Capítulo 8

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"Ataraxia: Estado em que a alma, pelo equilíbrio e moderação na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais, atinge o ideal supremo da felicidade! A imperturbabilidade!" (Epicuro)

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A bebida não causou o efeito contrário em Tabatha.

Não é nenhuma surpresa é claro, já que todas as saídas que tivemos ela sempre voltava vomitando e dizendo coisas aleatórias. Mas essa noite eu tive uma surpresa.

E ele se chamava Pietro Munoz.

Era um cara bastante alto, e meio que isso explicou o tamanho do salto de Tabatha, eles estavam saindo a alguns meses e hoje era o dia oficial em que ele seria apresentado a mim. Aparentava ser um cara bacana, e em comparação com minha amiga ele não gostava muito de aparecer, suas roupas eram neutras e seu falar era seguro e contido e tinha um olhar muito gentil, ou seja, bem contrário a Tabatha.

Mas onde se viam desigualdade, eu via solidez, ele fazia Tabatha se sentir segura e protegida e de onde eu estava, sentada em uma das mesas ao redor da área de dança, ele só tinha olhos para ela e isso contava e muito para mim. Dançando em volta dele, Tabatha era uma bêbada muito sexy, com seus reflexos em azuis e seus saltos cintilando com os movimentos, comecei a rir quando um dos que estavam dançando ousaram se aproximar dela e receberam um olhar predatório de Pietro como resposta, não tão diferentes então.

Bebericando o meu refrigerante, ignoro as mãozinhas de Tabatha acenando, não vou dançar de jeito nenhum, prefiro ficar observando e contando os segundos até que outro casal se forme na pista.

- Isso com certeza é uma surpresa – Pisco por sobre as luzes da discoteca e levanto meu olhar para encontrar Ezra com um copo na mão direita, com seu típico sorriso de lado.

- Acho que de fato vou precisar pedir uma restrição – Rindo baixinho ele aponta para a cadeira vazia ao meu lado, acenando em resposta tomo mais um gole do refrigerante. Ele se senta e se coloca mais perto de mim, para que eu escute sem precisar gritar.

- Porque você não está dançando? – Reviro os olhos e aponto para Tabatha, que está tentando com todas as forças não olhar em nossa direção enquanto desliza em volta de Pietro.

- Está vendo aquilo? – Ele confirma com a cabeça – Se eu fizer aquilo corro o risco de ou pisar no pé de alguém ou torcer meu tornozelo e não vai ser nada elegante.

Ele ri em resposta e observa Tabatha com curiosidade.

- É sua amiga?

- Nesse momento não, mas quando ela não estiver falando de unicórnios e fadas aí ela é minha amiga

- Ela está tão bêbada assim? – Aceno tristemente – E você? Não bebe?

- Não, sou a motorista da vez – Ele acena e bebe um gole de sua bebida que está parecendo cada vez mais guaraná – E você? Está de folga?

- Basicamente estou, só não gosto muito de beber – Ele aponta para um grupo de homens que estão cercados de mulheres dançando a sua volta, cada uma delas tentando ao máximo chamar a atenção – Aquele cara do meio, o de blusa verde, é um amigo meu e acabou de terminar a faculdade de medicina, viemos comemorar com ele.

- Parecem filhas de Afrodite – Ele concorda com a cabeça sério, mas seus olhos brilham com diversão contida.

Passamos um longo tempo somente observando os outros dançarem em um silêncio compartilhado, ele como um cara levemente afeiçoado deveria estar no grupo ficando parado enquanto as mulheres dançam ao seu redor, mas não, ele está sentado do lado da única mulher que não sabe dançar nem se fosse obrigada. Sua voz me tira do devaneio e me coloca ao seu lado no meio de toda a música.

10 MinutosWhere stories live. Discover now