It's MY dream! • Catradora

By pituotaria

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Adora e Catra são duas jovens estudantes do Ensino Médio do Colégio Bright Moon, localizado em Etheria. Após... More

(Apresentações)
1 - Compartilhando sonhos
2 - Apresentações formais
3 - O início da competição
4 - Coincidências (des)agradáveis
5 - Expressão Artística
6 - She-ra do meio ambiente
7 - Dois anos antes
8 - After - Parte 1
9 - After - Parte 2
10 - Reaproximação
11 - A visita de Mara
12 - Aposta - parte 1
13 - Aposta - parte 2
14 - Casa
15 - Desmoralização antiética
16 - Lição de moral
17 - Laços e Alianças
18 - Questionamentos
19 - Recuperações - parte 1
20 - Recuperações - parte 2
21 - Incertezas
22 - Festa na mansão
23 - Tudo que eu queria
24 - Confissões da madrugada
25 - Maternidade
26 - Do sonho ao pesadelo
27 - Atos desesperados
28 - O valor das amizades
29 - O certo e o errado
30 - O bom filho à casa retorna
31 - Lavando roupa suja
32 - Acusações
34 - Vida nova?
35 - Reencontro
36 - Desculpas
37 - As motivações
38 - Mais um primeiro dia
39 - Titanic e outros naufrágios
40 - Glimbow
41 - Consertos
42 - Reunião de princesas
43 - Tequila, sal e limão
44 - Promete?
45 - Um beijo por vez
46 - Censurado
47 - Juntas
Aviso (do bem)

33 - O que vai ser?

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By pituotaria

Eram sete da manhã, o período de aulas havia acabado de começar. Aquela sexta-feira seria decisiva para muitas coisas e os nervos estavam à flor da pele, tanto para os estudantes quanto para a direção.

- Quem disse que precisava falar comigo, Juliet? - Angela perguntou, ao entrar na secretaria, com o café na mão e a bolsa ainda no ombro.

- Ali, Diretora. - Juliet apontou para a pessoa sentada nas cadeiras da sala de espera. - Ela disse que é importante.

Angela olhou para ela e assentiu, depois agradeceu Juliet.

- Pode vir comigo, Srta.

Angela e ela entraram na sala da diretoria, e enquanto a diretora guardava a bolsa, ajeitava a mesa e tomava um gole de seu café, a mais nova tentava controlar os tremores de suas pernas, enquanto mexia nas próprias unhas.

- O que é tão importante que você precisou vir falar antes do intervalo das aulas? - Angela perguntou, assim que se posicionou na cadeira.

Ela encheu o pulmão de ar e hesitou um segundo antes de dizer de uma vez:

- Eu menti.

Angela arqueou uma sobrancelha.

- Sobre o que exatamente? - Ela perguntou.

- Sobre eu não saber quem invadiu o sistema da universidade. Eu sei quem foi.

A mulher então recostou-se na cadeira.

- Certo. Quem foi? - Perguntou, pacientemente.

A garota olhou para baixo e cerrou os olhos, depois voltou a olhá-la, deixando a hesitação de lado e falando muito mais decidida:

- Fui eu.

...

- Foi você?

- Sim.

- E quem mais? - Angela perguntou.

- Só eu.

- Você está mentindo novamente.

Catra suspirou.

- Eu recebi outro nome além do seu, Srta. - A mulher continuou.

- Essa informação que a Sra recebeu foi um engano, foi minha culpa também ela ter chegado até você. Eu pesquisei meu nome e os nomes dos meus colegas no ranking pra comparar nossas notas. Fui só eu.

- Certo. - Angela concordou. - Eu vou precisar que você me conte com detalhes como fez isto.

Catra assentiu, e contou. Contou tudo - ocultando apenas as partes que envolviam Entrapta, Scorpia e Double Trouble. Quando terminou, Angela parecia impressionada, mas também um pouco cética.

- E você fez tudo isso sozinha? - Questionou, desconfiada.

- Eu faço parte do grupo de computação, eu tenho esse conhecimento. - Mentiu.

- Ok. - Angela fingiu acreditar. - E por que você fez isso, Catra? Você entende a extensão desse problema?

- Eu entendo. Eu sei que isso prejudicou a escola, a UFO, meus colegas e a senhora, por isso vou aceitar qualquer punição que decidir. - Catra sorriu, sem humor. - Não vou fugir dos meus problemas.

