É engraçado, você é quem está em ruínas
Mas eu era a única que precisava ser salva
Porque quando você nunca vê as luzes
É difícil saber quem de nós está desabando....
Rihanna
Izack Campos
Pego Analú rapidamente no colo e corro para a porta de emergência.
- Socorro! - Grito
Vem um enfermeiro e rapidamente puxa uma maca para colocá-la.
- O aconteceu com ela? - O enfermeiro pergunta colocando oxigênio em Analú.
- Ela caiu da escada em um susto e começou a sangrar. Ela está grávida de quatro meses! - Falo desesperado.
- Ok. Vamos levar ela para dentro!
O enfermeiro fala empurrando ela para uma porta.
- O senhor não pode entrar a partir daqui. Traremos notícias!
- Vai ficar tudo bem meu amor!
E levam ela.
As horas parecem que não passam. Estou apreensivo e com medo do que pode acontecer. Meu coração está na mão. Porque a gente foi brigar?
- Foi culpa minha... Se eu não tivesse falado, ela não teria levado o susto! - Gael fala com a cabeça baixa.
- Não diga isso Gael. A gente já estava brigando feio antes de você aparecer. Não foi sua intenção!
- Eu deveria ter ficado calado! - Gael diz.
- Não foi sua culpa! - Digo.
- Liguei para Júlia e ela estava chorando muito no telefone. Ela disse que iria ligar para sua família. Devem em breve está chegando aqui. - Gael fala
- Você deu o nome do hospital?
- Sim.
- Vou me preparar para ouvir...
- Se acalma irmão. Casais brigam mesmo, não se culpe também!
Até que aparece uma mulher e chama meu nome.
- Izack Campos?
- Sou eu! - Vou até a mesma que está parada em frente a porta branca em que Ana entrou.
- Ana Luíza está estável. Ela teve que passar por uma pequena cirurgia na parte pélvica devido a uma hemorragia que estava vindo de dentro para fora. Foi o que causou o sangramento que vocês viram nela. Enquanto ao bebê, está tudo bem também, está seguro, mas de agora em diante todo cuidado é pouco.
- Porquê doutora?
- O útero dela se alastrou e isso fez com que ficasse frágil podendo até mesmo a criança descer e causar um aborto espontâneo. Agora ela vai ter que tomar remédios para segurar a criança no útero até completar pelo menos 7 à 8 meses de gestação. Ana Luíza entrou em um quadro de gestação de risco, então será repouso absoluto, até chegar o nascimento.
- Entendi doutora. Já posso vê-la ?
- Ainda estamos transferindo ela para um dos quartos. Assim que já estiver tudo ok, mando chamar o senhor.
- Tudo bem, obrigada!
A médica se retira e volto a me sentar ao lado de Gael.
- Ficou tudo bem Izack?
- Sim, ela passou por uma cirurgia mas já está estável. - Falo.
- Que bom, agora estou com a mente mais tranquila! - Gael diz aliviado.
Logo vejo o pai e mãe de Ana Luíza entrando no hospital com uma cara nada boa. Eles vem em minha direção. Já me preparo para ouvir, então me levanto já na espera.
- Izack, cadê a minha filha? - Ricardo pergunta.
- Ela já está estável e estão levando ela para um quarto!
- Graças a Deus! - Débora diz.- Como foi esse acidente realmente Izack?
- Estávamos tendo uma discussão até que ela levou um susto com meu irmão atrás, se desequilibrou e caiu na escada. - Digo apreensivo novamente.
- Mais você não sabe que ela está grávida, porque ficam brigando? Ainda mais no meio de uma escada Izack? - O pai de Ana fala.
- Não foi a intenção brigar lá. Acontece que ela queria sair no meio da noite para dormir fora e eu queria impedi-lá justamente por causa da gravidez.
- Ana Luíza também é muito cabeça dura. Faz sempre as coisas com a mente quente cara! - O pai dela diz e bem irritado.
- Ricardo, agora não... Quando ela acordar conversaremos com ela!
- Mas ela tem que parar com essas coisas de garota mimada Débora! - Ricardo diz.- Olha só o que aconteceu!
- Tá, Ricardo!
- Mas já está tudo bem, só que agora ela está com gestação de risco. Todo cuidado é pouco. Houve uma hemorragia na parte pélvica e prejudicou o útero. Ela vai ter que ficar de repouso até o nascimento da bebê, se não ela corre o risco de perde-lá.
- Tá vendo Débora? Até parece que a Ana Luíza vai ficar de repouso. É até engraçado pensar isso da minha filha! - Ricardo fala passando a mão na testa.
- Ela vai conseguir sim Ricardo, será que dá para você se acalmar? - Débora diz.
- Vou ficar calado!
- Melhor assim. - Ela diz.- Quando vamos poder vê-la ?
- Não sei ainda, a médica disse que vão avisar. - Digo.
