Capítulo 33 - Seguindo em frente

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Amber

Deitada no sofá, olhando para o teto, eu só quis chorar. Não sabia como colocar meus pensamentos em ordem, nem mesmo entendia porque o deixei sair por aquela porta sem o abraço que pediu.

Eu precisava de colo e, naquele momento, não poderia ser o dele. Então, peguei o telefone e liguei para a única pessoa que iria me dar atenção - ou até uma bronca - naquela situação.

- Alô!

- Diana... - eu disse, fungando e tentando me recompor.

- Amber, você está chorando? O que aconteceu? - perguntou minha amiga, preocupada.

- Eu acabei de terminar com o Henry.

- Você o quê? - Diana perguntou, seu tom de voz um pouco mais alto.

- Não sei se foi a coisa certa... - falei, voltando a chorar.

- Espera um minuto. - Ela desligou o telefone.

Mesmo tarde da noite, em alguns instantes, ouvi o som de seu carro parando em frente à minha casa e a luz do farol entrando pela janela da sala. Quando abri a porta, com meu rosto visivelmente inchado e corado de tanto chorar, me deparei com Diana vestida com seu pijama xadrez, coberto apenas por um casaco e segurando uma garrafa de vinho rosé. Ela passou por mim, delicada como um trator.

- O que foi dessa vez? - ela perguntou, olhando em volta, como se Henry ainda estivesse ali.

- Estou cansada, Diana.

- De quê?

- De me sentir insegura o tempo todo. - eu falei.

- E você acha que o afastando, vai se sentir mais segura? - perguntou, enquanto abria a porta do armário para pegar as taças e o saca-rolha, íntima de cada cantinho da minha casa.

- Talvez?! Eu não vou saber, se não tiver a oportunidade.

- E com isso, você pode tirar da sua vida uma pessoa que te ama. Quando se tornou tão orgulhosa assim, Amber? - perguntou, nos servindo vinho.

- Eu só preciso de um tempo pra mim. Estou perdida... Tem tanta coisa acontecendo: o desafio da loja nova, essa história com a Karen, sabe? Além disso, Jessie desconfia que nossa mãe não esteja bem de saúde e está tentando esconder de nós.

Diana mudou o tom do choque de realidade que estava tentando me dar e se mostrou preocupada.

- Ah, Amber. Sinto muito. E o que vocês vão fazer?

- Jessie vai pedir uns exames de rotina para ver se consegue descobrir. De todo modo, preciso me organizar para visitá-la em breve. Você sabe que ela fuma tanto quanto meu pai fumava e que nosso histórico familiar de doenças não é dos melhores, então ficamos sempre alertas.

- Certo. Você pode ir quando precisar. Não se preocupe com o café. Temos o Lucca e o Gabriel agora. - ela disse.

- Obrigada. Tenho estado tão tensa...

- Voltando a falar de Henry, você não está pensando em levar esse término a sério, está? - perguntou Diana.

- Não... Eu acho que não. Eu amo Henry... Eu só... Preciso entender meu papel, quem eu sou para ele.

- Você não acha que ele tem provado isso até agora? - questionou.

- Não sei. Sinceramente, não sei. Quero senti-lo 100% presente, entende? Mais do que viagens, tapete vermelho e presentes. Isso não me deslumbra. E acredito que ele nem faça isso tentando me impressionar, mas o que sobra de tempo só para nós dois é muito pouco. Eu sinto que preciso de mais. Assistir filmes juntos no sofá e ir juntos ao mercado. Coisas simples do dia a dia. Mal dá tempo de me acostumar e ele já volta ao trabalho: eventos, estúdio, fotos, etc.

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