- Você não quer me explicar melhor por que chegou a isto? - Angela perguntou. Depois pegou alguns papéis na mão. - Você estava indo tão bem na avaliação, não que seja uma surpresa pra Srta...

Catra franziu o cenho, como se tivesse escutado um absurdo.

- "Tão bem" é um exagero, com todo respeito. - Catra comentou, decepcionada. - Eu vi a cor que eu estava, azul. Mediana.

- Você diz isto tendo como base o sistema de cores? - Angela arqueou uma sobrancelha.

- É. Verde são as notas mais altas, seguidas de azul, amarelo, etc... Eu sei disso, vi o ranking, até porque fui eu que invadi. Sozinha.

- Você chegou a ver a lista com os nomes enumerados? - A diretora perguntou. Catra negou com a cabeça.

- Essa foi a lista que eu acidentalmente apaguei, não li. - Catra explicou.

Angela então esclareceu:

- Esse sistema de cores apenas divide vocês alunos em grupos para facilitar a avaliação, em ordem alfabética. Você está no grupo azul apenas por causa de sua inicial, não tem nada a ver com a colocação no ranking.

Catra arregalou os olhos. Não é possível que Entrapta tenha errado... Mas isso explica porque Adora está no verde... MEU DEUS, EU SOU UMA BURRA.

- Algumas pessoas de outras iniciais acabaram mudando de grupo pois houve desistências, mas eles não dizem respeito a nota nenhuma.

- E-eu não sabia disso.

- Estou esclarecendo para que não espalhe informações falsas para seus colegas. Mas é bom que não tenha acessado o verdadeiro ranking, significa que isso não interferirá muito na continuação da avaliação.

Catra permanecia sem saber o que pensar: nada além de xingamentos auto-direcionados. Havia pisado na bola de tantas formas diferentes.

- E então? Quer me explicar melhor sobre seus motivos?

A garota demorou uns segundos para começar a falar, enquanto digeria a informação recém obtida. Não se aprofundou tanto em suas justificativas, mas admitiu que estava preocupada em ganhar por problemas pessoais.

- Eu... eu sei que isso não conserta nada, e nem estou dizendo pra tentar consertar, mas... Eu sei que foi errado o que fiz e estou... arrependida. - Catra disse, com sinceridade, sem olhar nos olhos da diretora. - E eu também sei que isso poderia ter custado muito à escola e aos meus colegas, sei que tem gente aqui que também está se dedicando bastante e merece pelo menos a oportunidade de continuar tentando ganhar, eu espero não ter estragado isso também.

Angela escutava atentamente. Catra continuou:

- E tem outra coisa...

- O que?

- Já que eu já to na merda mesmo... Ops, desculpe. - Se corrigiu. - Já que eu não tenho mais nada a perder mesmo, vou dar a minha opinião, uma que a Sra pode desconsiderar totalmente, mas que eu realmente acho que é relevante.

- Vá em frente.

- Ontem... Ontem, por minha culpa, o nome da Adora chegou até a Sra. - Catra começou a falar, cautelosamente. - E eu não preciso ver ranking nenhum para saber que ela está no topo na avaliação, isso já não é novidade, ela sempre está no topo de tudo. - Catra deu uma risadinha sarcástica. - Mas tem um motivo pra ela sempre estar lá... Eu odeio esse papo de meritocracia, cada dia mais eu vejo que é pura mentira, mas no caso da Adora, ela realmente merece. Ela não é só uma boa aluna aqui no Bright Moon, ela sempre foi, e também não é exagero quando as pessoas a elogiam, porque ela se esforça, e é realmente boa em tudo o que faz. É bem irritante, mas é verdade, e acredite, se tivesse como negar isso eu seria a primeira a fazê-lo. - Catra suspirou. - Eu a atrapalhei durante essas semanas de avaliação e, caso a competição continue depois disso tudo, eu acho que a avaliadora deveria prestar mais atenção nela, pois entrar na Universidade First One é muito importante pra Adora e eu sei que eles teriam muita sorte de tê-la lá.

Angela cruzou os braços e assentiu, mas sua feição era suave.

- Obrigada pela opinião, Srta Catra. Vou levar em consideração. - Ela agradeceu.

Angela era muito boa em esconder o que estava pensando, igual Light Hope, deveria ser alguma habilidade que educadores tiveram que desenvolver pra lidar com o público, pensou Catra.

