Lionheart I Erwin Smith

By CaroIinautora

37.4K 5.1K 3.1K

De um lado, Amarie White, uma médica arrogante e egocêntrica do exército marleyano que sempre acreditou ser s... More

Nota da Autora - Importante!
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
25
26
27
28
29
Nota da Autora
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
Final - Parte Um
Final - Parte Dois
Epílogo
Nota de Agradecimento

24

726 114 58
By CaroIinautora

- Nós precisamos voltar. - Resmungo com a cabeça enterrada na curva do pescoço de Erwin, que suspira e afasta um pouco o rosto para me encarar. Os olhos azuis reviram nas órbitas quando ele balança a cabeça devagar em negação.

- Eu não quero voltar.

- Eu também não. - Respiro fundo. - Mas não vai demorar até o Levi mandar alguém atrás de nós.

Erwin sorri e concorda com um aceno de cabeça enquanto me afasto de seu abraço, sentindo falta do contato quase que imediatamente. Olho o comandante de soslaio quando minhas mãos começam a trabalhar em selar o cavalo novamente e ele se mantém imóvel enquanto me encara ao lado de sua montaria. Quando está tudo pronto me preparo para montar, mas sou interrompida por Erwin.

- Amarie. - Ele chama e me viro para ele, que dá alguns passos até mim. - Evite contato com os soldados que capturamos hoje, não sabemos se eles têm ligação com Zeke.

Suspiro.

- Yelena é uma de suas seguidoras, até onde eu sei. - Digo a ele, que junta as sobrancelhas em uma expressão preocupada. - Eu não confiaria nela, se fosse vocês.

- Não confiamos, mas não é isso que a fizemos pensar. - Erwin diz em um tom divertido e sorrio de lado, imaginando alguém como Yelena acreditando na suposta ingenuidade de seus inimigos. - Não vou deixar Zeke saber que está aqui.

- Obrigada, Erwin. - Sorrio para o Comandante, que se aproxima e deixa um beijo rápido no topo da minha cabeça e volta a caminhar em direção a seu cavalo.

Agradeço por ter ficado um pouco para trás, assim ele não veria meu rosto ganhando uma tonalidade quase que escarlate enquanto os momentos com o Comandante passavam de novo em minha mente várias e várias vezes. Meus olhos fitam o animal de pelagem branca correndo diante de mim e o homem sobre ele, a postura quase impecável e os olhos fixos no caminho adiante. Erwin nunca me pareceu o tipo de pessoa que corresponde a sentimentos como esse, que prefere se refugiar na praia do que cumprir suas obrigações como Comandante.

Mas pensando bem, se eu estivesse na mesma posição que Erwin, já teria fugido há meses.

De volta ao acampamento, quase todo o Reconhecimento está de retirada, um pequeno grupo já partia enquanto o restante se apronta para ir em seguida. Procuro entre as pessoas que vão de um lado para o outro atarefadas a cabeleira ruiva de Lina e apoio as mãos na cintura assim que ela se aproxima, o sorriso em seu rosto sumindo aos poucos assim que vê a expressão em meu rosto.

- Onde você estava? O que aconteceu? - Ela dispara em minha direção.

- Não interessa, interessa que que você andou fofocando sobre mim e Ethan pelo quartel. - Digo para ela, que dá um passo para trás e coça a nuca, sorrindo sem graça.

- Não é que eu estivesse fofocando... - Lina se atrapalha com as palavras. - Alguns soldados só estavam interessados em você e me perguntaram se você tinha alguém.

- E você achou que deveria responder? Eu nem sinto nada pelo Ethan, Lina! - Digo a última frase entredentes, pronta para continuar a bronca quando o pacote de papel em sua mão me chama a atenção, eu conhecia aquilo. - O que é isso na sua mão?

- Ah, estava com aquela mulher alta, que veio de Marley. - Lina responde simplória. - Ela disse que eu podia ficar com eles, sabe que eu adoro esses bolinhos.

Óbvio que eu sei que Lina adora aqueles bolinhos, entretanto, por que Yelena estaria com eles? Aquela doceria ficava além dos portões do distrito, em uma área da cidade que duvido muito que ela frequentasse em seu cotidiano. Estico a mão para Lina, que me entrega a embalagem de papel. Ela já havia comido alguns e as perguntas não paravam de surgir em minha mente quando senti uma mão pousar em meu ombro. Me viro a tempo de ver Hange abrir um breve sorriso para mim.

- Ah, achei você! Preciso da sua ajuda para organizar alguns fármacos. Vamos partir em seguida para Trost.

