When you met me in detention.

By lwtexts

139K 17.4K 71.4K

Depois de muito aprontar na escola de Wassed, Harry Styles tem seu plano de acabar com a olimpíada anual - de... More

primeiro.
terceiro.
quarto.
quinto.
sexto.
sétimo.
oitavo.
nono.
décimo.
décimo primeiro.
décimo segundo.
décimo terceiro.
décimo quarto.
décimo quinto.
décimo sexto.
décimo sétimo.
décimo oitavo.
décimo nono.
vigésimo.
vigésimo primeiro.
vigésimo segundo.
vigésimo terceiro.
vigésimo quarto.
vigésimo quinto.
vigésimo sexto.
vigésimo sétimo.
vigésimo oitavo.
vigésimo nono.
trigésimo.
trigésimo primeiro.
trigésimo segundo.
trigésimo terceiro.
epílogo.

segundo.

5.1K 667 1.4K
By lwtexts

A sala estava sendo iluminada pela luz solar, que adentrava as janelas de vidro – fechadas – e clareava todo o cômodo fedido a mofo.

As carteiras de madeira estavam empilhadas na parede do fundo – também mofadas –, mal cobertas por um pano branco e sujo.

Haviam cadeiras espalhadas pela sala também, onde Harry se encontrava sentado no momento, encarando o ventilador pendurado por uma fita durex, pensando sobre como aquilo não parecia que iria o segurar por muito tempo.

Seu braço ainda estava dolorido pelo puxão desnecessário que recebeu de Carter, mas não haviam hematomas, até porque se houvessem ele faria um escândalo.

O odor de mofo o incomodava, suas roupas molhadas o incomodavam, os machucados em seus dedos o incomodavam. Estar ali o incomodava.

Era difícil se concentrar em qualquer coisa quando se havia ateado fogo no placo do teatro.

A mente de Harry alternava entre se culpar e tentar arrumar uma desculpa para se livrar da bronca. Mas também estava enfurecido o suficiente com o fato de ter sido dedurado pelo garoto loiro do cabelo lambido.

Styles bufou descontente, se apoiando com brutalidade no encosto duro da cadeira, machucando suas costas e cruzando seus braços.

Haviam um biquinho em seus lábios, seu cenho estava franzido e ele sabia que seu cabelo estava bagunçado, tudo pareceu desmoronar sobre sua cabeça desde o momento em que os fios começaram a pegar fogo.

O esverdeado se assustou ao perceber a porta da sala ser aberta com raiva e arregalou seus olhos ao escutar o barulho da colisão, resultando na maçaneta descascando a tinta da parede pela forte batida.

Ele assistiu Louis Tomlinson ser empurrado – para dentro do local – pelas mãos do diretor, que pigarreou algo antes de fechar a porta, a batendo outra vez.

Harry observou o garoto jogar sua mochila ao lado de uma das cadeiras, sentando-se de má vontade na mesma e abrindo suas pernas, deixando suas coxas esparramadas pela madeira plana do assento. Sua camisa social branca estava quase transparente, colada em todo o seu torso.

Ele tinha um belo corpo, Harry admitia subconscientemente, encarando o acastanhado puxar o tecido fino para longe de sua pele, na tentativa de "descolar".

Louis suspirou de maneira entediada, abrindo sua bolsa e tirando um pacote de amendoins de lá, despejando um punhado em sua mãos e o guardando novamente.

— 'Tá fazendo o que aqui? - Ele questiona se direcionando a Harry, que se surpreende com sua voz aveludada e melodiosa, ao mesmo tempo rouca e apressada. Louis tinha um sotaque britânico irreconhecível, Harry se pergunta como nunca o viu pelos corredores.

— Me caguetaram 'pro diretor - Respondeu a contragosto, apoiando um de seus pés no apoio da carteira empilhada, deixando o outro pé ainda apoiado no assoalho de madeira. — Eu descasquei os fios de iluminação 'pra olimpíada ser cancelada. E você?

Tomlinson sorriu nasalado e divertido, arremessando mais um caroço de amendoim para dentro de sua boca, enquanto encarava Harry curiosamente.

— Me deduraram também - É o que ele responde, levantando-se preguiçosamente e arrastando sua cadeira para perto de Styles, sentando-se ao seu lado. — Eu derrubei meu cantil de vodka em cima da mesa. O líquido caiu no chão e o contato do álcool com a eletricidade provocou a explosão, alguém viu e contou para o Carter.

— E por que você não evitou isso já que sabia? - Harry questionou com o cenho franzido, retirando seu pé do apoio da carteira e o bateu no chão.

Que porra? Aquele garoto o fodeu propositalmente.

— Ei, calminha aí, eu percebi que o cantil estava virado quando o fogo estava se alastrando e eu tive que sair do auditório. - O azulado revirou os olhos pela ação que Harry teve, voltando a comer seus amendoins.

Styles bufou impacientemente, voltando a se encostar com brutalidade na cadeira, batendo a sola de seus sapatos no chão.

Ele estava preocupado com a punição que receberia, em todas as vezes nas quais aprontou nunca havia ferido ninguém, muito menos ateado fogo no palco do auditório.

Seus coração estava acelerado, a todo momento ele podia sentir o órgão pulsar rapidamente dentro de seu peito, enquanto suas mãos – ainda molhadas – suavam incessantemente e seus pés estavam inquietos.

— Mas me diga, você é o "mascote-

— Harry Edward Styles, é um prazer também, Louis William Tomlinson. - Sorri falsamente, sem dentes ou qualquer tipo de animação.

O acastanhado sorri, jogando sua cabeça para trás, enquanto apoia seu pé em seu próprio joelho, parecendo cansado de tudo aquilo.

— Não entendo o motivo pelo qual você decidiu trapacear a olimpíada, eu iria participar.

— Não, você não iria. E se depender de mim no final do ano ninguém irá participar novamente. - Harry responde irritado, virando seu corpo – que gesticula junto às suas mãos – para o garoto ao seu lado, deixando visível o quão irritado ele estava com a situação em que se encontravam.

Louis o encara com suas sobrancelhas arqueadas e questionadoras, parecendo querer sorrir das expressões de Styles.

— E por que não? O que você tem contra as olimpíadas?

— Não é do seu interesse.

— Oh, você age como uma criança, entendi qual é a sua. - Tomlinson diz calmamente, despejando mais caroços salgados em sua mão, enquanto Harry parece estar à beira de um surto.

— Você come merda? - Questiona ferozmente, dando um tapa na mão gélida do azulado, assistindo todos os amendoins se espalharem pelo assoalho da sala. — Você me conhece há menos de dez minutos para me julgar e me chamar de criança!

— Você acabou de provar que não passa de uma criança mimada, que não sabe debater e muito menos negar amigavelmente. - Louis debochou, chutando os caroços para longe de sua cadeira.

Harry estava indignado.

— Ao menos somos amigos, sobre o que você está falando?

— Qual é, garoto, seus pais são donos de franquias da Burberry, vocês limpam a bunda com dinheiro, o que você quer sabotando uma olimpíada escolar? Chamar atenção deles? - Perguntou retoricamente, sabendo que o cacheado não responderia. Louis voltou a mexer em sua bolsa, sem prestar atenção na feição chateada e passageira que Harry fez.

Mesmo que inconscientemente, Styles vacilou, tanto em sua feição "inabalável" quanto em sua firme pose. Abrindo seus lábios almofadados para tentar dizer algo, enquanto seu peito parece diminuir cada vez mais e sua cabeça começa a latejar, por tanto pensar nas palavras do azulado.

Styles negou com sua cabeça, sabendo que Tomlinson não estava o encarando, e expirou todo o ar concentrado em seus pulmões, prensando seus lábios um no outro e apertando seus dedos em seus braços, cobertos pelo tecido molhado de seu uniforme.

Família era um assunto que ele evitava tocar, porque simplesmente o deixava ansioso.

[...]

Os garotos estavam exaustos de estarem ali, um na presença do outro, em absoluto silêncio. Apenas inspirando o odor nojento de mofo, enquanto aguardavam por algum tipo de resposta.

Harry pensaria que estivessem os esquecido na sala sem supervisão, mas foi contrariado ao escutar a porta sendo aberta, enxergando o corpo alto e magro do diretor, que segurava canetas e papéis em mãos.

Ele estava fodido.

— Não quero ouvir desculpas, quero explicações concretas para a sua ação, seu garoto insolente metido a anarquista. - Carter ralha, literalmente cuspindo no rosto sonolento de Harry, que o encara com um sorriso presunçoso no rosto.

— Você quase ateou fogo na minha escola, mau elemento! - O diretor parece estar raivoso, gritando com Styles, enquanto o mesmo seca a saliva nojenta do mais velho, que espirrara em seu rosto.

— Isso mesmo, quase, não totalmente.

As pequenas veias dos olhos de Carter ficam mais vermelhas ainda, mostrando o quão furioso ele está. Seu punho está cerrado e ele mantém uma distância segura do estudante.

— Eu deveria ter retirado de sala todos os professores que votaram contra a droga da sua expulsão! - O grisalho gritou, batendo seu pé no chão, provocando a tremedeira do chão e o balançar dos vidros das janelas.

Harry arregalou seus olhos, pois o diretor nunca havia ficado naquele estado ao lhe dar uma bronca ou advertência.

— Comece a falar agora, Edward Styles.

O esverdeado engole seco, procurando evitar a gagueira ao começar a se explicar, mas era óbvio que ele não contaria a verdade.

— Um dos alunos me pediu para ver se a tomada estava com mal contato - Ele começou, falando em um tom de voz extremamente baixo, parecendo estar arrependido. — Eu achei que seria melhor desencapar os fios, e-eu— Me perdoe senhor Carter, eu não sou eletricista, não sabia o que estava fazendo, eu só estava tentando ajudar na organização. Pode perguntar para o garoto que lhe contou sobre o que eu estava fazendo. - Baixou seu olhar, brincando com seus dedos sobre seu colo, mordendo seu lábio inferior, tentando segurar seu sorriso.

— A culpa não foi totalmente dele, caso o cantil não estivesse lá nada disso teria acontecido. Eu não sabia que havia líquido alcoólico dentro do objeto, eu estava atrasado para a olimpíada, mal percebi quando esbarrei naquilo, foi um susto muito grande quando as luzes começaram a piscar e houve uma explosão ao meu lado. O senhor deveria estar preocupado com o meu bem-estar, senhor Carter, não concorda? - Tomlinson pergunta sugestivo, se levantando com calma e parando na frente do diretor, permanecendo na mesma altura do mais velho. Harry os achava altos demais.

Embora estivesse confuso, ele apenas assentia, tentando convencer o homem que estava arrependido pelo acontecimento, mantendo seu olhar baixo e seus olhos marejados de maneira artificial, enquanto fingia soluçar quase silenciosamente.

— Eu pouco me importo com a situação de vocês, estou cansado de ouvir reclamações diárias dos professores, falando o quão péssimos vocês são! Você - apontou para Louis. — Você foi transferido para o turno matinal pois seus professores não te aguentavam mais em sala de aula, aprontando como uma criança desorientada. E você - Apontou para Harry. — Você passou de todos os limite.

Styles assente, parecendo estar o ouvindo com atenção e arrependido. Louis concorda, segurando seus pulsos atrás de seu corpo, enquanto encara o fundo dos olhos de Carter.

Torçam para que não haja uma próxima vez, porque caso tenha, vocês deram permanente expulsos. Não conseguiram uma faculdade que preste e nem um emprego que sustente vocês. E me aguardem, porque se depender da minha pessoa e da minha diretoria, vocês serão expulsos antes do segundo trimestre do ano. - Carter esbraveja, quase berrando, enquanto gesticula com as mãos e amassa as folhas em suas mãos.

Harry sente seu coração disparar, mas desacelera no mesmo segundo, como algum tipo de incômodo que o invade. O motivo provavelmente é: sua expulsão.
Pode parecer mentira, mas era óbvio que ele gostaria de ser alguém na vida, cursar a faculdade de seus sonhos e ser feliz com seu próprio trabalho, mas parecia difícil quando nem mesmo seu diretor colocava fé em si. Afinal, quem colocaria fé em Harry?

No entanto, sua expressão facial ainda era a mesma, a mesma que ele tinha no rosto enquanto desencapava os fios, a mesma que ele tinha no rosto enquanto assistia toda aquela confusão e, a mesma que ele tinha no rosto enquanto era puxado furiosamente por Carter.

Louis o encara convidativo, arqueando suas sobrancelhas e sorrindo minimamente, enquanto o diretor apoia as folhas sobre a uma das mesas localizadas no meio da sala.

— Conversei com os outros professores e monitores da instituição, foi decidido que vocês apenas entrarão na escola com a autorização dos seus pais ou responsáveis - O mais velho arrastou as folhas pela mesa, empurrando uma para cada lado, aguardando ambos garotos pegarem as mesmas. — Vocês também ficarão responsáveis pela organização da biblioteca da escola durante o contra turno, é indefinido o tempo o qual vocês trabalharão e, eu não aceito 'não' como resposta.

Harry arregalou seus olhos, quase caindo para trás quando o ouviu dizer aquilo. Passar suas tardes enfurnado em uma biblioteca, arrumando livros empoeirados e velhos não passava nem perto de sua rotina mental.

— Eu não posso ficar durante a tarde na escola-

— Você pode, e você vai, Edward Styles. - Carter pressiona seus dentes uns nos outros, cerrando seus olhos enquanto apoia suas mãos na madeira. — Deveria ter vergonha de pensar em negar isso. Depois do que você fez, deveria faxinar todo o prédio escolar e pagar pelo prejuízo que você me deu. Mas eu não posso te colocar na linha pois, segundo os outros professores, você "é apenas uma criança que está aproveitando sua juventude de maneira errada".

O mais novo engole seco, encarando seu diretor com o olhar firme, mas ainda sim abalado internamente.

— Mais alguma coisa senhor Carter? - Louis questiona, puxando o papel, que estava colado na palma da mão do homem.

— Estão liberados pelo resto do dia, assim como os outros alunos - Responde com certo nojo na voz, ainda inclinado sobre a mesa. — Essa instituição será melhor quando eu finalmente conseguir a expulsão de vocês, eu tenho certeza disso. - Carter deixa a sala, resmungando e reclamando sobre aquilo.

Harry ainda tem seu cenho franzido e seus braços descansando em seu colo, enquanto uma de suas pernas balança cíclica e nervosamente.

Ele fecha seus olhos, sentindo suas bochechas queimarem e arderem de maneira dolorida, provavelmente estão mais vermelhas e chamativas do que deveriam, assim como seu lábio, que agora tem um gosto metálico sobre sua língua.

— Se você não tivesse derrubado aquela merda nada disso estaria acontecendo comigo. - Harry encara Louis, cerrando seus olhos e se levantando bruscamente da cadeira onde estava sentado.

— Escute, Styles, como eu disse anteriormente, nós dois temos culpa nisso - Tomlinson se aproxima, ficando perto o suficiente do rosto do esverdeado, sentindo seu hálito doce e podendo perceber as sardinhas quase invisíveis salpicadas em seu rosto pálido, também visualizando a pequena fita de sangue se acomodar nos lábios carnudos e corados.

Louis leva sua mão até as bochechas coradas de Harry, percebendo o quão quente elas estão ao tocá-las, apertando seus dedos na pele macia do mesmo, fazendo-o formar um biquinho inconsciente nos lábios.

— Se você não tivesse sido idiota ao ponto de descascar fios nada disso estaria acontecendo, me entende? - Questiona calmo, assistindo as sobrancelhas de Harry se amarfanharem. — Fizemos merda, ambos carregamos a culpa, aceite isso. - Tomlinson tinha seus lábios próximos aos de Harry, as peles quase roçavam-se, e o cacheado se afastou com rapidez, segurando nos pulsos do maior e retirando suas bochechas dos dígitos dele.

— Fale por você. - Styles segurou uma das alças de sua mochila, não fazendo questão de colocá-la em seus ombros, apenas para trombar a bolsa com todos os seus livros na perna do acastanhado. — Tenha um bom dia.

Os corredores e as alas estavam vazias, todos os alunos já haviam deixado a escola, os ônibus de Hadpit já saíam pelos portões de entrada do prédio, enquanto alguns estudantes adentravam táxis e carros de aplicativo, com seus uniformes molhados e grudentos.

Harry caminhou rapidamente pelos espaços solitários, cantarolando Levitating, enquanto apoiava sua mão na parede gelada e arrastava seus dedos pela tinta seca e envernizada. Haviam desenhos feitos em cima da tinta branca, todos de canetas ou lápis, a maioria feitos por Harry.

O bebedouro estava interditado, pois alguém arrancou a torneira do mesmo, impossibilitando o resto dos estudantes de encherem suas garrafas d'água e os professores de encherem seus copos plásticos.

O colégio era até maior que grande maioria dos particulares, contava com quatro andares e mais de cem salas de aula, sendo elas utilizadas diariamente ou não. A estrutura era legal, Harry gostava de caminhar até o último andar e se sentar na quadra abandonada, também gostava de subir lá para escorregar no corrimão das escadas, justamente por ter uma placa pregada na parede com letras grandes, formando a frase "proibido escorregar nos corrimãos".

As salas eram grandes e espaçosas, porém as carteiras sempre estavam próximas umas das outras, os alunos não conseguiam passar meia hora longe de seus amigos. Contudo, os ventiladores estavam sempre pendurados por fitas durex e faziam barulhos infernais ao serem ligados.

