A nerd e a Popular (em revisã...

By Hiyola_girl

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Hermione era muita coisa em minha vida... Era a nerd que me ajudava no dever. A chata que me impedia de beber... More

Aquela sensação
O Amor Muda.
Emergência Gay
Cheiros
Ser forte.
De volta pra casa.
A festa.
Provocações.
S.O.S emergência lésbica.
Emprego.
Minha Lua.
Mudanças
Ato de Coragem.
Amar
Luz.
Padrinho e Afilhado.
Cobertor
Romper.
Conselhos de Tonks
Bebedeiras e Megeras
Bom menino
Egoísmo
Família
Princesas
Pote de Vagalumes.
Barreiras.
Refúgio
Pagando Promessa
O que mais?
Clichê
Eterno
Definitivamente namoradas.
Sua esposa(último capítulo)
Especial 1: Meu filho me odeia.

Refúgio ( parte 2)

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By Hiyola_girl

Cheguei com a parte dois do capítulo finalmente!!!!!!! Era pra isso estar no outro, mas eu já estava matando todo mundo desse site de desespero então né Kkkkkkk

Não pensem que eu esqueci doq eu prometi, devo liberar ou hj ou amanhã oq é, espero que vocês fiquem surpreses!!!!
Boa leitura ♥️💚

Pansy Parkinson

Presa.

Eu nunca pensei que chegaria a ser presa em toda minha vida. Eu sempre escutei os amigos da minha mãe dizendo que eu era uma criança problemática, aspirante a delinquente, mas nunca achei realmente que passaria pela experiencia de estar numa cela de cadeia.

Quando os policiais apareceram na casa de Draco eu sabia que estava bastante encrencada, sobretudo quando levaram apenas a mim e não a barata asquerosa do Lucius Malfoy. Eu nem ao menos entendi quem havia chamado a polícia e nem quando, apenas fui tirada de lá, vendo meu amigo ficar para trás com uma expressão completamente confusa e atordoada. Lucius sorria, obviamente, por finalmente me ver afundando.

– Então senhoritas, o que as trás aqui nesta noite?- Uma senhora sentada nos bancos de aço da cela questionou, atraindo nossa atenção. Eu estava apoiada na grade com os braços cruzados , de costas para a delegacia, quando encarei as pessoas a minha frente: Seis no total, eu havia sido a terceira a chegar na cela e mais três vieram pela madrugada. Eu sentia o cansaço invadir meu corpo, sabendo que provavelmente a manhã já havia cego a muito e eu sequer pregara o olho. Eu queria dormir, porém a agonia para sair daqui me deixava inquieta.

– Dirigindo alcoolizada, me jogaram aqui para ficar sóbria.- Uma mulher ruiva disse, sua cabeça estava encostada na parede e seus olhos fechados. – Alguém tem um remédio para dor de cabeça ai?- Gemeu, se encolhendo mais no lugar.

– Quebrei o vidro do carro do meu ex...com ele dentro.- Uma loira disse, me fazendo arregalar os olhos dessa vez. – Peguei ele dormindo com a minha melhor amiga.- Explicou ao notar o silencio, como se aquilo justificasse.

Duas mulheres foram presas juntas pois se envolveram em uma briga de bar. Uma delas tinha uma lado do rosto meio inchado, e a outra estava com a manga da blusa rasgada. Acabaram se tornando amigas no meio da briga, e uma estava encostada no ombro da outra.

– E você, garota? O que fez para estar aqui.- A mesma senhora de antes, que por sinal tinha braços bem fortes, se dirigiu a mim. Eu respirei um pouco, virando minha cabeça enquanto encarava a delegacia.

– Eu dei um soco em Lucius Malfoy. – Um silêncio estranho atingiu a cela. – Depois dele me dar um tapa na cara.