- Eu fico feliz que tenha vindo me dizer a verdade, apesar de tudo. Sei que não foi fácil para você. - A mulher disse. - Eu terei que discutir com a avaliadora para decidir como iremos prosseguir, então não posso te dizer o que vai acontecer com você ainda. Espero que entenda que é importante arcar com suas responsabilidades e que não poderei ignorar o que houve.

- Eu entendo.

- Ótimo. Eu vou lhe procurar ainda hoje para conversarmos sobre o que será decidido, até lá você está liberada para assistir as aulas se quiser.

- "Se quiser"? - Catra perguntou, apreensiva. - Eu vou ser expulsa do colégio, né?

- Como eu disse, ainda hoje a gente volta a conversar.

- Ok...

Catra então se despediu e saiu da sala de Angela, sentou novamente nas cadeiras da sala de espera e apoiou os cotovelos na coxa, tampando o rosto com as mãos. Se sentia mal por saber que aquele era o fim de seu sonho e de seus objetivos, e que estava sozinha dali em diante.

Depois de escutar as palavras de Adora no dia anterior, pela primeira vez em muito tempo, sentiu a raiva que gritava em seu peito dar uma acalmada. E não soube como lidar com aquilo, já não sabia direito como era sentir a tristeza sem sentir também a raiva - este sentimento sempre foi sua melhor forma de defesa, nada a conseguia afetar cem por cento se ela estivesse brava, se ela atacasse de volta e impedisse que qualquer coisa chegasse até ela.

Mas as palavras de Adora haviam chegado, e a atingido forte. Ela havia se desculpado, dito coisas que Catra sempre havia ansiado ouvir, e desmentido outras coisas que ela passou muito tempo dizendo para si mesma que eram verdade. E assim, havia tirado sua maior munição: sua raiva.

Não totalmente, é claro, agora ela ainda sentia raiva de si mesma por ter se deixado descontrolar e perder as rédeas da situação. Tinha colocado tanta coisa em risco com aquelas atitudes.

Seus pensamentos não haviam mudado totalmente, isso não seria possível de um dia para o outro: ainda sentia que acabaria sozinha, do jeito que estava, e que confiar era extremamente perigoso, e também ainda se sentia magoada, mas agora sentia menos a sensação de ter sido abandonada por não ser importante - quase como se essa fosse uma dor que pudesse ser superada.

Sabia que provavelmente já tinha ferrado tudo, e não teria volta, mas pelo menos ainda tinha como amenizar a situação pras pessoas que ela havia envolvido: Adora, suas amigas, e DT.

Agora teria que focar totalmente em encontrar um lugar para ficar e um emprego bom, e se despedir de Bright Moon - ironicamente, um lugar que jurou odiar, mas que até faria falta.

Enquanto Catra ficava ali, sentada, pensando na vida, viu alguém chegar perto.

- Menina, você vive aqui agora, é?

Catra olhou para cima, e percebeu a figura de Double Trouble, que usava um óculos de sol e um chapéu chique.

- O que está fazendo aqui? - Ela perguntou, confusa.

- Me chamaram na sala de aula, aparentemente Angelinha quer falar comigo de novo. Exaustivo. - Explicou. - E você? Por que essa carinha?

- Você não precisa se preocupar em mentir de novo pra ela. - Catra disse. - Eu contei a verdade. Mas não falei seu nome e nem das garotas, então pode ficar de boa. Se ela perguntar você diz que eu que te falei que foi a Adora e te pedi pra dar o nome dela.

- Mas, ué? Não estava tudo resolvido? - Double Trouble perguntou, e Catra percebeu que elu só queria se divertir com sua desgraça. - O que aconteceu?

Catra encarou DT, com a sobrancelha arqueada, e elu então supôs:

- A She-ra não contou que foi você, né? - DT riu. - E você se sentiu mal por causa da sua amada, e veio falar a verdade.

- Que? Não! - Catra defendeu. - Cala a boca, Double Trouble, não estou com paciência.

- Eu já sabia que isso ia acontecer, só precisava de um empurrãozinho.

- Você tá me zoando, né? Você não vai vir se gabar disso! Pelo amor, entra lá na sala da Angela que você já me irritou de novo.

- Vocês duas são iguaizinhas, dá pra perceber que cresceram juntas, tsc, tsc... Duas lerdas orgulhosas que tem coragem pra fazer um monte de coisa menos pra aceitar e admitir o que sentem. É tão na cara que nem tem graça zoar. - Double Trouble disse.

- Tá, chega. Não importa.

