Capítulo 28 - Mykonos (parte 1)

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- Ah, sim. Bem na hora. - Henry riu do que eu disse. - Obrigada!

- Seu uísque, senhor Cavill. Com ou sem gelo?

- Sem, por favor. Obrigado. - quando a moça se afastou, ele continuou a falar em voz baixa. - Então, você me desafiou, toda mandona e linda na minha frente, com uma taça de vinho na mão.

- Vamos mesmo falar disso? Eu juro que estou querendo repetir o que aconteceu aqui mesmo.

- Minha condição aqui é exatamente como a daquela noite. - ele sussurrou, dessa vez esbarrando os lábios no lóbulo da minha orelha.

- Como assim? - perguntei.

As luzes já estavam apagadas, com exceção de duas moças da produção que conversavam animadamente com os spots acesos sobre suas cabeças, mais à frente e não estavam prestando atenção em nós dois. Os demais já estavam acomodados em seus lugares para dormir.

Henry olhou por cima do ombro, de um lado para o outro, para conferir se tínhamos alguém por perto. Ficamos ao lado da saída de emergência, logo, não havia ninguém sentado em nossa direção. Ele conduziu minha mão por debaixo da manta até seu jeans e eu a puxei de volta, surpresa com sua ousadia.

- O que você está fazendo? - ri de nervoso e voltei a apoiar a mão no braço da poltrona.

- Só estou respondendo à sua pergunta. - disse ele, com a cara mais cínica do mundo.

- Não comece agora, por favor, porque não temos privacidade aqui.

Sempre tive curiosidade de reproduzir aquelas cenas dos casais se pegando loucamente no banheiro do avião, mas você já viu o tamanho do Henry? Ok, se eu não falei disso antes, falo agora. Ele é uma combinação de ombros largos de nadador, com costas de jogador da NFL. Tenho quase certeza que ficaríamos entalados no banheiro, se tentássemos alguma perversão.

- Então, vamos parar de falar sobre como você me seduziu. - ele disse, se ajeitando para tentar dormir.

Dei cotoveladas em suas costelas, puxando minha manta um pouco mais para cima.

- Foi você que começou! - protestei.

Do jeito que eu estava sentindo calor e formigamentos por onde não conseguia controlar, um beijinho de boa noite seria uma centelha para pegar fogo.

***

Dormir no avião, por mais confortável que fosse, não era o mesmo que uma cama. Acordamos com o tilintar das xícaras no carrinho que veio nos servir café. Pela janela, o céu tinha linhas nos tons degradê de laranja e azul. Estava amanhecendo e pousaríamos dentro de uma hora. Então, para me preparar para tomar café fui ao toalete para fazer uma higiene rápida.

Nós realmente não caberíamos nesse banheiro, pensei ao fechar a porta.

Henry já bebia da sua xícara fumegante quando voltei para meu lugar. Juntei-me a ele e tomamos café, conversando sobre sua agenda de compromissos para aquela viagem, que até o momento, eu não tinha muitos detalhes.

Por causa do fuso, teríamos aquele dia livre e, à noite, um jantar com a equipe do comercial. No dia seguinte, começariam, de fato, as filmagens da linha de óculos de sol da Hugo Boss.

Fazia muito calor na manhã que acompanhei Henry até o set de filmagens, que era na realidade, as ruas estreitas de Mykonos com suas casas brancas e azuis, quase nos cegando com tanta claridade. Precisei me ausentar por algumas horas para resolver algo fora do comum para surpreendê-lo, usando o telefone do quarto e contei para Henry somente a metade, que precisava voltar para o hotel.

Com ele ocupado o dia inteiro nas gravações, pensei em fechar um passeio de barco pelo Mar Egeu. Pedi a ajuda de Lauren para encontrarmos uma empresa confiável que oferecesse jantar a bordo e café da manhã. Sim, porque eu não tinha intenção de voltar ao hotel ao fim do dia. Seria maravilhoso passar horas em alto mar, longe de toda a agitação e burburinho que orbitava ao redor de Henry no modo trabalho.