- Quero ficar com a minha filha. - Débora fala e se senta ao lado de Gael.
- Vou lá fora! - O pai de Ana avisa.
- Fazer o que lá fora? - Ela pergunta.
- Vou fumar Débora! - Ele diz sem paciência.- Dois acidentes dentro de quatro meses é foda pô. Estou com raiva, mas é minha filha!
Ele se vira e sai muito puto. Débora cruza as pernas e finge ignorar o marido.
- Não liga, daqui a pouco passa! - Ela diz.
- Não, tudo bem.... Entendo. - Digo e me sento do outro lado de Gael.
- Vocês se parecem bem.- Débora comenta com Gael.- Bonitos.
-Obrigada! - Ele responde e da um sorriso.
- De nada. Espero que não demorem, estou preocupada!
- Eu também. - Falo.
E ficamos alí esperando por mais 1 hora.
Jonata Colleman
Esses últimos meses foram uma loucura. Tive que conciliar faculdade, estágio e as investigações. Elaborei tudo, infiltrei duas pessoas dentro da casa de Analú. Sim, eles me passam tudo o que acontece lá dentro. Fiquei sabendo que andam discutindo um pouco. Minha tia soube pela amiga que Analú estava procurando uma governanta e se candidatou. Eu aproveitei e falei tudo que eu queria saber sobre ela para minha tia. Falei para ela começar a deixar marcas de batom nas camisas do noivo dela quando chegasse em casa todas as noites do trabalho. Ela disse que aparentemente, Ana ainda não percebeu nada, mas que iria continuar fazendo.
Quando foi hoje, em uma noite de sexta, pego estágio com plantão de 14 carga horária. Como sempre subo, faço minha higiene, coloco máscara, touca, avental e luvas nas mãos e pés. Esse procedimento é porque sempre fico na parte de emergência do hospital, então da de tudo aqui. Fico aplicando medicação em pacientes até que o hospital fica agitado devido a uma paciente que chegou e o marido gritava desesperado. Meu amigo que pegou o caso, e não voltou mais aqui para a sala. O tempo passou e já era madrugada, sai um pouco da sala de emergência para tomar uma água. Fui falar com uma colega e perguntei onde estava meu amigo. Ela explicou que ele estava com a moça que chegou sangrando e grávida.
- O marido e família dela estão na recepção aguardando ela. - Minha colega diz.
- E porque ainda não puderam ver ?
- Estão transferindo ela para o quarto. E tem que limpar, trocar roupa e tudo.
- Entendi. E como era o nome da paciente? - Pergunto sem importância só para passar o tempo .
- Não lembro. acho que Luiza.... Talvez Ana Luíza eu acho!
Será que é coincidência?
- Ana Luíza o quê? - Pergunto.-
- Não sei Jonata... Pergunta lá na recepção.
Não penso duas vezes e desço para ir até a recepção, mas quando chego lá já tenho minha resposta. Vejo a mãe dela sentada na recepção. Então é Ana Luíza mesmo. Não passo pela sala para que não vejam. Volto e subo para o segundo andar do hospital. Vou até a recepção do andar e pergunto por Ana Luíza da secretária. Ela checa no computador e me responde:
- Ela foi transferida para o quarto 202. - Ela diz - Mas só para saber, o que o senhor é para a paciente?
Penso no que responder
- Ah nada, ela é minha paciente, acontece que não sei onde deixei o prontuário e tenho que ir verifica-lá para ver se está tudo bem!
- Entendi. Então é somente isso? - Ela pergunta.
- Sim, obrigada!
Saio de lá e subo no elevador. Saio e procuro pelo corredor o quarto. Finalmente encontro e vejo uma enfermeira saindo de dentro. Me escondo atrás de uma parede, e quando ela vai embora eu entro.
Analú estava dormindo, ainda não saiu sob o efeito da anestesia. Mas logo acordará. Fico ao seu lado e seguro em sua mão. A feição dela estava serena, nunca muda o rosto angelical. Toco em seu cabelo sedoso e macio.
- Sinto saudade. - Falo enquanto ela dorme serenamente.
Olho para sua barriga que já aparece, penso que essa criança poderia ser minha também.
- Vou ter você de volta para mim. E vou ser um bom padastro para seu bebê! - Deixo uma lágrima cair e derrepente a porta se abre.
- O que você faz aqui?! - A mãe dela me pega de surpresa.- Responde seu cretino?!
- Sou médico interno dela! - Minto.
- Mentira, ninguém sabia de você! - Ela fala.
- Lógico. Sou interno!
- Você sai de perto da minha filha agora. Ela está noiva, vai casar, vai ter um filho e está muito bem sem você!
- Eu e ela ainda vamos ficar juntos!
- Só por cima do meu cadáver e do noivo dela. Analú já está em outra e muito apaixonada.
- Não é o que eu soube! - Digo e cruzo os braços.