- Chega nada, querida, você tá aí toda autodestrutiva, cometendo erro atrás de erro, e ao invés de tentar cortar o problema pela raiz você apenas mascara ele tomando alguma decisão idiota. Nem eu ajo com tamanha teimosia. - Elu negou com a cabeça. - Acorda, kitten. Você só vai perder tempo com essa filosofia de ficar sozinha, sua próxima parada é a expulsão e você ainda dizendo que não se importa. Vê se aprende a aceitar ajuda e admitir os próprios sentimentos, se fechar só vai piorar.

- O que você quer que eu faça? - Ela perguntou, de saco cheio. - Agora eu só posso esperar até o horário de receber o veredito e aceitar o que quer que seja que decidirem. Acabou.

- E depois o que? Vai embora pra outro lugar viver sua vida isolada e infeliz? Não vai nem tentar se resolver aqui antes?

- Eu não tenho o que resolver, Double Trouble! Já tá resolvido. Eu fiz merda e agora vou perder mais coisas que são importantes pra mim. Não era nem para eu ter vindo pra cá pra início de conversa! Era melhor eu ter escolhido outra escola que fosse bem longe daqui, quem sabe eu teria acabado diferente.

- Mas você veio pra cá. Por causa da Adora.

- Por causa do ensino!

- E da Adora. E agora você vai embora sem resolver o que quer que seja essa relação que vocês tem, só que agora você sabe que ela se importa com você, e acabou de provar que você também se importa ao dizer a verdade e jogar tudo pro alto.

- Quer saber? Foda-se. É, eu me importo com aquela loira idiota, e ainda sinto o mesmo que eu sentia quando vim pra cá, e que eu sentia quando éramos próximas... Exato, nada mudou, tá feliz?! Mas, novamente, isso não importa mais, porque eu fiz de tudo pra ela me odiar e agora eu consegui. Eu não vou pedir desculpas porque eu não acho que ela tem que me desculpar.

- Ok. Já é o suficiente pra mim. - Double Trouble sorriu, de uma forma quase imperceptível. - Já vi que valeu a pena eu contar pra ela sobre essa situação toda, veja só os avanços.

- Espera... Foi você que contou? - Catra perguntou, perplexa

- Foi pro seu próprio bem, querida. E pro bem do meu bolso, claro...

- Não acredito nisso...

- Deixe seu papel de vilã apenas para o teatro, Catra. Você não é uma, só precisa parar de tentar ser.

Então, ambos escutam Juliet chamando o nome de DT para entrar para falar com a diretora.

- E, aliás, foi divertido falar mal da She-ra no começo, mas seria mais divertido ainda falar mal com alguém que realmente pensa mal dela, e não que só fala por causa de um amor reprimido. Melhore seus métodos para fofocar, viu?

Catra ficou boquiaberta enquanto elu entrou para conversar com Angela. Todo mundo tinha decidido dizer o que pensava sobre ela na mesma semana?

Mal teve tempo para se sentir mal pela "traição" de Double Trouble, pois logo outra pessoa chegou na sala de espera.

Virou festa essa porra.

Glimmer chegou e, após ver que Catra estava lá, sentou-se na cadeira mais distante. Nenhuma das duas trocou contato visual além do inicial.

- Veio contar mais mentiras pra minha mãe? Quer acabar de ferrar com a Adora? - Glimmer não se aguentou, e disse.

Catra bufou.

- Não que seja da sua conta, Sparkles, mas eu vim contar a verdade. Agora vai tomar no cú.

Glimmer arqueou as sobrancelhas, surpresa, e decidiu não dizer mais nada.

Ficaram ali por mais uns quarenta minutos, até DT sair da sala de Angela. Catra levantou a cabeça, esperando para ouvir o que tinha acontecido lá dentro.

- Me agradeça depois, honey. - Elu disse, apenas, e foi direto para o corredor para ir para a aula.

Confusa, Catra ficou especulando sobre o que poderia significar aquilo.

- Juliet, vou entrar lá agora que minha mãe terminou, tá? - Glimmer avisou, e a secretária concordou.

Ela foi, e uns quinze minutos depois, saiu.

Catra contava os minutos no relógio da secretaria, enquanto corria o olhar de um lado para o outro, tentando se entreter com qualquer coisa para não acabar enlouquecendo ali.

Glimmer também foi embora direto. Depois, Angela saiu suspirando de sua sala e caminhou até Juliet, pedindo algo que Catra não tinha conseguido escutar.