- Certo, eu já estou indo, Tenente. - Respondo a ela, que se retira em seguida. Me viro para Lina, que me encara confusa. - Jogue isso fora, Yelena não é de confiança. Não fale com ela ou com Ethan.

- Mas...

- Por favor, Lina. - Estico minha mão e deixo um breve carinho em suas bochechas coradas pelo frio. - Eu explico depois. Agora vá atrás de Sasha, você vai voltar com o esquadrão Levi.

Depois do que pareceu ser uma eternidade separando frascos de antibiótico e outros tipos de remédios do carregamento do navio agora encalhado na praia e um dia e meio de viagem, estávamos de novo em Trost. Meu corpo inteiro dói e minhas pálpebras pesam ao ponto de quase se fecharem sozinhas enquanto caminho direto para o quarto, sentindo meu corpo inteiro relaxado pelo banho quente, finalmente sob o cansaço acumulado de semanas.

O quarto está silencioso a não ser pelo vento que uiva pelas frestas da janela de madeira, criando um som sinistro que me daria arrepios se estivesse sozinha. Deixo as botas ao lado da cama e suspiro aliviada quando meus pés descalços tocam o chão frio e me dispo, deixando o ar sair dos meus pulmões preguiçosamente outra vez quando o algodão macio do pijama cobre meu corpo. A blusa com alças era do tamanho certo, entretanto sempre faltou a mim altura para usar a calça, que eu precisava dobrar todas as noites para não tropeçar nela pela manhã.

Minha atenção é atraída pelo breve resmungo que vem da cama de Lina e observo com atenção o corpo se movendo debaixo do cobertor. Franzo o cenho quando o que me parece ser um grunhido de dor chega aos meus ouvidos e me aproximo dela, sentando na beirada da cama e apoiando uma das mãos em seu ombro, fazendo a menina se virar para mim.

- Você está bem? - Pergunto já presumindo a resposta a julgar pela palidez no rosto de minha irmã, iluminado pela lamparina no criado mudo. Encosto em seu pescoço com a parte de trás da mão e me espanto no mesmo momento. - Lina! Está ardendo em febre.

- Eu estou bem, Marie. - Ela retruca. - Acho que é só uma gripe, mas meu estômago tem doído muito também.

- Isso não é gripe, meu bem. - Digo a ela enquanto ajudo a menina a se sentar na cama, observando as gotículas de suor que começam a se acumular em sua testa. Afasto os fios avermelhados grudados em sua pele, sem me importar em esconder minha preocupação. - O que mais está sentindo?

- O meu corpo todo está doendo, acredito que por causa da viagem longa. Minha visão também está ficando um pouco embaçada e...

Chamo por seu nome assustada quando uma tosse seca atinge a garota, que se encolhe sobre o próprio abdômen cobrindo a boca, contorcendo o rosto em dor logo em seguida. Engulo a seco quando vejo o sangue em seus dedos, contrastando com a pele alva sob a luz amarelada. Balanço a cabeça tentando assimilar seus sintomas, o desespero crescente me atrapalhando cada vez mais. É quando percebo o detalhe tão sutil que me faz agarrar a mão de Lina e a levar para a luz o mais rápido possível.

- O que é isso? - Ela mesma pergunta assombrada, os olhos arregalados para as pontas de seus dedos azuladas.

As paredes de pedra parecem girar ao meu redor e sinto o chão oscilar quando a voz de Angela começa a ecoar em minha mente em uma lembrança adormecida de anos atrás.

- O que é isso? - Apontei curiosa para a prateleira protegida pelas portas de vidro, meu indicador próximo do pequeno frasco escuro, lacrado dentro de outra caixa de vidro menor.

- É quase uma relíquia. É um tipo de veneno que era usado há algumas décadas em conflitos mais complicados. - Angela suspirou. - O comprei para estudar já fazem alguns anos e nunca estive nem perto de descobrir um antídoto.

- E o que ele faz? - Perguntei, por um breve instante, maravilhada enquanto minha mente divagava entre os piores venenos que conhecia.

- Ele causa dores horríveis e hemorragia interna. Não sei exatamente como age, talvez corroa o tecido dos vasos sanguíneos mais importantes. - Angela se ajeitou melhor em sua cadeira. - Só sei que ele demora a agir, mas, quando começa, o óbito acontece em algumas horas. Bem, - Ela pondera. - Pelo menos nos ratos.

Volto à realidade com a tosse de Lina e com as gotículas de sangue que espirram em minha bochecha. A menina parece tão assustada quanto eu, e em um impulso, a puxo para um abraço. A aninho em meu peito e acaricio seu cabelo por alguns minutos em silêncio, não respondendo a nenhuma de suas perguntas e apenas encarando a parede escura do quarto, em choque, sentindo a onda quente de raiva subir direto do meu baixo ventre para o meu peito, prestes a explodir em um acesso quando a causa de tudo aquilo me ocorre.

