It's MY dream! • Catradora

Oleh pituotaria

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Adora e Catra são duas jovens estudantes do Ensino Médio do Colégio Bright Moon, localizado em Etheria. Após... Lebih Banyak

(Apresentações)
1 - Compartilhando sonhos
2 - Apresentações formais
3 - O início da competição
4 - Coincidências (des)agradáveis
5 - Expressão Artística
6 - She-ra do meio ambiente
7 - Dois anos antes
8 - After - Parte 1
9 - After - Parte 2
10 - Reaproximação
11 - A visita de Mara
12 - Aposta - parte 1
13 - Aposta - parte 2
14 - Casa
15 - Desmoralização antiética
16 - Lição de moral
17 - Laços e Alianças
18 - Questionamentos
19 - Recuperações - parte 1
20 - Recuperações - parte 2
21 - Incertezas
22 - Festa na mansão
23 - Tudo que eu queria
24 - Confissões da madrugada
25 - Maternidade
26 - Do sonho ao pesadelo
27 - Atos desesperados
28 - O valor das amizades
29 - O certo e o errado
30 - O bom filho à casa retorna
31 - Lavando roupa suja
32 - Acusações
33 - O que vai ser?
34 - Vida nova?
35 - Reencontro
36 - Desculpas
37 - As motivações
38 - Mais um primeiro dia
40 - Glimbow
41 - Consertos
42 - Reunião de princesas
43 - Tequila, sal e limão
44 - Promete?
45 - Um beijo por vez
46 - Censurado
47 - Juntas
Aviso (do bem)

39 - Titanic e outros naufrágios

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Oleh pituotaria

Hey pessoas.

Primeiramente, não me matem! Haha. Pelos votos por aqui e pela outra plataforma em que posto a fic, teve mais votos a favor de dois caps por vez. Então pretendo fazer assim daqui pra frente, mas por questões de não ter tido tempo pra revisar o outro cap, vou postá-lo amanhã.

Mds, lutei muito essa semana pra conseguir esse tempinho pra postar, socorr KKKKK. 

Perdão se ficou péssimo, é a vida shausah e muito muito obrigada pelos comentários, votos e leituras <3 

Quero aproveitar pra agradecer e elogiar também o trabalho maravilhoso da @/dashpinkiee com a capa da fic, que eu amei demaisssss. Mt obrigada mais uma vez <3 

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Os próximos dois dias se passaram no mesmo estilo, Catra fazendo o possível para justificar para os professores o porquê que eles deveriam prestar mais atenção em Adora - ressaltando várias de suas qualidades como quem não queria nada - e também explicando para aqueles que haviam presenciado alguma de suas discussões que a culpa era dela, e somente dela. Ela fez questão de contar para o professor de biologia - aquele que as havia colocado de recuperação uma vez - a história completa por trás daquele dia, e como castigo por ter mentido e por ter ligado intencionalmente para prejudicá-la, ele lhe passou vários resumos de capítulos para fazer.

Catra o apreciou por fazer aquilo, ela preferia sentir que estava pagando pelas coisas que fez de alguma forma, ao invés de simplesmente deixarem para lá como a professora de sinais havia feito.

Adora não tinha consciência daquela bajulação por suas costas que Catra estava fazendo, e a morena não pretendia contar, afinal, a garota era muito boazinha e a mandaria parar, dando algum discurso sobre "passado no passado". A verdade é que a cada dia se aproximando de Adora, Catra se sentia ainda mais culpada.

Se sentia culpada pois aos poucos ia se lembrando de como era estar com Adora, como era ter sua amizade e sua atenção. Antigamente, ela precisou ficar afastada por uns meses até se esquecer e conseguir "odiá-la", e agora entendia o porquê.

Era impossível odiar uma criatura dessas estando próxima.

Talvez fosse o jeito como ela passou esses últimos dias fazendo de tudo para Catra não se sentir sozinha no colégio, e mesmo assim respeitando seu espaço e seu tempo, além de sempre se mostrar disponível para escutá-la falar da terapia ou de qualquer outro assunto...

Fazia quase uma semana que elas haviam se desculpado e as coisas já pareciam naturais. Era tudo muito familiar.

