Winter Flower

By ficsGiKa

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Na fuga do seu destino como herdeiro da coroa, Namjoon se junta ao seu melhor amigo, o duque Seokjin, e contr... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100

Capítulo 87

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By ficsGiKa

AVISO DE CONTEÚDO : xenofobia; ódio a minorias



Há muito Taehyung não ficava com os olhos na televisão como estava no momento. Seu pai estava em coma e sua mãe acreditava ser melhor que Taehyung ficasse no apartamento, seguro. Ele se perguntava se sua mãe já sabia quais eram os planos de Woobin.

— Ficar em frente a televisão somente vai te deixar mais ansioso, baby — proferiu Jimin, entregando uma caneca de chocolate quente para o namorado.

Taehyung sabia daquilo, mas parecia impossível permanecer sem assistir o jornal para saber o que Woobin estava fazendo com o reino. As pessoas que conheciam o carácter do seu irmão mais velho estavam todas apavoradas, então parecia idiota não sentir o mesmo medo que eles.

— Desculpa amor, eu não consigo — disse Taehyung, desviando os olhos da televisão para encarar o namorado. — Estou muito preocupado e aquela ligação de Jin me assustou.

Jimin suspirou pesado. No dia anterior, pela noite, Seokjin ligou para Taehyung para dar notícias de Namjoon, o duque não dissera o que realmente acontecera, porém, estava óbvio que Woobin e ele não era mais amigos e pela forma como Seokjin falava do príncipe, havia muita raiva envolvida. Então, Taehyung estava esperando o pior, o que o deixava bastante assustado. Qual seria o futuro deles e da nação em que viviam? O que Woobin faria com eles?

— Tae, faz mal ficar desse jeito.

— Jungkook está igual, Minnie! Ele está enfurnado no quarto e escrevendo sem parar! — disparou Taehyung, com um suspiro pesado. — Essa ideia dele de escrever com um pseudônimo não dará certo, Woobin descobrirá tudo.

O segurança entendia a preocupação do namorado, porém, ele não podia fazer nada. Jungkook amava seu trabalho e amava ser uma voz consciente entre os mais novos, não podia o proibir de fazer o que ama, por mais que fosse perigoso. Era doloroso, mas era a realidade.

— Baby ... — Jimin suspirou cansado, sentando-se ao lado de Taehyung,

Ele deixou a sua caneca de café na mesinha de centro e com seus pés desnudos, ficou brincando com o tapete felpudo da sala, lembrava-se de comprar o tapete com os namorados há umas semanas. Agora, ele tinha medo de terem que se esconder por um bom tempo.

— Eu queria que Kangdae despertasse logo — disse Jimin, olhando para o príncipe. — E, eu queria vê-lo. Nem tive a oportunidade e eu... Deixa para lá.

— Se você quiser, podemos visitá-lo, Minnie — disse Taehyung, afagando o braço do namorado. — Sei como papai é importante para você.

Com um fraco sorriso, Jimin negou com a cabeça.

— É melhor ficarmos protegidos — disse Jimin, engolindo a seco. — Não sabemos o que seu irmão pode fazer.

Taehyung concordou, voltando a olhar para a televisão. Pensar em Woobin e nos planos dele estava o deixando nervoso. Precisava sair daquele ciclo eterno de pensar que as coisas dariam errado e ficar assustado com aquilo, porém, ao mesmo tempo, parecia impossível se alienar da realidade. Era uma faca de dois gumes e em ambos os lados, ele saía perdendo.

— Espera, o que estão falando...? — perguntou Jimin.

A voz de Jimin era urgente e Taehyung piscou, antes de pegar o controle remoto e aumentar o volume. Tudo isso aconteceu no exato momento me que Jungkook saía do quarto. Assim, os três ficaram parados, encarando a televisão enquanto um jornalista falava que o rei chamou uma comitiva de imprensa.

— De novo isso... — Taehyung murmurou, mordendo o lábio inferior. Estava com medo agora. — O que será que ele vai falar?

— Seu pai está bem, né, Tae? — Jungkook questionou, ocupando o lugar ao lado do príncipe no sofá.

