O retorno de Rhett Butler

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Anne Hathaway como Rosemary Butler


Capítulo 19: O retorno de Rhett Butler


Rhett Butler avistou de longe, o cais de Charleston. Ele voltou da Europa mais forte e mais vivo. Olhando através da plataforma do navio, ele respirava profundamente e sorria sozinho lembrando dos dias agradáveis que passou em Paris e Londres. Ele curtiu a vida, como se fosse um homem solteiro, sem amarrações. As noites em Paris foram intensas. Ele foi em diversos bordéis e levou diversas prostitutas para a cama. Jogou pôquer em diversos bares e cassinos em Londres e ganhou bastante dinheiro. Tomou as melhores bebidas e jantou nos melhores restaurantes. Compareceu em shows e espetáculos de ópera e conheceu pessoas importantes. Dormiu praticamente o dia todo, para ficar até altas horas da madrugada na rua durante a noite. Sentiu a vida voltar para o seu corpo e sua mente. Seu sono passou á ser mais tranquilo e conseguiu se distrair durante todo o tempo em que permaneceu fora do país, sem pensar em Scarlett e Bonnie. Rhett não lutou para esquecer sua filha, Bonnie estaria dentro de seu coração para sempre, mas esquecer Scarlett, era uma questão de honra para ele. E lutou muito para esquecê-la nos braços de cada mulher paga que possuiu. E acreditava que finalmente tinha conseguido. Ele descobriu que a vida tinha mais charme e alegria sem ela por perto. Sentiu-se mais jovem e até mais bonito. Sentiu-se verdadeiramente livre. Planejava voltar á Europa no ano seguinte e passar mais tempo por lá. O ambiente europeu sempre o atraiu muito. Luxúria, charme, alegria, liberdade, luxo. "Pra quê ficar preso no amor com uma única mulher quando essa mulher é cruel e incapaz de amar de verdade ? " ele pensou olhando para o mar azul. "Existe o mundo lá fora, sempre aberto para um canalha e aventureiro como eu" ele sorriu sarcástico e zombeteiro.

Trouxe presentes para a mãe e a irmã que comprou na Rue de la Paix em Paris. Voltou com a cabeça cheia de novos planos. Planejava fazer uma surpresa para a família e recomprar a propriedade de Drumore Landing. Ficou sabendo através de um camarada yankee, que a propriedade estava á venda. Reformaria o local e moraria lá. Trabalharia novamente com plantações e continuaria com seu emprego no banco.

Tinha dinheiro que não acabava mais depositado em uma conta em Liverpool. Ganhou dinheiro durante a guerra, suficiente para sustentar todas as famílias de Charleston e Atlanta juntas e com ostentação. Ele achava que podia estar mais rico do que o próprio presidente dos Estados Unidos. Planejou passar as festividades de final de ano em Charleston com a família. No início de fevereiro voltaria para Atlanta e tentaria convencer Scarlett á aceitar o divórcio. Não queria mais ficar preso aquela dor, arriscando voltar á amá-la á qualquer momento.

Decidiu que ofereceria milhões de dólares, se fosse preciso para ela aceitar o divórcio. Ele não acreditava que ela colocaria a birra que chamava de amor em cima de uma quantia enorme de dinheiro oferecido. Era um negócio impossível de ser recusado, ainda mais por Scarlett que amava o dinheiro acima de qualquer coisa.

Se não fosse por Bonnie estar enterrada em Atlanta, ele riscaria aquela cidade de sua mente para sempre. Atlanta só lhe trouxe dor e Scarlett, que era ainda algo pior do que a dor.


Scarlett pediu para a criada, gentilmente cedida pela senhora Butler só para cuidar dela, apertar o espartilho bem forte, até que não conseguisse respirar. Sua cintura ficou tão fina com o espartilho novo, quanto na época de antes da guerra, quando ela tinha 16 anos e não tinha nenhum filho. Ela olhou-se no espelho enorme que ficava dentro do quarto de vestir com um sorriso orgulhoso estampado no rosto.