Adora a havia convidado para sentar com eles todos os dias, mas ao escutar a recusa dela, a surpreendeu aparecendo na trilha - novo local em que Catra passava os intervalos, por ter pouco movimento - com Bow e Glimmer para ficarem juntos. Ela também havia sido quem mandou a primeira mensagem por whatsapp, e agora elas passavam praticamente todas as noites conversando. Nenhum assunto muito pessoal, apenas amenidades, compartilhamentos de memes, e áudios rindo.

Glimmer e Bow também estavam se aproximando de Catra por consequência - Glimmer meio que já estava próxima, mas agora estava ainda mais - e a morena zombava de si mesma por estar gostando dos dois. Que reviravolta da vida.

Catra, apesar de estar convencida em pedir desculpas para suas amigas, ainda não havia o feito. Todas as vezes que pensava em se aproximar, resolvia adiar, pois nunca era uma boa hora.

Naquela sexta-feira pós treino de vôlei, o quarteto - Adora, Glimmer, Bow e Catra - combinou de, ao invés de se juntarem no after na casa de Sea Hawk, passarem a noite na casa de Glimmer e pedirem uma pizza. Catra insistiu para que eles fossem sem ela, já que ela não se importaria, pois trabalharia cedo no outro dia, mas aparentemente a insistência não era uma característica só de Adora, os outros dois compartilhavam dela também.

Eles já estavam no quarto da garota de cabelos rosa, espalhados por sua cama, enquanto decidiam os sabores da pizza e o que assistiriam.

- Podíamos pedir três ao invés de duas, Angela e Micah provavelmente vão querer também. - Adora olhava as opções no site pelo celular. Ela estava de bruços na ponta da cama.

- Meus pais comem comida saudável, eles não vão querer. - Glimmer argumentou. - Mas podemos pedir, sabemos que uma inteira vai ser só sua praticamente.

- Eii, isso não é verdade. - Adora rebateu, mas nem se deu ao trabalho de criar uma defesa, pois sabia que era verdade. Ainda bem que tinha um metabolismo rápido, pois caso contrário precisaria dobrar os exercícios para manter a forma medianamente atlética. - Então vamos pedir três né?

- Apenas decidam logo, ugh. - Catra reclamou. Estava de barriga pra cima, olhando para o teto.

- Eu concordo, estou morto de fome. - Bow disse, procurando por algum filme no serviço de streaming da TV de Glimmer.

- Tá, tá. Vou pedir então. - Adora acatou, e ligou pra pizzaria.

Após terminarem o pedido, a etapa da vez era escolher de uma vez por todas entre os títulos de filmes selecionados por Bow, que fez questão de abrir cada um para ler suas sinopses.

- Temos essas quatro opções pré-selecionadas, mas sempre temos a liberdade de optar por um bom clássico. - Ele dizia, como se fosse um comentarista.

- Donnie Darko. - Glimmer leu alto, conforme o rapaz passava pelos nomes. - O iluminado.

- Terror não. - Bow pediu.

- Titanic. - Glimmer leu.

- Titanic nãoo. - Catra e Adora disseram ao mesmo tempo, fazendo Bow e Glimmer arquearem as sobrancelhas, tentando entender o motivo.

- Por que? É tão emocionante. - Bow perguntou.

Adora e Catra se olharam na mesma hora, como se estivessem pensando a mesma coisa e julgando Bow pelo olhar. Quase como se lessem os pensamentos uma da outra, começaram:

- Não é emocionante, é triste! - Adora disse.

- E revoltante! - Catra completou.

- E triste.

- Sim, e triste! - Catra concordou. - Eles não precisavam ter colocado uma música tão triste como tema!

- Tanta gente morreu no meio do oceano, tudo seria evitado se tivessem colocado mais botes à bordo! - Adora argumentou. Elas falavam intercaladas, mas rapidamente.

- E se não tivessem subestimado o iceberg! - Catra afirmou.

- E ainda tem a questão do Jack morrer... - Adora choramingou.

- Sendo que era só a Rose ter se apertado mais naquela porra de porta! - Catra cruzou os braços, revoltada. Adora concordou.

- Ok... Esse parece ser um tema delicado pra vocês. - Bow observou, cautelosamente.

Glimmer zombou:

- Mas será que ele caberia mesmo? - Perguntou brincando, mas acabou deixando as duas ainda mais revoltadas.

- SIM!

- CABIA!

- Vamos demonstrar? - Adora sugeriu, olhando para Catra, que não demorou nada em aceitar, por estar imersa no assunto.

- Me arranja uma porta! - Catra respondeu, as duas se levantaram da cama, procurando por algo que pudessem encenar como uma porta. Bow e Glimmer se entreolharam, achando engraçada a empolgação das duas.

- Isso aqui serve? - Adora mostrou algum objeto, e Catra negou, então ela pegou uma manta e dobrou, no tamanho de uma meia porta, e a estendeu sobre o chão. - Aqui!

- Ótimo! Adora, vai pro meio do mar. - Catra mandou, apontando para a parte descoberta do chão, e se agachou sobre a manta. Adora obedeceu.

Glimmer e Bow até se ajeitaram para assistir.

- Vejam só, se eles tivessem subido na porta na mesma hora, as forças das duas extremidades se anulariam, e nenhum dos lados da porta afundaria. - Catra explicou, enquanto sinalizava para Adora se arrastar para a manta com ela.

- Fácil falar isso estando em terra firme! - Glimmer provocou.

- Mas faz total sentido! Faltou só um pouco de força de vontade. - Catra rebateu. Adora subiu na manta com ela, mas acabou que metade de seu tronco ficou para fora, pois a manta estava dobrada em um tamanho muito pequeno.

- Ééé Catra, estamos perdendo nosso argumento comigo assim, metade fora. - Adora sussurrou alto o bastante para a outra dupla escutar.

- Sem problemas, assim como a Rose, eu posso mudar isso indo mais pro lado. - Ela afirmou, olhando para Bow e Glimmer, como se fosse uma explicação óbvia. Ao se apertar para o lado, foi ela quem ficou metade fora. - Ok, espera, erros técnicos... - Ela pediu, e parou de explicar para mandar Adora pro lado. - Chega pra lá, dummy.

- Chega você pra lá. - Adora contestou, ainda sussurrando alto demais.

- Você tá me matando congelada nas águas do atlântico! - Resmungou.

- Vingança, muahaha. - Adora forçou uma risada maligna, recebendo uma careta de Catra, que a empurrou para o lado, brincando.

As duas começaram uma disputa pelo espaço na manta, enquanto Bow e Glimmer riam da cara das duas, que pareciam duas crianças. Ao notarem que a mini disputa não acabaria tão cedo, os dois voltaram a prestar atenção nos filmes, se distraindo da briguinha.

- Sai, Adora. - Catra, que havia caído para o lado totalmente, perdendo todo o espaço na manta para Adora, sentou em sua lombar, como forma de fazê-la sair "da porta".

- Você acha que seu pesinho vai me impedir, é? - Adora zombou, abraçando a manta para ocupar todo seu espaço. As duas riam.

Catra revirou os olhos, bem humorada, e decidiu fazer cócegas nela, sabendo que esse era um de seus pontos fracos. Adora acabou se contorcendo em baixo dela, enquanto gargalhava e pedia para parar.

Catra parou apenas para deixá-la respirar, e depois começou novamente. Adora, para se defender, fez força para que ela se levantasse de cima de suas costas. O impulso foi o suficiente apenas para levantá-la por alguns segundos, dando tempo da loira deitar de barriga pra cima, consequentemente, fazendo a morena sentar na parte inferior de sua barriga, com uma perna de cada lado de seu tronco, enquanto ainda fazia cócegas.

- Paraaa, Catra. - Adora pedia, rindo, tentando segurar as mãos dela. Catra alternava os locais para que ela não conseguisse.

Porém, depois de três tentativas, Adora conseguiu. Segurou seus antebraços, mas acabou fazendo certa força e os puxando para baixo. Com isso, Catra se desequilibrou e acabou tombando pra frente, deixando-as mais próximas do que esperavam.

As risadas diminuíram ao constatarem a pouca distância entre os seus rostos. Apesar disto, Adora não soltou o braço de Catra, apenas firmou seus próprios cotovelos no chão para não deixá-la se desequilibrar ainda mais. Adora mordeu o lábio inferior, trocando a expressão divertida por outra que Catra estava se acostumando a ver em momentos como esse.

Catra conseguia sentir sua respiração próxima, e inevitavelmente baixou os olhos para seus lábios. Que saudade ela estava deles...

O contato entre as duas promovia correntes elétricas que se disseminavam por cada uma de suas células, pois, não apenas a proximidade de suas bocas era tentadora, mas a de seus corpos também. Sentir a morena naquela posição trazia pelo menos mil pensamentos inadequados para Adora, e por alguns segundos ela desejou que estivessem sozinhas apenas para poder se demorar mais naqueles sentimentos.

Mas não estavam, e em milissegundos de clareza, a loira afrouxou o aperto em seus braços, deixando-a livre para se afastar, coisa que demorou um pouquinho para acontecer, e só aconteceu quando escutaram Bow dizer, distraído:

- Que tal "O poderoso chefão"?

-------------

Adora estava deitada sob uma superfície dura, mais fria do que imaginava, e apesar disso, a noite quente e estrelada não a permitia afirmar que sentia um pingo de frio sequer.

Não era apenas o clima, seu corpo também estava quente. Podia ter algo a ver com o verão, ou poderia ser simplesmente pelo fato de ter ela sobre si - literalmente. Diferente das outras vezes, naquela em especial, elas estavam sozinhas. Apenas as duas. E não pareciam se importar com mais nada em sua volta.

Adora pressionava as mãos em sua cintura, por cima da camiseta, e aumentava o aperto conforme sentia as mãos dela percorrerem seus ombros, depois seus braços, suas costas e seus cabelos, com o toque mais suave que já havia sentido. Catra estava novamente debruçada sobre si, apoiando-se pelos cotovelos e joelhos no chão.

Naquela noite, por algum motivo, não houve nenhum medo ou hesitação por nenhuma das partes ao se depararem com uma situação similar à do outro dia - não precisaram de mais do que alguns segundos próximas uma da outra para darem fim ao espaço que lhes impedia de sentir seus lábios em contato.

E os beijos desesperados logo evoluíram para toques desesperados, urgentes em recuperar o tempo perdido.

- Você é tão linda... - Adora sussurrou, entre os beijos. Escutou um suspiro de Catra, que acabou apertando seu ombro firmemente, deixando um leve arranhão ali. A loira abafou um gemidinho ao sentir aquilo.

A mão que antes estava por cima da camiseta da morena, traçou seu caminho para sua barra, e imediatamente entrou por baixo dela, fazendo com que a loira sentisse o contato direto com a pele quente e macia de Catra. A garota, em resposta, contraiu o abdome e separou seus lábios dos dela, apenas para descê-los para seu pescoço, traçando uma trilha de beijos pelo caminho, e depositando lá mordidinhas e mais beijos, o que fez Adora arrepiar dos pés à cabeça.

Adora queria sentir mais, e queria passar para Catra tudo aquilo que estava sentindo através de seu toque. Ela percorreu sua barriga com as mãos, subindo-as até alcançar o pano de seu sutiã - lembranças dela utilizando apenas aquela peça passaram em sua mente, a fazendo suspirar. A loira não esperou para enfim envolver suas mãos por cima do tecido, massageando seus seios. Sentiu seu corpo todo pulsar ao escutar um gemido escapar da boca da morena.

Catra voltou a beijá-la, avidamente. Suas mãos voltaram a passear por suas costas e deixar pequenos arranhões conforme as mãos de Adora trabalhavam. A loira retribuia o beijo à altura, procurando intensificá-lo cada vez mais.

Em certo momento, Catra interrompeu o beijo e abriu os olhos, enquanto ainda recebia as carícias de Adora. Há pouquíssimos centímetros de distância entre os rostos, ela sustentou um olhar com a loira por alguns segundos, pupilas dilatadas, quase como se o desejo pudesse ultrapassar suas íris bicolores. Adora as admirou, gostava muito de seus olhos. Muito.

Poderia facilmente se perder neles, como uma náufraga que se perde da civilização, mas encontra uma ilha cheia de tesouros.

Ela ainda queria sentir mais, ver mais, se perder mais. Então, enquanto ainda sustentavam aquele olhar, Adora soltou as mãos de seus seios, e lentamente, passou a direcioná-las para baixo, passando a ponta dos dedos pelo caminho, enquanto tentava gravar aquela sensação em sua memória para não esquecer mais. Catra mordeu o lábio inferior, e sua respiração pareceu pesar.

Quando Adora estava quase com as mãos próximas o suficiente do seu local de objetivo, entretanto, sentiu Catra segurar seus braços, impedindo-a de continuar.

Ela franziu o cenho, com medo de ter feito algo de errado.

- Está tudo bem? - Perguntou, preocupada.

Catra escorregou as suas mãos do braço até as mãos de Adora, entrelaçando seus dedos, e se inclinou para trás, deixando de estar debruçada sobre Adora para ficar sentada em sua barriga, sem colocar peso. Adora estava confusa, mas esperava por uma resposta.

Ao não ter mais Catra tampando sua visão, conseguiu ver o céu estrelado acima das duas. Percorreu a visão a seu redor, e aos poucos foi caindo a ficha de que estavam na laje de sua antiga casa, local onde costumavam ficar contando estrelas e conversando quando eram mais jovens.

Por que elas estavam ali?

A morena, ainda segurando suas mãos, acariciou-as de leve, e olhando para ela, perguntou, séria, como se fosse algo difícil de se perguntar, e sua voz saiu num sussurro:

- Adora, você me ama?

...

E então Adora acorda, atordoada, despertando totalmente de uma só vez.

O que diabos foi isso??????

Ofegante, ela respira fundo e esfrega os olhos, tentando espantar de sua cabeça as imagens que seu inconsciente criou durante o sono. Por que teve que ser tão realista? Ela se perguntava.

Sentou-se na cama, esperando seu corpo sair do estado em que se encontrava após todos aqueles estímulos sensoriais. Sentiu-se extremamente culpada por ter aquele tipo de sonho, mesmo sabendo que não tinha controle, parecia tão desrespeitoso...

E, se fosse parar para refletir, nem ao menos podia atribuir toda a culpa para seu inconsciente, pois seu consciente também vinha cogitando ideias do tipo nos últimos dias. Toda aquela aproximação com Catra, apesar de ser apenas como forma de restabelecer a amizade - como Adora se forçava a acreditar -, não lhe permitia manter a pose e controlar os próprios sentimentos. Era complicado, pois mesmo voltando a ter o mesmo tipo de contato que tinham quando eram puramente melhores amigas inseparáveis, desta vez parecia tão diferente, como se qualquer mísero toque pudesse provocar um incêndio dentro da loira.

Por que as coisas não podiam simplesmente voltar a ser como antes de tudo isso? Ela estava se esforçando tanto!

Não que fosse difícil voltar a ser amiga de Catra - esta parte estava sendo mais fácil do que ela imaginava, tinham uma vida inteira em comum -, mas sua amizade não estava parecendo ser o suficiente, já que cada segundo perto dela trazia milhares de outras vontades e pensamentos. Mas Adora sabia que isso era arriscado, ela não sabia como Catra se sentia e se uma amizade já parecia ser pouco para ela, imagina não ter nem isso como não tinha há pouco tempo atrás.

Ela passou as mãos pelo cabelo, tentando pensar em outras coisas aleatórias que a fizessem voltar ao normal.

Mas nada tirava a sensação do fantasma de seus lábios em si.

Um dia de sono tranquilo, é tudo que eu peço!

Adora resolveu se levantar para tomar uma água, talvez assim seu hipocampo descartaria as memórias daquele sonho mais rapidamente.

Afinal, se não era algo que pudesse ser vivido, não precisaria ser lembrado para se tornar apenas uma tortura, certo?

Quando a loira chegou até a sua cozinha, encheu o copo de água e tomou bem devagar, como se estivesse degustando um vinho.

Não conseguia esquecer. Será que teria aquela mesma sensação ao tocar Catra daquele jeito?

Provavelmente ela nunca saberia.

E o que seu cérebro quis dizer com aquela última pergunta? Só de relembrar a loira já sentia se tremer toda. Aquilo não era real, não tinha por que se desesperar... Foi apenas uma pergunta boba e hipotética de seu inconsciente imaginativo.