- É pra já! - Juliet respondeu, e saiu pelo mesmo caminho, para fora da secretaria rumo ao corredor.

Que merda tá acontecendo?

Angela voltou para sua sala, e alguns minutos depois Juliet voltou para o local, acompanhada de Scorpia e Entrapta.

Catra então arregalou os olhos. Double Trouble filhe da puta!

- E-ela quer falar com qual de nós primeiro? - Scorpia perguntou para Juliet, com a voz trêmula de nervosismo.

Nenhuma das duas havia visto Catra ainda.

- Ela não estabeleceu uma ordem, você pode ir primeiro, eu acho. - Juliet respondeu, tranquila.

- A-ah ok.

A morena não havia voltado a ver ou falar com as duas amigas, afinal, a última conversa que tiveram não abriu muitas possibilidades para diálogos futuros. Não sabia se deveria avisá-las que havia contado a verdade e ocultado o nome delas, ou deixá-las descobrir sozinhas.

Se estavam ali era porque Double Trouble tinha dito algo, nem mesmo Glimmer e Adora tinham certeza do envolvimento das duas na confusão.

Quando a dupla finalmente virou para trás e enxergou a presença de Catra, a morena desviou o olhar rápido e cruzou os braços, olhando para o lado oposto. Sentiu que elas ainda a observavam até Angela chamar de sua sala:

- Podem entrar as duas juntas!

E elas o fizeram. Só após escutar a porta da diretoria se fechar, Catra voltou a olhar para a direção em que estavam anteriormente.

Ok, respire...

- Dia agitado, huh? - Juliet puxou conversa, sorrindo. Catra sorriu amarelo. - Como que tá seu pé?

- Ainda tá um pouco inchado, mas tá dando pra caminhar normal.

- Ah, que bom!

Novamente o silêncio se instaurou no ambiente e a morena voltou a se perder em pensamentos. Preocupações, arrependimentos, medos... Tanta coisa, que até perdeu noção do tempo.

Só voltou a prestar atenção no mundo real quando Entrapta e Scorpia saíram da sala da diretora, inexpressivas, e tanto elas como Catra evitaram contato visual umas com as outras.

- Tchau Juliet, obrigada! - Scorpia agradeceu, e elas duas foram embora.

Ninguém dá a menor dica do que está acontecendo, péssima linguagem corporal. - Lamentou Catra, em pensamentos.

- Juliet, por favor, encontre a Srta Hope e peça para ela vir falar comigo, sim? - Angela pediu, parecendo exausta. - Deveria ter tomado meu café direito antes de vir para cá.

Catra prendeu a respiração. Ferrou, é agora.

- Claro, Sra Diretora! Vou agorinha.

- Obrigada, vou alongar as pernas e já volto. - Angela respondeu, e as duas saíram de lá, deixando Catra sozinha na sala de espera.

Quando ela foi ver a hora, viu que havia até passado do horário do intervalo. Estava sentada ali há um bom tempo. Depois que Light Hope e a diretora conversassem, ela teria a resposta e saberia se aquele era realmente seu último dia de aula, mas no fundo já sabia que era.

Suspirou e tombou a cabeça para trás, sentindo os olhos lacrimejarem.

Não queria chorar, não depois de ter desidratado na noite anterior fazendo isso. Já tinha chorado tudo que tinha que chorar, agora era bola pra frente.

Se levantou da cadeira em que estava e decidiu sair dali também, quando precisassem falar com ela, provavelmente Juliet a acharia.

---------

Durante a última aula do dia, a Diretora Angela pediu para que todos com quem ela havia conversado se reunissem na diretoria para que ela enfim pudesse dar a resposta que todos ansiavam receber. Ela já tinha terminado de conversar com Hope, e haviam entrado em consenso depois de algumas horas de debate e conversa séria.

Os estudantes foram chegando um atrás do outro conforme Juliet os encontrava: Entrapta, Scorpia, Adora acompanhada de Glimmer e Bow, Double Trouble e Catra.

Com a chegada de todos, olharam uns para os outros, e o clima de intriga e desconforto ficou no ar. Entrapta sussurrou para Scorpia, mas todos conseguiram escutar:

- Meu experimento social está correto, colocar pessoas que não se dão bem em um mesmo ambiente resulta em olhares tortos e silêncio constrangedor.

Todos olharam para ela, desviando logo em seguida, mas Adora acabou não se controlando e acabou rindo daquilo, o que novamente chamou a atenção das pessoas, que também a olharam e desviaram em seguida.