A história pareceu interessar o grupo, que se atentou a minha fala e me incentivou a continuar. Sarah, que era uma das companheiras de bar, afirmou já ter atendido o safado em um restaurante e se sentiu excepcionalmente orgulhosa pelo meu ato, dizendo que todos queriam bater em Lucius Malfoy. Me pediram para contar toda a história, e como eu realmente precisava desestressar, me sentei no chão e comecei:

– E então meu amigo cuspiu na cara dele.- Uma face de surpresa surgia em cada uma a medida que eu contava toda a história. Escutei Matilda, a senhora que iniciara a conversa, soltar um “ coitadinho” quando citei a revelação de Draco Malfoy para todas ali. –Quando eu vi aquele cafajeste levantar a mão para o meu melhor amigo, não sei, algo tomou conta de mim e eu só parti para cima com tudo!

Elas comemoraram com palminhas, me fazendo soltar a primeira risada desde que tudo aconteceu. Eu realmente havia chegado mal-humorada naquela delegacia, mas agora me sentia estranhamente acolhida por todas ali. Aproveitei o embalo e contei outros fatos da minha vida: Minha mãe, meu pai...Hermione. Eu havia feito muitas amizades na prisão.

– Quem dera eu ter meu pai correndo atras do meu amor novamente.- Sarah comentou, ainda encostada no ombro de quem eu agora sabia se chamar Alexia. – Assim que ele descobriu que eu era lésbica me expulsou de casa, com nada mais que a roupa do corpo. Até hoje ele finge que eu não existo.

– Meu pai era um bêbado, então sou eu que o ignoro.- Alexia disse. – Minha mãe nunca me fez nada, mas devo dizer que a sua é uma verdadeira vaca, garota.- Opinou, nos arrancando uma risada. – Mas sobre essa garota, Hermione, acho que temos que falar mais sobre ela, não acham meninas?- Ela provocou, arrancando risadas.

– Certo, certo, podem brigar comigo por ter fugido, todo mundo briga.- Eu me preparei para o que vinha, porém tudo o que chegou a mim foi uma mão no ombro de Matilda.

– Depois que meu marido me beijou eu soquei a cara dele.- Soltamos uma gargalhada divertida. – Reações idiotas são o básico quando se ama alguém.- Explicou.

– Sim mas...eu não fui justa com ela entende? Hermione sempre se sentiu deslocada quanto a qualquer contato mais intimo, digamos assim, e eu sinto que a apavorei ainda mais.- Expliquei arrependida de meus atos. O medo do que Hermione estaria pensando sobre tudo isso voltando para mim.

– Você foi mais injusta com você, certamente.- Agatha, a doida da janela, disse. – Você gosta dela desde sempre, e não foi clara sobre seus sentimentos. Por mais que ela naquele momento não quisesse você, as duas teriam mais clarezas depois daquele beijo. Você ter fugido foi só a consequência por outras decisões.

Uau, que balde de água fria.

– Senhoritas, perdão atrapalhar o clube da Luluzinha.- Um dos policiais surgiu na grade, atraindo nossa atenção. – Mas seu papai veio te buscar, está liberada garota.- Se dirigiu a mim, fazendo com que eu me levantasse.

– Vou senti saudades de vocês, senhoras.- Eu sorri para as cinco mulheres em cela. Elas acenaram para mim, se despedindo. – Quando forem liberadas me procurem, eu trabalho no único estúdio de tatuagem do Beco Diagonal! Até mais!

Parado na recepção da delegacia, meu pai parecia que nem sequer havia dormido. Quando me viu soltou um suspiro que era uma mistura de alivio e cansaço, e eu o recebi com um abraço. Eu podia me acostumar com aquilo, era só tentar.

– Da próxima vez que for socar alguém, principalmente um milionário como Lucius Malfoy, me avise com antecedência queria.- Pediu acariciando minhas costas. – E faça isso de manhã, porque acordar na madrugada é um saco.

– Como conseguiu me tirar daqui, a propósito?- Questionei indo com ele até a saída. Eu definitivamente não queria voltar para a cadeia tão cedo.

