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Eu vou te enlouquecer

Gabriel 🛹

Eu estava recuperando a consciência aos poucos, mais ainda não conseguia me lembrar com clareza da noite passada. Era muito confuso para mim, as lembranças eram turvas, só me lembro de estar sozinho em casa bebendo.

—Bom dia Gabriel, sou sua nova enfermeira — Entrou sorrindo com uma bandeija — Mas por pouco tempo já que você logo ganhará alta.

Me ajeitei na cama sentindo meu corpo e cabeça doerem como nunca antes.

—O que aconteceu? Como eu vim parar aqui? — Me sentei na cama com dificuldade.

—Fica calmo, por favor — pediu — você estava no início de uma overdose. Olha, vou ser bem sincera com você, foi por pouco que você não veio a óbito.

Encarei ela chocado, eu não me lembrava de ter usado nenhuma droga pesada. Só um cigarro de maconha.

—Mas como eu vim parar aqui? — Peguei o remédio da sua mão — A última lembrança que tenho, é caído no chão olhando para o teto, depois tudo apagou.

—Uma pessoa te encontrou desmaiado e ligou para a emergência.

—Que pessoa?

—Uma garota, não sei quem é, até hoje de manhã sua enfermeira era outra.

Deve ser a Carla, a doida vive lá em casa agora.

—Quando eu vou poder ir para casa?

—Agora mesmo — sorriu simpática me entregando uma sacola — Só tem que comer e tomar os remédios e já pode ir embora.

—O que é? — Abri a sacola vendo roupas.

—A moça mandou te entregar, você pode tomar banho, ela está te esperando na recepção — Pegou a bandeja de remédios e saiu.

Me recostei na cama tentando processar toda a informação que acabei de receber. Eu realmente não me lembrava de ter usado nada, mas depois do que a enfermeira disse eu me lembrei de ter cheirado.

Eu estava indo bem, mas acabei caindo outra vez e isso está me destruindo.

A dor me ensinou muitas coisas, uma delas foi sofrer em silêncio.

Não conto sobre os meus problemas para ninguém, quem me encontrou deve estar em choque por saber que eu estava no início de uma overdose.

Essa semana foi difícil para mim, recebi a ligação de uma tia e isso fez com que viesse a tona tudo o que eu passei depois que perdi meus pais. E a dor de ter perdido eles veio com ainda mais força.

Quando os meus pais morreram eu tinha quinze anos, não tinha condições de me manter sozinho e mesmo se eu conseguisse um emprego, o juizado de menores não deixaria que eu ficasse sozinho.

Recebi a ligação de uma tia, irmã da minha mãe, Uma semana depois que a minha família morreu, ela me chamou para morar com ela e eu aceitei.

Eu esperava encontrar uma família, um conforto, mas foi tudo ao contrário.

Minha tia era casada, não fui com a cara do marido dela e ele também não foi com a minha, sempre brigávamos, eu arrumava as minhas coisas para sair de casa, mas minha tia não deixava.

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