Antes que mais alguém dissesse ou fizesse algo, Angela apareceu e chamou todos para a pequena sala de reuniões que ficava ao lado de sua sala. Ao entrarem lá, viram que Light Hope já os estava esperando sentada.

- Sentem-se, por favor. - A diretora pediu, e todos o fizeram. Quando ela viu que Bow e Glimmer também haviam entrado, disse - Glimmer, você e Bow podem esperar lá fora.

- A gente gostaria de ficar... - Ela disse.

- Eu sei, mas vocês não fazem parte dessa conversa. Por favor.

- Claro, Sra Angela. Vamos, Glimmer. - Bow chamou, já se dirigindo até a porta.

- Mas mãaae...

- Agora não, mocinha!

- Aaaah. - Ela cruzou os braços. Andou até sua mãe e falou baixinho pra ela - Então não esquece de levar em consideração o que eu te disse hoje, tá? É importante.

- Glimmer, pra fora!

- Tá, tá, tô indo.

Quando os dois saíram, Angela fechou a porta e foi se sentar.

Os cinco que ficaram olhavam para ela, atentos, esperando que ela dissesse algo logo.

- Que situação que vocês me colocaram, hein? - A mulher disse. - Espero que essa seja a primeira e última vez que algo assim acontece por aqui. Eu já conversei com todos individualmente e expliquei as consequências e a dimensão do que foi feito, então não irei repetir. Todos já estão bem cientes, não é?

Todos assentiram.

- Ótimo. Antes de dizer qual será a punição de cada um, acho que devem uma desculpa à Sra Light Hope, que só fez coisas boas para nossa escola. Alguns omitiram informação, outros mentiram, outros prejudicaram a universidade diretamente...

Todos então pediram desculpas à Hope, que agradeceu, sem demonstrar sentimentos, como sempre.

- Alguém quer me contar mais alguma coisa antes de começar? - Angela perguntou. - Ou tem alguma pergunta?

- Eu tenho! - Adora levantou a mão. - Se eu for expulsa eu ainda posso ir no treino de vôlei de hoje?

Alguns seguraram a risada, mas Angela apenas respondeu:

- Vamos esperar pra falar sobre isso depois, ok?

- Ah, ok.

- Vou começar, então.

Ela deu uma introdução simples e começou a falar:

- Srta Scorpia e Srta Entrapta, pelo que chegou até mim vocês auxiliaram na invasão, mas não sabiam exatamente o que estavam fazendo. Não posso ignorar a participação das duas, então lhes colocarei em detenção por um mês. Terão que ficar na escola após as aulas, mas não serão excluídas da avaliação. Entendido?

- Sim, diretora, é claro! Muito, muito obrigada! - Scorpia agradeceu com entusiasmo, após um longo suspiro de alívio.

- Entendido! - Entrapta responde, sorrindo.

- Ok. Agora você, Adora.

Adora prendeu a respiração, tentando manter a pose de seriedade, mas falhou em esconder seu nervosismo, que foi evidente pelo movimento ansioso das pernas. Catra notou, e respirou fundo, também estava apreensiva.

- Você não será expulsa. Mas me assusta o fato de que corria esse risco e mesmo assim escolheu se omitir, não quero que isso se repita, ok? - A mulher disse, séria. - Já que não participou do que aconteceu, você está liberada.

Ela arregalou os olhos, e procurou por Catra no mesmo instante, se tocando de que ela havia contado a verdade pra Angela. Catra não a olhou de volta, mas estava aliviada com o veredito dela.

- Liberada? - A loira perguntou.

- Liberada. Não será afetada na avaliação também, fique tranquila.

- Ah, ok. Obrigada.

Adora suspirou de alívio, mas ficou pensativa.

- Double Trouble. - Angela chamou. - Quanto à você, posso conversar separadamente se preferir.

- Nah, não precisa.

- Certo. Pelo que me contou, a ideia foi sua.

- Foi sim senhora. - Respondeu tranquilamente.

Catra ficou surpresa, não fazia ideia de que DT iria contar a verdade também, ainda mais por ter sido elu quem teve a ideia de incriminar outra pessoa e que tinha, de fato, feito isso.

- Por isto, pela mentira que nos levou a acusar outra pessoa e pelo resto do seu depoimento, eu sinto muito, mas teremos que lhe tirar da avaliação.

- Estou com muitíssimo arrependimento e muito afetade com isso, mas entendo. - Double Trouble disse, tentando demonstrar emoção. Catra sabia que estava apenas atuando.