– Lucius me deve alguns favores, e não quer ter o dono de uma das maiores empresas de Londres contra ele, é claro. Eu queimei algumas das dívidas dele comigo, mas valeu a pena. Ele não vai fazer denuncia, nada disso vai para a sua ficha.

Me senti agradecida por isso, realmente eu não esperava que meu pai viesse limpar minha bagunça. Me parecia um tanto irreal ter a ajuda dele para algo, porém me dava uma boa sensação, como se eu estivesse recebendo o cuidado que deveria ter recebido antes.

– Será que existe idade máxima para ficar de castigo?- Eu questionei, o deixando confuso. – Porque certamente Molly vai querer meu pescoço quando eu chegar em casa.- Ele gargalhou.

– A reação só não vai ser pior do que a Hermione, pode apostar.- Ele opinou, me fazendo paralisar no lugar e o olhar assustada.

Hermione me mataria.

Xxxxx

Hermione Granger.

– Eu não consigo acreditar que não exista uma pessoa nesse quarto com uma vida amorosa boa.- Harry riu, comendo mais um pouco do bolo. A essa altura já estávamos todos jogados na cama, deitados, enquanto comíamos muito bolo.

– Sei que a namorada do Rony é uma babaca, mas por que ele está incluso no meio?- Eu questionei. Harry e Ronald se encararam, depois me olharam.

– Certo, você está meio desatualizada pela viagem...Ronald e Lilá terminaram. -Harry comentou, colocando seu garfo no prato.

– O quê?! Você terminou com Lilá Brown? Por quê?!- Eu questionei, espantada. Rony encolheu os ombros.

– Na verdade...

– Ela que terminou com ele. E o motivo foi muito besta.- Harry o cortou, me deixando ainda mais abismada. Pisquei os olhos algumas vezes, antes de um estalo me surgir e eu dar um belo tapa em Ronald.

– Ai! Por que isso?- Ele perguntou assustado.

– Você estava namorando a maior patricinha da escola e nem teve um estalo de terminar com ela primeiro? Você é burro?- Eu gritei.

Rony ficou emburrado como em todas as vezes que discutimos, por mais ridícula que fosse a discussão. Era quase algo sistemático quando mais novos, eu e ele brigávamos e Harry apenas assistia, rindo da situação.

– Não sei porque Hermione está inclusa nesse grupo, ela e Pansy se beijaram.

Arregalei os olhos depois que a frase me atingiu os ouvidos. Um silencio tomou conta do quarto e quando eu encarei Harry ele tinha a boca meio aberta puxando para um sorriso.

–Vocês se beijaram? Mas quando?

– Como raios você sabe disso Ronald?- Eu ignorei Harry, que bufou inconformado, e Ronald sorriu malicioso para mim.

– Um passarinho me contou.- Ele respondeu segurando a gargalhada. Espremi meus olhos o encarando ameaçadoramente e ele revirou os olhos. – O mesmo passarinho disse que gostou muito do beijo.

E então eu congelei, entendendo tudo. A única pessoa que sabia daquele beijo era Pansy, certo? E a única pessoa capaz de dizer se gostara ou não também era ela, mais ninguém. Ao mesmo tempo que não fazia sentido, pois Pansy fugiu do beijo, onde infernos isso é gostar muito?

– Hermione? Quando a Pansy te beijou?- Harry insistiu.

– Ela que beijou a Pansy, na verdade. - Pontou o ruivo, fazendo com que Harry olhasse ele ainda desacreditado. Harry piscou algumas vezes antes de se virar novamente para mim.

– Você beijou Pansy Parkinson? Tipo, você a beijou?

Eu revezei meus olhares entre Harry e Rony. O ruivo sorria satisfeito enquanto o moreno piscava inúmeras vezes os olhos, espantado. Eu me sentia encurralada, cercada como num interrogatório policial. Quantos anos de prisão eu receberia por ter beijado minha melhor amiga?

