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GABRIEL

As vezes, me questiono sobre a existência da humanidade. Simplesmente, a maior parte de todas essas pessoas, são um completo lixo ambulante, causando mal e destruição como se seu único intuito nesse mundo fosse esse, causar dor e nada mais que isso. Existem pessoas que olhamos e pensamos se realmente são seres humanos, se existe mesmo um coração batendo ali dentro porque é um ser tão podre que chega a ser impossível acreditar que realmente tenha sentimentos.

Um dia parei para assistir ao jornal e não tinha nem mesmo uma notícia boa, não tinha algo que fizesse com que eu tivesse fé e visse esperança para nós nesse mundo. Era apenas dor e destruição, coisas tão terríveis que me recuso a pensar que alguém tenha mesmo coragem de fazer.

A outra parte de nós é dividida por pessoas boas, mas geralmente, são essas que são mais machucadas e atingidas pela maldade humana. São as que ficam se perguntando como alguém pode fazer tanto mal.

Talvez, se eu seguisse meu instinto de vingança, teria alguém questionando como eu fui capaz de fazer tal coisa. É por não querer ser um monstro, que desisti de buscar justiça com as próprias mãos.

É muito difícil ver de perto alguém que você ama sendo machucada por um monstro e não poder fazer nada. Dói tanto, me sinto impotente e cada vez que visito a Sophia e vejo seu estado. É como se tendões do meu coração se partissem a cada vez que me lembro do que aconteceu.

Agora, vivemos em busca de justiça e talvez nem iremos conseguir, porque essas pessoas nunca são realmente cobradas de fato pelas coisas que fazem.

Me encostei na parede dos fundos da escola, puxei do bolso um cigarro de maconha me dando conta que nem mesmo isso está sendo capaz de me fazer relaxar últimamente.

—E aí cara.

Olhei para frente vendo André se aproximar, receosso. Não conversámos desde quando Sophia sumiu e eu parei de vir a escola. Apareci por aqui hoje só porque ela insistiu muito.

—E aí.

—Vi uma matéria na internet — comentou — achei que mandar mensagem ou ligar não era o indicado nessa situação. E não sei como encarar a Sophia, não sei o que dizer ou fazer.

André não tem nada haver com as atitudes nojentas do pai. Infelizmente ele é só mais uma vítima, que tem a vida fodida por ele.

—Não tem que se sentir na obrigação de fazer alguma coisa, você não tem culpa de nada que aconteceu — ele se aproximou pegando o cigarro da minha mão e levando a boca — A gente nunca iria associar vocês dois a algo.

Ele baixou a cabeça e encarei o mesmo, pensando no quanto deve estar sendo difícil para ele. Ver o pai se mostrando um doente que fez tanto mal a própria amiga, a irmã do seu melhor amigo. Deve ser uma barra. E também tem a mãe dela, não consigo nem mesmo imaginar como ela se sente. Desse ser horrível.

—Mesmo sabendo que meu próprio pai era um lixo ambulante, eu juro que quando li todos aquelas coisas eu fiquei em negação, não conseguia acreditar e muito menos aceitar tudo aquilo. Mas é o que ele é.

—É realmente difícil de acreditar que ele foi capaz de tudo o que fez.

—Como ela está?

—Vivendo a base de calmantes e em busca de justiça. O que esperamos conseguir.

Era estranho conversar sobre esse assunto com o filho daquele homem. Não sei como André realmente se sente com a situação, só sei que é difícil para ele. Isso é muito óbvio.

—Queria poder ajudar de alguma forma. Posso relatar os comportamentos abusivos que ele tinha dentro de casa, as vezes que me agrediu e agrediu a minha mãe.

Me Ensine a amar Where stories live. Discover now