que Ashton e Calum não estavam se falando, e suas mãos estavam bem distantes. O que possivelmente significava que eles não estavam num bom momento da relação.
Se Calum realmente ficasse fora de si esta noite, eu poderia usar isso a meu favor. Quem sabe até tirá-lo da festa quando já estivesse bêbado o bastante, e levá-lo para outro lugar. Eu certamente não teria problemas com isso.
Mas teria problemas com Michael.
Você pode se virar dele. Sempre foi bom nesse tipo de coisa.
"Eu não fui o bundão do frapê de morango, mas fui o da festa, certo?" Michael passou a mão por seus cabelos, cujo lilás já ameaçava desbotar. Ele estava se sentindo mal, era visível. O que era o mínimo que ele poderia fazer. "Olha, se não quiser ir, não tem problema. Não vou forçar a barra."
"Eu vou" Murmurei, fazendo-o sorrir animado. Os garotos comemoraram no banco de trás, dando tapas em meu ombro. Sorri na direção de Calum, que estava sentado logo atrás de Michael, e ele me encarou por um tempo além do necessário, parecendo pensativo.
Desviei os olhos quando Michael ligou o carro. Antes de arrancar, ele perguntou "Aquela é sua mãe?"
Olhei na direção da janela do segundo andar, vendo por entre as cortinas creme Liz ajeitar o cabelo de forma desajeitada. Sacudi a cabeça em afirmativa, encarando o porta-luvas. "É. Podemos ir logo?"
-
Festas de universidades eram quase tão tediosas quanto as de ensino médio. Menos coisas imaturas como "verdade ou desafio", e mais variedade de bebidas, mas o visual era o mesmo. Uma casa lotada de pessoas que estavam em grande parte bêbadas, ou em busca de encher a cara. Alguns de fígado mais fraco espalhados pelo chão, talvez em coma alcoólico, e alguns em estado de semi nudismo.
Como esperado, a casa onde acontecia a festa era de alguém com poder aquisitivo superior. Por isso era repleta de obras de arte caras penduradas pelas paredes, e carpetes que deviam ter sido comprados nos Países Baixos — ainda que, no fundo, tudo tenha sido fabricado na China, por gente que não ganha salário.
No quintal dos fundos, havia uma piscina. E, inclusive, uma porta automática para chegar lá, o que era até bem maneiro. Como os vidros da casa eram à prova de som, exigia que a festa tivesse dois DJ's. Um para o lado de dentro, e outro para o quintal/jardim/piscina. Um pouco revolucionário, se comparado com as festas de ensino médio.
"O que está achando?" Michael perguntou, assim que voltou com dois copos. Diferente dos clichês de filmes norte-americanos, estes não eram vermelhos e de plástico. Peguei o copo que ele me estendia, e cheirei o conteúdo, imaginando que devia ser vodca com mais alguma mistura qualquer. "Achei que gostaria disso. Sabe, você pareceria bem popular aquele dia na porta do colégio."
Dei de ombros, mais preocupado em achar Calum no meio da multidão que se esfregavam na sala de estar, ao som de Avicii. "Não quer dizer que eu vá a muitas festas."
Não ouvi o que ele disse depois, pois encontrei Calum e Ashton numa espécie de discussão. Os dois estavam no canto da sala, e gesticulavam bastante, parecendo gritar um com o outro, para serem ouvidos mesmo com a música alta. Ashton fez menção de puxar o pulso de Calum, mas esse logo o afastou, empurrando-o no peito.
Michael ainda tentava atrair minha atenção falando qualquer coisa, quando o interrompi. "Acho que Calum e o Smash estão brigando feio ali" Apontei com o queixo na direção dos dois.
Michael seguiu meu olhar, visivelmente em alerta. Assim que os encontrou, passou a andar na direção deles, e eu apenas me escorei no balcão onde estavam servindo as bebidas, me contentando em observar o show.