– Eu...bem, um dia antes de eu viajar.- Respondi receosa. – Mas não interessa muito, nada mudou!- Eu disse, e automaticamente me levantei da cama, puxando meu prato vazio e recolhendo o de Harry e Rony.

Escutei protestos vindos dos dois, porém fui mais ligeira em abrir a porta do quarto, apertando meus passos para me direcionar para as escadas. Escutei Harry sussurrar um “ Parada ai mocinha, explique isso” mas me fingi de surda, quase caindo pelos degraus em que passava. Ronald ria atras de nós, e eu cogitei a ideia de jogar um pratinho nele enquanto pisava no piso frio que seguia o ultimo degrau.

Virei na curva, já vendo a cozinha a frente. Talvez existisse alguma das cuidadoras do orfanato ali preparando o café das crianças, alguém que me salvasse do assunto constrangedor. Já perto da porta da cozinha Harry passou a minha frente, me encurralando no corredor. O maldito parou em frente a porta, impedindo minha passagem, e eu o encarei furiosa. Ele tinha um sorriso vitorioso no rosto, enquanto puxava os pratos da minha mão a força e entregava para Ronald.

– Você volta lá para cima, para me contar essa história tintim por tintim! Rony vai com a gente, para garantir que você não esconda nada, já que ele parece saber muito.- Ele disse, dando tempo para o ruivo retornar. Apontou para cima e disse: – Andando mocinha, precisamos ter uma conversa séria.

Subi as escadas pensando que eu tinha o carrasco pendurado em minhas costas, espreitando pelo momento em que condenaria ao mal irremediável. A cada passo que eu dava, cada degrau que eu subia eu só conseguia pensar que talvez me jogar da janela do quarto fosse melhor do que ter aquela conversa com Harry e Rony.

– Certo mocinha, explique-se.- Harry ordenou fechando a porta atrás de si. – E eu estou dizendo de detalhes, fundamentos, sensações...todas as minhas esperanças sobre o amor foram mortas e minha alma se encontra em cacos, eu preciso disso.- Pediu.

Me joguei na cama e encarei os dois. Harry tinha expectativas em seu olhar enquanto Ronald apenas ria de mim com o rosto avermelhado. Murmurei para ele um “ Você me paga, Weasleys.” Enquanto cruzava as pernas e me preparava para contar tudo sobre aquele momento.

– Certo, por onde eu começo exatamente?- Eu questionei.

– Do começo.- Harry pede.

– Certo, do começo.- Eu repeti, organizando meus pensamentos. – Não sei, é difícil dizer sabe? Em um momento era apenas a Pansy, minha amiga desde sempre, aquela que escutou cada decepção amorosa minha...e no outro era a única pessoa que eu não me sentia estranha com o toque entende? Cada abraço, cada contato físico, cada beijo na bochecha, nada me fazia sentir incomodada ou sufocada, parecia completamente certo. Até ai eu acredito que você já soubesse, visto que me falou sobre a ser Demissexual.- Ele concordou. – Mas depois que aquilo aconteceu eu tentei prestar mais atenção nela, e em mim também. Eu estava sempre buscando Pansy, sempre atras de uma proximidade com seu corpo. Em contrapartida ela parecia ansiosa com alguns toques, nervosa em certos momentos entende? E sempre que eu perguntava sobre a tal paixão antiga ela desviava do assunto, sempre com respostas vagas. E aí...

– Você ligou os pontos.- Rony concluiu encostado numa das paredes do quarto, me fazendo concordar com a cabeça. – Sinceramente nessa você foi bem lentinha Hermione, todo mundo do ensino médio suspeitou desse lance.- Debochou de mim.

– Eu ainda estou puta com você, Weasley, não abusa da sorte.- Eu adverti fazendo-o revirar os olhos. – Mas enfim, eu liguei os pontos e pensei na possibilidade dela gostar de mim, fazia sentido não é? E aí bem, eu beijei ela.