Boa parte das salas de aula se encontravam sem cortinas, ou elas estavam rasgadas ou estavam fora dos trilhos, o que realmente tirava a atenção dos alunos durante as explicações dos professores pois qualquer jogo inútil que estivesse tendo – seja de basquete ou futebol – os prenderia mais do que ouvir sobre literatura.

Quando finalmente saiu pelo grande arco grego – despedaçado e judiado pelos impactos de chutes de bola –, Harry sentiu a luz do Sol machucar seus olhos, os fazendo doer e logo os mirou para o chão, observando seus passos rápidos e ouvindo baixos murmurinhos de outras pessoas que estavam por perto.

— Quando eu pensava que você estava se comportando... - Daniel, o porteiro da escola, considerando um parceiro por Harry, se dirige à ele, segurando um molho de chaves enquanto acena para outros alunos que deixam o prédio. Daniel era novo até demais para trabalhar na escola, tinha vinte anos. Ele era bonito, Styles nunca negou aquilo. Seus cabelos eram ruivos e pouco ondulados, sua pele estava sempre vermelha por conta do Sol e seus olhos eram castanhos, tão claros que poderiam ser confundidos com um verde. — Você me vêm com mais essa.

— Como ficou sabendo disso? - O menor pergunta curioso, colocando suas mãos na cintura e o observa com o olhar questionador, olhando em volta do pátio. — Quem te contou?

— Notícias correm, sejam elas boas ou ruins. - Ele caminhou até a cabine onde passava boa parte de seus dias e chamou por Harry, lhe entregando um pacote de pipocas doces. — Não deveria estar te entregando isso, não depois do que você fez.

O garoto podia perceber seus próprios olhos iluminarem após ver o pacote de pipocas nas mãos de Daniel.

Você pode se perguntar em qual momento esses dois se tornaram amigos, mas é respondível. Foi no primeiro dia de aula, Harry foi obrigado a voltar para casa e retirar a saia do uniforme que usava, era claro que mais da metade dos meninos defenderam Harry, mas não foi o suficiente para Carter retomar sua decisão.

Styles era um fracote – como ele mesmo se denomina – na época, então deixou a escola chorando como uma criança indefesa, enquanto soluçava e puxava a barra de sua saia, até que ela estivesse na altura de seus joelhos.

Daniel o parou no portão, dizendo que ele não poderia deixar a escola daquela maneira, frisando o quão perigoso era andar totalmente alheio a tudo no meio da rua.

O rapaz levou Harry até a sala onde haviam roupas e objetos guardados nos 'achados e perdidos', o entregando uma calça social do uniforme.

Daniel era o cara que trancava a escola e os portões, era o cara que saia depois de todo mundo e bebia cerveja depois do seu expediente. Daniel era o cara que aguardava os pais de Harry o buscarem quando ele era esquecido na escola.

Era engraçado porque ele sempre aconselhou Harry a não fazer merda, mas o garoto sempre acabava fazendo, era apenas uma maneira de canalizar seus sentimentos, era inexplicável, mas Styles não fazia questão de sequer tentar explicar algo à alguém. Não era do seu feitio, e não pretendia tornar.

— Mas, Dani - Fez um biquinho, recolhendo o pacote de pipocas para si. — Eu não tive culpa total do fogaréu. - Pegou algumas unidades de pipoca, comendo rapidamente para que pudesse voltar a falar. — E nem foi algo mal executado, sabe? Só foi o destino querendo me foder... Mas dessa vez ele conseguiu.

— Criança, você é inacreditável. - Ele sorri, desligando as câmeras e Styles sorri em retribuição, acenando para o ruivo antes de sair definitivamente do prédio escolar.

Wassed era um ótimo vilarejo para se viver, contava com menos de vinte mil habitantes, mas tinha um enorme território verde, o que confortava Harry de certa forma.

As pequenas ruelas eram constituídas por pedras naturais e pequenos restaurantes. Era realmente difícil encontrar ruas asfaltadas. As casas – muitas das vezes – revestidas por tijolos, acompanhando um estilo alemão e britânico, como se misturassem ambos. Haviam rios e lagos nas partes mais afastadas do centro, grandes áreas abandonadas pela população e praças, também esquecidas.

As casas de luxo eram as mais próximas do centro, geralmente abrigavam quedas d'água e lagos dentro dos próprios terrenos, era o caso de Harry, mas ele nunca foi de gabar a si mesmo por conta disso.

Muitas das residências eram construídas próximas ao mar, o que levava a terem seus fundos fazendo divisa com a água marítima, ou seja; sem terrenos.