Calum disse algo no ouvido de Ashton, suas sobrancelhas grossas e negras tão franzidas que chegavam a se unir no meio da testa. Ele estava realmente furioso. E Ashton, depois de ouvir o que quer que o outro tenha dito, cerrou os punhos, tentando empurrá-lo, quando teve o corpo segurado por Michael.
O colorido disse alguma coisa para os dois, fazendo Calum dar as costas para ambos e vir em minha direção — apenas porque estava saindo da sala.
Sua oportunidade está vindo ai.
Dei mais um gole no conteúdo do copo, e relaxei os ombros, vestindo minha melhor máscara num exercício mental. Se você convence a si mesmo de que tem carisma, não há ninguém capaz de contestá-lo. E se você consegue manipular a si mesmo para fazer o que quer, por que não pode fazer o mesmo com os outros?
Calum estava prestes a passar por mim sem me notar quando joguei o restante da mistura com vodca do copo em sua camisa, fingindo que havia tropeçado. Ele arregalou os olhos, e as pessoas ao nosso redor nos olharam em expectativa, provavelmente esperando uma briga ou algo do gênero.
"Mas que porra?!" Ele engoliu em seco quando notou que se tratava de mim. "Luke."
"Foi mal, Calum, eu não te vi." Sorri de forma simpática, e ele apenas suspirou.
"Não, okay. Sem problemas. Mas vou ter que trocar essa camisa..."
Dei de ombros, retirando minha própria camisa de flanela, e ficando apenas com a de banda, mais cavada do que o necessário. Os olhos dele correram pelos meus braços, e quase ri de tamanha babaquice. "Gosta do que vê, Hood? Pode pegar essa."
Ele corou ao notar ter sido pego. Mas logo o constrangimento foi substituído por outra coisa, e ele retirou sua própria camisa, vestindo a minha. Tratei de deixar óbvio que o estava observando, e isso visivelmente inflou seu ego.
"Você está bem?" Perguntei, enfiando as mãos nos bolsos da calça. "Você e Ashton pareciam ... instáveis."
"Como tudo que não combina." Ele concordou, dando de ombros. "Eu devia ter me tocado disso antes. Nunca daríamos certo."
"Saquei." Dei um passo na direção do corredor, mas ele tocou meu ombro, chamando minha atenção.
"Michael não estava dando uma de babá contigo?" Perguntou, erguendo uma sobrancelha enquanto olhava em volta, procurando pelo amigo. "Não que eu me importe tanto, mas sei como é uma merda ficar sozinho no meio de gente desconhecida. Achei que ele ia ficar de olho em você."
Invente alguma coisa. Se livre de Michael.
"De olho em mim?" Eu repeti, rindo seco, sem muito humor. "Só se for de olho no Smash. Ele não parou de falar de como vocês dois andavam brigando, e como não funcionavam. Honestamente, nem olhou pra mim direito. Acho que só fui uma desculpa pra ele vir com vocês e não ficar se sentindo uma terceira roda."
"Como assim?"
"Acho que Michael tá afim do Smash."
Calum abriu a boca para dizer qualquer coisa, mas não chegou a vocalizar nada. Estava chocado demais com a revelação. "Tem certeza disso?"
Dei de ombros. "Não importa. Acho que já vou. Não tem nada pra mim aqui nessa merda, e tô com um puta mal humor. Avisa o Michael que dei o fora."
"Luke?" Calum chamou, fazendo-me encará-lo. "Lá fora as músicas são mais alternativas. Quer ver como tá lá?"
Contive o sorriso. Era o preço que se pagava por ser digno de pena.
1- OKAY, SE VOCÊS QUISEREM, MAS TIPO, QUISEREM MESMO, POSTO ATUALIZAÇÃO EM ATÉ 48 HORAS (MUITO PROVÁVEL QUE SEJA EM MENOS). O que acham da ideia? :P
2- O que vocês estão achando da fanfic no geral? Falta romance, falta suspense? Qual o personagem mais divo? *-*KKKK'