Capítulo 18

1.6K 198 19
                                    

"Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe de sua própria dor e renúncia" (Paulo Coelho)

.

Assim que acordo entro debaixo do chuveiro, estou suada e ofegante e a agua fria é o suficiente para relaxar os músculos doloridos. Essa noite não teve ataques de pânico, somente pesadelos, repetitivos e ainda assim assustadores, e me fez revirar a cama inteira.

Depois de 10 minutos de banho gelado, pego o secador e seco o cabelo, essa parte é horrível, meu cabelo é pesado demais pra isso, decido deixar ele um pouco úmido e visto um macaquinho verde de tecido e uma bota preta que já está meio surrada depois de tanto usar.

Estou checando o meu celular quando escuto a campainha, franzindo a testa abro somente uma fresta no início, mas depois vendo quem era abro ela totalmente sorrindo.

- Oii – Nicole solta a mão de Ezra e me dá um abraço quando eu me agacho a sua altura

- Oi fadinha – Dou um beijinho em sua bochecha e ela sorri com os olhinhos brilhando- Você está muito linda – E ela está mesmo, com sua roupa de fada, com pequenas asas penduradas em suas costas.

- Foi o papai que comprou pra mim – Ela balança a saia e faz com brilhe um pouco. Dou um sorriso a ela e me levanto olhando para Ezra que está com a testa levemente franzida para Nicole.

- Está tudo bem? – Ele olha pra mim e acena

- Sim, bom dia – Se inclinando ele dá um pequeno beijo em minha testa rápido o suficiente para Nicole não prestar muita atenção e devagar o bastante para me fazer se sentir aquecida – Está pronta?

- Estou, só vou pegar minha bolsa – Volto para a sala e pesco minha bolsa da mesa de centro e jogo o celular dentro antes de acompanhar os dois até lá fora. Caminhamos lado a lado até que Nicole se anime com um cachorrinho pequeno e vá correndo atrás dele, vendo que ela está distante o suficiente pergunto a Ezra – Está tudo bem com Nicole?

- Sim, ela está bem – Levanto uma sobrancelha em dúvida e ele suspira antes de continuar – É só que quem comprou essa roupa fui eu

Franzo a testa em confusão e vendo a expressão triste dele é que me dou conta do que ele está falando

- Ah entendi

- Eu não sou o pai dela Lyra, o meu irmão morreu e agora parece que estou tentando tomar algo que pertence a ele – Sua expressão é tão triste que que me inclino para mais perto e seguro sua mão.

- Porque não pensa assim: Ela pertence a ele, e ele a está emprestando a você, como um anjo da guarda protetor, você cuida dela aqui e ele cuida do jeito dele lá, ela é pequena Ezra e sempre teve você por perto, é normal que ela o chame de pai, porque você sempre foi uma figura paterna e agora mais do que nunca ela precisa disso, de alguém que é o porto seguro dela, entende? Só você pode dar isso a ela, e sinto muito em lhe dizer, mas você já sabia que era o pai/anjo da guarda dela desde o começo, está ai guardado dentro do seu coração.

Ele sorri e se inclina o suficiente para me dar um selinho rápido, e é com muito esforço que eu não o puxo de volta.

- Só você para me contradizer e criar essa história de anjo da guarda/pai

- Eu sou excelente em criar histórias – Aperto sua mão e tento soltar, mas só faz com que ele aperte ainda mais e entrelace nossos dedos.

- Posso perguntar uma coisa?

- Claro

- Vi o Murilo chamando o Enzo de pai, só que você não o chama, porque?

Tá, eu era ótima em criar história, mas não era boa em contar a minha. Fico vendo Nicole estacionar em uma das mesas acendo um adeus ao cachorrinho, dou um sorriso quando a vejo se sentar feito uma princesa na cadeira e nos olhar com tanta paciência que dou um sorriso em sua direção ao que ela devolve.

10 MinutosWhere stories live. Discover now