Cheiros

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Cheiros. Tudo ao nosso redor tem cheiros.

A pessoa também tem cheiros.

Eu sempre gostei de identificar os cheiros nas pessoas. Talvez porque sempre estão relacionados com o seu dia a dia, e eu sinto como se pudessem viver aqueles momentos com eles, na minha imaginação.

Gina tinha cheiro de pêssego, lavanda e pão fresco. Eles vinham de seu shampoo, dos idosos que ela secretamente visitava todas as teças e quintas, pois dizia que se algum aluno soubesse tirariam sarro dela, e das encomendas da Tia Molly.

A matriarca da família Weasley começara a fazer pães caseiros para venda com o objetivo de ajudar nas contas da casa. Tio Arthur tinha perdido o emprego quando os gêmeos tinham dezesseis anos, e no período ruim fez se necessárias todas as medidas possíveis. Como Molly sempre teve uma ótima receita de pão, começou a vender para conhecidos e vizinhos, fazendo assim uma boa reputação de modo muito rápido.

Fred e George também tinham esse cheiro, porém, certos os diferenciavam dos outros. George tem cheiro de limão, e pólvora por causa dos fogos e bombinhas. Fred tinha de diferente do irmão o cheiro de refrigerante sabor uva... Eu não entendia como sabia definir meticulosamente cada cheiro, mas eu conseguia.

Papai e mamãe tinham cheiro de pasta de menta, luva de silicone e álcool. Por causa disso, nas suas viagens mais longas eu procurava sempre algo com esses cheiros para me tranquilizar. De usar as luvas reservas de casa até passar álcool na mão de cinco em cinco minutos, tudo o que me trouxesse os dois de volta me era útil.

E tinham os cheiros de Pansy. 

O primeiro a ser notado era o de seu perfume. Eu não sabia a marca, e com certeza era caro demais para minha realidade, mas o cheiro era inconfundível. Era amadeirado, certamente um perfume masculino, e era do tipo que ficava por horas, e qualquer coisa que entrassem em contato pegava o cheiro. Eu o conhecia como “o perfume de Pansy” e às vezes, malandramente, eu emprestava meus casacões, jaquetas jeans ou camisas para ela, pois assim teria o cheiro dela nas minhas roupas.

Ela também tinha cheiro de livros novos. Aquele cheiro de quando você acaba de abrir a embalagem e começa a mexer nas paginas. Tenho quase certeza que era por causa dos estudos, pois conhecendo minha amiga, sei que cinco minutos de leitura a fazem roncar em cima dos livros.

E tinha o ultimo, meu favorito dentre os três.

Pansy jogava futebol na faculdade. Era do time oficial de Hogwarts, além de ser da Sonserina, um dos quatro times internos. Eles disputavam entre si em campeonatos daqui, e os jogadores destaques de cada um eram selecionados para o principal, que competia em jogos de fora.

Por esse motivo, na maior parte do tempo ela tinha cheiro de grama recém-cortada, que se juntava ao suor e a terra adquirida nos tombos. Era um cheiro agradável, apesar de tudo.

E era pensando nisso que eu observava ela correr de um lado para o outro no campo da escola. Ela treinava com Ginny e as outras meninas do time principal. Eu ouvia gritos e palavrões da técnica, ao que me parecia, Pansy estava brincando muito em jogo.

Geralmente eram assim, todas as quartas depois da minha ultima eu esperava Pansy para voltarmos para casa. Eu me sentava nas arquibancadas, abria um livro qualquer para ler e esperava minhas duas amigas fedorentas aparecerem. Hoje em especial, resolvi assistir.

– No que está pensando?- A voz da minha amiga interrompeu meu momento reflexivo. A encarei, ela estava toda suada, os cabelos curtos colados na face e o sorriso cansado no rosto. Eu sabia bem que o maior amor dela era o futebol, desde pequena. Ninguém joga como ela, nem nunca vai jogar... Isso é tão lindo.

A nerd e a Popular (em revisão)Where stories live. Discover now