Capítulo 44- Eu não te amo,- Izzy

85 8 1
                                    

O Sol atingia meus olhos, me lembrei da noite estrelada anterior. Não era a mesma janela da noite anterior. Não era o quarto da noite anterior.
-Peter? Peter?
Senti lágrimas raspando em meu rosto e meu pulmão tentando pegar o mínimo de ar. Comecei a suar frio e tremer.
-Peter?
Foi apenas minha cabeça? Ele não estava comigo?
Senti braço em volta de mim me abraçando, comecei a chorar ainda mais.
-Pensei... Pensei que você ainda...
-Eu estou aqui- Pan disse, agora olhando pra mim
O abracei mais uma vez tentando mostrar a mim mesma que aquilo era real. Ele estava ali.
Minhas lágrimas ainda não tinham cessado. Tocava seu cabelo e nuca, não queria deixá-lo, tenho medo de que talvez isso faça ele desaparecer.
Ficamos assim por mais alguns minutos.
-Seus pais deixaram um bilhete que eles foram no supermercado. Quer ir tomar um banho pra relaxar um pouco?- Peter disse me soltando calmamente.
Fiz sim com a cabeça.
Ele me ajudou a levantar e no espelho do banheiro vi meus olhos vermelhos e inchados. Peter me ajudou e depois me trouxe chá.

Flashback on
Eu e Peter estávamos lendo um livro na sala até que bateram na porta.
-Entra- Peter disse sem tirar os olhos do livro
Um dos meninos perdidos entrou fazendo um sinal para falar com Pan, que se levantou e foi lá fora.
Depois de alguns minutos Pan entrou rapidamente e com raiva, grosseiramente subiu os degraus e voltou com algumas armas na mão.
-Já volto.
-Ok- eu respondi ficando curiosa sobre o que aconteceu.

Quando estava indo dormir Peter chegou e antes de eu apagar, escutei: vai ficar tudo bem...

Na manhã seguinte, Peter Pan me levou para praia. Almoçamos com os meninos, mais ríamos do que comíamos. Durante a tarde Peter foi fazendo pequenas surpresas, às vezes ele fazia esse tipo de coisa, mas ainda alguma coisa me incomodava. No jantar houve uma de nossas festas, dançando e se divertindo.
Então, no final, fiz os meninos dormirem com uma música e uma história.
Na porta vi Peter Pan fazer um sinal para ir com ele, fui até lá. Ele pegou minha mão e me levou até às nuvens.
-Voar? Faz tempo que você prefere isso a se transportar
Ele apenas deu de ombros.
Chegamos ao nosso precipício, e Pan largou minha mão, senti algo estranho com aquilo.
Virei pra ele com um sorriso no rosto, perguntar se
-Você vai embora.
-O que?
-Você me escutou.
Sim, apenas queria pensar que não escutei direito.
-Posso pelo menos saber o porquê?
-Você já bateu o recorde de meninas que ficam mais tempo aqui, acho que já está bom.
-Ok, qual a aposta?
-Não tem aposta. Os meninos cansaram, eu cansei.
Eu ia abrir a boca pra falar, mas ele foi mais rápido.
-Olha, não é difícil entender. O motivo? Talvez você seja fraca e frágil demais, não consegue nos acompanhar.
-Eu não sou fraca!- uma das coisas que eu mais odiava
-Você não consegue fazer nada sozinha! Como uma filhinha mimada do papai! Que história triste, talvez eu chore por dentro.
-SIM EU POSSO SER INDEPENDENTE E NÃO PRECISO DE NENHUM MENINO OU HOMEM MUITO OBRIGADA
-Não foi muito o que pareceu. Cometeu tantos erros, alguns já machucaram pessoas inocentes.
Tentava procurar traços de brincadeira, nervosismo, mas nada, apenas uma mesma expressão de quem todos pensavam ser Peter Pan.
Me sentia livre com ele pra mostrar o que eu sentia, mas não naquele momento, não ia chorar ali, não conseguia.
-Foi tudo uma mentira? Nada foi real?
Ele deu de ombros novamente.
-Já me disseram várias vezes "Peter Pan é um monstro, ele não tem sentimentos", nunca acreditei
-Talvez devesse
-Sim, talvez eu devesse. Desculpe por confiar em você
-Não se desculpe, acontece com os mais fracos
Raiva, dor, destruição...
Queria pular em cima dele, mas respirei fundo.
Ele chegou perto do meu ouvido e sussurrou:
-Eu não te amo, nunca fiz
Depois me olhou e sorriu.
Tentei segurar todas as forças que eu tinha para não deixar aquela lágrima cair, mas não foi o suficiente.
A sombra me pegou, a cada segundo ele ficava mais distante, como uma parte da minha alma também. Era horrível, como um buraco tivesse ocupado meu peito, como se apenas houvesse o sentimento de tristeza, como se apenas tivesse dor, a única coisa que sentia era o vento gritando em meu rosto.
Flashback off

Obrigada- eu respondi já sem tremer.

My black hair and your black heartWhere stories live. Discover now