— Mamãe teria avisado qualquer coisa. — Taehyung se movimentou no sofá. Ele não sabia o que pensar com aquela ansiedade que tomava conta do seu peito somente em saber que seu irmão estava fazendo alguma besteira. — Acho que vou tentar ligar para Joon...

Porém, antes de pegar seu aparelho, Jimin disse:

— Espera... Woobin já vai se pronunciar.

Woobin já estava atrás do microfone, fazendo uma pausa exagera. Taehyung, a cada dia que passava, ficava com mais raiva do irmão.

O discurso começou com Woobin cumprimentando a todos e falando algumas poucas informações que não importavam, porém, o que realmente ele queria falar, começou a ser proferido minutos após o "Olá".

— Como todos sabem, meu pai está internado e em coma no momento. Estou arrasado com tudo isso, porém, pensei em como poderia essa poderia ser uma ótima oportunidade para a melhoria do nosso reino. — Woobin olhou para todos os lados, garantindo que todos que tinham uma câmera, o filmasse. — E, como rei desse reino, acredito que tenho algumas mudanças e melhorias para fazer.

Jungkook notou bem as palavras que Woobin usava. Ele afirmava que faria as tais mudanças e não dizia que iria "propor", era grave, o jornalista já capturava o que estava prestes a acontecer com o país que nascera.

— Há muito tempo venho reparando como o nosso país está repleto de pessoas não nativas...

Taehyung arfou.

— Minha divindade! — O príncipe levou a mão a cabeça. — C-como ele... Divindade!

O clima era de tensão no apartamento. Eles sabiam bem as implicações do que Woobin estava dizendo em rede nacional.

— Depois do que aconteceu comigo e com os ataques ao castelo, podemos afirmar que o Japão e todos os envolvidos com japoneses não são confiáveis. — Woobin parou com os murmúrios dos repórteres, mas continuou em seguida. — Dito isso, a China também não é nada confiável com suas ideias comunistas que aos poucos estão entranhando o nosso reino!

Jungkook correu no quarto para pegar o seu notebook, voltando para sala já com um novo documento aberto para escrever. Aquilo tudo que estava ouvindo era um completo absurdo, Woobin estava levando o país a desgraça daquela maneira.

— Hoje mais cedo, fiz uma reunião com ministros e parlamentares, porém, eles não concordaram com as minhas ideias e nem aceitaram as leis que preparei com minha equipe especializada — explicou Woobin. — Por isso, a partir desse momento, eu declaro o fechamento da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, com a retirada imediata de poder de todos os ministros e parlamentares.

Os repórteres presentes na comitiva começaram a gritar e fazer perguntas, mas Woobin não parou, ele ainda tinha mais a falar:

— Agora eu me torno o maior poder desse reino. E, como o rei da Coreia, eu decreto que todos os japoneses e chineses que aqui moram, não importa há quanto tempo e nem que tenham vistos de cidadão, terão dois dias para saírem do país. Os que permanecerem, terão seus bens confiscados e serão presos imediatamente. — Woobin deu um leve sorriso. — Obrigado a todos.

Após seu discurso, Woobin se virou e voltou para o castelo.

════ •⊰♛⊱• ════

Namjoon estava em choque, ainda encarando a televisão. Ele não conseguia acreditar no que ouvia, não realmente.

— Amor? — Yoongi o chamou, sacudindo de leve. — Joon, nós temos que fazer algo! Amor?

O problema é que Namjoon não sabia o que fazer além de ver o seu reino se tornar um antro de xenofobia. O príncipe estava parado, mas sua mente trabalhava a mil, mas todos os resultados iam para o mesmo caminho: estavam em uma ditadura e agora seria muito difícil retirar Woobin do poder, pois ele iria diretamente para a repressão armada contra qualquer um que fosse contra ele.

Namjoon ainda estava parado quando seu celular tocou. Ele o pegou em cima da mesinha ao lado do sofá e atendeu de uma vez.

— A-alô? — Sua voz saiu fraca e ele conseguiu ouvir como estava com medo pelo seu tom. Céus, estava apavorado.

— Joon?!

— Chungha? — Namjoon pigarreou, acordando do seu transe. — Chungha, como você está?

— Joon! O merda exilou meu pai! — Chanmi gritava e Namjoon não tinha certeza se ela percebia tal coisa. — Joon, ele ameaçou nossa família, n-nós estamos saindo do país ainda hoje.