Saímos para jantar depois que Henry terminou seu compromisso. Sem acompanhantes, dessa vez, fomos a um restaurante na orla e, seguindo a sugestão do chef, pedimos moussaka, uma espécie de lasanha grega, feita com berinjelas e de sobremesa, baklava, um doce folhado, recheado com amêndoas, pistache e mel. Foi um tempo gostoso para experimentar novos sabores e namorar sem nenhum curioso sacando o telefone da bolsa. Pelo menos, não que eu tenha percebido.

O vento agitava o tecido da minha saia, que por sorte, era longa, durante nossa caminhada pela orla. Andamos de mãos dadas, falando sobre o dia de filmagens e nos lembrando dos nossos pets, já cheios de saudades.

- Ambs, a noite está incrível, mas... desculpa. - Henry levou a mão na nuca, parecendo sem jeito. - Você se importaria se voltássemos para o hotel? Estou um pouco cansado.

- Tudo bem, amor. Não precisa pedir desculpas.

- Você está tão bonita. - Olhou-me dos pés a cabeça, erguendo meu braço e me levando a girar em sua frente, como se estivéssemos dançando. - Deve ter pensado em curtir a noite mais um pouco.

- Ainda temos dois dias aqui e eu preparei algo para amanhã, Cavill! - dei a dica.

- O que você está aprontando?

- Não posso contar. Mas amanhã darei mais detalhes.

Chegando ao hotel, Henry deitou-se na cama enquanto eu tomava uma ducha rápida. Não fiquei surpresa ao encontrá-lo dormindo ainda de roupa e tudo. O jet lag, o cansaço de um dia de filmagem sob o sol e um pouquinho de vinho no jantar foram o suficiente para nocautear meu homem de aço.

- Pobrezinho! - disse, vestindo a camisola.

Subi na cama devagar, como um gato, para não despertá-lo, mas acredito que nem mesmo se eu pulasse sobre o colchão, Henry acordaria.

- Amor, você precisa tirar essa roupa. - falei baixinho, na tentativa de ajudá-lo a, pelo menos, dormir mais à vontade.

- Hmm - ele grunhiu, sem se mover.

- Ok. Então, vou ter que fazer isso. - falei sozinha.

Comecei a desabotoar sua camisa e pensei por um minuto que jamais me cansaria de apreciar aquele peito gostoso de deitar. Passei a mão devagar, com seus pelos me provocando cócegas na palma das mãos. Henry reclamou, porém não me impediu de tirar as mangas e rolar seu corpo para o lado, a fim de tirar a camisa de uma vez. Sua colônia ainda estava fresquinha no tecido, tinha menos de duas horas que tinha se arrumado para sairmos para jantar. Desabotoei cuidadosamente sua calça, na intenção de mantê-lo dormindo, e abri milimetricamente o zíper. Sonolento e quase abrindo os olhos, ele ergueu um pouco o quadril para que eu descesse a calça pelo cós e pela perna, um lado de cada vez. Depois disso, ajeitou-se na cama e virou para o outro lado. Ao seu lado, aquietei encaixando-me com um abraço em seu corpo quentinho para descansar e acordar disposta no dia seguinte.


***

- Você me contaria agora quais são os planos para hoje? - Henry perguntou, enquanto terminávamos de tomar café na varanda do nosso quarto.

- Ficaria feliz em contar, mas vou deixar que veja com seus próprios olhos.

Ele interrompeu a mastigação e ficou me olhando por uns 3 segundos.

- É algo bom. Acho que você vai gostar. Não precisa ficar desconfiado. - insisti em fazer mistério.

Henry limpou o canto da boca com o guardanapo de pano e o colocou na mesa, ao se levantar.

- Vamos então. Você está me deixando curioso. - disse.

- Antes tem algo que eu preciso perguntar e talvez possa te dar a dica para desvendar esse mistério. Você fica enjoado no mar?

- Não. - pensou por uns segundos - Nunca aconteceu.

- Perfeito. Então vamos! - eu disse pegando a grande bolsa de praia que deixei já arrumada no chão, desde a hora que me levantei da cama.

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