– E como foi o beijo?- Harry perguntou ansioso. – Foi bom? Romântico? Você sorriu com o final dele?- Insistiu.

Relembrei do momento em que nos beijamos e sorri. Eu havia amado, amado com cada centímetro do meu corpo, foi uma das melhores sensações que eu já experimentei em toda minha existência.

– A sensação enquanto nos beijávamos, aquela sensação foi a melhor que eu poderia ter...- Eu sorri levando os dedos aos lábios. Pareci despertar de uma bolha e retraí o sorriso. – Mas então ela fugiu quando acabou.

– O que?!- Harry gritou arregalando os olhos pela minha constatação. – Como assim ela fugiu? Como ela pode fugir?- Se questionou irritado. – Isso nem ao menos faz sentido!

Dei de ombros e abaixei o olhar. A verdade é que por mais que eu tivesse tentado entender o que havia acontecido, eu falhei. Todos os dias da viagem eu me pegava analisando a situação, buscando entre tudo o que eu conhecia dela para fazer o ato ter sentido, mas nada se encaixava. Pansy nunca fugia de um beijo, nunca mesmo, era a pessoa com mais atitude que eu conhecia, quando queria alguém não corria disso.

– Talvez eu apenas estava enganada, ela não gosta de mim desse jeito no fim.- Eu conclui. Doía um pouco, eu havia acabado de entender o que eu sentia, como eu sentia, e estava passando por uma decepção amorosa. Com a minha melhor amiga. Realmente patético.

– Meu ovo que estava.- Rony se manifestou de repente, assustando a mim e Harry pelo modo que falou. – Eu sei bem porque ela fugiu, e definitivamente não foi por isso.- Completou. Desencostou da parede, se encaminhando para a cama e parando a minha frente. – Vamos Hermione, pense um pouco. O que levaria Pansy Parkinson a fugir de algo?

Essa era uma pergunta difícil. Pansy nunca fugia de nada, era a pessoa mais destemida que eu conhecia desde sempre. Mesmo que algo pudesse machuca-la muito ela não desistia, pois dizia que ela não importava. Aquilo me irritava em níveis exorbitantes, ela sempre nos punha em prioridade e se importava mais com a nossa proteção do que tudo. Talvez Pansy tivesse mais medo de nos perder do que perder a própria vida e...

– Caralho.- Eu sussurrei pela conclusão que cheguei em minha mente. O ruivo me olhou com um sorriso de canto, sabendo que eu havia entendido. – Caralho!

– É muito difícil ela, você foi a primeira pessoa que não a abandonou na vida, e ela não se acha capaz de te manter perto com um relacionamento, acha que vai estragar tudo.- Ele explicou, e realmente aquilo fazia sentido. Os pais de Pansy, a vida toda cresceu com eles dando as costas para ela, a deixando para trás.

– Certo, mas como você entendeu isso mais rápido que ela?- Harry alternou o olhar entre nós, fazendo Rony soltar uma risada sarcástica.

– Eu a chamei para beber. Você não imagina quantas coisas nós admitimos enquanto estamos de porre.- Ele riu. Se abaixou até ficar na minha altura sentada na cama. – Talvez ela me mate por te contar isso, e talvez eu esteja errado em contar sobre os sentimentos de outra pessoa no lugar dela, mas você precisa entender o quão perdidamente apaixonada Pansy Parkinson é por você, Hermione. E você precisa entender antes que sufoque em si mesma o sentimento que você tem por ela, que já está mais do que claro para nós, mas não para ela.- Ele colocou uma mão no meu joelho e sorriu para mim. – Sabemos bem que vocês duas estão fugindo dessa conversa, mas acho que já chega, não é?

Ele está certo, chega.