- Você também terá que cumprir detenção por um mês. Confesso que por pouco se salvou de uma expulsão.

- Eu agradeço pela misericórdia, senhorita Angela. Admiro muito o trabalho que está fazendo, sempre cuidando muito bem de sua escola e seus alunos. - DT espalmou as mãos no peito, com comoção. - Nem sei como agradecer. Aliás, eu amei seu blazer.

- Ok, obrigada. - Ela agradeceu, percebendo a bajulação. - Mas ainda assim você terá que ir pra detenção.

- Tá, né. - Respondeu, contrariade, e cruzou os braços.

Angela olhou para Catra, e a morena sentiu os músculos enrijecerem com a tensão, mas não demonstrou, apenas a encarou de volta.

- Srta Catra.

A mulher pareceu hesitante, olhou para a sua mesa, depois trocou olhares com a avaliadora, e enfim voltou a olhar para Catra.

- O seu caso é o que nos trouxe mais trabalho para decidir o que fazer. - A diretora confessou. - Você foi quem ativamente realizou todo o ato, e quem deletou a lista, além de mentir sobre a participação de outras pessoas nesta manhã. Quer conversar separadamente?

- Não precisa, vamos acabar logo com isso.

Catra olhou para baixo, apenas esperando para escutar a mulher anunciar que ela seria expulsa da competição e da escola. As coisas não costumavam dar certo para ela nem quando ela não tinha culpa, imagina quando ela tinha.

Sua sorte não era das melhores.

- Bom, sobre a expulsão... Você não será expulsa do Bright Moon. - Catra arregalou os olhos, não acreditando naquilo. - Você cumprirá uma suspensão de três semanas e detenção por um mês.

- Isso é sério? Eu não...?

- Sim, é sério.

Ela suspirou aliviada, soltando um peso de suas costas. Ouviu outras pessoas suspirarem também.

- Mas isso não é tudo. - Angela disse. - O restante precisamos conversar com privacidade, então peço que espere aqui.

- Ok.

- Quanto aos outros, alguma dúvida?

- Quando começa a detenção? - Entrapta perguntou.

- Na segunda que vem já quero vocês aqui depois da aula. - Todos concordaram.

Depois de esclarecer outras dúvidas, Angela disse:

- Outra coisa que foi decidida, e será publicada ainda hoje no site do Bright Moon, mas vou adiantar para vocês, é que a avaliação da Universidade First One aqui no colégio foi adiada até a equipe de TI aumentar a segurança do site e alguns comitês da instituição discutirem o ocorrido. Quando ela retornar, será apresentada a penúltima categoria da competição, já que hoje a quarta categoria está oficialmente encerrada. Dito isso, vocês quatro estão dispensados.

Angela se levantou e se aproximou de Hope para conversar sobre algo, afastando-se dos alunos. Scorpia e Entrapta foram as primeiras a sair da sala, conversando muito mais tranquilas sobre o assunto. Double Trouble ia saindo, e Catra segurou pelo braço.

- Por que você contou pra elas? O que você disse pra elas não me expulsarem?

- Eu não disse nada além da verdade, Kitten. Um pouquinho enfeitada, mas quase certeza que não fui eu que te salvei.

- Ué, isso é estranho.

- Eu contei porque realmente não me importo com a avaliação, só estava nela por causa de meus pais que não são fãs de arte como profissão. - DT explicou. - Mas não há nada mais honroso em minha família do que ultrapassar os limites para vencer, eles ficarão é orgulhosos disso tudo. E pela contribuição que eles dão pro Bright Moon, Angelita não seria nem doida de me expulsar. - Double Trouble fez sinal de dinheiro com os dedos. - Ai, ai, aqueles velhos manipuladores ambiciosos.

- Se você não se importa com nada porque mentiu e deu o nome da Adora aquele dia, hein?

- Eu me importo com algumas coisas, querida. E você precisava de uma sacudida pra ver se acordava. Só quis te ajudar... E ver um pouco de fogo no parquinho.

- Eu te odeio.

- Que absurdo, e eu aqui revelando que me importo com você, tsc, tsc...

Catra revirou os olhos.

- Obrigada. - Ela disse, contrariada. - Mas eu definitivamente não vou mais escutar seus conselhos. E nem te dar dinheiro.

- E não é que acordou?!? - DT brincou, e ia saindo da sala, mas antes comentou - Sobre essa parte do dinheiro conversaremos outra hora...