- E nem te interessa. Sai daqui ou eu chamo o segurança!
- Ok, eu saio, mas eu volto! - Passo pelo seu lado encarando cara a cara e depois fecho a porta.
Saio pelo corredor e entro no elevador. Preciso de ar.
Isso não vai ficar assim...
Analú Collins
Estava em um sono pesado e gostoso, quando derrepente parece que vou cair de algo. Me espantei, e foi aí que eu percebi que estava em um sonho.
Quando abro os olhos, tiro os tubos do meu rosto e tento sentar.
- Calma filha, vai devagar. Você acabou de passar por uma cirurgia!
Toco em minha barriga e olho para minha mãe.
- Mi.. minha bebê... Cadê? - Pergunto com dificuldade.
- Está com você ainda, filha. - Minha mãe diz.
Então respiro aliviada e me encosto na maca.
- Vou chamar a enfermeira. - Ela diz e sai por um instante.
Enquanto isso me lembro do que ocorreu. Depois senti muita dor, não consegui controlar. E depois apaguei.
Passo a mão e sinto que minha barriga está enfaixada.
Espero que não tenha agravado nada.
- Bom dia, dona Ana!
- Bom dia!
- Vou ver sua pressão.
- Ok.
- A senhora está sentindo alguma dor?
- Sim, na cabeça!
- Normal, é efeito da anestesia passando. Mas vou lidar um analgésico.
- Tudo bem, obrigada!
Ela vai no armário prepara a medicação e cinco minutos depois volta e me aplica na veia.
- Pronto. Já estou indo, qualquer coisa apertem no botão.
- Certo! - Minha mãe diz.
- Mãe o que aconteceu? - Pergunto.
- Você caiu da escada e Izack te trouxe para o hospital. Você já estava desmaiada. Teve uma hemorragia interna que estava vindo de dentro pra fora. Você teve que passar por uma cirurgia para conter a hemorragia e não perde sua bebê. - Ela diz.
Ela fala e meu peito se aperta. Se eu não tivesse chegado a tempo, não teria mais minha filha aqui comigo.
Apenas fico calada.
- E agora... Você vai ter que ficar de repouso absoluto para sua filha poder nascer. Vai ter que tomar remédio para poder segurar ela no seu útero!
- Meu Deus mãe, não queria que isso acontecesse! - Digo e choro.
- Não chore, apenas vai ter que cumprir as ordens médicas pelo bem de sua filha de agora em diante!
- Estávamos brigando, mas levei um susto e caí...
- E porque vocês estavam brigando? - Ela pergunta.
- Porque eu contratei a tia do Jonata para trabalhar como governanta em nossa casa. E ele acha que ela está falando tudo de nós para ele.
- E realmente está! - Ela fala e fico calada.- Quando entrei aqui no quarto para te ver, sabe quem estava aqui? Ele, o Jonata!
- O Jonata? Mais como?
- Disse que é médico interno. Mas não acreditei muito. Aquele homem tem um coração ruim e mente muito!
- E onde ele está? - Pergunto.
- Saiu. Não sei para onde, mas vou proibir a entrada dele aqui. Espero que possa logo receber alta.
- Quero ir logo para casa.
- Você vai em breve. Temos só que esperar o que a médica vai dizer.
- Sim, e Izack? Cadê ele?
- Está lá em baixo, assim que eu descer ele sobe para ficar com você.- Ela diz.
- A gente brigou por motivo besta, mãe. Foi pura burrice nossa! - Falo passando a mão na testa.- Se eu perder minha filha não vou me perdoar nunca.
- Você não vai. Só segue o que a médica mandar.
- Jonata sempre atrapalhando a minha vida. Agora aparece aqui. Não quero ele perto de mim.
- Ele não vai. Vou pedir a um segurança do Izack para ficar aqui na porta.- Ela diz.
- Obrigada.
- Vou chamar Izack. - Ela fala e vem me dar um beijo na testa. - O seu pai tá lá em baixo também. Nervoso, por isso não subiu.
- Novidade né, mãe?
- É.... - Ela sai me deixando só.
Sozinha penso que Jonata está querendo algo. Se passou tempos e amar não dá mais... Eu estou apaixonada pelo Izack. Mas porque que me dá vontade de chorar quando lembro do Jonata?
Odeio meu sentimento...
Começo a chorar e soluçar, pois estou com medo do que possa acontecer. Tento conter o choro mas não consigo.
- O que foi meu amor? Izack quando abre a porta, me vê nesse estado, e corre para me abraçar.
- Mal pressentimento e culpa... - Digo.- Não me deixa sozinha aqui, eu quero ir embora desse lugar.
- Shiss, Shiss calma estou aqui.- Ele diz acariciando minha nuca e deita ao meu lado na maca. - Vou te tirar daqui logo logo meu amor.
Não falo mais nada. Me aconchego mais em seu abraço para me acalmar.
Continua....