O coração de Namjoon foi no estômago. Era mesmo uma ditadura e Woobin estava se livrando de qualquer político que poderia ir contra ele, começando pelo Primeiro-ministro da Coreia.

— Chungha...?

A voz dela falhou e Namjoon quase começou a chorar ali mesmo. Ela era sua amiga mais antiga, eles estudaram juntos por anos e não conseguia se lembrar um momento onde não pudera contar com ela, agora... Chanmi estava fugindo do país para salvar a própria vida.

— Joon, ele fará o mesmo com você, ele v-vai ter... ele vai te matar. — Chanmi respirou fundo, o medo aparente na sua voz. — Woobin vai te matar, Joon. Você precisa sair da Coreia. Papai tem um jatinho, tem lugar para todo mundo... Por favor...

Namjoon tinha uma escolha para fazer naquele momento. Ele olhou para os namorados e somente pensou em como os queria protegidos, mas, em simultâneo, sabia que não poderia deixar o seu povo para trás. Estava em uma encruzilhada e não sabia qual caminho seguir.

— Chungha, me dê uns minutos. Eu já te ligo de volta.

— Okay, mas não demora.

Ela desligou a ligação de uma vez, provavelmente nervosa demais para se lembrar de se despedir.

O príncipe então olhou para os namorados, sabendo que eles esperavam algo dele — qualquer coisa.

— Chanmi e a família estão saindo do país — disse o príncipe. — Ela está pedindo para irmos com eles no jatinho.

Seokjin pigarreou.

— Okay... — disse o arquiteto. — Podemos arrumar nossas coisas bem rápido.

Hoseok concordou com Seokjin, pronto para ir para o quarto arrumar as malas, porém, Yoongi ficou parado, fitando Namjoon, sabendo o que passava pela mente do namorado.

— Não podemos ir — disse Yoongi, olhando para Hoseok e Seokjin. — Joon e eu ficaremos.

Namjoon falou, sério:

— Não, Yoon. Eu tenho que ficar, não abandonarei o meu povo. Não importa que eu seja adotado ou algo assim, meu pai falou que sou o filho dele, que eu deveria ser o rei... — Namjoon sacudiu a cabeça. As lembranças do acidente ainda na sua mente, indo contra as palavras de Woobin. — Eu vou ficar, mas preciso de vocês seguros, por isso, vocês, Gyuyoung e minha filha vão embora em segurança com a família de Chanmi.

— Você não pode ficar sozinho! Sou um nobre também. Essa merda de título tem que servir de algo para ajudar! — Yoongi proferiu, o medo estava estampado em suas feições, enquanto ele segurava a mão de Namjoon com força.

— Meu amor, necessito de vocês seguros para fazer o que for preciso — Namjoon pediu.

Hoseok parou com a cadeira em frente a Namjoon, seus olhos tão esbugalhados que Namjoon ficou preocupado do namorado estar passando mal.

— Onde você ficará? O que fará? Woobin sabe onde a gente mora!

— Tem um esconderijo... Woobin não sabe — disse Namjoon, suspirando fundo. — Só papai e eu sabemos. Há dois anos estávamos em um trilha e achamos esse esconderijo dos antigos reis. Nós fizemos de lá um bunker subterrâneo. Tem comida, água, camas, banheiro... tudo. Ficarei bem por lá.

— Não! Não é justo! — o dançarino proferiu levando as mãos a cabeça, tentando controlar a própria respiração. Não podia ter um ataque de pânico ali. Já era um peso o suficiente sem conseguir andar, não precisava dar chilique também.

Seokjin foi até Hoseok, virando sua cadeira para que o dançarino o fitasse. Ele apertou com força os ombros do namorado — uma técnica que a sua psicóloga tinha lhe ensinado, era necessário foco em um momento de pânico.

— Hoseok, calma. Respira fundo.

Como ele poderia se acalmar? Como? Quando tudo parecia sempre dar errado para eles. Eles não conseguiram nem mesmo ter um encontro agradável os quatro em tantos meses.

— Eu ficarei — Yoongi falou duramente. Ele não estava abrindo espaço para Namjoon discutir. — Não vou te deixar sozinho, com a perna machucada e com um psicopata maluco te caçando, Namjoon! Você não sabe em quem confiar... até a porra dos nossos seguranças podem 'tá nessa merda!