Xxxxxxxxxx

Pansy Parkinson

Enrolei alguns minutos com meu pai até voltar para casa, chegando quando já era noite. Não sabia se era por medo da bronca que eu levaria de Molly e certamente de Hermione, ou apenas porque estar em casa terminaria com toda aquela situação. Era injusto, Draco ainda estava naquela casa e eu não sabia o que passava-se com ele. Eu havia tentado ligar, mas ele não atendeu. As mensagens não chegavam, as ligações caíam na caixa postal e nem o telefone da casa era atendido. Eu estava a completas escuras quanto a situação atual do meu amigo, e isso era aterrorizante.

Quando cheguei tomei mais cuidado que o normal para abrir a porta. Talvez se Molly estivesse na cozinha eu teria a oportunidade de fugir, indo direto para o meu quarto e só saindo de lá em duas semanas. Sim, seria tempo o suficiente para ela se acalmar. Meu pai estava logo atrás de mim, e vinha com a mesma calma que eu, quase como um comparsa de crime.

O deixe passar quando entrei na casa, fechando a porta com todo o cuidado do mundo assim que ele entrou dentro de casa. Apontei para as escadas como uma forma de sugerir que subíssemos, e ele concordou com a cabeça. Possivelmente também estaria com medo da matriarca, mesmo não tendo sido culpado de coisa alguma, Molly causava isso nas pessoas, era fato.

– Pansy Parkinson é bom não estar fugindo de mim!- Sua voz veio estridente da cozinha. Paralisei todo meu corpo, xingando mentalmente sua super audição de mãe. Respirei fundo e chamei meu pai para me acompanhar até a cozinha, agora andando de modo normal.

Entrei no cômodo e soube que estava morta. Molly segurava uma colher de pau e tinha as duas mãos postas na cintura de maneira irritada. O rosto expressava toda a sua fúria, e a panela de pressão atras de si parecia demonstrar a intensidade do perigo presente ali. Alta, com certeza alta.

– Molly, eu juro que posso explicar.- Eu disse, mas aquilo pareceu a irritar ainda mais, pois veio em minha direção apressadamente levantando uma das mãos, para a minha sorte a que não carregava a colher. Me escondi atras do meu pai, assustada. – Molly, Molly, Molly! Calma!- Eu implorei, me apertando nas costas de Richard. – Eu juro que sou inocente, foi apenas defesa.

Puxei o corpo do meu pai a medida que Molly se aproximava, usando aquela brecha para ter mais espaço na cozinha. Me afastei do corpo dele quando senti o vento da colher de pau próximo a minha mão, indicando que o golpe vinha. Me pus atras da mesa, como para me defender.

– Presa! Você foi presa! Eu estou criando bárbaros por acaso? Ensinando a se meterem em brigas o tempo todo?- Ralhou irritada, indo em minha direção. Dei a volta pela mesa e vi meu pai observar tudo apavorado. – Imagine que desespero, receber as duas da manhã uma chamada do meu amigo de longa data, que trabalha na polícia, dizendo que uma das minhas crianças estava presa! E pior, essa criança era você!- Ela gritou ainda mais irritada. – Sempre pensei que teria que buscar um filho na prisão, porém eu jurava que seria um dos gêmeos, ou os dois! Espero que a explicação seja boa, mocinha!- Quase me alcançou, fazendo com que eu desviasse de um tapa me abaixando e passando por debaixo da mesa.

– Senhorita Weasley, por favor tenha calma!- Meu pai pediu assim que eu saí da parte debaixo do móvel. Molly o encarou em fúria e ele paralisou no lugar. – Pansy estava apenas defendendo o amigo dela, Draco. O pai ia dar um tapa no rosto do menino.

– E ele me bateu também! Meu rosto ainda está vermelho!- Eu disse atrás da cadeira. Molly pareceu ponderar, respirando algumas vezes antes de virar novamente em minha direção, mais branda. – Juro que foi legitima defesa.