Harry gostava muito da maneira como funcionavam os restaurantes e lanchonetes. Todas as refeições das lanchonetes eram feitas na hora e passadas por cima do balcão, porém os habitantes não se sentavam para comer, apenas permaneciam sobre seus pés, deixando seus pratos em cima das mesinhas redondas enquanto espetam seus pedidos com um palito e conversam com seus amigos e colegas.

As apresentações ao vivo eram frequentes semanalmente em restaurantes, porém muito apreciadas durante os finais de semana, era quando maior parte da população saia de casa para passear no centro do vilarejo, comprar roupas e itens para decorações.

Não haviam portões protegendo as casas, mas haviam cercas, que serviam apenas para preservar os pequenos jardins.

A caminhada de Styles não demorou mais de quinze minutos, ele já estava adentrando sua casa, segurando seu pacote de pipocas quase vazio em mãos, enquanto chamava por seus pais.

— Eu cheguei. - Avisou, escorando-se no batente da porta e retirando seus sapatos, permanecendo com suas meias brancas.

— Olá, Harry - Moretz o cumprimentou com um sorriso meigo no rosto. A mulher era a diarista da casa, mas praticamente vivia lá, Harry não se importava, tinha a companhia da mesma há mais de sete anos. — Seus pais tiveram de visitar a cidade vizinha, problemas com uma das franquias. - Ela alertou, franzindo o cenho ao encarar o estado do mais novo.

Harry apenas arqueou suas sobrancelhas, nada surpreendido com aquilo.

— O que houve? Por que está molhado, Edward? Não percebi a chuva.

— Não foi chuva, caí na piscina de natação na escola. - Mentiu, deixando suas chaves na mesinha ao lado da porta, passando as mãos por seus cachos armados e desalinhados. — Estou indo tomar um banho, sem jantar hoje. - Jogou o pacote engordurado no lixo do corredor, não aguardando para saber qual seria a feição de Moretz, essa que deixou a casa sem falar mais nada.

Harry abriu a porta de seu quarto, passando os olhos pelo cômodo e procurando pelo cabideiro, já que Moretz sempre o trocava de lugar.

Seu quarto era planejado, então ele não poderia mexer em muitas coisas.

Sua cama de casal estava localizada ao lado direito, com a cabeceira encostada na parede cinza, embutida com duas mesinhas, ao lado dessas mesmas mesas havia sua escrivaninha, rabiscada com a ponta de ferro de um compasso, tendo papéis espalhados e embalagens de remédios naturais jogados por cima dos lápis e canetas.

Ao lado esquerdo se encontravam duas portas, banheiro e closet, respectivamente.

A janela, quando aberta, dava para a sacada, mas Harry quase nunca caminhava até lá, geralmente ficava sentado nos puffs pretos ao lado de dentro, observando a movimentação da rua.

Styles suspirou cansado, jogando-se na cama, exausto.

Ele busca por seu celular, esperando verificar o horário, mas ele bufa ao ver mensagens de um de seus pais – Cillian –, brilharem na tela de seu celular, dizendo que voltariam para casa durante a noite, também lembrando que o garoto deveria estar dormindo.

Era tão estranho morar na mesma casa que eles. Harry acha que se morasse sozinho não faria tanta diferença.

Ele decide não responder, apenas larga o aparelho sobre a cama e encara seu teto, com pequenas estrelas grudadas no mesmo – elas deveriam brilhar –, pensando o quão cansativo seria o dia de amanhã.

Ele não se sentia animado, mas também não preguiçoso... Falta de interesse era a palavra certa.

Acontece que estar no mesmo ambiente que Louis o irritava, por algum motivo. E ele não gostaria de encontrá-lo no dia seguinte.

Continue Reading

You'll Also Like

807K 81.2K 44
A rivalidade entre eles nasceu quando ainda eram crianças e, sendo absolutamente honesto, Harry não acredita que algum dia irá terminar. [Ou, onde Ha...
24.5K 3K 9
UNI AU Harry é clichê. Louis é, bem, Louis. Eles dividem um curso de inglês na universidade. "Ele pensa em Emerson e cummings e o poema idiota de Har...
3.2K 515 15
Durante toda a minha infância, ouvi pessoas dizendo com temor, as características do inferno: "Gritos e dor eterna" "Angústia" "Você implora por mise...
6.1K 726 9
harry e louis são agentes do fbi e precisam lidar com as dificuldades no trabalho e com a possível atração entre eles.