— Menos Taek — disparou Hoseok. Ele ainda estava assustado, mas conseguia respirar um pouco melhor. — Eu c-confio nele. Ele não...

Yoongi concordou com a cabeça.

— Eu também confio nele e só nele.

— Matt? — Seokjin perguntou. — Podemos confiar em Matt também, né?

Namjoon apertou a ponte do nariz.

— Quanto menos pessoas souberem, melhor... — Namjoon passou a mão pelo cabelo nervosamente. — Yoon, você vai mesmo... ficar? Amor, e-eu não posso garantir que o bunker será seguro para sempre.

— Você não pode ficar sozinho. — Hoseok proferiu calmamente. — Me dói deixar vocês dois aqui, mas será pior se você estiver completamente sozinho aqui. Ao menos em Yoongi você saberá que tem pelo menos uma pessoa em quem confiar plenamente.

— Talvez seja melhor eu ficar... T-talvez... Talvez eu possa tentar conversar com Woobin, tentar um acordo.

— Não começa! Você não será moeda de troca para psicopata! Prefiro vê-lo colocar esse país no chão antes de pensar em deixar ele colocar as mãos imundas em você — Yoongi concluiu, encarando Seokjin de forma intensa. — Aquele desgraçado não gosta de você, Jin. Ele não é seu amigo ou tem sentimentos por você. Ele gosta de poder e de ter tudo o que Namjoon tem. Por que antes ele nunca te quis? Desculpa a forma que 'tô falando isso, mas ele te quer agora porque Namjoon te tem.

Seokjin abaixou o olhar. Ele sabia que Yoongi tinha razão. Pelo menos, agora sabia. Woobin nunca fora seu amigo, era tudo uma fachada. Alguém que faz tudo o que o agora rei estava fazendo com os irmãos, não era uma pessoa que gostava de algum outro ser humano.

Yoongi ao notar a expressão do outro duque se aproximou do mesmo, puxando-o pela cintura e o beijando nas bochechas em um pedido de desculpas silencioso e um conforto. Doía ver Seokjin daquele jeito. Afinal, compreendia que ele havia perdido alguém muito especial naquele dia e tudo estava de pernas para o ar.

Hoseok observou todos ali, agarrando-se a Holly ao sentir as lágrimas preenchendo os seus olhos.

— N-não podemos nos separar — disse Hoseok. — Temos que ficar juntos. E-eu fico.

— Vocês não podem ficar. Eu sei... Eu sei que se Woobin ameaçar vocês eu darei tudo o que ele quiser, inclusive a minha própria vida — Namjoon falou alto e claro. Era a verdade de qualquer maneira. Ele daria a vida por eles em um piscar de olhos.

Seokjin ainda sentia Yoongi contra ele e essa foi a força que precisava para também tomar a sua decisão:

— Joonie, você não percebe? Nós também daríamos a nossa vida por você em um piscar de olhos. — Seokjin deu um fraco sorriso. — Fugir... não vai nos manter seguros. Está claro que Woobin não foi sequestrado porra nenhuma, então, onde ele estava esse tempo todo? Fazendo quais conexões? Woobin está com muitas cartas na manga que não sabemos e se pegarmos um jato para qualquer lugar do mundo, é provável que ele nos rastreie. Um bunker é o mais seguro agora.

— Eu não posso fugir. Fiz uma promessa ao meu pai!

— Seu pai não ia te querer em perigo! — Yoongi afirmou. — Ele disse aquilo pensando que ia conseguir voltar e arrumar tudo para você chegar ao trono seguro e não assim!

— Olha Ahri. Ela não 'tá deixando nem Tae ir ao hospital! — Hoseok explicou. — Joon, seus pais te querem seguro, okay? Não deixe Woobin entrar na sua cabeça. Mesmo que você seja adotado, você é filho deles. — Hoseok afagou os pelos de Holly com cuidado. — E, eu entendo a sua necessidade de ficar. É o seu povo. E-eu também queria ir embora, levar Dawon, todo mundo que amo, mas... Quantos irão ficar para trás? Quantas pessoas irão perder tudo e ser presas? Você precisa reagrupar e pensar em uma estratégia, amor. Fazer conexões por debaixo dos panos. Você precisa ser inteligente e estratégico agora.

Namjoon concordou com a cabeça e se levantou. Ele pensava melhor andando.

— Preparem as malas. De qualquer jeito, se ficamos ou formos embora, precisamos disso pronto. — Namjoon pegou o aparelho celular na mão. — Farei umas ligações.

Então, ficou acordado. Hoseok e Seokjin foram fazer as malas, porém, Yoongi também buscou seu celular e começou a fazer ligações, havia feito conexões no seu pouco tempo na nobreza.

════ •⊰♛⊱• ════

Todo o processo de ligações durou meia hora e foi o tempo de Hoseok e Seokjin prepararem as malas com o necessário. Assim, quando voltaram a sala, Namjoon e Yoongi já sabiam o que iriam fazer:

— Precisamos ficar — Namjoon falou de imediato. — Yoon e eu — completou.

— Chanmi será nossa ligação internacional — disse Yoongi. — Ela é a mais confiável para isso, mas o resto... tem que ser interno. Não faremos nada lá de fora.

Seokjin concordou com a cabeça.

— Okay, então também ficaremos — concluiu Seokjin.

— Talvez eu deva ir sozinho. — Hoseok proferiu calmamente. A ideia agora estava mais clara em sua cabeça. — Eu não serei de ajuda agora e ainda posso atrapalhar caso vocês precisem se mover com agilidade. E eu estarei seguro, estarei fazendo minha fisioterapia e melhorando para poder ajudar assim que possível.

Era difícil para todos eles, mas não era o momento para discussão. Já tinham perdido muito tempo e todos os minutos contavam naquele instante, assim, Namjoon fez a ligação para Chanmi.

— Ligarei para os meninos e Ahri — disse Seokjin, mas parte dele já sabia qual seria a resposta deles quanto a fuga.

Hoseok ficou em um canto, afagando Holly. Ele já sabia que o cachorrinho teria que ficar; não sabia com quem ou como seria, mas não achava que daria para levar um cão daquela maneira. Seu coração já estava aperto de ter que se despedir do animalzinho que lhe ajudara tanto com a solidão e inseguranças.

— Ei... — Seokjin chamou baixo. Hoseok viu que o telefone já estava desligado em sua mão. — Os meninos vão ficar e Kookie falou que Holly pode ficar com a mãe dele.

— Então, acho que só precisamos revolver onde eu vou ficar — o dançarino murmurou.

— Você vai com Chanmi — disse Namjoon, olhando para Yoongi em seguida. — Você confia cem por cento em Taekwoon? — perguntou, vendo o duque concordar. — Okay. Liga para ele e peça para vir para cá.

Yoongi se adiantou para fazer tal coisa e Namjoon continuou a falar:

— O plano será o seguinte: buscaremos as meninas do loft, mas quem sairá de lá para o aeroporto são elas e Hobi — Namjoon explicou. — Já Jin, Yoon e eu vamos para o bunker. Tenho um carro bem fodido que parece de qualquer um, menos de um príncipe. Acho que vai dar certo para despistar.

— Vai dar certo — Seokjin proferiu, tentando convencer a si mesmo no processo e então deixou Hoseok puxar sua mão, sorrindo ao sentir os lábios do namorado em sua pele.

Então, eles se prepararam para se separarem. Seria duro e não sabiam quanto tempo levaria para se verem de novo, mas infelizmente, tinham que correr.

Suas vidas e de milhares de pessoas, dependiam disso.

════ •⊰♛⊱• ════

Gyuyoung estava olhando pela janela, protegida pela cortina e pelos vidros refletidos quando viu os carros do exército passando. Ela contou cinco de uma vez, algo que nunca viu antes na Coreia. Protegida no loft, conseguia ver alguns protestos dando início, porém, o que a assustara era que haviam pessoas concordando com Woobin, tanto na televisão, quanto nas ruas, da onde estava pudera ver um pequeno comércio gerido por japoneses sendo apedrejado por alguns homens.

— Gyu.

A voz de Sakura era dura, mas preocupada. Gyuyoung saiu da janela, indo até à namorada. Na cama, as malas já estavam prontas e Haneul dormia na cadeirinha de viagem.