– Certo, então você estava protegendo alguém.- Ela disse, como se estivesse usando aquilo para se acalmar. – Ainda sim a senhorita não vai se safar, estou de olho mocinha! – Alertou, se virando novamente para meu pai. – De qualquer modo, obrigada Richard. Não sei como faria para livrar essa criatura da cadeia sem sua ajuda.- Sorriu simpática, mudando da água para o vinho. Meu pai respondeu ao gesto.

– Que isso Molly, é meu dever como pai.- Riu com um ar orgulhoso. Quase murmurei um “ traíra” porém Molly ainda segurava a colher nas mãos. – Teria um pouco de café, não dormi muito a noite.- Explicou.

– Claro que sim!- Ofereceu uma cadeira para ele, olhando para mim. – E você mocinha, vá tomar um banho para retirar o cheiro de cadeia do corpo, ande!

Não questionei porque parte minha clamava por um banho demorado. Passei o dia andando com meu pai, conversando pelas ruas de Londres gastando tempo. Me sentia imunda.

Quando a água fria atingiu minha pele um alivio desesperado gritou, fazendo com que eu soltasse uma lufada enorme de ar. Deixei molhar principalmente meu cabelo, escorrendo pelo meu corpo toda a água enquanto pensava nos próximos passos.

Eu tinha que falar com Draco, tinha que tira-lo daquele inferno.

Eu definitivamente tinha que dar um soco em Daphne.

E eu precisava conversar com Hermione. Precisava muito conversar com Hermione. Como se compacta mais de dez anos de conversas acumuladas em uma conversa só?

“Hermione, eu gosto de você. Na verdade foi por isso que eu fugi de você depois daquele beijo.” Péssimo.

“Hermione, lembra da nossa infância? Então, eu passei toda ela apaixonada por você haha” Horrível.

“ Eu amei o beijo! Mas meu psicológico fudido me deixou com medo de te perder.”

Aí Deuses, eu estava perdida.

Saí do banheiro desesperada por minha cama. Meu rosto ainda estava avermelhado e o lábio com um corte, minha mão doía um pouco e meu corpo estava exausto pela falta de descanso. Molly iria entender, eu estava muito cansada para voltar para o andar debaixo. Parecia que a água havia levado o resto das minhas energias, e eu implorava por uma noite extensa de sonos.

Assim que cheguei na porta de meu quarto escutei do andar debaixo a porta bater e Ronald gritar um “ Estou em casa!”. Nada muito relevante, ele deve ter saído para ver o amigo assim como eu também teria feito. Será que Hermione já tinha voltado para casa?

Como se tivesse escutado meus pensamentos Hermione surgiu, dizendo “ Oi tia Molly, Pansy está aqui?” e me fazendo paralisar no lugar...Eu estava com a bochecha avermelhada, o lábio cortado e com uma cara de quem não dormiu direito, o que era verdade. Hermione me veria tão bagunçada que seria impossível não escutar uma bronca de duas horas sobre o quanto eu fui irresponsável. Sendo assim entrei no quarto desesperada e com a luz apagada, rezando para que ela acreditasse que eu estava dormindo e voltasse amanhã, dando tempo de eu me cobrir inteira de maquiagem para disfarçar.

“ Está sim queria, pode subir que ela deve estar saindo do banho.” Escutei a voz de Molly responder. Essa casa era estranha, podíamos escutar quase tudo o que alguém dizia ou fazia no andar debaixo se estivesse consideravelmente vazia e com a televisão da sala desligada. Será que a estrutura era muito fina? Ou nós apenas tínhamos a péssima questão de sermos barulhentos demais?

Escutei o ranger das escadas conforme ela subia e tentei andar pelo quarto em busca de um plano. E se eu pulasse da janela? Me escondesse no guarda roupa? Ou embaixo da cama?

– Pansy?- Ela chamou do corredor, me fazendo paralisar no meio do quarto. Me joguei apressadamente na cama e me cobri com os cobertores. Isso bastaria. – Pansy?- Insistiu, batendo na porta.

