Ser forte.

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Uma coisa que eu sempre odiei em mim foram minhas pequenas manias. Segundo Hermione, eu sempre tive muitas delas.

Eu as odiava, elas eram minhas fraquezas. Era tudo o que me entregava aos meus inimigos.

Quando eu entrei pela porta de casa, eu tinha apenas uma missão: Tomar um banho e sair sem atormentação. Porém, logo assim que passei em frente a salão de refeições e pus o pé no primeiro degrau, escutei uma voz desagradável e fria me chamar:

–Pansy? É você?- A voz da minha mãe, calma como sempre, perguntou por mim. Vi-me obrigada a dar meia volta para adentrar o cômodo. – Está viva então. - Disse sem grandes emoções.

Veja bem, eu e minha família nunca fomos o exemplo a se seguir. Basicamente, minha mãe se arrependia profundamente da minha problemática existência e perguntava a Deus se não existia castigo pior. Apesar disso, seguíamos com nossa existência em conjunto.

– Bom dia família. - Deu meu melhor sorriso forçado, me preparando para sair. – Tchauzinho família.

– Espere. - Ela bebericou seu café. - Coma com a sua família.

Qualquer um que conhecesse Verity Parkinson saberia que aquele tom não era sugestivo. Era uma fala carregada de autoritarismo a ponto de você ter noção de que, acaso discorde, seria seu fim. Sendo assim, escolhi começar meu dia de uma forma, mas amena, me sentando em uma cadeira da longa mesa de jantar.

– Onde esteve?- Me perguntou, mas sem tirar os olhos de suas torradas com geleia. Quando levantou o olhar para mim, tentou fingir interesse na pergunta. 

– Num motel, mamãe. - Respondi com a voz mais doce que me cabia. - Rodeada de várias e várias mulheres, numa noite incrivelmente longa de bebedeiras e orgias. - Completei petulante.

E lá estava a primeira mania. Eu não podia evitar, tinha algo em mim que me colocava na posição de desafiar a autoridade da minha mãe. Abaixar a cabeça para seres humanos tão prepotentes não combinava comigo, e isso me metia em diversas encrencas.

Escutei do outro lado da mesa meu pai engasgar com o suco, claramente desconfortável. As vezes parecia que ele nem estava no mesmo ambiente, considerando que nem se esforçava para mostrar-se presente. Ele levantou da cadeira, limpando a garganta:

– Bem, eu vou indo, tenho um...

– Um encontro com a amante?- O cortei, apenas para ter o prazer de deixa-lo desconcertado. Sorri para ele, enquanto o via arrumar a gravata.

– Até mais tarde. - Disse simplesmente, antes de passar por nós duas e sair. O olhar da minha mãe começava a indicar sinais de raiva, e não resisti a oportunidade de provoca-la.

– É impressionante como você se submete a essa situação não é mesmo? – Coloquei um pouco de suco no meu copo. – Mas devo admitir, a senhora é uma campeã. - Bebi um pouco. - Aturar sete anos de traição é para poucos dona Verity.- Fui sarcástica.

Eu descobri que meu pai traia minha mãe quando eu tinha quinze, quando já tinha dois anos de caso. Ela era minha professora de natação, e eles se encontravam escondidos todas as quintas, no ginásio ao lado da piscina.

Obviamente como boa filha eu contei para minha mãe. Certo que na época já não nos dávamos bem, mas ainda era minha mãe ali. Ela estava sendo enganada, e não era justo.

E foi quando eu falei tudo para ela, eu descobri o quão era minha família.

– Precisamos conversar, seriamente. - Ela ignorou meu comentário, como era de se esperar. Senti meu nariz se enrugar, e lá estava minha segunda mania, Hermione dizia que essa era a mais fofa.

A nerd e a Popular (em revisão)Where stories live. Discover now