San Francisco
A sua respiração estava pesada e arrastada, dado ao cansaço por ter caminhado por quase oito horas até a sua base em San Francisco. Um trajeto demasiadamente longo, porém menos arriscado. Louise não tinha mais exército, nem leais seguidores. Estava sozinha e não lhe havia mais esperanças para sua causa.
Desgastada e autopressionada, ela desistiu de continuar arrastando seus pés pelas ruas de San Francisco, quando seus olhos encontraram abrasadoras chamas se serpenteando no portão de saída da sua colônia. Assim como Daly City, a casa do Corvos também havia ruído. Estando descrente, Louise deixou-se cair pelo áspero e quente asfalto, com os cabelos loiros bagunçados lhe cobrindo o rosto.
- Com o ninho incendiado, não haverá um festim para os corvos - disse alguém, de voz feminina e não estranha, ao se aproximar dela.
Louise levantou a cabeça, expondo a derrota em sua feição, e confrontou com os olhos quem parecia se deliciar com o seu assolamento. Uma mulher não muito alta, de cabelos loiros escuros amarrados em um coque e trajando um sobretudo verde musgo, estava parada de pé, há poucos metros dela. Não era uma mulher desconhecida para Louise, mas lhe surpreendia pela inusitada presença.
- Laura Summers! - disse Louise com escárnio. - Como sempre, destruindo os trabalhos dos outros - complementou, ao olhar para a sua colônia em chamas.
- O que? - Laura se demonstrou surpresa com a acusação. - Acha que fiz isso? Não, não fui eu. Foi a sua ganância de poder. Enquanto esteve fora se vangloriando com seu exército de fanáticos, a GNOS lhe tirava o chão em que pisava. Está em um limbo agora, Louise.
- A GNOS não teria como descobrir sobre a minha colônia.
- A GNOS sabe tudo, ainda mais quando uma importante peça - Laura apontou para Louise. - está na liderança da jogada.
Louise enrugou o nariz em desgosto. Reconhecia que tinha subestimado seu inimigo.
- O que faz aqui? - ela indagou com impaciência. - Sua resistência lhe levou para longe. Não há nada aqui que possa lhe interessar.
- Não é óbvio? - respondeu Laura, ainda mais impaciente. - Se estou perdendo meu tempo aqui como uma fútil e arrogante mulher, é porque há ainda algo que me interesse.
- O que quer?
- Os meus filhos. Tinha me dito que estavam mortos, mentiu para mim.
- E estão. Bruce foi assassinado por soldados da GNOS, você viu a foto. E o Nick...
- Cuidado com a mentira que está para me dizer - Laura a interrompeu, rangendo os dentes. - Fui notificada sobre um ataque na base secreta de Santa Clara. Eu vi as filmagens. Nick estava lá, lutando para resgatar sobreviventes que eram usados em experimentos científicos.
- Então eu estava errada, porque acreditei que nossos filhos estivessem mortos.
- Bobby também não está morto e você sabe disso, esteve com ele aqui na colônia, o manipulando como o que faz com todos que se aproximam de você.
- Não sabe do que está falando.
- Acha que não sei? - Laura questionou e apontou com as sobrancelhas para um homem de cabelos e barba branca, corpulento, que caminhou para perto delas.
Louise o reconheceu pelo boné que usava e não deixou de demonstrar indignação por ele estar com Laura.
- Jordan? Por que não estou surpresa da sua traição?
- A única traidora aqui é você, Louise - retrucou Jordan, com a voz rouca. - Traiu nossa causa, traiu nosso povo. E agora é rainha de nada.
- Ele tá certo - concordou Laura, tentando evitar um atrito ali. - Só que ainda tem a sua chance de se redimir, Louise.
- Eu não sei onde o Nick está, não posso ajuda-la.
- Mas vai - insistiu Laura em tom de ordem. - Seus erros lhe trouxeram até mim e agora me levará até o Nick.
- O garoto está melhor sem você. Ir até ele, o colocará no jogo doentio da GNOS.
- Todo mundo já está. E ele estando ao meu lado, garanto que mãos erradas não chegarão até ele.
- Que mãos erradas? O que está escondendo, Laura?
- Saberá no momento certo - Laura respondeu, com firmeza. - Agora levante daí e se prepare. Temos uma guerra a enfrentar. Juntas.