— Eles já estão chegando — Gyuyoung falou de imediato. Ela sabia qual era a preocupação de Sakura. — Namjoon não vai nos deixar aqui.

— Sei disso. O meu medo é ele ser pego antes.

— Ele não vai e nós ficaremos seguras, nós três — Gyuyoung prometeu, puxando a namorada para si e a beijando delicadamente nos lábios. — Dará tudo certo.

Como se o universo estivesse contra Gyuyoung, assim que ela proferiu a frase, elas ouviram um alto estrondo na porta principal.

A única coisa que passou na mente de Gyuyoung foi trancar a porta do quarto. Mas, ao olhar pela janela refletida que dava para a sala de estar, ela viu um soltando invadido o lugar. Namjoon não havia chegado há tempo.

— O que faremos? — Sakura sussurrou, seus olhos assustados enquanto segurava o cadeirinha com Haneul contra si.

Sakura não precisou de uma resposta verbal, pois pelo olhar da namorada, ela soube o que passava na mente de Gyuyoung: ela não sabia o que fariam.

— E-eu vou lá... Você fica aqui com Haneul — a princesa sussurrou. — Woobin n-não vai me matar logo de cara. E-eu...

— Ele vai sim! — Sakura se desesperou. — Ele é louco! Está cheio de ódio do irmão, ele vai te matar por ser japonesa! Vai te fazer de exemplo na frente de todos!

Gyuyoung olhou para a filha, já com lágrimas nos olhos.

— V-vamos escondê-la. No closet... Woobin não sabe dela, t-talvez Joon p-possa... — Gyuyoung não completou a fala com o soluço que cortou seus lábios.

Sakura concordou, pronta para levar a menina para o guarda-roupa quando ouviu outra voz:

— O que está acontecendo aqui?! Quem é você para invadir o apartamento do príncipe?! O que faz de pé, soldado?! Cadê seu respeito pela família real? — A voz era de Namjoon e essa era alta e dura, mas ainda assim trouxe uma onda de alívio as mulheres. — Sou pessoalmente abrir uma queixa contra você ao rei!

O soldado na frente de Namjoon hesitou, olhando em direção a escada e depois para o príncipe.

— Tenho ordens de investigar essa casa. Podem ter inimigos da pátria aqui.

O rosto de Namjoon se tornou puro sarcasmo.

— Soldado, se você não sair daqui imediatamente, quem se tornará inimigo da pátria será você! Fora da minha propriedade!

— Sim, alteza!

O soldado gritou, mas só quando ouviram o barulho da porta sendo fechada é que Gyuyoung saiu do quarto, pulando a cada dois degraus para se jogar nos braços de Namjoon em puro alívio.

— Vocês estão bem? Ele as machucou? — Namjoon questionou preocupado, passando a mão pelo rosto da esposa.

— Ele nos não viu. — Gyuyoung então deixou outro soluço escapar dos seus lábios. — O-obrigada, m-muito obrigada por v-vir.

— Shh! Está tudo bem agora — Namjoon disse, fazendo um gesto com a mão para Sakura, que começou a descer as escadas com uma bolsa e Haneul. — Vamos, o carro está na parte de trás. Temos que ser rápidos.

A porta lateral que era usada somente para deixar lixo, foi a que usaram para sair do loft. O carro já estava parado na rua estreita e pouco movimentada, porém dali conseguiram ouvir os barulhos de bombas e gritos de protesto. Namjoon tentou não focar muito naquilo, somente seria um rei após todos que amavam estarem bem e seguros.

— Vocês vão com Hobi e Taek, okay? — Namjoon explicou enquanto elas entravam no automóvel. — Ficará tudo bem. Chungha já aguarda vocês no aeroporto e... eu não sei para onde vocês irão, mas é melhor assim, 'tá? Se tudo der certo, em alguns dias poderei ligar para vocês.

Gyuyoung concordou, as lágrimas já mais fortes em seu rosto.

— Cuida da nossa filha, okay? — pediu Namjoon, afagando de leve o rosto de Haneul, que dormia tranquila, sem saber do mundo se desmoronando a sua volta.

— Eu v-vou. Você irá a ver de novo logo.

— Eu espero que sim — disse Namjoon. Ele então deu um sorriso, fechando a porta do carro, antes de ir para a outra janela, a que estava Hoseok. — Ei, amor. Eu te amo muito.