Estava se sentindo maravilhosa. Depois, escolheu um vestido verde, da mesma cor de seus olhos e a criada ajudou ela á se vestir. Prendeu os cabelos na altura da cabeça, para deixar o pescoço, a nuca e o colo pálido evidente. Passou o perfume de águas de rosa no pescoço, na curva dos seios e no cabelo. Colocou brincos de esmeralda nas orelhas. Ela estava mais linda do que nunca. E toda aquela produção tinha um motivo: Rhett Butler estava voltando para Charleston naquele dia. Ela estava tão feliz e ansiosa, como uma menina que encontrou o primeiro amor. Ainda sentia raiva dele,por ter viajado para a Europa, mas sabia que quando conseguisse vê-lo na sua frente, não conseguiria brigar com ele. As saudades e o amor venceriam a raiva e o despeito.

Quando Rosemary encontrou Scarlett no corredor, saindo do quarto, não conseguiu deixar de comentar.

" Nossa! Como você está linda! Tudo isso é para o meu irmão? Ele vai ficar muito feliz!"

" Eu espero que sim, Rosemary..."

" Mas, é claro que vai! Eu conheço o meu irmão. Ele vai ficar encantado quando te ver novamente."

Scarlett passou a manhã e a tarde com uma expectativa enorme que chegava á doer o coração. Não se lembrava de ter sentido um frio tão grande na barriga, quando achava que amava Ashley Wilkes. Era um sentimento novo que ela estava vivenciando. Algo diferente, que ela nunca sentiu antes. A senhora Butler percebeu a ansiedade da nora, e tentou distraí-la de várias formas, mas logo que virava as costas, Scarlett estava no janelão da sala principal, para ver se alguma carruagem chegava trazendo Rhett para ela. Foi diversas vezes no janelão de vidro durante aquele dia. Rosemary tocou piano para distraí-la, e Scarlett ficou com vontade de gritar, mas apenas sorriu gentilmente. Ela não queria nada, ela não enxergava nada. Ela só queria Rhett.

No final da tarde, quando estava tomando o chá com Eleanor e Rosemary, ela escutou o barulho de cascos de cavalo e rodas da carruagem em frente a casa. Seu coração parou naquele momento, Era Rhett! Sim ele estava de volta! Scarlett sentiu vontade de sair correndo e se jogar nos braços de Rhett muito antes dele entrar em casa, mas não podia.

Tinha que manter o controle. Ela respirou profundamente. Faltavam apenas alguns minutos para vê-lo. Ficou impaciente. Por quê ele demorava tanto para entrar? Escutou a criada abrir a porta. Conseguiu ouvir a voz dele e se derreteu. Achou que seu coração fosse parar de bater naquele momento. Escutou passos em direção a sala de jantar, onde elas estavam tomando chá, Eleanor levantou da cadeira seguida por Rosemary. Scarlett permaneceu sentada, estática como se estivesse grudada na cadeira. Sua coragem desapareceu e ela sentiu vontade de sumir. O medo apossou-se dela. Se ela abrisse a boca para falar qualquer coisa, iria gaguejar com certeza. Suas mãos suavam e estavam molhadas.

" Rhett! Rhett, meu filho! Quantas saudades, meu querido!" sorriu Eleanor correndo para abraçá-lo.

Rhett Butler não percebeu a presença de uma terceira pessoa naquela sala. Ele abriu os braços para receber o carinho de sua mãe e em seguida o carinho de sua irmã. Ele estava com a atenção voltada para as duas, que o enchiam de beijos.

" Meu Deus! Ele está ainda mais bonito!" Scarlett pensou olhando paralisada para ele. Vendo seus braços fortes abraçarem de uma só vez sua mãe e sua irmã e seu sorriso brilhante por debaixo do bigode minuciosamente aparado. Ela sentiu ciúmes das duas. Era para ser ela á estar ali, nos braços dele. Rhett tirou o chapéu panamá da cabeça, logo que sua mãe e sua irmã o soltaram. E olhou para frente, onde teve uma visão que o fez paralisar. Seu sorriso sumiu, seu olhar ficou incerto. E ele só conseguiu balbuciar:

" Scarlett . "



Segunda Chance para Amar    ( Gone With the Wind 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora