Me Ensine a amar

Oleh Autora_Hayka

820K 67.7K 60.2K

E quando ele apareceu, eu juro que não tinha ideia de que poderia me sentir completa e amada outra vez. Mas e... Lebih Banyak

Personagens
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
bônus
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35

01

39.3K 2.9K 5.2K
Oleh Autora_Hayka

Sophia🌛

Depressão, estou cansada e assustada o tempo todo, tenho medo do fracasso mas não tenho energia para ser produtiva, quero ter amigos mas tenho fobia de me socializar, eu quero ficar sozinha mas odeio a solidão.

Eu sou só mais uma criatura atordoada pelo mundo, que tem medo de tudo e de todos.

Eu sinto que o vazio está me consumindo dia pós dia, sinto que o meu cobertor pesa uma tonelada e por isso eu sou impedida de sair da cama.

Eu já não sinto mais nada, a ponto de ficar desesperada para sentir alguma coisa, já pensei em suicídio várias vezes, mas minha mãe já passou por tanta coisa ruim, não quero que ela se culpe, eu já estou morta por dentro mesmo.

Eu estou vendo as vida passar diante dos meus olhos e não estou vivendo, todos os meus dias são iguais, é como se eu estivesse parada no tempo só observando tudo acontecer.

Eu tento e me esforço para mudar isso, mas eu não consigo, é mais forte que eu.

—filha? — minha mãe apareceu na porta  — As aulas começaram a quatro meses e a quatro meses você não vai, é o último ano querida.

Eu sentia falta da escola, mas não tinha forças suficiente para me levantar e enfrentar a vida. Eu me sinto uma fracote.

—Eu não consigo mãe — Respondi baixo e ela se sentou do meu lado.

—Eu sei que é difícil querida, mas ficar presa nesse quarto alimentando a dor não vai resolver. Eu também sofro, eu também choro, mas eu me levanto todos os dias por uma pessoa, é por você Sophia, é por você que eu tento ser forte todos os dias, é por você e sempre vai ser, então tenta fazer uma esforço por mim, por mais difícil que seja. Eu preciso da minha filha de volta.

Olhei para ela que tinha os olhos vermelhos e me joguei nos seus braços, ela me apertou e eu chorei, chorei tudo que estava preso a sete meses, coloquei toda a dor para fora em lágrimas.

Eu tinha que tentar por ela, por mais difícil que possa ser. Minha mãe também está sofrendo, eu tenho que pensar nela também.

—É difícil mãe, mas eu vou tentar por você — Me afastei para olhá-la.

Não era fácil, mas reconheço que se eu não tentar, vou continuar nesse quarto por muito mais tempo.

—Eu te amo Sophia, eu te amo tanto meu amor. eu vou fazer o seu café da manhã e arrumar a sua mochila, e você vai tomar um banho e ficar bem bonita para o seu primeiro dia de aula — Beijou a minha bochecha e se levantou.

Me levantei me olhando no espelho, meu cabelo estava feio e sem vida, eu estava pálida e cheia de olheiras, minhas unhas estavam quebradas e eu já não conseguia mais dar um sorriso.

A sete meses atrás a minha vida era perfeita, eu tinha amigas maravilhosas, tinha um sorriso e uma alegria contagiante e tinha um namorado incrível que me fazia feliz.

Eu perdi as amigas, eu não ia mais a festas e bares nos finais de semanas então eu já não servia mais para elas.

Perdi o namorado, ele não queria ficar preso a uma garota que se isolou completamente e que estava morrendo aos poucos.

E eu Perdi a vontade de viver.

Eu perdi tudo do dia para noite.

Só me resta a minha mãe.

(...)

Cheguei na escola recebendo vários olhares de algumas pessoas conhecidas, elas me olhavam e cochichavam, não faziam nem questão de disfarçar.

Antes eu vinha de vestido para a escola, mas os acontecimentos deram espaço para a calça larga, o moletom escuro que vai até metade da coxa, os cabelos escondendo o rosto e os fones de ouvido.

Não tenho mais autoconfiança suficiente para mostrar o meu corpo.

Olhei para frente e vi a Vanessa conversando com o Ryan, meu ex, depois que ele terminou comigo ela se aproximou muito dele, não vou dizer que isso não me incomoda porque eu estaria mentindo.

Ela era a minha melhor amiga, e agora eu sempre vejo fotos dos dois juntos.

Quando estava chegando mais perto eles me olharam, a Vanessa fechou o sorriso e o Ryan ficou me olhando sem nenhuma reação.

Ignorei eles e segui o meu caminho, entrei na sala que era para eu ter entrando a quatro meses atrás, fui recebida por olhares conhecidos e olhares novos e curiosos.

Caminhei até o fundo da sala e me sentei na última carteira, aumentei o volume do meu fone tentando ignorar completamente as vozes das pessoas ao meu redor, subi a touca do meu moletom e abaixei a minha cabeça fechando os olhos, minha barriga dava voltas e mais voltas, eu só queria a minha cama, o meu quarto.

A sete meses eu venho morrendo ao poucos.

E ninguém vai me salvar.

Aconteceu tudo tão rápido...

Eu e meu irmão decidimos ir a uma festa, nossa mãe pediu tanto para que não fossemos, eu também não queria ir, mas Victor insistiu tanto que eu acabei sedendo.

Saímos de carro as nove da noite para ir em uma festa do outro lado da cidade, bebemos, dançamos, nos divertimos como nunca, estávamos tão felizes.

Ele me abraçou durante a festa e beijou minha testa, e sussurrou no meu ouvido "eu estou um pouco bêbado, mas o que eu vou falar é totalmente verdade, eu não vou mentir, juro. Quando você nasceu eu fiquei com raiva de você porque achei que o papai e a mamãe iam me esquecer para dar toda a atenção para você, mas eu me enganei, você veio para fortalecer a nossa família, Sophia você é a mulher que eu mais amo no mundo e eu sou capaz de atravessar o inferno por você, eu te amo Sophia e sempre vou estar do seu lado, sempre será eu e você, você e eu. Nunca se esqueça que eu amo você peguena estrela"

Era como se ele estivesse sentindo que algo ruim iria acontecer.

Ele prometeu que ia ficar do meu lado para sempre, mas ele não cumpriu a promessa.

Quatro e meia da manhã, decidimos ir embora. Eu pedi para dirigir já que ele estava muito bêbado, mas ele não me ouviu, ele entrou no carro e partiu para casa.

Eu devia ter insistido mais, eu devia ter entrado no banco do motorista a força.

Ele dormiu no volante por alguns segundos, foi tempo suficiente para o carro sair da pista e capotar barranco a baixo, me lembro de olhar para o lado e ver ele sujo de sangue e sussurrar um eu te amo para ele, antes de perder completamente a consciência.

Eu fiquei um mês internada, inconsciente, acordei sem lembrar de muita coisa, mas derrepente as lembranças vieram com tudo e eu só consegui perguntar pelo Victor.

Foi o pior dia da minha vida, minha mãe chorando do meu lado, dizendo que ele lutou por quinze dias mas que não resistiu aos ferimentos, eu queria ter ido no lugar dele, ele merecia viver mais do que eu. Ele tinha tantos sonhos, tanta vontade de viver, ele sempre foi a minha âncora, sempre que eu estava triste corria para os braços dele e chorava, ele sempre me ouvia e me dava os melhores e piores conselhos.

Agora eu não vejo muito sentido para continuar, não tenho mais planos para vida, meus sonhos morreram, todos eles.

—Moça este lugar é meu — Ouvi alguém perto e levantei a minha cabeça.

Um rapaz me encarava, analisei todo o seus rosto, olhar frio, cara fechada, tatuagem no pescoço e braços, o cabelo bagunçado dava um ar despojado, fiquei perdida em uma tatuagem na sua mão.

—Você é nova não é? — me tirou dos meus pensamentos.

—Fiquei um tempo sem vir a escola, mas frequento aqui a dois anos — Respondi ainda encarando a sua tatuagem.

Eu sempre quis fazer uma tatuagem.

—Ei Gabriel, vejo que já conheceu a Sophia — Vanessa chegou pulando e eu fechei a cara.

—Vocês são amigas?

—Melhores amigas, ela se afastou por um tempinho, depressão sabe? Perdeu o irmão por causa de um acidente de carro e ficou meses sem vir a escola e eu fiquei meses sem ver ela.

Congelei na hora, olhei para a Vanessa que me olhava sorrindo com o braço em cima do ombro do garoto, enquanto ele me olhava como se dissese que sente muito.

Me levantei pegando minha mochila e indo para o outro lado da sala e me sentei na última carteira.

Eu prometi para minha mãe que ia tentar e eu vou cumprir a minha promessa.

Olhei para frente vendo a antiga professora de língua portuguesa entrar na sala, ela me olhou meio que assustada e me deu um meio sorriso e eu retrubui. Ela começou a escrever no quadro, eu já nem me lembrava mais com qual mão que se escrevia.

Corri meus olhos pela sala parando no rapaz das tatuagens, ele com certeza não tem dezessete e muito menos dezoito anos, ele tem no mínimo uns dezenove.

Fui pega no flagra quando ele me olhou, deu um sorriso de canto quando percebeu que eu o encarava, virei meu rosto olhando para janela, totalmente envergonhada, a pior coisa é ser pega no flagra quando está encarando alguém.

A aula estava passando em uma lentidão absurda...

Finalmente o sinal para o recreio tocou, eu já não aguentava mais copiar, deu até calo no meu dedo.

Todos os alunos saíram, ficou somente eu e a Vanessa. Me levantei pegando a minha mochila e passei por ela como se ela não existise, pelo menos eu queira fingir que ela não existia.

—Sophia eu quero falar com você — Puxou o meu braço e eu encarei ela na força do ódio

Eu não devia sentir tanta raiva dela. Não devia, mas sinto. Eu precisava dela e do Ryan, ambos me abandonaram no meio pior momento e pior, para ficarem juntos.

—E quem disse que eu quero falar com você Vanessa?

—Vai ficar com Raiva porque eu comentei aquilo com o garoto? Você se doeu com muita facilidade não acha? Está todo mundo se perguntando o porquê de você estar assim, vai brigar com todo mundo que falar que você está com depressão?

—Olha só Vanessa, eu tive muito tempo para pensar na minha vida, e percebi que a amizade que eu tinha com você era tóxica, mas do que tóxica, podre. Você só se importa com você e mais ninguém, então eu te peço, fique longe de mim — encarei ela nos olhos

—Já sei — Riu debochada — você está assim porque o Ryan preferiu ficar comigo e não com você.

Eu não sei explicar o que eu senti, eu amava o Ryan, passei os melhores momentos da minha vida ao lado dele, quando eramos melhores amigos e Depois como namorados. Saber que ele me deixou no meu pior momento para ficar com a minha ex melhor amiga, doeu. Doeu muito.

—Fica longe de mim Vanessa — Soltei meu braço da sua mão e sai da sala.

Um nó se formou na minha garganta, meus olhos arderam, eu queria chorar mas eu não ia dar esse gostinho para eles, eu não ia derramar uma lágrima sequer por esses dois.

Fui para o segundo andar da escola onde tinha algumas salas vazias que precisavam de reforma, mas não vem verba o suficiente para isso, o Brasil tá muito fodido.

Me sentei em uma cadeira velha e comecei a cantar uma música baixinho. Isso me acalmava, era a minha terapia.

Can you hear me screaming?
(Você pode me ouvir gritando?)

Please don't leave me
(Por favor não me deixe)

Hold on, I still want you
(Espere, eu ainda quero você)

Let me take your hand, I'll make it right
(Deixe-me pegar sua mão, vou consertar)

I swear to love you all my life
(Eu juro te amar por toda a minha vida)

Hold on, I still need you
(Espere, eu ainda preciso de você)

I don't wanna let go
(Eu não quero deixar ir)

I know I'm not that strong
(Eu sei que não sou tão forte)

I just wanna hear you
(Eu só quero ouvir você)

Saying, "Baby, let's go home"
(Dizendo: "Baby, vamos para casa")

Let's go home
(Vamos pra casa)

A Victor, como eu sinto a sua falta, como você faz falta.

E estamos aqui outra vez, decidi respostar o livro depois de meses. Editei algumas coisas e corrigi alguns erros. No mais, senti saudades.

Lanjutkan Membaca

Kamu Akan Menyukai Ini

586K 38.2K 66
Jeff é frio, obscuro, antissocial, matador cruel.... sempre observava Maya andando pela floresta, ela o intrigava de um jeito que ele mesmo não conse...
477K 31.1K 126
Alex Fox é filha de um mafioso perdedor que acha que sua filha e irmãos devem a ele. Ele acha que eles têm que apanhar se acaso algo estiver errado...
118K 4.9K 60
@𝑡𝑟𝑎𝑝𝑙𝑎𝑢𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑐̧𝑜𝑢 𝑎 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑖𝑟 𝑣𝑜𝑐𝑒̂
25.2K 3.4K 16
Valentina Albuquerque é uma publicitária de 27 anos apaixonada pela vida, adora viver romances passageiros, vive em bares com os amigos, sempre está...