- Lina... Você comeu algo a mais de diferente além daqueles doces que Yelena te deu? - Minha voz sai baixa e a menina se afasta para me encarar, espantada.

- Não. Marie, ah, merda! - Ela cobre a boca com as mãos. - Eu não deveria...

- Está tudo bem. - Respondo a ela, cerrando os dentes em seguida. - Precisamos cuidar de você, e depois eu vou atrás daquela mulher. Consegue caminhar?

Lina assente e se levanta, calçando as pantufas de tecido e indo em direção à porta do quarto, sua tosse ecoando pelo corredor em silêncio àquela hora da noite enquanto avançamos para as escadas. Ela aperta minha mão com força e retribuo, apesar de não escutar uma única palavra do que a menina diz. Apenas caminho, confusa e dividida entre o turbilhão de emoções que acaba de se apossar de mim. O medo e o desespero ao pensar no pior que parece inevitável, a sensação de impotência por saber que não há muito o que eu possa fazer e o ódio crescente, imaginando meus dedos se fechando ao redor do pescoço de Yelena.

No andar inferior do castelo, no final do corredor logo depois da sala de Erwin, a luz acesa do laboratório de Hange me deixa esperançosa, mesmo sabendo que muito provavelmente a Tenente também não saberia o que fazer. Lina aperta mais minha mão e volta a tossir, atraindo a atenção de Hange, que aparece na porta pouco antes de a alcançarmos.

- O que está acontecendo? - Ela pergunta com os olhos arregalados assim que nos vê e bate o olhar no sangue sobre a camisola de Lina.

- Eu preciso que me ajude... Ela foi... - As palavras relutam em sair da minha boca, como se apenas o fato de as dizer, tornaria aquilo verdade. - Envenenada, tenho quase certeza.

- Envenenada? - A morena arregala os olhos por baixo das lentes grossas, fazendo um sinal para que a seguíssemos até o interior do cômodo e apontando para a mesa comprida de madeira, ajudando Lina a se sentar sobre ela em seguida. - Quem faria uma coisa dessas?

Engulo a seco enquanto Hange examina minha irmã, que parece não afastar os olhos de mim por um único segundo, receosa.

- Zeke, talvez. - Suspiro com uma sensação desconfortável subindo à boca do meu estômago, como se eu fosse vomitar. - Yelena acredita demais na ideologia dele, e Lina disse que ela havia lhe dado alguns doces...

Balanço a cabeça, caminhando em círculos no cômodo, o desespero cada vez maior em meu peito fazendo com que minhas entranhas se contorçam em agonia, tentando afastar a ideia de que Lina morreria naquela noite, afinal, poderia não ser o mesmo veneno, poderia nem mesmo ser um veneno. Mas, independente do que fosse, Yelena não havia entregue a ela seus doces favoritos apenas como um agrado e meu sangue parece ferver em minhas veias quando essa ideia passa por meus pensamentos.

- Acho melhor dar um banho frio nela, talvez se abaixássemos a febre... Amarie? - Hange me encara assustada e se interrompe diante do meu rosto contorcido quase que involuntariamente de raiva.

- Yelena e Ethan estão aqui? - É tudo que pergunto e a Tenente apenas assente positivamente. Suspiro e caminho até Lina, acariciando seu rosto agora avermelhado pela febre e deixando um beijo no topo de sua cabeça. - Eu já volto, Hange vai tomar conta de você.

- Espere! Aonde pensa que está indo? - A mulher me segue até próximo da porta, onde meu braço se estica até o rifle encostado na parede e o trago para perto, checando se está carregado logo em seguida.

- Eu vou tentar descobrir como curar a minha irmã. - Jogo a arma sobre meu ombro, um sorriso curto devido ao nervosismo cada vez mais perturbador se forma no canto dos meus lábios quando volto a falar: - E depois eu vou matar Yelena.

Continue Reading

You'll Also Like

747K 37.6K 132
Nós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante lo...
906K 50.7K 67
Grego é dono do morro do Vidigal que vê sua vida mudar quando conhece Manuela. Uma única noite faz tudo mudar. ⚠️Todos os créditos pela capa são da t...
3.8K 284 12
"Jamais imaginei me apaixonar por alguém como você." 'Eu não esperava ter a sua atenção, agora que a tenho pretendo reter.' Onde a melhor amiga de Sh...
2.3K 303 7
• Hall of Fame • Onde sua vida dá uma reviravolta ao ser escolhida para tratar de ninguém menos que o campeão Invicto de MMA, Miguel O'Hara. • Conteú...