Hoseok sorriu, projetando o seu corpo o máximo que conseguiu pela janela. Namjoon entendeu que o namorado queria um beijo e foi exatamente o que fez em seguida.

— Eu sei — disse Hoseok quando se afastaram. — Eu também te amo muito, meu rei.

Namjoon deu um bonito sorriso antes de depositar um beijo na testa de Hoseok. Tinham tanto para falar, porém, não podiam mais perder tempo.

Por fim, o príncipe olhou para Taekwoon e sacudiu a cabeça. Estava confinando parte do seu coração a ele. O segurança o respondeu igualmente com um aceno.

Namjoon ficou ali, observando o carro partir com o coração apertado por imaginar que despedidas seriam muito comuns daquele dia em diante.

════ •⊰♛⊱• ════

Hoseok estava olhando pela janela do carro quando ouviu a voz de Gyuyoung no banco de trás do automóvel:

— Saíram umas imagens dos funcionários japoneses e chineses do castelo sendo expulsos — disse a princesa, seu tom era de puro pesar.

— Jackson...? — Hoseok perguntou após baixar o espelho retrovisor para poder conversar a esposa do seu namorado.

Gyuyoung o fitou pelo espelho, com um suspiro pesado escapando dos lábios.

— Ele está nas imagens — disse Gyuyoung.

O dançarino sentiu o coração se apertar. Onde será que Jackson iria? Ele voltaria para China? Teria família lá o esperando? Estava com medo pelo amigo.

— Isso tudo é um absurdo! — afirmou a Sakura. Seu coreano tinha sotaque, mas nada que atrapalhasse a comunicação entre eles. — Esse homem acabará com a vida de muita gente!

O dançarino deixou um suspiro escapar:

— Ele não liga para isso.

Hoseok voltou a encarar a janela e o silêncio então tomou conta do carro enquanto Taekwoon seguia para o aeroporto. O caminho era menos utilizado, o que era bom, pois as vias principais estavam abarrotadas de carros com pessoas de alguma maneira tentando fugir daquele pandemônio.

— Merda!

A voz de Taekwoon despertou Hoseok de imediato. Ele havia cochilado no banco, seu corpo bastante cansado do dia agitado que estava tendo.

Hoseok então olhou para o segurança e em seguida para frente, onde ele viu o motivo do xingamento do amigo: havia uma barreira policial no caminho e um pequeno engarrafamento de carros tinha se formado enquanto os policiais revistavam os documentos e os passageiros dos veículos.

Gyuyoung, do banco de trás, falou:

— É uma armadilha.

Taekwoon estava silencioso e assim que se virou para Hoseok, sua expressão era séria.

— Não dará para passar aqui — disse o segurança. — Terei que os tirar daqui.

Hoseok entendia as implicações daquela frase: eles não chegariam ao aeroporto para fugirem do país.

Assim, o Hoseok concordou com a cabeça e falou:

— Então, nos tire daqui.

Taekwoon virou o volante com força, fazendo um cavalo de pau para em seguida acelerar na contra-mão.

— Se segurem! — o segurança alertou.

As buzinas eram altas enquanto o homem passava pelos carros, mas o que realmente assustava era a sirene da polícia atrás deles.

— Porra... — Gyuyoung murmurou, colocando o braço de forma protetora por cima do corpinho de Haneul que estava na cadeirinha de bebê. — O que faremos?!

Não tinha uma resposta exata naquele momento. A única coisa que podiam fazer era sobreviver.

Hoseok voltou a fitar a janela, dessa vez vendo no mínimo uns cinco carros de polícia atrás deles e pela primeira vez desde que Woobin tomou o poder, o desespero tomou conta do seu corpo e da sua mente.

— Taek — chamou Hoseok. O segurança não o olhou, mas estava atento ao que ele falava por cima de todo o barulho das sirenes. — Haneul é a prioridade.

Taekwoon fez um gesto simples de concordância.

Se morrerem ali, Hoseok ao menos esperava que pudessem salvar a pequena Haneul. Seria o consolo necessário para os seus amores.

Ele voltou a fitar a janela e torceu pelo melhor.

════ •⊰♛⊱• ════

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