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Eu tive que dá adeus ao homem que mais me fez chorar em toda minha vida, o homem que me fez ter medo da vida adulta, o homem que me fez desacreditar da minha capacidade, o homem que me causou inseguranças e medos. E infelizmente esse homem era meu pai. Eu nunca imaginei que daria adeus a ele, agora para sempre.

Um sentimento ruim supria meu peito por ter passado quase onze anos da minha vida distante dele, sem ao menos trocar uma palavra sequer.

Se eu me arrependo? Talvez sim. Porque acima de tudo ele era meu pai. ele sempre fez de tudo por mim, me protegeu de tudo e todos, assim como minha mãe e jisoo. Mas era um homem extremamente machista, das cavernas. O arrependimento foi somente por ter passado tanto tempo afastada! E me sinto extremamente culpada por isso. Talvez se eu tivesse voltado antes, ao menos para vê-los, me sentiria melhor agora.

A sensação de ver aquele caixão descendo era extremamente dolorosa. Sensação de que nunca mais poderei sentar e conversar com ele e nos resolver machucava. Apesar de tudo o que ele me causou eu o amava e era agradecida pela minha infância boa que ele me forneceu.

Não teve velório, e o enterro foi composto apenas por mim, jisoo, minha mãe e minha filha, por decisão da minha mãe.

Eu me sentia mal, por tudo.

Jisoo havia saído com minha mãe para resolver as contas do hospital, e eu estava deitada na cama de hotel com minha filha em meus braços. Era em torno de 14:00hs da tarde.

Em minha mão o pequeno bilhete que ele me deu poucas horas antes de falecer.

Eu já perdi as contas de quantas vezes li e reli, e sempre chorava me sentindo péssima por ter sido dessa maneira.

"Minha filha, que bom que veio. eu estava muito ansioso para te ver novamente e me sinto exatamente triste por tudo! eu sei a dor e as mágoas que te causei e espero que algum dia me perdoe por ter sido tão cruel com você. Me perdoe pela palavras ditas na hora da raiva, eu não tenho vergonha de você, jamais. Você me mostrou que é uma grande mulher e sinto orgulho por ter sido seu pai. infelizmente já é tarde para tudo, mas quero que saiba que sempre vou te amar. E sinto por todos esses anos de afastamento. Parabéns, Sua filha é linda."

— Mommy não chora, por favor.- viro meu rosto pra ela.

Ela me olhou com um olhar triste e suplicante. Me senti mal novamente.

— Quero te dizer uma coisa muito importante, meu amor.- digo engolindo o choro mais uma vez.- Quero que sempre lembre de ter cuidado com as palavras quando forem ditas para outras pessoas, palavras são fortes e podem machucar muito. faça o possível, pense duas vezes antes de falar alguma coisa na hora da raiva. Faça o possível para não causar dor em ninguém. Talvez o tempo passe e você não consiga se redimir e deixe a outra pessoa machucada pelo resto da vida.- a apertei contra mim.- promete pra mamãe que vai fazer isso?? Que vai lembrar sempre o que estou dizendo agora?

— Eu prometo, mommy. Mas por favor pare de chorar.

Ela me abraçou forte e aquilo me deixou mais tranquila.

Eu não queria mostrar minha fragilidade a ela, queria que ela visse em mim um pessoa forte e inabalável. Mas nesse momento é impossível. Veio todos os sentimentos com tudo pra cima de mim. Tristeza pelo meu pai, sentimento pela minha mãe, culpa pelo tempo e a saudade que sinto da lisa todos os segundos. Tudo aquilo me fazia mal, e a única coisa que me fez bem durante esses dias foi o abraço do meu grande amor, minha filha.

Sua mão estava em meu cabelo me passando conforto e calma.

Um tempo depois vi que ella dormiu. me levantei, tomei um banho e fui pra varanda. O tempo frio me fez suspirar sentindo falta de algo ou alguém. Queria que ela tivesse aqui comigo, eu queria muito aquele abraço, era tudo o que eu precisava.

The brunette of the book - Jenlisa Onde as histórias ganham vida. Descobre agora