Era domingo, quatro e meia da manhã para ser específica, Adora a tinha visto na sexta à noite, quando se reuniram na casa de Glimmer, e mesmo assim, ela continuava em seus pensamentos desde então.

Aquela última semana havia sido intensa, e cada um de seus dias haviam sido cheios de novidades e pequenos avanços. Na verdade, aquele mês todo havia sido assim. Desde os eventos em que Adora quase havia sido expulsa do Bright Moon, ela havia adquirido uma nova perspectiva sobre seu futuro. Antes de quase ter tudo que havia planejado a adolescência inteira sendo tirado dela, a loira não enxergava como poderia ter um futuro brilhante sem seguir cada parte de seu plano de vida, tudo parecia muito bem escrito, e se ela seguisse direitinho suas próprias regras, ela conquistaria os seus objetivos. Mas, dentro daquele plano não tinha espaço para falhas ou desvios, e, ao sentir tudo estremecer, ela percebeu que era um plano frágil demais.

Tudo que mais queria era realizar seus sonhos e conquistar sua vaga em uma universidade boa, que fosse permitir que ela prosperasse na vida acadêmica o suficiente para defender seus ideais com mais força. Ela tinha tantas metas e ideais... Ela queria ser tão boa quanto seus pais haviam sido!

Mas, talvez ela pudesse ser tão boa quanto eles mesmo sem seguir cada partezinha daquele plano... Ela poderia permitir alguns ajustes, talvez se cobrar menos e diminuir um pouco suas expectativas, talvez criar um plano B ou C. Isso ainda era um desafio, mas ela estava decidida em tentar manter sua mente aberta.

Não queria mais viver no passado, seguindo regras que havia criado quando era muito mais jovem. Ela queria escolher seu futuro com base no presente.

Por isso, havia passado aquelas três primeiras semanas se cercando de seus amigos - que tinha se distanciado um pouco durante o período da avaliação - e fazendo questão de aproveitar ao máximo seu tempo naquele meio de semestre, afinal, seria seu último no ensino médio. Ela estava mais feliz, menos ansiosa, e até estava conseguindo voltar ao ritmo de estudos sem precisar virar noites.

E se sentir daquele jeito havia tornado muito mais fácil para ela desculpar Catra, quando a garota pediu. Ela não queria guardar rancores, nunca havia conseguido guardar de ninguém em sua vida, muito menos de alguém com quem havia tido muito mais momentos bons do que ruins na vida, e que estava disposta a mudar de atitude. Para Adora, aquilo era tudo que importava, e um recomeço já era o suficiente para ela.

Só de saber que ela estava se dando bem com Glimmer, Adora já tomou uma confiança maior em desculpá-la, e, ao decorrer daquela primeira semana como... amigas? Enfim, ela já estava convencida de que havia feito a escolha certa. Catra estava diferente da pessoa que vinha sendo com ela há dois anos, e estava se parecendo muito mais sua amiga da vida toda. Com algumas diferenças óbvias, é claro.

Era um processo até que tudo voltasse ao antigo normal delas, e as duas estavam se esforçando. Mas, ao mesmo tempo em que parecia que tudo já estava restabelecido, Adora ainda sentia que não estava, até porque antes

EU NÃO TINHA SONHOS ASSIM COM MINHA AMIGA.

Enfim, que se dane.

Adora deixou o copo de água na pia, e voltou para seu quarto - não sem antes dar uma espiadinha no de sua avó, constatando que ela estava bem. Ela se deitou na cama e tentou fechar os olhos para voltar a dormir, mas a imagem de seu sonho voltava a aparecer.

Ela resolveu então pegar o celular que repousava em sua escrivaninha para mexer em suas redes sociais, a fim de se distrair.

Cinquenta novas curtidas em uma foto de três dias atrás... Doze novas marcações em publicações... Duas fotos de pau não requeridas em sua dm... Mais de setenta mensagens novas...