- Adeeeus! - Catra fingiu que ia lhe dar um tapa, segurando a risada, e Double Trouble saiu resmungando.

Catra olhou para o lado, e viu Adora em pé, a alguns passos de distância.

Elas se encararam, ambas com os olhares mais suavizados do que anteriormente. Catra não sentiu raiva, apenas tristeza. Adora estava séria, mas também não aparentava mais estar com a raiva do dia anterior, quando disse todas aquelas coisas.

Catra sentiu vontade de dizer alguma coisa, talvez tentar se desculpar, e talvez confessar que, igual a loira havia admitido no outro dia, ela também a quis... E ela também havia sentido sua falta, e por aquele motivo somado com alguns outros vinha agindo daquele jeito, e que ela também considerava que a loira tinha sido sua família e a pessoa mais importante, e por isso era tão doloroso lidar com tudo aquilo, mas que agora que ela sabia que não era tudo unilateral... Talvez ela pudesse agir diferente.

Será que ela conseguia?

Por ainda ter a dúvida, resolveu não dizer nada e abaixar a cabeça. Adora, então, passou direto e foi para fora da sala.

Quando ela saiu, Angela voltou para a cadeira que estava antes e conversou com Catra sobre o restante de sua "pena", que na verdade foi algo que lhe pegou de surpresa, no bom sentido. Era na verdade uma recomendação que a diretora e Hope, ao receberem algumas informações de alguém, decidiram que era mais adequada do que uma expulsão ou outras punições.

Aquela sexta-feira acabou de uma forma bem inesperada para Catra, que ficou chocada em quanto pequenas atitudes tinham um potencial de mudança tão grande. Nunca imaginaria que aquela conversa com a diretora e que outra conversa que teve logo após sair de lá poderiam acontecer. Nunca, nem em milhões de anos.

Talvez seu orgulho fosse mesmo seu maior inimigo, assim como sua raiva.

E, talvez, só talvez, tentar viver sem essas duas coisas poderia dar certo. Ou super errado. Mas o que de pior poderia acontecer se ela tentasse?

Não responda essa pergunta.




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Heey, pessoas!

Eu vou falar sobre algo que já queria falar há um tempo em relação a história, e deveria ter colocado na descrição da história (mas foi algo que fui decidindo conforme ela se desenvolvia).

Apesar de ter colocado ela na categoria romance, minha intenção não era criar só uma história de amor, mas também mostrar (tentar pelo menos KKKK) personagens complexas e imperfeitas, e tentar criar uma história e evolução pra elas. Queria mostrar que todos tem defeitos e as coisas não são sempre perfeitas, e que existe uma forma de mudar isso. Minha intenção não é romantizar comportamentos tóxicos, mas mostrar que existem, que culpabilizar o indivíduo é complicado, pois humanos são complexos e que sempre dá pra se melhorar, ninguém é 100% bom ou 100% mau.

E também usei referências da própria série pra desenvolver isso, então sei que algumas coisas tão meio "exageradas" husahsus. Tô aprendendo a escrever ainda, então agradeço mt a paciência de todos! (Comigo e com as personagens, até eu perco a paciência com elas as vezes, ai ai).

Como dá pra notar (tomara que dê SHAUHSA), chegamos em um ponto da fic que foi necessário pra Catra mudar um pouco o pensamento, ela precisava desabafar e escutar algumas coisas antes de ter uma mudança de atitude (mudar do nada seria meio estranho, ainda mais depois dela ter feito tanta coisa errada), e a partir de agora começa o "processo de redenção", espero que não seja uma bosta, mas se for pfv me perdoem.

Apenas agora me sinto tranquila pra começar a desenvolver o relacionamento romântico das duas, não correndo o risco de criar uma relação abusiva, e prometo que vai render bastante boiolisse (preparem a insulina pq a doçura vem aí!), eu avisei que a fic não seria curta lá no início, né não?

Demorou muito? Sim, mas eu queria mostrar a competição toda pra chegar nesse ponto. 

Eu gostaria de saber o que vocês esperam desse momento de redenção da Catra, quão grande acham que precisa ser? (pesquisa de campo huhsauhsa)

Muito obrigada por acompanharem e não desistirem de mim, estou sempre aberta à opiniões e críticas, e agradeço a todos que leram e comentaram até aqui. <3 vcs são demais mesmooo. A partir de agora as coisas vão melhorar, chega de tanto sofrimento haha!


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