Fechei forte os olhos quando escutei ela entrando no quarto. Ela caminhou a passos lentos para a cama e deve ter parado próximo ao meu corpo, pois estranhamente senti sua presença ali. Me mantive parada, a respiração era forçadamente lenta e os olhos estavam ansiosos por terem que ficar serrados enquanto eu claramente estava acordada. Hermione se sentou na cama, afundando um pouco meu colchão com isso e eu senti sua mão passear pela minha bochecha.

– Parece que nunca é a hora certa de conversar, sempre acontece algo não é?- Ela sussurrou, provavelmente falando mais para si mesma. Passeou mais a mão pela minha pele, sendo impossível não estremecer com o toque. Parou de repente, e eu quase abri os olhos estranhando. – Que machucado é esse na boca dela?

Porra.Porra.Porra.Porra.

– Pansy, acorda.- Pediu me balançando devagar. – Não pode dormir com isso assim, tem que limpar.- Insistiu, eu fingi estar num sono profundo. Talvez Hollywood devesse me recrutar. – Pansy Parkinson!

Mesmo acordada, seu tom de voz me fez pular assustada, Hermione era apavorante, ainda mais brava, e eu não ousaria irrita-la mais ainda. A encarei, tentando encenar minha melhor cara de confusão possível.

Eu devo ter falhado miseravelmente, pois mesmo na pouca luz conseguia ver sua cara de poucos amigos.

– Você estava fingindo dormir?- Ela questionou, e inutilmente eu neguei. – Não minta para mim, Parkinson.- Eu confirmei, assustada. Ela ascendeu o abajur e estreitou os olhos para me olhar mais atentamente. – O que causou isso na sua cara.

Minhas opções se resumiam a mentir e ser pega em flagrante, deixando ela puta a ponto de me matar ou contar a verdade e morrer no processo... Realmente uma escolha difícil.

A mão de Hermione tocando meu machucado na bochecha me fez esquecer momentaneamente de pensar. Sua cara demonstrava preocupação, o rosto contraído como se sentisse minha dor a medida que passava a ponta dos dedos pelo local. Seria errado querer beija-la apenas por ver isso?

– Por que está sempre se metendo em encrencas quando não estou por perto?- Questionou irritada. Comprimi os lábios enquanto levava a minha mão a sua, a tocando levemente.

– Sabe que eu preciso de supervisão cem porcento do tempo.- Eu respondi olhando para si, sem ousar desconectar nossos olhares. Ela sorriu fraco, abaixando o olhar para meu lábio inferior. – Desculpa, eu me meti em uma confusão com Lucius Malfoy, e depois fui presa. Eu nem sei como está Draco, eu fui tentar defender ele mas...

– Sempre tão estupida ao ponto de não se cuidar.- Ela reclamou, transformando o rosto numa expressão irritada. – Eu sei que ele é seu amigo, mas olha para você, ele te machucou.

Hermione não perguntou porque eu apanhei, muito menos me questionou o que aconteceu em seguida. Eu nem ao menos terminei de falar, mas sua única preocupação foi me ver assim. O mundo caía ao nosso redor, o seu amigo estava na pior, e o meu também, mas ela se preocupava unicamente com o meu estado agora. Era tão hilário.

– Por que está rindo?- Ela indagou confusa e meu corpo se aproximou do seu enquanto eu sentia uma onda de risadas me atingir violentamente, sendo impossível parar. Lágrimas começavam a aparecer na frente de meus olhos.

Levei as duas mãos até o rosto de Hermione, puxando levemente para mim e dando um selinho em si. Ela ficou estática por alguns instantes, enquanto eu me afastava lentamente para olha-la.

– Porque eu te amo.- Eu disse, ainda em risadas. – Caralho, eu te amo muito!- Eu reafirmei, fazendo-a soltar uma risada em seguida, encostando a testa na minha. – Eu te amo muito, Mione.

– E eu te amo, Pansy.

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