Adora decide ler as mensagens de grupos primeiro, nenhum assunto muito relevante, e depois parte para o privado. Glimmer avisando que iria no estande de arco e flecha com Bow mais tarde e que diria para Angela que iria sair com a loira, Bow perguntando se deveria tentar ter uma conversa com Glimmer sobre seus sentimentos por ela naquele dia, Sea Hawk pedindo foto de anotações, Frosta compartilhando memes sobre boxe e Catra com um áudio de dois minutos.

Ela respondeu a todos rapidamente, deixando o áudio para o final. Péssimo momento para ouvir a voz da garota, mas Adora sentiu até uma ansiedadezinha ao apertar play, esperando ouví-la.

Eram dois minutos dela contando sobre um cliente do posto que havia adormecido bêbado dentro do carro e causado o maior tumulto por acharem que havia morrido, até a ambulância chegar e ver que estava bem.

"Sabe, eu acho que essas coisas só acontecem comigo. Tive que ficar duas horas a mais trabalhando pra esperar a ambulância." - Ela contava, indignada, mas rindo uma vez ou outra. - "Mas tudo bem, ossos do ofício. Espero que seu sábado tenha sido menos traumático."

Adora sorriu. Ela tinha mandado o áudio às onze horas da noite, a loira já tinha ido dormir naquele horário. Respondeu a história do posto, e depois mandou um áudio para completar:

"Vamos ver, estudei, fui às compras com a minha avó, treinei um pouco e dormi cedo... Acho que você ganhou no quesito dia traumático."

Assim que Adora saiu do chat, viu que sua mensagem já havia sido visualizada. Catra estava acordada de madrugada também. Ela esperou por uma resposta, que não demorou muito para vir.

"Decidiu acordar cedo também?" "Saudável demais, credo." - A morena digitou.

Adora riu. Nem te conto o motivo.

"Vou chutar que você ainda não foi dormir" - Ela retrucou.

"Nope" "Dormir é para os fracos, os fortes ficam virados por dois dias." - Catra enviou, e Adora revirou os olhos, bem humorada.

"Vá dormir, Catra." "Se continuar assim nunca vai ficar forte como eu." "Eu sei que você quer, sabe." - Adora digitou, convencida.

"Como se você fosse muito mais forte do que eu, hahah" "Meio bíceps e tá aí se achando." - Catra respondeu.

"Block" ":("

"KKKKKK" "to brincando, dummy" "Enfim, o que te fez acordar essa hora?" - A morena perguntou, e Adora congelou por mais de um minuto até responder.

"Nada demais." "Só perdi o sono." - Mentiu, sentindo o rosto esquentar.

"Entendi."

"E você, por que não foi dormir ainda?" - Adora perguntou também

"Nada demais também" "Perdi o sono" - Catra repetiu as mensagens. Adora já sabia que era mentira.

"Ok" "Agora pode me contar a verdade" - Ela digitou.

"Não sei do que você tá falando." - A morena respondeu.

"O que aconteceu?" - Adora foi direta. - "Me conta."

Catra demorou um pouco para responder, mas respondeu:

"Shadow Weaver." "Ela me ligou hoje pela terceira vez desde que saí de casa."

"Você atendeu?"

"Não." - Catra enviou. - "Eu não falei com ela nenhuma vez depois que fui embora" "Ela nem sabe que estou na casa de Glimmer".

"E você..." "Não pretende contar pra ela?" "Digo, ela pode estar preocupada." - Adora respondeu, cautelosamente.

"Ela não está preocupada, se estivesse não teria me mandado embora pra início de conversa." "Deve estar ligando pra pedir dinheiro."

"Talvez você devesse atender, só pra ter certeza...."

"Eu não vou atender, Adora." "Agora eu oficialmente não preciso mais dela e ela deixou bem claro que não precisava mais de mim."

"Mas e se ela estiver achando que aconteceu algo sério com você?"

"Nesse caso, que continue achando. Ela deve estar torcendo por isso, pra que estragar a felicidade dela, não é mesmo?"

Adora suspirou. Não iria insistir nesse assunto, sabia como era delicado.

"Tudo bem, você realmente não deve nada a ela." - Apoiou.

"É."

...

"Ei, Catra. Posso te ligar?" - Adora digitou, criando coragem.

A resposta demorou apenas cinco segundos para vir.

"Sim."

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